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Metade do top 10 do seguro para empresa perde prêmios

Seguro para empresa: metade das dez maiores empresas do Brasil teve queda no volume de prêmios no primeiro semestre de 2017. Isso na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo levantamento da Risco Seguro Brasil.

Da mesma forma, entre as top 10, apenas Zurich, Sompo, Porto Seguro, Axa e HDI fecharam o primeiro semestre com um maior volume de prêmios do que em junho de 2016 entre as 39 linhas de seguros para empresas analisadas. A pesquisa foi realizada com base em dados da Susep.

Assim, o desempenho mais acelerado foi a da Axa. A empresa é a número 9 no ranking. A Axa postou um crescimento de 62% em prêmios de seguros. Por outro lado, a Zurich, número 3, cresceu 22%. Já a HDI, 20%.

Igualmente as duas líderes, Mapfre (que atua em conjunto com o Banco do Brasil) e Chubb (antiga Ace), apresentaram quedas de 2,6% e 3,6%, respectivamente.

Porém, no caso da Chubb, a redução do volume de prêmios parece ter sido bem maior. Afinal, computando os prêmios reportados pelas duas unidades da Chubb no Brasil que ainda operavam em 2016, a queda no volume de prêmios chega a 17%.

Seguro para empresa X liderança consolidada

Apesar da redução no volume de negócios, a Mapfre passou a liderar com maior folga o ranking de seguros para empresas da Risco Seguro Brasil.

Dessa forma, o total de prêmios nas linhas pesquisadas, que não incluem seguros rurais, foi de R$ 1,11 bilhão no primeiro semestre. Ou 13,6% do total do mercado, que atingiu R$ 8,19 bilhões no período.

A distância em relação à Chubb, segunda colocada, aumentou. Ao mesmo tempo que a já que a antiga Ace viu seu volume de prêmios cair quase pela metade desde o primeiro semestre de 2015. Isso se computados os prêmios combinados da então Ace e da velha Chubb.

A Zurich, incluindo sua unidade Zurich Minas e a operação conjunta com o Banco Santander, pulou da quarta para a terceira posição, chegando a R$ 579 milhões em prêmios de seguros.

Como resultado, a empresa suíça trocou de lugar com a Tokio Marine. Cujo volume de prêmios caiu 4,3% para R$ 566 milhões.

Ranking

A Sompo manteve o quinto lugar com R$ 493 milhões (aumento de 9,2%). Enquanto que a Bradesco Auto/Re segue na sexta posição com R$ 427 milhões (queda de 1,45%). Apesar de ter cedido parte de seu portfólio para a joint venture com a Swiss Re Corporate Solutions.

Dessa forma, a Porto Seguro, em sétimo, e Allianz, em oitavo, trocaram de lugar. Isso após a primeira aumentar os prêmios de seguros 9% até R$ 369 milhões. A Allianz reportou queda de 2,4%, para R$ 357 milhões.

Enfim, a novidade nos dez primeiros postos do ranking é a Axa do Brasil. A empresa passou da 13ª para a 9ª colocação. Com R$ 295 milhões em prêmios de seguros nas linhas pesquisadas após dar um salto de 62%.

Assim, fecha o top 10 a HDI, com 20% em prêmios a mais do que em junho de 2016, totalizando R$ 243 milhões.

Outros destaques

Por outro lado, o levantamento da Risco Seguro Brasil também encontrou notáveis avanços nas posições 11 a 20 do ranking.

Por exemplo, a Pan Seguros, que pertence ao BTG Pactual, postou crescimento de 89% de prêmios de seguros nas linhas pesquisadas. Chegando a R$ 201,5 milhões e abocanhando a 12ª posição.

Já a Austral, que tem sido alvo de boatos de venda, viu seu total crescer 76% até R$ 144 milhões. O suficiente para ficar na 19ª posição.

Outra empresa que pode trocar de dono no futuro próximo, a Pottencial, registrou aumento de 29,5%. Assim chegando R$ 201 milhões em prêmios.

Da mesma forma, o total de prêmios nas linhas pesquisadas da Swiss Re CS, que assumiu parte do portfólio da Bradesco Auto/Re, cresceu 60%, atingindo R$ 137 milhões.

Porém, o aumento não foi suficiente para a empresa ingressar entre as 20 maiores dos seguros para empresas, fechando o ranking na 21ª colocação.

As linhas incluídas no levantamento

Compreensivo Empresarial
Lucros Cessantes
Riscos de Engenharia
Riscos Diversos
Global de Bancos
Riscos Nomeados e Operacionais
Riscos de Petróleo
Riscos Nucleares
Satélites
D&O
Responsabilidade Civil (RC) Ambiental
RC Geral
RC Profissional

Transportes

Transporte Nacional
Transporte Internacional
RC Ônibus
RCFV Ônibus
RC Transportador de Carga em Viagem Internacional
RC Transporte Ferroviário de Carga
RC Viagem Internacional de Pessoas
RC Transporte Aéreo de Carga
RC Transporte Rodoviário de Carga
RC Transporte Desvio de Carga
RC Transporte Aquaviário de Carga
RC Operador de Transporte Multimodal
Stop Loss

Crédito

Crédito Interno
Crédito à Exportação
Garantia Segurado – Setor Público
Garantia Segurado – Setor Privado
Seguro Compreensivo de Operadores Portuários
RC Facultativo para Embarcações
Marítimos (Cascos)
DPEM
RC Facultativo para Aeronaves
Aeronáuticos (Cascos)
RC Hangar
Responsabilidade do Explorador ou Transportador Aéreo

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Preços dos seguros caem por 17 trimestres consecutivos

Os preços dos seguros caíram pelo décimo sétimo trimestre consecutivo entre abril e junho deste ano. Isso de acordo com a corretora Marsh.

