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Coface vê recuperação no Brasil, mas desafios continuam

Recuperação no Brasil: em meio a um cenário global conturbado, a seguradora de crédito Coface vê “raios de esperança” para a economia brasileira.

A empresa francesa apontou o Brasil como um dos prováveis pontos positivos para a economia mundial em 2017. Um ano em que as empresas devem enfrentar uma série de desafios ligados às incertezas vigentes na Europa. Bem como nos Estados Unidos e na China.

Em relatório global de riscos divulgado em Paris, a Coface estima que a economia brasileira crescerá 0,4% neste ano. Isso após dois anos consecutivos de forte retração. O mesmo deve acontecer com a Rússia, cujo PIB deve se expandir 0,8% em 2017.

Dessa forma, a reversão de tendência nessas duas economias emergentes deve ser suficiente para compensar a gradual desaceleração econômica da China. O país deve crescer 6,3%, após ter registrado 6,7% em 2016. E 6,9% em 2015.

Por outro lado, a Coface lista os quatro membros do chamado BRIC (que também inclui a Índia) como fonte de preocupação. Isso devido ao alto nível de endividamento das empresas.

A situação é mais preocupante na China. No país,  além de o nível de endividamento das empresas ter atingido mais de 160% do PIB e seguir em alta, o governo local segue injetando crédito na economia em uma tentativa de conter a desaceleração econômica.

Desafios

Ainda que a Coface expresse certo otimismo com a recuperação da economia brasileira, a empresa não deixa de ressaltar os sérios desafios que o país ainda enfrenta.

Por exemplo, a seguradora nota que o consumo das famílias, principal motor do crescimento econômico, está cada vez mais fraco. Em grande parte devido à alta do desemprego.

Por sua vez, a fraca demanda, aliada a taxas de juros ainda elevadas, está inibindo os investimentos, que seguem abaixo de 20% do PIB. O real pode voltar a se desvalorizar na medida em que os Estados Unidos aumentarem suas taxas de juros.

Ao mesmo tempo, a incerteza política alimentada pelas investigações e protestos contra a corrupção aumentam a incerteza para as empresas. Em um quadro social já agravado pelas tensões causadas pela alta desigualdade de renda.

A Coface compara a situação do Brasil com a da África do Sul, que enfrenta problemas similares. Porém, a empresa manteve a avaliação de risco de crédito brasileira. Enquanto que a sul-africana foi rebaixada de B (algo elevada) para C (elevada).

Verdade seja dita, o Brasil já se encontrava no patamar C e aí ficou. Já a avaliação de risco da Argentina melhorou. Passou de C para B. Ou seja, superior à do Brasil. Já que a Coface espera que as reformas econômicas promovidas pelo presidente Mauricio Macri comecem a dar frutos no decorrer de 2017.

Situação global

Vários países emergentes enfrentam situações desafiadoras em 2017, segundo a Coface. Ainda assim, eles devem ser o principal motor de um crescimento mais dinâmico da economia global neste ano.

A seguradora prevê que o PIB global vai se expandir em 2,7% comparado com 2,5% em 2016. As economias emergentes respondem pelo grosso do novo vigor. E devem crescer 4,1%. Contra 3,7% no passado.

Pela primeira vez desde a metade de 2015, a Coface também atribuiu um número maior de melhorias na avaliação de risco dos países do que de degradações.

Afinal, onze economias, incluindo Argentina e Espanha, tiveram sua nota elevada. Apenas quatro, entre as quais México e África do Sul, receberam notas piores do que a da última avaliação divulgada pela empresa.

Estagnação avançada

As economias avançadas devem repetir neste ano o crescimento de 1,6%, em média, de 2016. A Coface aponta uma série de incertezas pesando sobre os Estados Unidos e a Europa. Receios que podem impedi-los de crescer de forma mais acelerada.

Nos Estados Unidos, as esperadas políticas protecionistas e expansionistas do novo presidente Donald Trump devem ter um efeito apenas modesto sobre a economia local. E podem mesmo afetar setores como a construção civil e as montadoras de automóveis, afirma a Coface. Da mesma forma, de quebra, países como México, Vietnã e Tailândia podem ser severamente prejudicados por um aumento do protecionismo americano.

No Reino Unido, incertezas sobre a negociação de sua saída da União Europeia podem adiar decisões de investimento das empresas. Bem como afetar setores como o farmacêutico e o automotivo. A Coface espera que o número de falências aumente 8% em 2017 no país.

Já na UE, a principal sombra sobre o que a Coface chama de uma “economia resistente” é a ascensão de movimentos populistas. França, Alemanha, Holanda e possivelmente Itália terão eleições neste ano em que candidatos anti-europeus podem chegar perto do poder. Na França, por exemplo, a ultranacionalista Martine Le Pen, do partido de extrema direita Frente Nacional, já lidera as pesquisas para as eleições presidenciais de abril.

Caso políticos nacionalistas consigam causar novos choques como o Brexit em seus países, o impacto sobre o crescimento do PIB pode chegar a 0,7 ponto percentual na França e 0,5 ponto percentual na Alemanha, estima a Coface.

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Pesquisa vê fraudes em alta no mundo e abaixo da média no Brasil

As fraudes, roubos e incidentes cibernéticos estão em alta nas empresas de todo o mundo. Com os próprios colaboradores das companhias emergindo como a principal fonte de risco. Isso segundo a consultoria Kroll.

O relatório global elaborado todos os anos pela consultoria descobriu que o tipo de fraude mais comum segue sendo o roubo de ativos físicos das empresas. Algo enfrentado por 29% das organizações pesquisadas.

