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Para subscritor, Susep precisa ser mais flexível em seguros de cascos

O Brasil precisa flexibilizar as regras de seguros de cascos sob pena de continuar atrapalhando o desenvolvimento do mercado de seguros para embarcações no país.

A avaliação foi expressa por Henrique Cabral, subscritor de resseguros da Munich Re, durante o III Congresso Latino Americano de Seguro de Transportes e Cascos, realizado em São Paulo em novembro.

Para ele, seria preciso “tirar o ranço” de clausulados padronizados que ainda são aplicados pela Susep, a Superintendência de Seguros Privados, fruto ainda dos tempos do monopólio do IRB (que terminou em 2008).

A flexibilização que vem sendo aplicada pelo órgão em outros ramos ainda não chegou no setor marítimo, diz o especialista, que não demonstrou muita esperança de que isso venha a acontecer.

Tropicalização

Outra medida importante seria “internacionalizar os clausulados, com as devidas tropicalizações”. A lei brasileira determina que um sinistro ocorrido aqui seja regulado pela legislação local.

“No seguro de cascos, [internacionalmente] há uma prevalência do LLoyds e das regras que eles utilizam”, afirmou. “Mas no Brasil elas não se aplicam.”

De acordo com Cabral, mais importante nesses casos é saber se a cláusula beneficia ou não o segurado. Mas a Susep, afirmou, faz pressão muito grande sobre os clausulados. “Isso dificulta muito o trabalho do subscritor de implementar mudanças para atender os armadores”, disse.

Um exemplo dos impasses criados é o fato de armadores (estrangeiros) não concordarem com o segurador (brasileiro) e pressionarem os clientes a não aceitarem as regras brasileiras.

Diante dessa situação, muitos segurados querem mudanças, disse o executivo. Segundo ele, entretanto, há travas que precisam ser superadas.

“Vejo com bons olhos os clientes exigirem mais das seguradoras, para evitar novos sinistros por meio do gerenciamento do risco, mas ainda há desafios no mercado brasileiro”, afirmou.




Riscos cibernéticos exigem revolução nos seguros

Tonie Cowie, da Swiss Re
Tony Cowie, da Swiss Re

A magnitude, complexidade e ritmo acelerado dos riscos cibernéticos exigem uma revolução da indústria de seguro, notadamente quando ligados aos transportes marítimos.

A avaliação cabe como uma luva para vários setores, mas foi dirigida especificamente ao setor de transportes marítimos por Tony Cowie, vice-presidente sênior da Swiss Re, em congresso internacional do setor em São Paulo, levando em conta uma situação em que os mocinhos (leia-se a cadeia produtiva formal, ainda claudicante em responder ao problema) precisam se precaver melhor contra os bandidos (os hackers, sempre muito eficientes nas artes do mal).

Cowie e seus pares traçaram uma situação que mostra um nível de atividade e expertise ilegais de deixar gestores de risco de todo o globo de cabelo em pé.

É provável que quem lida com transporte marítimo tenha assistido ao filme Capitão Phillips, história baseada em caso real em que o navio comandado por Tom Hanks é atacado por sequestradores magricelas armados até os dentes.

Isso está se tornando coisa do passado. “Temos uma nova forma de roubo. O que se roubava antes de arma em punho, rouba-se hoje pelo computador”, resumiu Cowie.

No caso dos navios, os assaltos vão parecer cada vez mais com uma sofisticada armação tecnológica digna dos piores inimigos de 007.

As embarcações estão ficando maiores (transportando, portanto, muito mais valor) e muito mais tecnológicas — duas situações que aumentam a produtividade e eficiência do sistema como um todo, mas também abrem variadas exposições aos hackers.

“Os ataques cibernéticos são o maior risco industrial que eu vi em meus 42 anos de seguro.” A frase é de Steve Catlin, o fundador da seguradora que hoje faz parte do grupo XL, e foi usada por Cowie para dar a dimensão do problema.