Porém, o ritmo da queda de preços continua reduzindo. Dessa forma, o preços caíram 2,2% no período. O que constitui a menor queda desde o primeiro trimestre de 2014.

Por sua vez, a América Latina é a segunda região em que o mercado parece estar mais próximo de uma reversão de tendência. Segundo a Marsh, a queda de preços nos mercados latino-americanos foi de apenas 0,4% no período.

Enfim, a América Latina ficou atrás apenas da região do oceano Pacífico, onde as tarifas aumentaram uma média de 6,3%. Foi a única região do mundo onde os preços subiram no segundo trimestre.

Por linha

A Marsh observou quedas de preços em todas as linhas de seguro pesquisadas. Igualmente no segmento de responsabilidades, a redução foi mais acelerada do que nos primeiros três meses do ano.

Os preços dos seguros de responsabilidade caíram 1,7% entre abril e junho. Isso contra -0,6% nos três meses anteriores.

Já os seguros patrimoniais mostraram queda de 2,8%, comparada com -3,6% no primeiro trimestre. Enquanto que as linhas financeiras recuaram 2,1% (-3% de janeiro a março).

Um dado interessante do mais recente relatório da Marsh é que até mesmo os preços de seguros cibernéticos estão em queda neste ano.

As tarifas no mercado americano, de longe o maior do mundo, caíram 1,5% entre abril e junho, seguindo uma queda de 1,7% no trimestre anterior.

Com cada vez mais subscritores oferecendo capacidade nessa linha de negócios, os seguros cibernéticos vêm apresentando crescente moderação de preços nos últimos dois anos.

Em 2015, a Marsh reportou que os preços subiram uma média de 18,7%. No ano passado, o aumento foi de 6,4%. Neste ano, a variação média até agora foi de -1,6%.

América Latina

Nos mercados latino-americanos, os seguros de responsabilidades estão em alta já há quatro trimestres, enquanto que os patrimoniais e as linhas financeiras seguem a tendência do mercado brando.

Os preços das coberturas patrimoniais caíram 3,6%, um ritmo mais lento do que os -5% do trimestre anterior.

Entre as linhas financeiras, a queda foi mais moderada, de 1,1%, e também se desacelerou na comparação com o primeiro trimestre (-1,6%).

Já entre as linhas de responsabilidades, parece que a mudança de tendência no mercado está chegando para valer.

Os preços aumentaram 6,1% na região, após um crescimento de 3,3% no primeiro trimestre. Com isso, já se acumulam 12 meses de aumentos nos preços de seguros de responsabilidade nos mercados latino-americanos, de acordo com a Marsh.

Clique aqui para acessar o relatório em inglês.




Carro sem motorista é ameaça para seguradoras

Carro sem motorista. Quais os riscos e vantagens? Os Estados Unidos devem aprovar em setembro um projeto de lei que vai permitir que uma quantidade limitada de carros sem motorista trafeguem pelas estradas do país. Assim sinalizando que os chamados automóveis auto dirigidos estão de fato entrando no dia a dia das pessoas.

A novidade deve ter o efeito de um verdadeiro terremoto na indústria de seguros. Um carro sem motoristas também será um veículo sem um comprador de apólices de seguros de automóveis. Uma das principais fontes de lucros do setor em todo o mundo.

O projeto de lei em questão foi aprovado por uma subcomissão da Casa de Representantes do Congresso americano em 19 de julho. Assim, deve ser votado pelo plenário do Congresso em setembro.

O projeto permite, entre outras medidas, que a indústria coloque em circulação, em um primeiro momento, 100.000 veículos autônomos. Eles estarão sujeitos a regras de segurança menos rigorosas do que as dos carros normais.

Lobby

Como o projeto recebeu amplo apoio de republicanos e democratas na subcomissão, e tem sido alvo de forte lobby da indústria automobilística americana, além de grandes empresas tecnológicas, espera-se que seja aprovado sem grandes problemas pelo pleno parlamentar. Uma vez que os carros sem motoristas se consolidem no principal mercado do mundo. Dessa forma, é de se esperar que não tardem muito em chegar também a países como o Brasil.

“Cerca de 40 mil vidas se perdem em acidentes rodoviários todos os anos (nos EUA). E cerca de 94% destes acidentes são causados por erros humanos”, comentou David Strickland, da Coalização de Auto-Condução para Estratas Mais Seguras. Trata-se de um grupo de lobby apoiado pela indústria automobilística. “Ao remover os humanos detrás do volante, os veículos auto dirigidos oferecem a oportunidade de salvar vidas e aprimorar a mobilidade.”

Enfim, o otimismo se deve à adoção de tecnologias. Como a detecção e aviso antecipado de colisões, os sensores de mudança de pista. Além dos sensores de consumo de álcool que devem equipar os automóveis do futuro.

Sem dúvida, uma grande notícia para os passageiros dos automóveis em questão. Porém, não tanto para a indústria do seguro.

Carro sem motorista: novo conceito

Para Anand S. Rao, o chefe de Inovação do Grupo de Analítica da consultora PwC nos EUA, o seguro para automóveis não vai sumir. Simultaneamente vai acontecer que o produto sofra uma mudança radical em sua própria natureza.

Em resumo, deixará de ser um produto de seguros massificados. Assim para se tornar uma linha de seguro de grandes riscos. Ou, quem sabe, mesmo um risco transferido diretamente ao mercado de resseguros.

Isso porque a responsabilidade pelos acidentes deixará de recair sobre o motorista. Um personagem que, se os gurus tecnológicos estiverem corretos, um dia não vai mais existir. Passará para o próprio produto.

Montadoras

Consequentemente, será a montadora do veículo que terá que proporcionar a cobertura de seguro para o veículo e para terceiros. Ao invés de um seguro individual do motorista, o automóvel será protegido por apólices de responsabilidade de produto negociadas pela montadora diretamente com os subscritores, cobrindo toda uma gama de veículos.