Em seguida vêm as fraudes realizadas por provedores ou agentes comerciais e o roubo de informações, com 26% e 24%.

Entre os incidentes cibernéticos, os mais comuns foram os ataques de vírus e worms, enfrentados por 33% das empresas. Assim seguido pelos ataques de phishing via email, sofridos por 26% do total, segundo a Kroll.

Curiosamente, as empresas brasileiras reportaram à consultoria números inferiores de exposição a fraudes e incidentes cibernéticos no ano passado.

Enquanto 82% das empresas de todo o mundo encontraram casos de fraude, no Brasil a porcentagem foi de 68%. Incidentes cibernéticos foram diagnosticados por 76% das companhias brasileiras. Contra 85% em todo o mundo. No caso dos incidentes de segurança, a discrepância é ainda maior. Foram 53% de casos no Brasil. Contra 68% a nível global.

Cabe perguntar, porém, se os índices mais baixos de incidentes no Brasil se devem a um ambiente de segurança mais favorável ou à ineficiência dos controles internos e de compliance, sistemas de gestão de risco cibernético e práticas de reporting das empresas nacionais. A Risco Seguro Brasil tende a se inclinar pela segunda explicação.

Consequências

A Kroll ressaltou a importância de detectar e combater as causas das fraudes nas empresas. Uma vez que elas podem ter efeitos negativos em termos de continuidade de negócio e reputação empresarial. Bem como satisfação dos clientes e moral dos empregados.

“Com fraudes e incidentes cibernéticos e de segurança tornando-se o ‘novo normal’ para as empresas de todo o mundo, está claro que as organizações necessitam contar com processos sistêmicos. Processos para prevenir, detectar e reagir a esses riscos, caso elas queiram evitar danos reputacionais e financeiros”, afirmou Tommy Helsby ao apresentar o relatório. Ele é co-presidente da unidade de Investigações e Disputas da Kroll.

Na comparação com anos anteriores, a Kroll observou um número crescente de casos de incidentes. Em 2015, 75% das empresas reportaram ter sofridos fraudes. Porém, no ano passado este número chegou a 82%.

Os tipos de fraude que mais cresceram no ano passado foram os conluios de mercado. Estes foram observados por 17% das empresas em 2016 contra 2% em 2015. Assim como desvio de dinheiro da empresa, que passou de 7% a 18% no período de um ano.

A pesquisa também reforçou a noção de que o principal risco de fraudes e incidentes cibernéticos e de segurança se encontra dentro das próprias empresas. De cada 10 companhias que registraram incidentes no ano passado, seis disseram que eles foram causados por empregados, ex-empregados ou parceiros comerciais. Os principais perpetradores foram os empregados de baixo escalão, com 39% dos casos.

Brasil

No Brasil, os principais perpetradoras das fraudes são os ex-empregados, responsabilizados por 43% dos casos reportados, contra 27% a nível global.

Empregados temporários ou freelancers vêm em seguida com 26% das referências, enquanto que os empregados de baixo escalão foram identificados como culpados por fraudes por 22% das empresas que as sofreram.

Os ex-empregados também são os principais responsáveis pelos incidentes cibernéticos e de segurança nas empresas brasileiras, segundo a Kroll.

A Kroll observa que as empresas brasileiras entrevistadas reportaram os mais baixos níveis de fraudes em todo o mundo em 2016, ao lado da Índia e da Itália.

Segundo a pesquisa, 85% das companhias nacionais pesquisadas investiram em medidas antifraude a nível gerencial.

Mas há dados que também apontam a possibilidade de que os casos de fraude na verdade não estão sendo encontrados pelas empresas brasileiras.

Por exemplo, 44% dos pesquisados afirmaram que casos de fraude foram descobertos por canais de denúncia (whistleblowing), uma ferramenta de gestão de compliance que ainda engatinha no Brasil.

Outros 39% afirmaram que foram auditorias internas que descobriram as irregularidades. Mais uma vez, há sérias dúvidas sobre a eficácia das estruturas de auditoria no país.

Clique aqui para descarregar o estudo em inglês.




Turbulência de 2016 impõe desigualdade à agenda de Davos

(Foto: Reprodução)

Segundo o Fórum Econômico Mundial, o aumento da desigualdade é o mais importante fator por trás do incremento do risco global, tanto para as sociedades como para as empresas.

As crescentes diferenças entre os “vencedores” e os “perdedores” da globalização constituem, por exemplo, um dos principais fatores detrás da polarização política que se nota hoje em dia nos países desenvolvidos, alerta a entidade no relatório global de riscos publicado às vésperas de seu encontro anual em Davos, na Suíça.

Essa polarização foi ilustrada recentemente pela vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais americanas e o triunfo dos defensores da saída do Reino Unido da União Europeia durante um referendo realizado em junho passado e corre o risco de se repetir em países como a França, a Alemanha e a Itália, onde movimentos extremistas, tanto de esquerda quanto de direita, estão ganhando popularidade entre os eleitores.

Não que seja preciso buscar lá fora exemplos de polarização política, ou dos efeitos da desigualdade sobre a harmonia social. De certa maneira, vários dos problemas que os plutocratas mundiais vão discutir em Davos neste ano já vêm se manifestando no Brasil por muito tempo.

Cinco fatores

O relatório foi elaborado com o apoio da corretora Marsh e da seguradora Zurich.

