Seguro cibernético terá novos players no Brasil, diz AON
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- Oscar Rocker Netto, em São Paulo
- 15 de junho de 2016
- Sem categoria
Resseguradoras estudam mercado e logo pode haver concorrência a AIG e XL; para Microsoft, desconhecimento ainda trava luta contra o risco
Uma das principais preocupações de gestores de risco em todo mundo, a proteção contra ataques cibernéticos começa a ganhar mais corpo na área de seguros no Brasil.
Atualmente, duas seguradoras (AIG e XL) comercializam produtos especificos contra o problema, e ainda este ano outras duas deverão entrar na área, de acordo com Maurício Bandeira, gerente de linhas financeiras da AON.
A corretora fechou sua primeira apólice de seguro cibernético no Brasil em 2014. De lá para cá outros negócios foram feitos, mas Bandeira diz que os números ainda são modestos.
Para ele, a fase neste setor é a de trabalhar a parte “educacional” sobre o produto. “O potencial, no entanto, é enorme”, afirmou à Risco Seguro Brasil.
“A falta de conhecimento por parte das empresas é hoje o principal problema na área de risco cibernético”, disse Vanessa Fonseca, diretora da unidade de combate a crimes digitais da Microsoft no país, durante o Aon Financial Lines Day 2016, realizado na terça-feira, 14 de junho, em São Paulo. O risco cibernético foi um dos destaque dos debates.
Segundo Bandeira, há capacidade suficiente no mercado brasileiro para garantir danos de até R$ 50 milhões, com resseguro quando for necessário. Nenhuma apólice fechada pela Aon, entretanto, chegou a esse limite. Os valores variaram até agora entre R$ 1 milhão e R$ 10 milhões.
Enquanto o setor no Brasil começa a ganhar alguma envergadura, nos Estados Unidos há pressão para que os limites segurados cheguem a US$ 1 bilhão.
De qualquer forma, o mercado brasileiro de cyber vem atraindo mais atenção. Bandeira relatou que esta semana um grupo de seis executivos representando resseguradoras estrangeiras esteve no Brasil para estudar o setor por aqui. “Há um interesse nítido”, afirmou.
As taxas estão flutuando entre 0,9% e 6%. A variação é grande, segundo o executivo, por que os contratos variam muito, de acordo com o perfil da empresa e os limites que ela quer contratar. “Uma administradora de cartão de crédito, por exemplo, tem necessidades diferentes de uma rede de restaurante”, exemplificou Bandeira.
Vazamento de informações
As apólices nesta categoria específica de seguro deverão representar um upgrade em relação ao que vem sendo contratado pelo mercado de seguros para proteção digital.
Hoje, explica o executivo da AON, comercializa-se seguro de Responsabilidade Civil E&O (Erros e Omissões) no qual, dependendo da atividade da empresa, é possível incluir alguma proteção relacionada ao vazamento de informações que cause prejuízo a terceiros.
Trata-se de uma “acomodação bastante pontual” dentro de um RC Profissional, resume Bandeira. “O seguro específico de cyber é muito mais completo.”
A proteção inclui responsabilização pessoal, corporativa ou de terceirizados, investigações sobre o ataque, gerenciamento de crise, lucro cessante, sanções decorrentes da exposição das informações, entre outros. “O guarda-chuva é bem amplo.”
Prioridade da Interpol
Se o seguro cibernético ainda engatinha no Brasil, a atenção mundial e os danos que vêm ocorrendo devido a ataques ocorridos no ambiente digital ao redor do mundo deixam poucas dúvidas sobre o tamanho do problema para as companhias.
De acordo com Valdecy Urquiza Jr., chefe do escritório central da Interpol no Brasil, os riscos cibernéticos são atualmente uma das três prioridades da organização, ao lado dos ataques terroristas e do crime organizado.
Citando um relatório do FBI com dados de 2015 de empresas norte-americanas, ele reportou prejuízos de US$ 246 milhões com transferências irregulares de fundos; US$ 57 milhões com furto de identidades; e US$ 1,6 milhão sequestro de dados.
Este último modelo de crime, com perdas que ainda podem ser consideradas pequenas, vem preocupando cada vez mais os especialistas, já que se trata de um crime que pode ser repetido uma série de vezes contra a mesma companhia pelo bandido.
Rumores milionários
Além da subtração ou sequestro de dinheiro e informações, o cibercrime também pode trabalhar com manipulações capazes de gerar fortunas e ou imensos prejuízos num curto espaço de tempo.
Em 2013, por exemplo, o hackeamento da agência de notícias Associated Press resultou em um post falso no Twitter informando que a Casa Branca tinha sido alvo de explosões e que o presidente Barack Obama havia sido ferido.
Nos dois minutos até a informação ser desmentida o índice Dow Jones despencou 146 pontos, numa variação avaliada em US$ 130 bilhões.
Os casos mais rumorosos e conhecidos podem ficar fora do Brasil, mas o país está no olho do furacão, segundo Vanessa Fonseca, da Microsoft. “O país tem um terreno muito fértil para ataques cibernéticos”, afirmou ela.
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