“Os seguradores B2B vão acabar fechando acordos com as montadoras. E, em alguns casos, como já estamos começando a ver na Europa, as montadoras podem optar por reter o risco, e transferi-lo diretamente ao mercado de resseguros,” afirmou Rao à Risco Seguro Brasil.

Não é difícil ver, então, onde é que está o problema. Ao invés de centenas de milhões de segurados individuais, o mercado de seguros para automóveis se reduzirá a um punhado de grandes clientes que vão trabalhar com um grupo restrito de seguradoras ou resseguradoras, provavelmente também de grande porte.

Rao prevê, portanto, que, ao final da transição para um mundo de automóveis autônomos, apenas umas poucas seguradoras vão conseguir fazer dinheiro com esta linha de produto.

Transição

O “xis” da questão, para as empresas que hoje têm uma forte presença em seguros para automóveis, é quando isto deve acontecer.

Há quem acredite que a transição vai ocorrer a toque de caixa. A RethinkX, um think tank, prevê que, em 2030, 95% da quilometragem percorrida por automóveis nos EUA será obra dos veículos autônomos.

Outros lembram que o desafio é grande. E que os mais afoitos outrora previram que os carros não necessitariam motoristas já na década de 1960.

Para Rao, a transição será gradual. E muitas seguradores terão tempo de se adaptar, se quiserem, para enfrentar as novas condições de mercado.

Contudo, ele sugere que os subscritores que planejem competir na nova de seguros de responsabilidade de produtos para automóveis desde já façam um trabalho de aproximação com os fabricantes de veículos.

Isso pode ser uma boa fonte de faturamento. Especialmente logo que os veículos autônomos forem predominantes. Uma vez que os inevitáveis percalços que serão encontrados pela nova tecnologia devem criar um alto nível de perdas logo a princípio. O que possibilitará cobrar preços mais altos.

Oportunidades

Todavia, no próprio processo de mudança, deve haver oportunidades para as seguradoras mais antenadas. Por exemplo, os especialistas preveem que os carros “duais”, ou seja, que permitem tanto a condução manual quanto a automática, vão povoar as estradas antes dos veículos puramente autônomos.

Dessa forma, as seguradoras poderão então utilizar os dados coletados por veículos conectados. Isso para aprender mais sobre a evolução dos hábitos dos motoristas. Assim permitindo uma precificação mais afinada de suas coberturas.

“Será fácil de monitorar quanto tempo os motoristas manterão suas mãos no volante. Bem como quanto tempo passarão para o modo de autocondução. E então fatiar o risco”, disse o especialista.

O período estimado de condução manual poderia então ser coberto por uma apólice de seguros tradicional, e o tempo de autocondução, pela responsabilidade do produto.

“Dessa maneira, as seguradoras podem adaptar suas tarifas e oferecer produtos especialmente desenhados para atrair cada vez mais proprietários de veículos de modo dual”, completou Rao.

No final, porém, poucas terão condições de competir no mercado de seguros para automóveis.

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Crescimento de mercado não-vida no Brasil é 4º pior do mundo

O mercado brasileiro de seguros não-vida teve um dos piores desempenhos do mundo em 2016. Isso de acordo com análise comparativa realizada pela Swiss Re.

Dessa forma, a comparação com o desempenho de outros países ajuda a colocar no contexto adequado as visões eternamente otimistas expressadas pelas associações setoriais do Brasil.

De acordo com o levantamento da Swiss Re, o volume de prêmios não-vida no mercado brasileiro caiu 4,9% no ano passado. Uma vez descontado o efeito da inflação. Em 2015, a retração fora de 2,6%.

O mercado local fechou o ano com R$ 110 milhões em prêmios não-vida. Após registrar um crescimento nominal de míseros 3,5%.

Contudo, a variação no volume só não foi pior na América Latina do que no Equador. País cuja economia foi fortemente afetada por um devastador terremoto em 2016. Assim como na Argentina, onde o setor de seguros e resseguros, a exemplo da economia como todo, passou por uma série de reformas para desfazer distorções causadas pelos governos Kirchner.

Igualmente no Equador, a variação do mercado, em termos reais, foi de -33,4%. Na Argentina, de -15%. No resto do mundo, apenas a Nigéria, onde os prêmios não-vida caíram 12,2% no ano passado em termos reais, conseguiu ter um desempenho pior que o brasileiro.

Longo caminho pela frente

Ao todo, incluindo os seguros de vida e saúde, o mercado brasileiro cresceu 1,1% em termos reais no ano passado.

Apenas Equador (-28.7%), Argentina (-16,8%), Peru (-7,5%) e Panamá (-0,2%) apresentaram resultados mais fracos na América Latina.

A análise feita pela Swiss Re também mostra que o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer. Isso antes de poder ser considerado um mercado de seguros desenvolvido.

A penetração dos prêmios de seguros no país chega a 4,04% do PIB. O que vale ao Brasil a 41ª colocação no mundo. Considerando todos os países avaliados, a penetração média é de 6,28%.

Considerando apenas os prêmios não-vida, a penetração chega a 1,76% do PIB, comparado com uma média global de 2,81%.

A Swiss Re também observa que o mercado está sofrendo com a difícil situação econômica e a incerteza política que prevalecem no país, e, do lado positivo, prevê melhores desempenhos para o setor no Brasil no longo prazo.

Mercados emergentes

Apesar do pífio desempenho do mercado brasileiro, a Swiss Re afirma em seu relatório que os mercados emergentes continuam sendo o principal motor de crescimento do setor segurador em todo o mundo.

O volume de prêmios não-vida aumentou 3,7% no ano passado, comparado com 4,2% em 2015.

Países como a China, onde os prêmios não-vida cresceram 20%, Turquia (20,5%), Polônia (14.8%) e Índia (12,9%) puxaram a performance global.

Em conjunto, os países emergentes registraram um crescimento de 9,6% nos seguros não-vida, contra 2,3% nas economias avançadas.