De acordo com os organizadores do Fórum de Davos, os cinco principais fatores que estão determinando o cenário de riscos global são:

– Crescente desigualdade e estagnação do crescimento da economia;
– Mudanças climáticas;
– Polarização crescente da sociedade;
– Aumento da dependência cibernética;
– Envelhecimento da população.

Vacinada pelos extraordinários acontecimentos de 2016, a elite econômica global reunida na Suíça vai ter que discutir este tipo de tema, ao invés de celebrar os benefícios da globalização e da abertura econômica, que costumava ser a tônica do evento em tempos mais tranquilos.

“Vivemos tempos agitados em que o progresso tecnológico também cria desafios”, disse Cecilia Reyes, CRO da Zurich, durante a apresentação do relatório, em Londres. “Os governos já não podem fornecer níveis históricos de proteção social, e uma narrativa contrária ao establishment ganhou força, com novos líderes políticos culpando a globalização pelos desafios (enfrentados pelas) sociedades, criando um círculo vicioso em que baixo crescimento econômico apenas amplifica a desigualdade.”

Reforma do capitalismo

Observando que sociedades estão cada vez mais polarizadas devido aos efeitos da globalização, o fórum chega a declarar que “a reforma do capitalismo de mercado também deve ser acrescentada à agenda” da elite econômica mundial.

Os efeitos de tentar varrer este problema para debaixo do tapete podem ser bastante graves. Um dos sintomas do aumento da desigualdade tem sido um crescente desapreço à democracia, nota o relatório. O Brasil é citado como um dos países onde este risco de desencanto democrático tem se manifestado recentemente.

A entidade insta as empresas a se engajar na defesa da democracia e da liberdade de expressão e dos movimentos sociais, que estão sob ameaça cada vez maior de repressão por parte de governos e de forças de cunho autoritário no interior das sociedades.

Entre as receitas genéricas para reverter esta situação, o relatório recomenda “fomentar uma maior solidariedade e visão de longo prazo para o capitalismo de mercado”. Poucas vezes as montanhas nevadas de Davos terão ouvido menção a este tipo de coisa.

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Interrupção de negócios é principal risco para as empresas em 2017

A interrupção dos negócios (coberta no Brasil pelas apólices de lucro cessante) constituem o principal risco para as empresas globais em 2017, de acordo com a Allianz Global Corporate and Specialty.

O mais recente Barômetro de Riscos publicado anualmente pela seguradora alemã também mostra que os riscos cibernéticos ganham espaço na agenda das empresas, chegando à segunda colocação no ranking nos Estados Unidos e à primeira na Alemanha e no Reino Unido.

No Brasil, a interrupção dos negócios também lidera o ranking elaborado pelo braço de grandes riscos da Allianz, que coletou os resultados através de entrevistas com mais de 1.200 profissionais de risco, a maioria dos quais trabalha em grandes empresas sedidas em mais de 50 países.

Os resultados brasileiros refletem a atual conjuntura vivida pelas empresas, já que o segundo principal risco apontado pelos entrevistados no país é entorno macroeconômico, que fica apenas no sexto lugar no ranking global.

Vale também destacar a alta percepção de risco de corrupção, risco de roubo e fraude no Brasil, onde ficou na quinta posição do ranking. Em termos globais, a corrupção fica em 11º lugar. (Veja acima alguns dos resultados da pesquisa).

O terceiro principal risco no Brasil é o cibernético, enquanto que a volatilidade de mercado ficou em quarto. As mudanças regulatórias ficaram empatadas com a corrupção em quinto lugar.

Ano difícil à vista

Uma das conclusões mais claras do estudo é que, após um 2016 difícil, as empresas devem enfrentar um 2017 que também promete ser bastante complicado.

“As empresas de todo o mundo estão se preparando para um ano de incertezas”, afirmou o CEO da AGCS, Chris Fischer Hirs.

“Mudanças imprevisíveis no ambiente legal, geopolítico e de mercado ao redor do planeta são itens constantes na agenda dos gestores de risco e dos conselhos. Uma gama de novos riscos está emergindo além das ameaças permanentes dos incêndios e das catástrofes naturais, o que requer que se repense as ferramentas atuais de monitoramento e gestão de riscos.”

A interrupção de negócios lidera o ranking dos riscos corporativos da Allianz pelo quinto ano consecutivo.

Mas as razões porque este risco preocupa as empresas têm evoluído com o passar dos anos. Enquanto o principal motivador desta preocupação alguns anos atrás eram as interrupções de operações devido a eventos naturais que afetam a cadeia de suprimentos, como exemplificado pelas enchentes na Tailândia em 2011, agora as consequências de riscos cibernéticos e geopolíticos sobre as atividades das empresas ganham cada vez mais peso.

A pesquisa reflete um dos grandes desafios enfrentados hoje pelo mercado de seguros, que é a elaborar coberturas satisfatórias na área de interrupção de negócios sem danos físicos, ou seja, em que as estruturas físicas das empresas não são afetadas diretamente por uma perda.

Protecionismo

O segundo principal risco apontado pelos entrevistados é a volatilidade em seus mercados, um problema agravado pela perspectiva da adoção de medidas protecionistas nos Estados Unidos e outros países. A Allianz cita levantamento de sua subsidiária Euler Hermes, segundo a qual de 600 a 700 medidas protecionistas foram adotadas globalmente a cada ano desde 2014.

“Estamos vendo medidas protecionistas em mercados emergentes como a China, Brasil ou Indonésia, mas também oriundas dos Estados Unidos e do Reino Unido”, disse Ludovic Subran, chefe de Pesquisa Econômica da Allianz Research.