Potencial

A lista de potenciais danos ajuda a corroborar a argumento do segurador. Alguns casos concretos que circulam no mercado carecem de comprovação. Como lembrou Cowie, muita gente não comenta e não relata ataques.

É um comportamento habitual: empresas têm clientes, e clientes não gostam de saber que podem ter prejuízos por um problema de quem ele remunerou para ter algum serviço.

Com alguma frequência, esse tipo de situação vira um processo judicial por quebra de privacidade ou confidencialidade.

Mesmo assim, Cowie informa que houve 783 casos com 85 milhões de registros roubados relatados no mercado norte-americano no ano passado. O número de casos não relatados certamente é muito maior, segundo ele.

Quem é o capitão agora?

Oficiais ou não, os casos são cada vez mais graves e não se restringem “apenas” a roubar informações. Trata-se muitas vezes de assumir o controle das coisas.

Cowie citou um exemplo que corre na internet. Um hacker achou interessante inclinar uma plataforma de petróleo no norte da África. Ao fazer isso, mostrou enfaticamente o tamanho do dano que poderia causar, abrindo a porta para achaques e extorsões superlativas, que poderiam ficar maiores a cada grau de inclinação da estrutura e a cada minuto que a empresa tentava em vão anular suas ações.

Tem mais. Os hackers podem assumir posições que vão de comandante de navio ou gerente financeiro a operador de guindaste.

É possível alterar a rota da embarcação, via GPS, e levá-la aonde bem desejar. Ou então travar o sistema do portos, impedindo a operação do guindaste.

Situações mais “simples” incluem descobrir — e vender, se for o caso — a carga contida nos contêineres inteligentes.  Ou então alterar a ordem de pagamento, trocando a conta bancária de destino do pagamento — um caso real que gerou prejuízo de US$ 1 milhão, sendo que comprador e vendedor só souberam do problema na hora do aperto de mãos após a entrega dos produtos, relatou Jai Sharma, diretor de casualties do escritório de advocacia Clyde&Co.

Mudanças no seguro

“Hoje, pode-se roubar mais e mais rápido”, disse o executivo da Swiss Re. Daí que ele cravou: “Temos de fazer uma revolução no seguro”.

Mudanças que passam por ajustes nas técnicas de dia a dia do seguro até a criação ou adaptação de produtos para o setor.

As apólices de cyber precisam ter linguagem própria, considera ele. “As cláusulas da virada do século precisam ser revisadas”, afirmou, ressaltando que modelos-padrão de clausulados neste ramo não resolvem muita coisa.

Ele ressalvou que algumas mudanças já estão em curso nos mercados mais avançados. Como uma mudança de clausulados nos Estados Unidos, com participação da AIMU (a associação internacional de seguros marítimos, na sigla em inglês) e prevista para logo, e novas exclusões de cobertura a serem feita no mercado londrino.

Causa e efeito

Belén Navarro, da AIG
Belén Navarro, da AIG ((Fotos: Divulgação)

“A tecnologia diminui os custos e torna o transporte mais eficiente, mas há também uma exposição maior dos dados”, disse Belén Navarro, a gerente de cyber para América da AIG.

“As empresas precisam ter políticas de segurança muito mais efetivas para se prevenir desse tipo de ataque; e, se ele ocorrer, saber como responder”, afirmou.

Na parte de seguros, porém, muitas empresas não demonstram demasiada preocupação.

O  inglês Jai Sharma, do Clyde&Co, escritório de advocacia com presença global, diz que menos de 10% das companhias compram seguro específico contra risco cibernético no mundo — o que gera prêmios de US$ 2 bilhões por ano hoje.

Para ele, esse nível é baixo porque se trata de uma área em que abunda complexidade e falta conhecimento, “dos dois lados, segurados e seguradoras”. “É um território ainda desconhecido para um produto de grande escala. O ponto é que se trata de um ambiente difícil de rastrear; é como uma floresta”, afirmou Sharma.