Mas, enquanto o ritmo de crescimento de prêmios nas economias avançadas foi algo superior ao da média dos últimos dez anos, nos países emergentes houve algo de desaceleração em 2016, na comparação com a década anterior, observou a Swiss Re.

Em termos globais, os seguros não-vida superaram o desempenho das linhas de vida, que expandiram 2,5% no ano passado.

Contando todos os tipos de seguro, a expansão do volume de prêmios globais chegou a 3,1%.

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AM Best vê aumento de apólices específicas contra risco ‘cyber’

Risco cyber. Precisamos falar sobre isso. Na medida em que aumenta a demanda por seguros contra riscos cibernéticos, o mercado está oferecendo cada vez mais coberturas específicas para lidar com esse risco. A informação é da agência de classificação de risco AM Best.

Relatório da empresa mostra que mais de dois terços dos prêmios de riscos cibernéticos subscritos nos Estados Unidos já são emitidos em apólices “standalone”. Ou seja, dedicadas unicamente a cobrir ataques cibernéticos. Assim como quebras de sistemas e outros incidentes relacionados ao segmento.

A análise se baseia em estatísticas coletadas pela NAIC. Trata-se de uma associação de reguladores do mercado de seguros. De acordo com estes dados, o mercado americano de seguros cibernéticos, que é o maior do mundo, chegou a US$ 1,34 bilhão no final de 2015.

Deste total, 67,8% foi subscrito por meio de apólices “standalone”. O restante se refere a coberturas contra riscos cibernéticos incluídas em outros tipos de apólices.

Dessa forma, a AM Best considera que a tendência de aumentar a ênfase em apólices específicas é benéfica para o setor de seguros. Uma vez que, até recentemente, incidentes cibernéticos acabavam sendo cobertos por outros tipos de coberturas. Como as de responsabilidades civil, lucro cessante ou D&O.

Justiça

Com frequência, observa a agência, os casos acabam sendo resolvidos na Justiça. Caso em que os tribunais tendem a dar razão aos compradores, caso não houvesse exclusões específicas nas apólices.

Porém, entre gerentes de riscos de grandes empresas, ainda existe uma certa resistência quanto à ideia de comprar apólices específicas para riscos cibernéticos. Uma vez que muitos acreditam que vários riscos cobertos por elas já estão contemplados por seus programas de seguros de bens e propriedades.

Contudo, profissionais de multinacionais consultados pela Risco Seguro Brasil também dizem ter observado uma queda significativa dos preços das apólices standalone. Além de uma crescente disposição a aumentar limites. Ainda que estes sigam estando abaixo do ideal.

No Brasil, empresas como a AIG, XL e, mais recentemente, a Zurich anunciaram estar comercializando coberturas par riscos cibernéticos.

Risco cyber: ranking

De acordo com o levantamento da AM Best, a maior seguradora de riscos cibernéticos nos Estados Unidos, ao final de 2015 foi a AIG. Acumulou US$ 228,3 milhões em prêmios diretos. A totalidade dos quais em forma de apólices específicas.

Na segunda colocação vem a XL Catlin. Somou US$ 160,8 milhões, também totalmente em forma de apólices “standalone”.

A terceira colocada, Chubb, apresenta uma estratégia diferente. Já que quase 74% de seus US$ 133,6 milhões prêmios de seguros cibernéticos estão incluídas em outras apólices.

O top five é completado pela Travelers (US$ 92,2 milhões). Seguido pela Beazley (US$ 83,9 milhões).

Concentração

O mercado segue bastante concentrado, uma vez que as cinco maiores empresas detêm 52,1% do mercado. Isso segundo os números da NAIC mastigados pela AM Best. As dez maiores empresas abocanham 71,7% de todos os prêmios (ver quadro acima).

A AM Best espera que um número pequeno de subscritores domine o mercado de riscos cibernéticos não só nos Estados Unidos. Mas globalmente. Isso devido às dificuldades inerentes a este segmento. Como a complexidade dos modelos de agregação de riscos.

A Travelers obteve um crescimento de 41,8% no volume de prêmios cyber em 2015,. Foi o mais elevado entre as cinco primeiras, seguida pela XL Catlin, com 41,7%.

Se a análise é estendida para as dez maiores, o destaque fica para a BCS Insurance Company. É a oitava no ranking, cujo volume de prêmios chegou a US$ 55,4 milhões após crescimento de 287%.

A Liberty Mutual, número sete na classificação, também se destacou. Obteve 197% de crescimento, chegando a US$ 56,4 milhões em prêmios de riscos cibernéticos.

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Conservador, seguro tenta adotar novas tecnologias

A indústria de seguros é conhecida por sua relutância em adotar novas tecnológias. Especialmente no mercado de grandes riscos como o Lloyd’s de Londres, o relacionamento cara a cara entre clientes e subscritores continua valendo tanto ou mais do que os últimos programas de computador e ferramentas de gestão de riscos.

Mas esse famoso conservadorismo, que por três séculos ajudou a indústria a ganhar a confiança dos clientes, pode acabar se tornando um problema. Isso na medida em que novos jogadores aproveitam evoluções tecnológicas e de hábitos de consumo para causar marola no mercado de seguros. As chamadas InsurTechs e os sites de comparação de preços são exemplos desta tendência. Mas gigantes tecnológicas como Google, Facebook, Amazon e Apple também já andaram sondando iniciativas no setor.

Novas tecnologias

Em contrapartida, para tentar não ficar para trás, muitas seguradoras e resseguradoras estão procurando investir na integração de novas tecnologias aos seus modelos de negócio. É o que mostra um relatório divulgado pela Swiss Re.