No que diz respeito ao riscos cibernéticos, terceiros no ranking, a AGCS alerta que eles não se restrigem aos ataques de hackers, a ação de funcionários descontentes ou outras causas comuns de problemas nesta área. A adoção de novas leis de proteção de dados em vários países aumenta o desafio que as empresas enfrentam nesta área.

É o caso, por exemplo, da dura legislação de proteção de dados que a União Europeia adotará a partir de maio do ano que vem e que deve afetar qualquer empresas que tenha operações no bloco.

As catástrofes naturais e as mudanças regulatórias completam a lista dos cinco principais riscos enfrentados pelas empresas globais.

Cique aqui para descarregar o relatório em inglês.




Aon alerta para alta de risco de violência política e terrorismo

O risco de terrorismo seguirá em alta em 2017, um ano que também pode ver um aumento de casos de violência política nos Estados Unidos e na Europa, de acordo com a Aon.

Em seu mais recente relatório sobre o risco de terrorismo e violência política, a corretora americana também afirma que a emergência de movimentos populistas nos países ricos implica um aumento das preocupações com o tema por parte de empresas com operações internacionais.

Por outro lado, as recentes perdas sofridas pelo Estado Islâmico no Iraque e na Síria indicam para um recrudescimento dos ataques terroristas em países envolvidos nos combates contra o movimento fundamentalista.

A Aon nota que, desde o início da grande operação contra o EI em Mosul, no Iraque, até a metade de dezembro, mais de uma dúzia de atentados reivindicados por simpatizantes do movimento já foram registrados fora do Iraque e da Síria, que são hoje os principais palcos de atuação do grupo.

Neste fim de semana, dez pessoas morreram e cerca de 30 ficaram feridas em um ataque de homens armados na região turística do castelo de Al-Karak, na Jordânia. Nenhum grupo reivindicou o ataque até o momento, mas suspeitas iniciais das autoridades apontam para fundamentalistas islâmicos.

Estados Unidos

Um dos países em que o panorama da violência política e terrorismo se deteriorou nos últimos meses foi o Estados Unidos, de acordo com a Aon.

A corretora nota que, desde a eleição de Donald Trump para a presidência americana, tem havido um aumento do número de casos de crimes relacionados à intolerância e à violência política.

Além disso, o país segue na mira dos terroristas, como mostraram ataques com bombas ocultas em outubro que deixaram 35 feridos em Nova York e Nova Jersey.

Trump também cria incertezas no cenário internacional, uma vez que não está claro qual será a postura de seu governo com relação à política externa. Seu recente telefonema à presidente de Taiwan, em claro desafio à China, é um exemplo de medida imprevisível com efeitos difíceis de estimar no cenário internacional.

A Aon elevou o nível de risco de terrorismo e violência política nos Estados Unidos de “baixo” para “moderado”.

Ao todo, houve oito ataques terroristas nos Estados Unidos em 2016, calcula a Aon. Mas a corretora afirma que, apesar do aumento do risco, não há sinais de um endurecimento no curto prazo do mercado de seguros para terrorismo no país.

Populismo em alta

Outro fator de preocupação para as empresas é o crescimento dos movimentos populistas na Europa, muitos dos quais possuem um nítido viés autoritário e/ou xenófobo.

A popularidade de tais movimentos reflete um descontentamento mais generalizado que muitas vezes acaba se traduzindo em violência contra grupos específicos da população.

A Aon nota, por exemplo, que, no Reino Unido, houve um aumento estimado de 41% nos casos de violência contra minorias após a votação do chamado Brexit, em junho.

A corretora cita estimativa da ONG sueca Timbro, segundo a qual 18,5% dos eleitores europeus hoje favorecem grupos de extrema direita ou extrema esquerda.

O aumento da popularidade dos grupos extremistas já está tendo efeitos na política dos países, como a saída do Reino Unido da União Europeia, que foi impulsionada pelo partido de extrema direita Ukip.

Em 2017, existe a possibilidade de que a Frente Nacional, também de extrema direita, ganhe as eleições presidenciais na França.

Na Itália, o Movimento 5 Estrelas, de extrema esquerda, emergiu como a principal força política do país após a renúncia do primeiro-ministro Matteo Renzi, que foi derrotado em um referendo constitucional oposto pelos esquerdistas.

“Estes desdobramentos políticos no Ocidente criam incerteza e acarretam ramificações mais amplas para empresas internacionais que têm uma preocupação com riscos de violência política”, afirma a Aon.

A corretora coloca como exemplo o caso das empresas de hotelaria e turismo, que constituem o quinto setor mais visado por ataques terroristas.

Segundo a Aon, mais de 1.100 pessoas morreram em 2016 devido a ataques terroristas realizados em hotéis ou outros recintos turísticos ou nas suas imediações. As regiões de maior risco são o Oriente Média, o Sul da Ásia e a África.




Universidade de Cambridge alerta para risco de grande choque

O risco de que a economia global sofra um grande choque está mais elevado, alertaram pesquisadores da Universidade de Cambridge.

Um relatório do Centro de Estudos sobre Riscos (CCRS) da universidade britânica atribui este aumento do nível de riscos a fatores geopolíticos, a intensificação das ameaças tecnológicas e a maior probabilidade da ocorrência de alguns tipos de crises financeiras.

O alerta foi feito durante a divulgação do Índice Global de Riscos 2017, preparado pela universidade, que mede a possibilidade de que as 300 maiores cidades do mundo sofram eventos capazes de gerar perdas financeiras superiores a US$ 1 trilhão.

