Para consultoria, Odebrecht pode ser ‘prego no caixão’ de Dilma
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- Rodrigo Amaral
- 9 de março de 2016
- Sem categoria
Delação de empreiteiro levaria acusações de corrupção para mais perto da presidente, diz Verisk Maplecroft; AON alerta investidores internacionais
A condenação do empresário Marcelo Odebrecht pode ser o “prego no caixão” da presidente Dilma Rousseff, na opinião de uma das mais conceituadas consultorias de risco político internacionais.
Em nota publicada um dia após a condenação de Odebrecht a 19 anos e 4 meses de prisão como decorrência das investigações da Operação Lava Jato, a Verisk Maplecroft comenta que os acordos de delação premiada que podem se originar daqui adiante “aumentam a perspectiva de uma saída prematura” da presidente.
Isso porque a caixa de revelações que poderia ser aberta pelo empresário baiano tem chances de aproximar cada vez mais de Dilma as investigações de corrupção na Petrobras e financiamento de partidos políticos.
“A colaboração de Odebrecht pode implicar formalmente o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva na investigação da Lava Jato”, afirma Jimena Blanco, chefe da seção de Américas da consultoria, que assina a análise distribuída a investidores internacionais.
“Dilma com freqüência tem se apoiado em Lula para reforçar sua imagem em tempos políticos difíceis, mas o envolvimento de seu mentor nas investigações de corrupção significa que os dois presidente do PT podem afundar juntos.”
Na opinião de Blanco, caso fique comprovada a culpa de Lula em algum caso de financiamento ilegal do PT, será “praticamente impossível” para Dilma continuar alegando desconhecimento sobre a corrupção na Petrobras, empresa da qual foi conselheira entre 2003 e 2010.
A análise da Verisk Maplecroft conclui que, com a possibilidade cada vez mais clara de que Dilma seja ligada aos eventos apurados pela Lava Jato, sua posição ficará insustentável, e o risco para as atividades das empresas continuarão a aumentar.
Por outro lado, a possibilidade de mudança de governo, e uma eventual aprovação de reformas econômicas pela próxima administração, servem como um “moderado” lado positivo de toda a situação.
A analista observa, por exemplo, que os mercados reagiram positivamente à condução coerciva de Lula para depor na Operação Lava Jato, na semana passada, e o real desde então tem apresentado um desempenho superior ao de outras moedas de economias emergentes.
Competição
Esta tendência recente contraria as previsões de outra análise de risco político em países emergentes, desta vez feita pela corretora AON, que também alerta para a situação difícil vivida pelo país em um relatório para investidores e clientes internacionais.
De fato, na América Latina, apenas a Venezuela aparece como um país em circunstâncias mais complicadas, segundo a AON. Mas a República Bolivariana é um caso à parte, descrito pela corretora como “possivelmente a pior economia do mundo”.
“O Brasil enfrenta a deterioração de seu déficit de conta corrente, dos níveis de dívida em geral, e dos custos de serviço da dívida”, afirma o Mapa de Riscos Políticos em 2016 publicado pela empresa. “Tudo isso torna mais difícil para o Brasil refinanciar suas dívidas sem cortar investimentos.”
Mas a corretora coincide com outros analistas que afirmam que, se a situação econômica do Brasil preocupa, é na instabilidade política que realmente mora o perigo para as empresas.
“As medidas econômicas e fiscais que são necessárias não foram implementadas, o que erode ainda mais a credibilidade econômica do Brasil”, diz o documento, que alerta os investidores que há mais problemas à vista para o Brasil.
“O impacto do vírus da zika na economia ainda é desconhecido. Entretanto, se a situação se deteriorar ainda mais, poderia ter conseqüências de longo prazo para o país como um todo.”
“A economia brasileira está experimentando seu período de desaceleração mais prolongado na história recente ao tempo que se prepara para a Rio 2016”, disse Paul Domjan, diretor gerente da Roubini Global Economics, empresa de avaliação de risco soberano que participa da elaboração do mapa de riscos políticos da AON.
“No longo prazo, o ambiente para as empresas tem se enfraquecido pela pobre performance econômica, e isso poderia se tornar um problema ainda mais grave para as empresas que operam no Brasil. As proteções com que o país conta estão se erodindo, e mesmo o progresso em potencial derivado da revelação de corrupção está criando importantes danos colaterais na medida em que os casos avançam no sistema legal”, concluiu Domjan.
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