Seja como for, a indústria do seguro tem trabalho de casa a ser feito, de acordo com os especialistas reunidos no congresso.

Os riscos cibernéticos normalmente são excluídos das apólices tradicionais. De acordo com Navarro, “as políticas tradicionais de seguro não cobrem completamente os riscos cibernéticos”.

Para ela, é preciso trabalhar com produtos específicos de cyber, que permitam restaurar a atividade e pagar os danos que venham a ocorrer de acordo com as características específicos dessa área.

Pedagogia

Sharma considera pedagógico revistar problemas recentes nesta área, como forma de melhorar os enfrentamentos futuros. Principalmente porque “teremos um trilhão de dispositivos conectados à internet até 2020, e os ataques cibernéticos significativos vão ficar mais comuns; vai haver mais perdas de dados corporativos e pessoais, propriedade intelectual e sabotagens”.

Esses exemplos vêm se repetindo já há alguns anos e muitos deles se transformaram em casos ruidosos na mídia, gerando por tabela danos consideráveis de reputação para as companhias envolvidas.

A Sony, por exemplo, levou um prejuízo de US$ 100 milhões com invasão do sistema do seu Playstation; a rede varejista Target perdeu US$ 150 milhões após 17 milhões de seus clientes terem seus dados violados; mesma situação que sofreram um milhão de clientes da Staples nos Estados Unidos.

Num universo tão amplo e conectado, será mais comum a ocorrência de ações civis por parte de “milhares de clientes”, considera o advogado da Clyde & Co. Eles mostram-se cada vez menos pacientes em ter dados expostos a problemas de uma empresa em que confiaram e que eventualmente tenha sido vítima de hackers.

Para quem acha que problemas de grande magnitude só podem ocorrer com os outros, Jai Sharma é categórico ao afirmar que “todas as empresas” estão passíveis de sofrer um ataque catastrófico. “É só uma questão de tempo.”

Desenvolvimento exige trabalho

Sharma avalia que os riscos cibernéticos precisam ser mais bem explorados pelos seguradores — até porque podem representar uma fonte significativa de faturamento numa indústria que, lembre-se, trabalha justamente para proteger seus clientes e precisa fazer isso mantendo-se financeiramente saudável.

O especialista acredita que em dez anos esse setor estará movimentando US$ 20 bilhões em prêmios por ano. Mas será preciso criar novas linhas de produtos e desenvolver o mercado.

“A questão é saber relativizar o mercado e distribuir os produtos. Há muitos potenciais consumidores nesta área”, afirmou.

“Só precisamos saber como cobrir o dano”, completou Cowie.




IRB suspende oferta inicial de ações, informa agência

O IRB Brasil Re, maior resseguradora do país, suspendeu por 60 dias a oferta pública inicial de ações (IPO), de acordo com a agência de notícias Reuters. O pedido de adiamento foi protocolado em 19 de novembro.

Muito aguardado pelo mercado e considerado uma fonte extra de recursos para o governo, o lançamento de ações do IRB entrou na berlinda por causa das condições do mercado. O valor a ser arrecadado caiu de estimados R$ 4 bilhões para R$ 1,5 bilhão.

O mesmo motivo levou a Caixa Seguridade a também suspender seu IPO, de acordo com a Reuters.

Antigo monopólio estatal,  o IRB tem hoje como principais acionistas União, BB Seguridade Bradesco e Itaú, sendo presidido atualmente por José Carlos Cardoso.

 




Em mutação, subscrição de seguro marítimo fica mais complexa

O setor de seguros marítimos está mudando, a subscrição ficou muito mais complexa nos últimos anos e novas ameaças impõem desafios ao gerenciamento dos riscos no negócio – especialmente os relacionados a ataques cibernéticos e exposição a catástrofes.