São Paulo aparece no ranking como a 17ª no ranking das cidades expostas a maior potencial de perdas causados pelos riscos investigados pelos pesquisadores. Na versão anterior do ranking, a capital paulista estava na 16ª colocação.

A universidade estima que São Paulo está exposta a perdas financeiras equivalentes a US$ 7,09 bilhões no curto prazo que podem ser causadas pelos eventos analisados, que incluem desde um crash do mercado financeiro e ataques terroristas até catástrofes naturais como enchentes e secas.

As líderes do ranking são Taipei, com um potencial de perdas de US$ 20,57 bilhões, e Tóquio, com US$ 20,44 bilhões.

Cenários

A elaboração do ranking passa pela simulação de cenários catastróficos causados por uma série de eventos tanto financeiros como não-financeiros.

Os autores projetaram seus cenários em um período de dez anos, com ênfase no período entre 2017 e 2020. Eles afirmam que as perdas esperadas causadas pelos 22 riscos analisados chegam a uma média ponderada de 1,48% do PIB mundial em dez anos, e 1,51% no próximo triênio.

Isso significa uma perda financeira esperada de US$ 1,17 trilhão só em 2017, segundo Andrew Coburn, vice-presidente da empresa de modelação de risco RMS, que faz parte do CCSR.

Os cientistas explicam que são cenários extremos, com reduzida chance de ocorrer, mas que merecem ser levados em conta devido à sua extraordinária intensidade.

Por exemplo, um dos cenários elaborados prevê uma crise da dívida soberana na América do Sul, com origem no Brasil. Os cientistas trabalham como uma probabilidade de 3% a 4% por ano de que o país sofra uma crise de pagamento da dívida.

Outros incluem a possibilidade de um calote do governo americano (como insinuado, e logo negado, por Donald Trump durante a campanha eleitoral), um conflito bélico entre China e Japão, uma nova guerra na península coreana, um grande ataque cibernético contra infraestruturas críticas ou uma pandemia causada por um vírus da gripe geneticamente modificado.

Ainda que os cenários em questão tenham pouca probabilidade de se materializar, episódios recentes como a eleição de Trump nos EUA e o chamado Brexit mostram que é preciso levar em consideração mesmo os riscos considerados de pequena probabilidade.

O CCRS estima, por exemplo, que um conflito entre a China e o Japão custaria US$ 17 trilhões à economia global, e um crash do mercado imobiliário global de US$ 13 trilhões. Uma pandemia centrada em São Paulo poderia ter um custo de até US$ 7 trilhões. Para comparação, os autores estimam que a crise financeira global iniciada em 2008 causou US$ 18 trilhões em perdas financeiras.

Principais riscos

No campo financeiro, os autores ressaltam a possibilidade de crises da dívida soberana, uma vez que vários países tiveram suas avaliações de riscos reduzidas pelas agências de  rating de crédito nos últimos anos.

Por outro lado, consideram que a possibilidade de contágio global de uma crise bancária se reduziu após as reformas regulatórias realizadas após a crise global iniciada em 2008.

O risco geopolítico, por sua vez, está claramente em alta, até porque os tradicionais enfrentamentos bélicos estão dando lugar, e quem sabe sendo antecipados, por choques entre países no mundo virtual. Os autores afirmam que o risco de um conflito militar entre dois grandes países segue sendo reduzido, mas está mais presente agora do que em anos anteriores.

Além disso, eles afirmam que o risco de terrorismo tende a se recrudescer como resultado das perdas militares sofridas pelo Estado Islâmico nos últimos meses.

No curto prazo, uma ameaça bastante presente é composta pelos ataques cibernéticos, que chegaram a níveis recordes no último ano. Os autores destacam a ação de hackers contra a rede de distribuição de energia elétrica da Ucrânia, em dezembro de 2015, como um exemplo do que pode estar vindo por aí.

O tema do risco cibernético tem o agravante da imprevisibilidade. Com a tecnologia utilizada por hackers em permanente evolução, é difícil prever que padrão este risco deve assumir nos próximos anos.

Os autores também afirmam que o impacto de vários riscos tende a ser ampliado hoje em dia pela elevada interconexão entre as economias e as empresas.

Clique aqui para acessar o estudo em inglês.




Consultoria vê Brasil como ‘alto risco’ de crimes violentos

O Brasil fez progressos na luta contra o crime nas grandes cidades, mas continua implicando um “alto risco” de crimes violentos, segundo uma consultoria de risco internacional.

O país ocupa a 31ª colocação no ranking dos países de maior risco de crimes violentos elaborado pela Verisk Maplecroft e divulgado no início de dezembro.

O ranking é liderado pelo Afeganistão, seguido da Guatemala e do México. A América Latina aparece como a região mais perigosa do mundo, de acordo com a empresa.

No caso do Brasil, a Verisk Maplecroft diz que houve sucesso nos últimos anos na redução das altas taxas de criminalidade nas grandes cidades brasileiras.

“No entanto, sua posição como o segundo maior mercado consumidor de cocaína das Américas e como uma rota chave para os narcóticos produzidos no Peru, Bolívia e Paraguai fazem com os níveis de criminalidade sigam altos”, afirma a empresa.

A consultoria também alerta que a profunda recessão em que o Brasil se encontra tem gerado cortes em investimentos em segurança pública que podem resultar na reversão dos avanços feitos nos últimos anos.