Algumas criaram fundos de capital de risco (venture capital) para investir em InsurTechs inovadoras. Assim buscam adotar as novas ideias que estas empresas estão introduzindo no mercado. Outras têm seus próprios setores de desenvolvimento de novas tecnologias ou incubadoras tecnológicas. E também há quem está firmando parceiras com gigantes tecnológicas para tentar fazer crescer o seu negócio.

A Swiss Re nota que, enquanto algumas novidades tecnológicas constituem uma ameaça para o setor. Por exemplo, como os sites de comparação de preços, que competem diretamente com os corretores. Bem como os veículos autodirigidos, que podem reduzir a necessidade de seguros para automóveis. Outras abrem perspectivas interessantes para os subscritores aprimorarem seus negócios.

Por exemplo, o desenvolvimento de tecnologias de inteligência artificial pode aumentar a previsibilidade de muitos riscos. Assim facilitando sua precificação. A ruminação cada vez mais afiada de um fluxo gigantesco de informações coletadas dos clientes também pode ajudar as seguradoras a reduzir fraudes. Bem como acelerar a gestão de sinistros. Além, é claro, de possibilitar a venda de coberturas sob medida para cada cliente.

InsurTechs

A princípio, o aumento do interesse em soluções inovadoras se reflete no crescimento do volume de operações de investimento em startups na área de seguros. São as chamadas InsurTechs.

Dados da Willis Towers Watson citados no relatório mostram que, em 2012, foram tornadas públicas cerca de 40 operações de financiamento de InsurTechs em todo o mundo. No ano passado, foram mais de 160.

Da mesma maneira, os volumes envolvidos também aumentaram significativamente. Foram de cerca de US$ 500 milhões cinco anos atrás para quase US$ 1,8 bilhão em 2016. Em 2015, impulsionados por duas operações gigantes, os investimentos passaram de US$ 2,4 bilhões.

O ramo preferido pelas InsurTechs é o de não-vida. Especialmente produtos individuais. Como os seguros para automóveis e moradias. Assim como as coberturas para pequenas e médias empresas (ver gráfico acima).

O segmento mais visado por estas empresas é o da distribuição, seguido pela precificação, serviços, novos riscos e gestão de sinistros (ver gráfico acima).

Nesse último caso, a Swiss Re nota que o uso de métodos analíticos avançados e tecnologias de “machine learning” estão possibilitando implementar melhorias na prevenção de riscos dos clientes e também a acelerar os pagamentos de perdas.

Linhas comerciais

Apesar da concentração nas linhas de seguros individuais, também já há startups fazendo barulho no setor de seguros para empresas.

A Swiss lista em seu relatório várias iniciativas, como por exemplo as das empresas Human Condition Safety e Argo Risk Tech, que desenvolveram tecnologias para monitorar a postura dos empregados e sistemas de alerta para evitar acidentes e, assim, reduzir a frequência de sinistros no segmento de benefícios para empregados.

Já a WayGum e Relayr introduziram tecnologias que visam evitar perdas em equipamentos industriais através de dispositivos que controlam maquinaria de difícil acesso e logaritmos que ajudam a fazer a manutenção preventiva dos equipamentos.

A Lightfoot e a The Floow criaram tecnologias para a gestão de frotas comerciais que recompensam bons hábitos de condução e agilizam a manutenção dos veículos. Por sua vez, empresas como BitSight e Cyence oferecem soluções para gerir os riscos cibernéticos no ambiente de trabalho.

Gigantes despertos

Para não ficar atrás, os grandes subscritores estão tentando abraçar algumas startups através de parcerias.

Mas seus próprios times de especialistas estão procurando patentear suas próprias soluções tecnológicas, observa o relatório.

A própria Swiss Re desenvolveu um sistema que utiliza dados criados por empresas de gestão de tráfego aéreo para criar um seguro contra o atraso de voos que permite o pagamento de indenização assim que é recebida a confirmação de que um voo não saiu na hora esperada.

Outros exemplos incluem a MetLife, que patenteou um sistema de uso de drones na subscrição de apólices, e a Hartford Fire, que registrou um sistema de subscrição baseado em tecnologia telemática.

Clique aqui para acessar o relatório em inglês.

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Novo estilo de terrorismo exige resposta da indústria de seguros

O ataque terrorista que matou 22 pessoas e feriu outras 64 em um show de Ariana Grande em Manchester, no Reino Unido, ilustra a evolução do terrorismo global. Assim como os desafios criados para o mercado de seguros.

Para os serviços de segurança, ações como a do dia 22 de maio, quando um britânico de descendência líbia explodiu uma bomba caseira na saída do concerto, criam sérios problemas. Principalmente devido à dificuldade em rastrear potenciais terroristas que possuem ligações aparentemente tênues com os grupos em nome dos quais realizam os ataques. No caso de Manchester, o Estado Islâmico reivindicou o atentado.

Em outros tempos, grupos terroristas como o ETA ou o IRA, ou ainda a Al Qaeda, buscavam alvos simbólicos. Cuja destruição representava um atentado contra a presença do Estado, uma religião ou o poder dominante. Foi o caso das torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York, destruídas pela Al Qaeda em 2001.

Mas os mais recentes ataques têm focado na destruição aleatória de vidas humanas. Isso com o objetivo de aterrorizar a opinião pública. E assim fomentando pressões para que os governos ocidentais deixem de atuar em lugares como a Síria e o Iraque.

São ataques em que os responsáveis utilizam armas de baixa tecnologia. Como pistolas e bombas caseiras, como as de Manchester . Ou, a exemplo do que ocorreu em Nice e Berlim no ano passado, até mesmo caminhões.

Novas coberturas

Para a indústria de seguros, ataques como o de Manchester têm gerado uma demanda por novas coberturas que necessita ser atendida.

É o caso, por exemplo, da cobertura por lucro cessante sem dano físico ao patrimônio (non physical damage business interruption, em inglês). Esse tipo de cobertura se tornou nos últimos anos um motivo de queixas por parte de gestores de riscos de grandes multinacionais.

