Aumento do nível do mar expõe cidade a US$ 77 bilhões em perdas
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- Rodrigo Amaral
- 23 de maio de 2016
- Sem categoria
Estudo da RMS para São Francisco (EUA) serve de alerta para todo o planeta; cidade já tem plano para mitigar o problema, que pode afetar 6% da população brasileira
Na medida em que se agravam as projeções de aumento do nível dos mares devido ao aquecimento global, cidades costeiras calculam o custo deste risco e a estudam formas de geri-lo de forma eficiente.
No caso de São Francisco, nos Estados Unidos, isso significa tentar evitar perdas que podem chegar a até US$ 77 bilhões no ano 2100.
A estimativa foi feita pela empresa de avaliação de riscos catastróficos RMS por encomenda da prefeitura da cidade californiana, que acaba de apresentar seu plano para mitigar o risco de elevação de 66 polegadas, ou 1,67 metro, no nível do mar até o final do século.
A RMS calculou que propriedades públicas e privadas no valor de US$ 55 bilhões estão expostas a ser danificadas caso a previsão se concretize. Os valores são atuais, sem considerar eventuais taxas de inflação ou de valorização dos imóveis.
Outros US$ 22 bilhões se referem à possibilidade de que uma tempestade gigantesca adicionar mais 2,75 metros ao nível do mar na região de São Francisco.
As previsões de aumento do nível do mar na Califórnia se baseiam em trabalho do Conselho Nacional de Pesquisa dos Estados Unidos, uma respeitada instituição existente desde 2016.
Apesar de a pesquisa ter se restringido à cidade californiana, os especialistas da RMS afirmam que as lições devem ser levadas em consideração por localidades litorâneas de todo o planeta.
“São Francisco não é um caso único”, disse Paul VanderMark, o chefe de Estratégia da RMS, cuja sede fica na região. “Cidades costeiras ao redor do mundo enfrentam desafios semelhantes por causa do aquecimento global.”
Plano
O que sim diferencia São Francisco de outros lugares que arriscam ficar debaixo d’água até o final do século é que a cidade está trabalhando desde já para gerir este risco.
Em março, o prefeito Edwin Lee apresentou um Plano de Ação para o Aumento do Nível do Mar que pretende reforçar as defesas da cidade contra as inundações, com a implementação de medidas tendo lugar a partir de 2018.
A cidade parte do pressuposto de que fatores “inevitáveis” vão inundar 6% do território municipal até o fim do século.
O plano inclui a execução de um amplo trabalho de avaliação dos riscos a que a cidade está exposta, a implementação de estruturas de governança para garantir que os trabalhos serão levados adiante, e o engajamento da população, por meio de educação e informação, na mitigação do risco.
A prefeitura pretende acompanhar de perto os avanços científicos na área de aquecimento global para garantir que as medidas adotadas serão suficientes para o nível de risco.
Até 2018, o objetivo é definir as medidas específicas a serem adotadas e também as fontes de financiamento, que podem ser públicas ou privadas. As medidas devem incluir estruturas de “acomodação” de níveis do mar mais altos (como a elevação de estruturas), proteção (como a construção de barreiras físicas) e recuo (realocação de bens para áreas de menor risco).
Um dos bens que devem ser alvo de medidas mais intensas é o aeroporto de São Francisco, que fica muito próximo do mar.
Outras experiências
Outras cidades já começaram a reforçar suas defesas contra inundações com vistas ao aumento do nível do mar devido ao aquecimento global.
Nova York, por exemplo, lançou em 2013 um plano para fortalecer as barreiras contra a água em regiões onde vivem 809 mil pessoas.
Veneza, na Itália, enfrenta um sério risco de submergir, e o mesmo acontece com praticamente toda a Holanda, que há séculos utiliza barreiras para impedir que o mar adentre seu território. Estima-se que 62% da população holandesa viva em áreas com risco de inundação.
No Brasil, cientistas têm expressado preocupação com o que pode acontecer com cidades como Recife, Belém, Rio de Janeiro e a região de Santos com o aumento dos níveis do mar.
Seis por cento dos brasileiros vivem em áreas de risco, segundo Brian Kahn, da ONG Climate Central. Em artigo publicado na revista Scientific American, ele cita pesquisadores segundo os quais o nível do mar pode aumentar em até seis metros devido ao descongelamento das calotas polares.
Uma ferramenta on line bolada pelo site Geology.com ajuda a ter uma ideia do estrago que seria causado nesse caso. Com o mar seis metros acima de seu nível atual, grandes áreas do Rio de Janeiro, como a Barra da Tijuca e Jacarepaguá, seriam inundadas. O mesmo ocorreria com a região em torno da lagoa Rodrigo de Freitas, Botafogo e trechos de Copacabana e Ipanema.
E a Climate Central elaborou montagens artísticas de como um aumento de 4ºC pode afetar várias cidades do mundo (veja fotos acima), comparado com uma elevação 50% menor.
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