“Isso poderia habilitar os grandes grupos de crime organizado do país, que também estão envolvidos em extorsões e sequestros, a recuperar parte do terreno perdido, incluindo nas favelas do Rio e São Paulo”, afirma a Verisk Maplecroft.

Vizinhança perigosa

Dos 13 países considerados de “risco extremo” no ranking da consultoria, que presta serviços a empresas internacionais, seis estão localizados na América Latina, consolidando a região como a mais perigosa do planeta.

São eles Honduras (6º), Venezuela (7º), El Salvador (8º) e Colômbia (12º), além da Guatemala e do México.

Até mesmo o Iraque (4º) e a Síria (5º), países que vivem ferozes guerras civis, implicam um risco menor de crimes violentos do que o México e a Guatemala. A empresa estima que a criminalidade custa US$ 200 bilhões ao ano para as economias do México e da América Central.

A taxa de homicídios no México chega a 17 por 100.000 habitantes, afirma a Maplecroft, enquanto houve 26.000 desaparições forçadas no país desde 2007.

A empresa também nota que Caracas, na Venezuela, ganhou recentemente o nada invejável título de cidade mais violenta do mundo.

Já a categoria de “alto risco”, na qual o Brasil está incluído, também abrange a Argentina, o Paraguai e o Peru, além da Rússia, Índia e África do Sul.

O quinto membro dos Brics, a China, obtém a classificação de “risco médio”, compartilhada por países europeus como a Itália e a Grécia.




Desaceleração do comércio global deve continuar, alertam seguradoras

O processo de desaceleração do comércio internacional deve continuar em 2017, criando mais um obstáculo à recuperação da economia global, alertam seguradoras de crédito.

Em relatório divulgado nesta semana, a espanhola Crédito y Caución observou que a redução do ritmo de crescimento do comércio internacional se deve sobretudo à desaceleração da economia chinesa e à modesta performance dos Estados Unidos.

Mas a situação tende se agravar devido a desdobramentos políticos, especialmente após a eleição de Donald Trump como presidente americano.

Trump adotou um discurso contrário à globalização e ao livre comércio, prometendo durante sua campanha renegociar os acordos comerciais com países que, em sua opinião, tiram vantagem dos Estados Unidos – um grupo que, para ele, inclui o Brasil.

Mas a rejeição à ideia de que o livre comércio é bom para todo mundo não é uma exclusividade do magnata americano, já que a oposição a acordos internacionais como o TPP (Acordo Transpacífico de Cooperação Econômica) e o TTIP (Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento) se torna cada vez mais acirrada ao redor do planeta.

Grupos que se opõem ao livre comércio, tanto de esquerda como de direita, também obtiveram ganhos eleitorais no Reino Unido e na Espanha, e em 2017 podem avançar em eleições a serem realizadas outros países importantes para o comércio global, como a Alemanha, a França e a Holanda.

“O que está claro é que, com toda esta incerteza, está mais difícil fazer previsões a respeito do comércio,” afirma a Crédito y Caución.

Mais fraco

A incerteza preocupa economistas e investidores. “É algo preocupante que estejamos dispostos a jogar fora 300 anos de filosofia econômica segundo a qual o comércio é uma coisa boa”, afirma David Lafferty, estrategista-chefe da Natixis Global Asset Management, em Boston.

“É certo dizer que a ameaça do protecionismo está em alta, e isso é preocupante”, disse Léon Cornelissen, economista-chefe da Robeco, em Roterdã.

A oposição ideológica ao livre comércio ganha força em um momento em que as transações comerciais entre países já se encontram em queda.

Um recente estudo da Euler Hermes, outra seguradora de crédito, afirma que o crescimento do volume de bens negociados entre os países deve se limitar a 2,1% neste ano e chegar a meros 3,1% no ano que vem. Trata-se de um ritmo bem inferior ao do que havia antes da Grande Recessão iniciada em 2009, quando a média anual chegava a 7%.

Mais grave é que, segundo a empresa, tudo indica que no futuro o crescimento do comércio deve ficar a taxas inferiores a 4% anuais no futuro.

Em termos de valores movidos pelo comércio internacional, a queda de ritmo é ainda mais evidente. No ano passado, o comércio gerou 10,5% menos em movimentações de dinheiro do que no ano anterior. Neste ano, a sangria se estancou um pouco, mas deve chegar a 2,9%.

A Euler Hermes estima que isso significa que, nos últimos dois anos, a perda econômica ligada à desaceleração do comércio chega a US$ 3,12 trilhões – um número quase equivalente ao PIB da Alemanha.

Isso tudo constitui uma má notícia para as organizações que apostam no setor externo para crescer, observa a Euler Hermes. “As empresas terão que encontrar novas alterativas para expandir seus negócios”, alerta a seguradora.

Os motivos

A Euler Hermes quatro fatores que estão detrás da atual tendência de desaceleração do comércio global.

A primeira é uma demanda reprimida ligada à desaceleração da economia a nível global, especialmente nos países emergentes. “A China especialmente tem controlado sua conta de importação”, afirma o relatório.

Outro fator é a queda acentuada dos preços das matérias-primas, e um terceiro, a chamada “guerra cambial”, na qual vários países tentam ganhar espaço no comércio mundial desvalorizando suas divisas na comparação com o dólar.

A estratégia tende a não funcionar quando todo mundo está tentando fazer a mesma coisa, e a empresa observa que desvalorizações tiveram parcos resultados recentemente para países como o Brasil, a Colômbia, o Chile, o Peru, a Indonésia e a Rússia.