Tais coberturas protegem o faturamento de uma empresa quando seu negócio sofre com um evento que aconteceu fora de suas propriedades.

Os ataques terroristas dos últimos anos provêm exemplos claros deste risco. Em 2015, Paris foi alvo de dois chocantes ataques terroristas . Um contra o semanário Charlie Hebdo e outro contra a discoteca Bataclan. Os ataques deixaram muitos mortos, porém poucas perdas econômicas diretas na forma de destruição de patrimônio.

Mas a sequência de ataques também assustou potenciais visitantes. Isso em uma cidade em que o turismo é uma importante atividade econômica. No ano passado, de acordo com a autoridade parisiense de turismo, houve 1,5 milhão de visitantes a menos na capital francesa do que em 2015. A perda da renda turística de Paris chegou a €1,3 bilhão.

Perda de faturamento

Como a maioria das empresas que sofreu esta perda de faturamento não foi afetada diretamente pelos ataques, se elas tinham coberturas tradicionais de risco de terrorismo, que tendem a incluir danos diretos ao patrimônio e lucros cessantes decorrentes desses mesmos danos, certamente não receberam nenhum tipo de indenização.

“As coberturas tradicionais de danos patrimoniais e lucro cessante ligadas a terrorismo exigem danos físicos (à propriedade do segurado) para que sejam acionadas”, disse Chris Parker. Ele é subscritor de Terrorismo da seguradora Beazley, em Londres. “Este gatilho esteve ausente em alguns dos ataques terroristas mais recentes. Mas clientes ainda assim sofreram com a interrupção de seus negócios e perdas financeiras.”

“O impacto de interrupção de negócios é, com frequência, onde as maiores perdas se encontram quando há um ataque (terrorista)”. Foi o que observou Scott Bolton. Ele é diretor da área de Violência Política da Aon, em Londres.

Não só terrorismo

Da mesma forma, o terrorismo proporciona um exemplo gráfico da necessidade das coberturas de lucro cessante sem dano físico. Mas não é o único caso em que este risco pode se materializar. Catástrofes naturais, epidemias, ataques cibernéticos e outros sinistros também podem afetar a atividade das empresas. Ainda que não diretamente.

Para atender esta crescente demanda, os seguradores especializados estão desenvolvendo produtos que podem ser adaptados aos riscos mais importantes. São danos que podem afetar indiretamente as empresas.

“A maioria dos clientes que hoje compra apólices patrimoniais e de seguro contra terrorismo quer um elemento de interrupção de negócios sem danos físicos”, disse Russell Kennedy. Ele lidera a divisão de Guerra e Terrorismo na seguradora Brit, em Londres. A seguradora é especializada em riscos especiais. “Temos visto clientes que adquirem grandes sub limites ou mesmo apólices específicas. Assim cobrindo valores que chegam a superar US$ 200 milhões.”

Alguns exemplos, dentro do campo de terrorismo, são as coberturas de Loss of Attraction, que protege a empresa no caso de perder clientes por um evento que aconteceu em um lugar distante, e Active Shooter, ativada quando uma companhia tem de interromper suas atividades devido à ação de um atacante que, armado, causa mortos ou feridos, mas não destruição física significativa à propriedade.

Apólice de seguros

No caso da primeira, Kennedy cita o exemplo de parques de diversões que, muitas vezes, dependem de aeroportos para que grande parte de seus visitantes cheguem às instalações.

Ao negociar uma apólice de seguros, a empresa que administra um parque pode determinar um número de aeroportos que são vitais para as suas atividades. Caso esses aeroportos sejam fechados devido a um ataque terrorista, a apólice é acionada, já que o fluxo de visitantes vai cair como consequência do evento.

Os compradores podem escolher aeroportos localizados até centenas de quilômetros de distância como lugares-chave para seu negócio. Os critérios para definições de prêmios e indenizações são negociados com as seguradoras.

Para Kennedy, a demanda por este tipo de solução tende a crescer, e o mercado terá de bolar cada vez mais soluções criativas para o risco.

“Estamos sendo informados pelas agências de inteligência e analistas de risco que a ameaça (terrorista) está aumentando, e não diminuindo”, observou.

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Mercado busca seguro sob medida para empresas de energia

Apólices de seguros sob medida para as empresas de energia exigem trabalho e negociação com a Susep. Porém, hoje é possível oferecê-las para as empresas do setor, de acordo com corretores e seguradores ouvidos pela RSB.

Gestores de risco de empresas de energia encontram dificuldades para adquirir coberturas que se adaptem às suas necessidades específicas. Elas variam muito de acordo com a natureza do projeto. Bem como a tecnologia utilizada e a região onde está sendo desenvolvido e outros fatores.

A situação se tornou especialmente grave depois que a Susep proibiu, alguns anos atrás, os chamados seguros singulares. Eles facilitavam a oferta de produtos que não haviam sido pré-autorizados pela autarquia.

Hoje, de acordo com Tiago Moraes, o líder do setor de Power & Utilities na corretora Marsh, o que se faz é incluir cláusulas de “condições particulares”. Essas condições abrangem situações não previstas nas apólices previamente aprovadas pela Susep.

Caso estas apólices ampliem as coberturas obtidas pelo comprador, a tendência é que sua tramitação na Susep seja bastante tranquila. É mais complicado, porém, quando as novas condições restringem as coberturas padronizadas do mercado.

“Isso às vezes acontece. E, neste caso, precisamos buscar uma pré-aprovação da Susep. Isso pode levar algo mais de tempo,” disse Francilene Rodrigues de Freitas. Ela é gerente executiva de Riscos Globais da BB MAPFRE.

Segundo Moraes, tipicamente é necessária a inclusão de 10 a 15 cláusulas de condições especiais nos contratos de seguros adquiridas por empresas de energia.

