Novo resseguro impõe realidade a mercado brasileiro, diz AXA
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- Oscar Röcker Netto, em São Paulo
- 14 de agosto de 2015
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Mudanças devem acrescentar dinamismo ao setor e disputa comercial vai se tornar fator mais importante, acredita presidente da empresa no Brasil.
Nos próximos anos o mercado de resseguro ficará mais dinâmico, com maior participação de empresas de fora, em decorrência da maior abertura prevista na Resolução 322, mas as condições para fechar os contratos não deverão ter modificações significativas.
A avaliação é de Philippe Jouvelot, presidente e CEO do grupo AXA no Brasil, para quem o mercado brasileiro passa por um processo já observado em mercados mais desenvolvidos. “2008 foi ontem”, disse ele, em entrevista à Risco Seguro Brasil, referindo-se à abertura do mercado de resseguros no país.
”O que vai acontecer no Brasil é exatamente o que já aconteceu na Inglaterra, na França, na Alemanha, na Suíça, na Ásia. Vamos ter maior opção de resseguradoras, mas não sei se as condições vão mudar muito”, afirmou.
Nesse ambiente, a disputa comercial vai se tornar a peça mais importante no tabuleiro. “Agora que o mercado vai se tornar mais internacional, vamos ver que a realidade vai se tornar a realidade”, disse Jouvelot.
“O sonho de dizer que tudo lá de fora é melhor acho que vai ser uma decepção. O mercado de resseguro no Brasil é muito competitivo. Quando não houver mais a desculpa de dizer que seria melhor que houvesse mais oferta, acho que as negociações vão ficar mais tranquilas.”
Redesenho
Jouvelot elogiou o gradualismo da abertura estabelecido na resolução, como forma de dar tempo para as empresas locais “com menos robustez financeira” se prepararem.
Ele acredita que até 2020 o perfil do setor será redesenhado. “Mas eu não sei de que jeito”, disse. “Na evolução dos últimos 20 ou 30 anos em outros países, aconteceram fusões, aquisições e também novos capitais foram alocados para desenvolver novas empresas. Não vejo nenhuma razão para o mercado no Brasil ser diferente do que no resto do mundo.”
De acordo com relatório da agência Moody’s divulgado no fim de julho, as resseguradoras locais nacionais, com o IRB Brasil, Austral, Terra Brasis e JMalucelli terão mais dificuldades com a abertura, que favorece as multinacionais, como Zurich, Munich e a própria Axa Re.
Para o presidente da AXA, o protecionismo no setor foi importante para permitir que o mercado se desenvolvesse.
“Não é bom que venha tudo de fora. É importante ter uma indústria brasileira de seguros e resseguros. A abertura progressiva vai permitir que a operação seja como é no resto do mundo.”
Empresa local
Jouvelot, contudo, garante que a AXA, cuja matriz é francesa, não vai mudar nada muda na sua estratégia por conta da maior abertura estabelecida pela resolução.
O grupo tem atuação recente no país, com seguradora, resseguradora e soluções corporativas, sendo que no primeiro semestre fechou um dos principais negócios do mercado ao comprar a divisão de grandes riscos da Sul América.
Segundo ele, a AXA decidiu se posicionar como uma empresa local. “Não temos que atuar como se fôssemos uma empresa estrangeira. Estamos fazendo negócios aqui, nossos contratos de resseguro estão colocados localmente. Nos programas internacionais, temos de fazer retrocessão para grupos de fora e isso já estamos fazendo, mas representa uma fatia pequena do negócio”, disse ele.
Ele notou que a AXA aportou R$ 400 milhões em Patrimônio Líquido para garantir os valores de retenção exigidos pela legislação brasileira, valor que foi subsequentemente acrescido de outros R$ 500 milhões.
“Se fosse para atuar de fora, não teríamos colocado dinheiro no país”, afirma, lembrando que a empresa tem um planejamento de 25 anos para o Brasil, quando estima que o setor de seguros estará movimentando 8% do PIB nacional.
“Não estamos usando o mercado internacional para fazer os contratos de resseguro do Brasil. Quando comparamos as condições, achamos o mercado brasileiro totalmente competitivo, o suficiente para nosso negócio se desenvolver. Então colocamos quase tudo aqui — não tudo, mas quase tudo.”
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