O quarto fator é o processo que a empresa chama de “domesticalização”. Isso se reflete no aumento do consumo de artigos que não podem ser comprados de outros países, como o lazer e o ócio, os investimentos imobiliários os produtos financeiros.

Já a Crédito y Caución adiciona o tema da falta de financiamentos ao comércio como outro elemento reprimindo o crescimento. A empresa estima que, em 2015, houve um déficit global de US$ 1,5 trilhão em recursos para financiar as atividades comerciais internacionais.

Trata-se de um volume de dinheiro US$ 200 bilhões superior ao observado em 2014, e em grande medida pode ser atribuído ao endurecimento da regulamentação da atividade dos bancos em países como os Estados Unidos e a Europa.

Estes dados ilustram uma realidade mais ampla em que o processo de globalização, do qual o comércio internacional é uma das facetas mais visíveis, pode estar se revertendo.

“O novo consenso parece ser que a desglobalização vai continuar”, afirmou Daniel Morris, estrategista sênior de investimentos do BNP Paribas Investment Managers.




‘Escândalo da semana’ não muda nível do risco político, diz Aon

Keith Martin, consultor da Aon.
Keith Martin, consultor da Aon.

O escândalo que desembocou na saída Geddel Vieira Lima, um dos homens fortes no Palácio do Planalto, pode ter gerado uma das mais graves crises políticas do governo efetivo de Michel Temer até agora, mas não foi suficiente para piorar o risco político no Brasil.

Tampouco o iminente acordo de leniência envolvendo cerca de 80 pessoas da Odebrecht e que pode atingir 25% dos deputados da Câmara Federal tem esse poder.

A avaliação é de Keith Martin, consultor de comércio e investimentos internacionais da corretora Aon. Segundo ele, os investidores externos estão mais preocupados com a estabilidade institucional do país — e esta continua firme e forte, embora haja alguns fatores que podem vir a abalá-la.

“Os investidores internacionais não estão preocupados com o ‘escândalo do dia’, na medida em que tudo está acontecendo dentro dos ritos institucionais”, disse Martin à Risco Seguro Brasil. “A estabilidade institucional é o que mais conta.”

A turbulência da política cotidiana atrapalha de fato o andamento de muita coisa, pode influenciar o dólar e a bolsa de valores e aumenta o sentimento de descrença nos políticos a cada novo escândalo revelado. Risco político, no entanto, é um conceito amplo, no qual não se encaixam todas os intempéries promovidas pelas figuras que estampam as cabines eleitorais a cada eleição.

Ele é medido por questões mais de fundo, como respeito aos contratos por parte de governos e medidas que venham afetar a estratégia e o desempenho das empresas.

Neste escopo, o risco aumenta se, por exemplo, a aprovação das reformas previstas pelo atual governo travar de vez.

Para Martin, a primeira da fila — a conclusão da aprovação do teto de gastos do governo — parece não correr riscos. “Mas na medida em que a crise possa freiar as reformas, o empresário pode ficar mais preocupado.”

Esse é um dos pontos que dependendo da evolução podem agravar o quadro de risco político, segundo Martin. Ao lado dele, figuram eventuais manifestações violentas ou novos escândalos que possam vir a paralisar o governo — ele ressalta, entretanto, que “por enquanto” são situações hipotéticas, mas que estão sendo monitoradas pela Aon.

“No caso do impeachment de Dilma Rousseff o que agravou o risco foi a falta clara de uma saída”, compara o consultor. “No momento em que um governo fica paralisado, aumenta o risco.”

Outro fator a colocar mais pressão no cenário político é o desempenho claudicante da economia, cujos resultados e expectativas têm ficado aquém do esperado desde a troca de presidente.

É até bom

Já no caso do acordo de leniência da Odebrecht, potencialmente explosivo pelo que promete revelar dos poderes Legislativo e Executivo, o consultor avalia que tudo segue dentro das regras estabelecidas e que é preciso aguardar a evolução das informações e processos que deverão advir. “Vamos ver o que sai dessa história. É uma Caixa de Pandora, a gente não sabe o que está dentro”, diz.

Apesar disso, Martin relata que empresas com as quais tem conversado estão demonstrando até mesmo otimismo com os acordos fechados no âmbito da Lava Jato. Acreditam que eles podem contribuir na mudança de comportamento no ambiente competitivo no Brasil. “Estão animadas porque as denúncias podem abrir espaço para negócios mais transparentes”, afirma.

Martin avalia que o movimentado cenário atual prosseguirá ao longo de 2017. “Tudo indica que teremos uma certa turbulência, mas tudo dentro das regras do jogo.”

Violência, não

Embora não esteja diretamente ligada a risco político, a segurança pública é um tema que atrai muita atenção dos investidores estrangeiros, diz Martin. Episódios de violência que ganham o mundo, como a recente queda de um helicóptero da polícia no Rio de Janeiro, criam dificuldades extras.

O desastre chegou a ser atribuído a tiros disparados por bandidos, o que não foi confirmado.

“O investidor sério leva segurança em consideração”, diz. “E isso tem impacto na percepção do Brasil lá fora; gera dificuldades para decisão de investimento em alguns setores, como a hotelaria.”




Consultoria prevê mais ciberataques de governos e morte da senha

O gradual desaparecimento das senhas e o aumento dos ciberataques patrocinados por governos são duas das tendências para os riscos cibernéticos em 2017, de acordo com uma empresa de segurança digital dos Estados Unidos.

Em relatório divulgado esta semana, a Experian também alertou que as empresas do setor de saúde devem ser as mais visadas pelos hackers, e que os casos de violações de dados internacionais vão causar grandes dores-de-cabeça para as empresas multinacionais.