Prazo

A Susep tem uma reputação de ser pouco flexível na hora de aprovar condições que se afastem dos clausulados pré-aprovados pela autarquia. Mas os especialistas dizem que, com algo de esforço e criatividade, coberturas sob medida podem sim ser elaboradas.

“A questão é realmente de prazo”, afirmou Rodrigues. “Se a compradora de seguros consegue se antecipar e nos dá um prazo para que nós possamos avaliar as condições que ela necessita, conseguimos obter algumas liberdades perante a Susep.”

De certa forma, disse ela, as empresas de energia também enfrentam uma certa redução na margem de manobra. Da mesma forma para elaborar suas políticas de seguros. Isso devido ao algo grau de regulamentação a que estão sujeitas em sua atividade.

“Temos um foco tailor made, analisando operação por operação,” disse Rodrigues. “Mas o setor de energia elétrica funciona um pouco como uma commodity no Brasil porque depende de tratados governamentais e licitações. Então o engessamento está em grande parte do lado do segurado.”

“No que podemos atender, procuramos elaborar coberturas diferenciadas”, completou.

Por sua vez, Bruna Timbó, sócia da corretora LTSeg, disse que muitas vezes é possível valer-se do mercado de resseguros para ampliar as coberturas de grandes riscos.

“Os clausulados não podem ser mudados. Porém, alguns riscos podem ser estrategicamente transferidos para o resseguro”, afirmou.

Novas coberturas

Moraes acredita que uma eventual retomada dos investimentos em energia deve motivar o desenvolvimento. Não apenas das linhas de seguros tradicionalmente ligadas ao setor, mas também segmentos emergentes como o seguro paramétrico e o cibernético.

“Temos até um cliente que nos pediu para obter uma cobertura de risco de terrorismo. O que é bastante raro no Brasil”, disse o executivo.

Neste caso, trata-se de uma empresa internacional. Cuja política global de seguros prevê a contratação deste seguro para todas suas unidades.

A esperada participação cada vez maior de empresas internacionais no setor energético, de fato, é um fator que pode ajudar a desenvolver o mercado de seguros especializados. E também  a impulsionar a gestão das empresas, acredita Moraes.

O mercado está se preparando para uma eventual retomada dos investimentos. Algo antecipado pelo sucesso dos recentes leilões de linhas de transmissão e a mudança nas regras de exploração do pré-sal, anunciadas pelo governo no início do ano.

Retomada

A retomada deve sofrer um atraso com o recrudescimento da instabilidade política, mas, quando ganhe fôlego, pode impulso a várias linhas de seguros.

Além dos chamados riscos de petróleo, que incluem uma série de coberturas patrimoniais e de interrupção de negócios, linhas de responsabilidade também tendem a se beneficiar, e, segundo Rodrigues, um produto que ganha cada vez mais peso no setor é o seguro D&O.

“É uma cobertura que analisamos com muito critério, até porque dependemos do resseguro”, disse a executiva.

Outra linha que pode receber impulso é o seguro garantia, especialmente na medida em que se analisa a possibilidade de ampliar a participação deste produto nas concessões de infraestrutura.

Mas Timbó disse que há problemas hoje no mercado, já que os bancos de fomento estão se recusando a aceitar o seguro garantia e outras modalidades de garantias financeiras, especialmente de empresas estrangeiras que obtêm projetos no Brasil.

“Temos um cliente francês, por exemplo, que teve que adiar dois projetos com investimentos de R$ 400 milhões porque os bancos não aceitam as garantias que esta empresa apresenta”, afirmou.

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Coface espera crescer com maior percepção de risco de calote

A Coface espera crescer 15% em 2017 e cerca de 20% nos anos seguintes. Isso graças à recuperação da economia brasileira. Bem como uma política de subscrição cautelosa e o lançamento de novos produtos e serviços.

Mas a seguradora francesa também espera que o mercado se desenvolva graças a uma nova percepção do risco de crédito. Igualmente por parte de empresas que sofreram calotes nestes últimos anos.

Conhecida pelas análises de risco-país que faz para seus clientes multinacionais, a Coface pinta um cenário mais positivo para a economia brasileira. O que permite à empresa planejar a expansão de seus negócio no país.

“A economia pelo menos não está pior do que no ano passado”, disse Marcele Lemos. Ele é presidente da Coface no Brasil. “Já se consegue ver alguns sinais que transmitem um otimismo moderado. E esperamos que a situação vai melhorar principalmente a partir de setembro.”

No entanto, a recuperação da economia, não é o único fator que alimenta os planos da seguradora francesa. Lemos tem notado um aumento do interesse das empresas por seguros de crédito. Principalmente, após terem sofrido com a falta de pagamento de parceiros comerciais durante a recessão.

“Muitas empresas que antes não utilizavam o seguro de crédito hoje estão buscando esta solução”, disse Lemos. “Antes, um empresário dizia que não precisava do seguro porque já trabalhava com um cliente havia muitos anos, e ele nunca lhe havia deixado de pagar. Mas a crise mostrou que muitas vezes, mesmo que os clientes queiram pagar suas dívidas, eles acabam não tendo como pagá-las.”

Calote X cautela

Hoje o mercado de seguro de crédito soma aproximadamente R$ 300 milhões em prêmios, de acordo com a executiva. “É ainda um volume muito pequeno”, avalia ela, notando porém que a nova percepção do risco de crédito já ajudou o volume de prêmios a crescer 18% no ano passado.

O segmento foi fortemente afetado pela crise econômica. Com a sinistralidade chegando a cerca de 140% em todo o mercado no final de 2015.

Com o volume de recuperações judiciais atingindo patamares recordes no passado, de acordo com o Serasa, as seguradoras de crédito se tornaram mais criteriosas e seletivas nos riscos que tomam.

Por exemplo, a Coface, reduziu os níveis de sinistralidade de 135% em 2015 para 63% no final de 2016.

