Cadeia de suprimentos liga Brasil a riscos complexos
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- Rodrigo Amaral
- 27 de maio de 2015
- Sem categoria
Presidente da Federação Europeia de Gestão de Risco diz que organizações terão de lidar com desafios cada vez mais complicados e interligados
O mundo hoje tem mais riscos que dez anos atrás, e um constante processo de mudança vai continuar criando desafios cada vez mais complicados para as organizações. A avaliação é da líder da maior associação pan-nacional de gestão de riscos.
A presidente da Federação Europeia das Associações de Gestão de Risco (Ferma), Julia Graham, disse à Risco Seguro Brasil que as pressões criadas por cadeias de suprimento globalizadas colocam as empresas brasileiras e de outros países emergentes diretamente neste cenário de riscos mais complexos.
“Nós vivemos hoje em um mundo com mais riscos, que se move mais rapidamente e que está mais interconectado”, afirmou Graham. “E continuamos enfrentando tempos econômicos desafiantes. É o novo normal. Trata-se de um mundo que cria muitos mais desafios.”
Graham preside uma organização que está no centro dos esforços para disseminar a gestão de riscos na Europa e no mundo. Criada em 1974, a Ferma reúne 22 associações nacionais do setor, incluindo representações de países onde a área está bastante madura, como França, Inglaterra e Alemanha, mas também de economias emergentes como Eslováquia, Polônia e Turquia. A entidade também aceita participação de membros individuais e conta com 4.200 empresas, organizações governamentais e não-governamentais em seus quadros.
Bem informados
Uma das prioridades da instituição é manter seus associados a par das muitas mudanças regulatórias realizadas pela União Europeia e que atingem de alguma maneira as atividades empresariais. Um exemplo de antiga bandeira empunhada pela federação foi a defesa dos direitos dos compradores de seguro durante o longo processo de discussão da diretriz Solvência II, que regula o mercado segurador.
Outro exemplo é a integração nas leis dos 27 países membros de regras que aumentam a responsabilidade das empresas pelas atividades de seus parceiros comerciais. Cada vez mais, as empresas europeias se tornam responsáveis por qualquer desrespeito aos direitos humanos ou danos ambientes causados por seus provedores, mesmo quando eles estão localizados em países que não fazem parte da União Europeia.
A gestão das responsabilidades dentro de cadeias de suprimentos globalizada é justamente uma das formas pelas quais a gestão de riscos está se espalhando pelo mundo. “Você pode terceirizar os serviços e a produção, mas você não pode terceirizar a responsabilidade”, disse Graham, que também é a CRO (chief risk officer) da DLA Piper, uma empresa internacional de advocacia com sede em Londres.
“Se uma empresa está produzindo bens e serviços no Brasil e sua sede está na França, na Itália ou na Espanha, a responsabilidade viaja junto com a empresa matriz,” continuou a presidente da Ferma.
Ela observou que os desafios são potencializados pela constante evolução dos riscos enfrentados pelas empresas globais.
“Dez anos atrás, o mundo do gestor de risco tinha mais relação com a estrutura física [das empresas], com temas como incêndio, e tinha um foco grande nos seguros,” afirmou Graham. “Mas hoje está muito mais ligado à possibilidade de ajudar as organizações a ganhar consciência a respeito dos grandes temas, a lidar com culturas diferentes. Com frequência, a compra de seguros continua sendo a decisão correta, mas no caso de vários riscos o papel do gestor é muito mais profundo do que isso.”
Certificação profissional
A capacitação de profissionais capazes de assumir posições de liderança em uma atividade tão complexa é portanto uma das preocupações da federação. Nos últimos anos, a entidade desenvolveu um processo de certificação de gestores de risco que tem o objetivo de prover os profissionais da área com um atestado que comprove suas qualificações para trabalhar na área. A primeira rodada de certificados deve ser entregue ainda no segundo semestre deste ano.
O documento vai atestar que o profissional está qualificado para trabalhar como gestor de risco nos países representados na Ferma, mas Graham acredita que essa comprovação também será bem recebida por empregadores de outras partes do mundo.
“Há um interesse muito ativo no mundo pelo tema da certificação”, disse ela. “Tenho certeza que no Brasil e no restante da América Latina a certificação também vai ser calorosamente recebida.”
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