A Experian também alerta que empresas que sofreram invasões em seus sistemas em anos anteriores podem sofrer as consequências dos ataques no ano que vem.

Como exemplo, a empresa cita o caso do Linkedin, Dropbox e Yahoo, que sofreram invasões entre 2012 e 2014, mas neste ano viram os dados roubados serem vendidos na internet.

A Experian estima que 732 milhões de endereços de email e senhas foram expostas como resultados desses ataques.

“A preparação para uma violação de dados digitais se transformou em uma tarefa muito mais completa nos últimos anos”, disse Michael Bruemmer, vice-presidente da Experian. “As empresas devem ficar de olho em muitas novas ameaças que estão em constante evolução.”

Outro estudo, realizado pela IBM e pelo Instituto Ponemon, que é especializado no tema da privacidade digital, concluiu que as empresas continuam pouco preparadas para enfrentar os ataques cibernéticos.

Apenas 32% das empresas globais entrevistadas pelos autores do estudo afirmaram que suas empresas já possuem um alto nível de resiliência cibernética, comparado com 35% em 2015.

Já dois de cada três entrevistados opinaram que suas empresas não estão preparadas para enfrentar um ataque cibernético.

A pesquisa aponta que o principal foco de ataques cibernéticos sofridos pelas empresas entrevistadas são os seus próprios funcionários, e que o custo médio de um roubo de informações bem-sucedido chega a US$ 4 milhões.

Efeitos de longo prazo

A Experian alerta ainda que os casos citados mostram que, mesmo após reagir a um ataque cibernético, as empresas podem estar expostas a seus efeitos por bastante tempo.

Por isso, devem procurar reforçar seus sistemas antifraude. Por exemplo, por meio da adoção de processos duplicados de autenticação da identidade de usuários.

Os sistemas de autenticação secundária incluem a utilização de mensagens de SMS, localização geoespacial ou identificação biométrica, entre outras opções.

Como resultado do aumento da frequência dos eventos cibernéticos, a empresa prevê que se acelerará o processo de desaparecimento do uso de senhas, em benefício de outros tipos de autenticação de usuários.

Quanto à tendência de utilização de hackers pelos governos, a Experian prevê que em breve os conflitos cibernéticos podem passar do campo da espionagem, onde prevalecem hoje em dia, para o das agressões ativas entre países, quem sabe até derivando em guerras.

Prova disso foi o uso de vazamentos de informações, supostamente por governos estrangeiros, para influenciar o resultado das eleições americanas deste ano, afirma a empresa.

A Experian diz esperar que o governo americano revela a realização de ao menos uma ofensiva cibernética contra organizações terroristas como o Estado Islâmico no futuro próximo.

Sequestros digitais

Quanto os ataques promovidos por criminosos, a empresa coloca a indústria médica no centro das atenções dos hackers, que buscam roubar dados de clientes de hospitais e outras instituições a fim de colocá-los à venda na internet.

Além disso, os hospitais constituem alvo privilegiado para os chamados ataques conhecidos como ransomware, em que os hackers bloqueiam o sistema de uma empresa até que um resgate seja pago.

Como os efeitos de um bloqueio das atividades de hospitais e clínicas podem ser catastróficos, a Experian diz que eles se tratam de alvos fáceis e convenientes para os hackers, já que as empresas preferirão pagar os resgates a ver seus serviços interrompidos por muito tempo.

Outra tendência para 2017 é o aumento dos eventos cibernéticos de âmbito internacional, cujas consequências se tornarão ainda mais severas na medida em que novas legislações de proteção de dados entrem em vigor ao redor do mundo.

O risco mais imediato neste sentido é a nova lei de proteção de dados da União Europeia, que começa a valer em 2018.

Quando isso acontecer, se uma empresa que maneja dados de pessoas que vivem em um país do bloco sofra um ataque, deve notificar as autoridades europeias em 72 horas ou sofrer sérias consequências. Mas especialistas alertam que, especialmente no caso de vazamentos de dados de dimensão internacional, o prazo de três dias será muito difícil de ser respeitado.

Além da UE, a Austrália e o Canadá estão reforçando suas leis de proteção de dados, lembra a Experian.

Ataques em alta

Os alertas foram feitos em um momento em que levantamentos apontam um considerável aumento na frequência de ataques contra as empresas.

Por exemplo, a ThreatMetrix, uma consultoria em segurança digital, afirmou que os 130 milhões de ataques que detectou no terceiro trimestre deste ano constituem um número 40% superior ao do mesmo período de 2015.

A empresa também afirmou que o Brasil aparece entre os dez maiores países de onde partem ataques cibernéticos, junto com os Estados Unidos, México, Reino Unido, França, Itália, Alemanha, Espanha, China e Itália.

A empresa analisa transações online feitas pelos setores financeiros, de e-commerce e de mídia, englobando três tipos de atividades: pagamentos, conexões a contas online e criações de novas contas.

Dos três, as criações de novas contas são as mais sujeitas a fraude, já que cerca de 10% das transações deste tipo analisadas pela Threatmetrix foram fraudulentas no terceiro trimestre.

Mas o número de fraudes realizadas em processos de pagamento online aumentou 54% no período, o que mostra que este tipo de ataque está crescendo de forma acelerada, afirma a empresa.

Clique aqui para ler o estudo da Experian, aqui para baixar o da Threatmetrix, e aqui para ver um infográfico com as conclusões da IBM e Instituto Ponemon.