Ações de resseguradoras já sofrem com mercado difícil
- 969 Visualizações
- Rodrigo Amaral
- 21 de junho de 2016
- Sem categoria
Variação no 1º trimestre foi de -0,7%, contra 8,3% no mesmo período de 2015; setor pode viver desafios se sinistros voltarem a média histórica
As difíceis condições de mercado estão afetando o valor das grandes resseguradoras globais, que apresentaram desempenho inferior à média do mercado no primeiro trimestre, segundo a agência de classificação de riscos AM Best.
Relatório divulgado pela empresa mostra que as ações das 16 maiores resseguradoras presentes em bolsa de valores perderam 0,7% nos três primeiros meses do ano. O número é inferior ao desempenho do índice de ações S&P 500, que variou apenas 0,8%, e fica bem abaixo da alta de 8,3% observada no mesmo período do ano passado.
Das 16 ações analisadas pela AM Best, 8 apresentaram variação negativa, 1 permaneceu estável, e 3 mostraram uma alta bastante pequena.
Entre as quatro ações que mais se apreciaram, uma delas, a Greenlight Re, que pertence a um hedge fund, subiu 16,5% em parte como recuperação de um difícil 2015, quando a empresa perdeu 43% de seu valor de mercado.
A AM Best observou que, se no ano passado o valor das ações de resseguradoras recebeu um impulso dos quatro grandes grupos europeus do setor (Munich Re, Swiss Re, Hannover Re e Scor Re), no primeiro trimestre todas elas apresentaram desempenhos negativos.
Mercado complicado
O relatório ressalta que, em anos anteriores, as resseguradoras conseguiram enfrentar as quedas de preços com a performance dos investimentos e baixos patamares de perdas catastróficas.
A situação está mais difícil neste ano, porém, devido à persistência das baixas taxas de juros nos mercados desenvolvidos. E pode piorar caso continuem a ocorrer perdas catastróficas em níveis superiores aos dos dois últimos anos.
A AM Best calcula que a acumulação de perdas geradas por eventos como os terremotos do Japão e do Equador, os incêndios no Canadá e as enchentes na Europa já causaram perdas de US$ 10 bilhões neste ano ao mercado.
“Analistas têm observado que as perdas catastróficas devem retornar, mais cedo ou mais tarde, a suas médias históricas”, afirma o estudo. “Se as perdas catastróficas voltarem a seus patamares históricos, e se cair a capacidade de contar com o aumento de reservas derivadas de anos anteriores favoráveis, como a AM Best acredita que será o caso, é provável que isso resulte em pressões ainda maiores sobre os lucros [das resseguradoras].”
A agência também observa que, devido às tendências atuais do mercado e à acirrada competição no mercado de resseguro, as empresas do setor estão se focando cada vez mais no mercado primário de seguros.
Enchentes
Em outro relatório, a AM Best alertou que os lucros das seguradoras que operam na França e na Alemanha serão afetados pelas enchentes que atingiram a Europa nas últimas semanas, mas o baque não será suficiente para alterar o rating das empresas do setor.
As perdas asseguradas foram estimadas entre € 900 milhões e € 1,4 bilhão na França e € 1,2 bilhão na Alemanha, observa a agência.
As perdas econômicas totais na Alemanha tendem a ser bem mais elevadas já que a penetração de seguros de enchente no país é limitada, diz a AM Best.
De qualquer maneira, as seguradoras mais afetadas serão empresas de alcance regional, o que limita o impacto sistêmico da catástrofe.
Na França, o impacto é limitado pelo fato de que boa parte das perdas é coberta pelo pool de resseguros catastróficos administrado pela CCR, uma resseguradora que pertence ao Estado.
- Brasil 97
- Compliance 66
- Gestão de Risco 200
- Legislação 17
- Mercado 247
- Mundo 102
- Opinião 25
- Resseguro 105
- Riscos emergentes 10
- Seguro 198