“No ano passado, decidimos focar na manutenção dos nossos atuais clientes. E só tentar novos negócios com muita cautela”, afirmou Lemos. “Procuramos não acrescentar mais riscos nos setores que haviam sido mais fragilizados pela crise.” Indústrias que continuaram a ser clientes atrativos para as seguradoras de crédito, mesmo durante a crise incluem o farmacêutico e a alimentação, afirmou.

“Além disso, reforçamos a nossa área de coleta de informações. Também melhoramos o monitoramento do mercado. Essas são ferramentas que nos permitem alertar aos clientes sobre o risco de perdas. Da mesma forma, reforçamos a nossa equipe de subscrição. Com isso conseguimos manter a nossa carteira mais controlada e voltar a ter lucro em 2016”, acrescentou a executiva.

Soluções

Para atrair novos clientes, a Coface oferece serviços já tradicionais de sua carteira, como um serviço de cobranças tanto no Brasil quanto no exterior.

Além disso, está procurando deixar claro para os potenciais clientes que o seguro de crédito não é útil só na eventualidade de um calote. “Estamos vendo muitas empresas usar o seguro de crédito para adiantar recebíveis”, disse Lemos. “O segurado pode vender os recebíveis de uma operação de venda ao banco e usar o seguro de crédito como garantia.”

Ela também promete trazer inovações tecnológicas para o mercado brasileiro. Um exemplo que já está sendo oferecido no Brasil é um aplicativo através do qual um cliente pode fazer solicitações de limites de crédito e receber uma resposta imediata a respeito da capacidade disponível.

Logo a Coface também deve lançar no Brasil uma modalidade simplificada de seguro de crédito chamada TradeLiner que já está disponível em outros mercados. “O cliente vai poder contratar uma apólice somente para falência ou recuperação judicial, por exemplo”, explicou Lemos. “Será possível escolher qual o tipo de risco de crédito que a apólice vai cobrir.”

Entre os desafios que o segmento enfrenta encontra-se a alta taxa de informalidade das empresas em algumas partes do país, o que dificulta a coleta das informações financeiras necessárias para avaliar os riscos que a seguradora está tomando.

A Coface está no Brasil com sua marca própria, através da qual vende coberturas de seguro de crédito interno, e da Seguradora Brasileira de Crédito à Exportação, SBCE, na qual o grupo francês possui uma parcela de 75% do capital.

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Chinesa Ping An é a marca de seguros mais valiosa, diz estudo

A chinesa Ping An possui a marca mais valiosa do mercado global de seguros. Isso acordo com um estudo realizado pela consultoria especializada Brand Finance.

Dessa forma, a empresa ultrapassou a alemã Allianz, líder do ranking no ano passado. Consequentemente após sua marca ter valorizado quase 30% em 2016, segundo as estimativas da consultoria.

A Brand Finance calcula que só a marca da Ping An vale US$ 16,3 bilhões. Portanto atribui à marca uma classificação AAA-. É classificação mais elevada entre as 100 empresas que fazem parte de seu ranking anual.

O rating atribuído pela consultoria mede o poder de uma marca e seu impacto na performance da empresa. A Allianz, segunda colocada no ranking, tem uma marca que vale US$ 15,1 bilhões. Isso após desvalorizar 7% no ano passado, e que merece um rating AA.

O topo do ranking é dominado por empresas asiáticas. O que reflete o forte crescimento do mercado de seguros na região. Outra empresa chinesa, a China Life, ocupa o terceiro posto. Enquanto que a AIA, de Hong Kong, fica em quarto.

Ao mesmo tempo, a japonesa Nissay (7º lugar) e a indiana LIC (8º) também estão entre as dez primeiras. Assim, o topo do ranking é completado pela francesa AXA (5º lugar), a suíça Zurich (7º). Seguido pelas  americanas Metlife (9º) e Allstate (10º). Não há nenhuma empresa brasileira entre as 100 marcas mais valorizadas do setor de seguros.

Estratégia

Logo, a alta avaliação da Ping An se deve, em parte, ao dinamismo do mercado chinês. O mercado cresce a taxas muito mais aceleradas do que nos países desenvolvidos. É o que afirma a Brand Finance. A Ping An reportou lucro líquido de US$ 9 bilhões em 2016.

Porém, a a consultoria diz que ela também reflete uma bem-sucedida estratégia comercial. Estratégia em que produtos de alta qualidade são oferecidos a seus clientes de maneira cruzada.

“A Ping An tem grandes ambições e quer se tornar a maior empresa fornecedora de finanças pessoais em todo o mundo”, observou David Haigh, CEO da Brand Finance. Portanto, “Com base nas evidências, este pode ser um objetivo realista no longo prazo.”

Em contrapartida, a redução do valor da marca da Allianz se deve à alta das perdas catastróficas na Europa. Também ao prejuízo sofrido com a venda de sua subsidiária na Coreia do Sul. Seguido de um desempenho mais fraco dos investimentos da empresa. É o que informa a Brand Finance.

Valorização

Por outro lado, a seguradora cujo valor da marca mais aumentou em 2016 foi a Chubb. Isso graças ao bom resultado das suas operações. Assim como à expansão do uso global da marca após a aquisição da empresa pela ACE, em 2015. A ACE decidiu adotar o nome da Chubb após a fusão por ser mais tradicional no mercado.

Simultaneamente,  valor da marca Chubb aumentou 180% no passado. Chegando a US$ 5,6 bilhões, estima a Brand Finance.

Em termos absolutos, a Ping An também lidera o ranking da valorização. Isso após adicionar US$ 3,7 bilhões em valor de marca em 2016.

Na outra ponta vem a NN Group, da Holanda. O valor da marca caiu US$ 588 milhões para US$ 650 milhões, uma redução de 48%.

Igualmente, em termos absolutos, a marca da Allianz foi a que mais perdeu valor. Apresentando uma queda de US$ 1,3 bilhão.

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