O quadro foi exposto por Dieter Berg, presidente união internacional de seguros marítimos (IUMI, na sigla em inglês) na abertura do III Congresso Latino Americano de Seguros de Transportes e Cascos, realizado em São Paulo entre 17 e 19 de novembro.

“Temos cada vez mais de entender os riscos importantes, o que queremos cobrir e o que não iremos assegurar”, disse ele, destacando que o setor, que recolheu US$ 32,6 bilhões em prêmios em 2014, vive uma fase de valores dos fretes e prêmios em baixa, capacidade em alta, preços menores e forte concorrência entre as seguradoras.

A subscrição dos seguros marítimos, diz ele, é hoje muito mais complexa do que antigamente. É preciso selecionar os riscos que não serão segurados, mas a lista de atenção é bem maior, incluindo a alocação de capital frente os modelos de riscos, impactos da legislação, volatilidade dos preços do petróleo e diversificação de crédito.

Todo o mundo do seguro marítimo está mudando. Precisamos descobrir o que queremos e como será o desenvolvimento daqui para a frente”, disse ele.

Maior exposição

Berg, que também é executivo da Munich Re, lembrou que o tamanho dos navios e a tecnologia embarcada são cada vez maiores. Ambos representam excelentes oportunidades de transporte, mas também requerem muito mais atenção, já que aumentam também a exposição a problemas.

“Hoje, o que mais estamos vendo é e-navegação, com ligação permanente entre navio-terra e terra-navio”, afirmou.

Nos portos é mais frequente a operação por meio de contêineres inteligentes, com operação digital. “São instrumentos desafiadores. Temos de entender melhor os riscos impostos por essas situações”, disse ele.

Além da tecnologia, os chamados supernavios, por exemplo, demandam também operações mais complexas, sujeitas a perdas enormes e custos elevados. Berg citou um desembarque que precisou ser feito, contêiner a contêiner, por helicóptero, já que o guindaste do porto não conseguia descarregar a embarcação.

Situações assim podem ter custos inviáveis ao negócio e há um longo caminho de adaptações a serem feitas.

Já catástrofes causadas pelo clima são potencialmente danosas. Cargas cada vez maiores representam também uma exposição multiplicada a prejuízos. Em 2012, o furacão Sandy, por exemplo, causou danos de U$ 3 bilhões numa carga de 19 mil automóveis.




Travelers parte para voo solo e aposta em gestão de risco para PMEs

Leonardo Semenovitch, presidente da Travelers no Brasil
Leonardo Semenovitch, presidente da Travelers no Brasil

Em sua primeira incursão mais robusta fora da América do Norte e do Reino Unido, a seguradora americana Travelers começa a operar no Brasil com marca própria tendo como principal desafio tornar-se mais conhecida no mercado e prometendo trazer novidades.

O foco principal da companhia são as pequenas e médias empresas, a exemplo do que ocorre nos Estados Unidos, onde é a principal seguradora de restaurantes, lojas, lavanderias e outros negócios de pequeno porte.

A Travelers trabalhará com uma área voltada para gerenciamento de riscos que poderá aplicar desconto nos seguros para os clientes que controlarem melhor essa área. Outra promessa da companhia é a de ter procedimentos ágeis e simples, de forma a ter mais aderência ao seu público-alvo.

Operando há três anos no Brasil por meio de uma joint venture com a JMalucelli, a seguradora norte-americana adquiriu 95% da divisão de seguros patrimoniais e de Responsabilidade Civil dos paranaenses e recrutou Leonardo Semenovitch para liderar o “voo solo” no Brasil.

“Queremos ser muito ágeis nos pequenos riscos e muito especializados nos médios e grandes riscos. É isso que vai fazer a gente ganhar mercado”, afirmou o diretor-presidente.

Inovações

A companhia continua sócia minoritária da JMalucelli na área de seguro garantia, ramos em que os paranaenses lideram no mercado brasileiro.

Com uma experiência de 15 anos na AIG e uma passagem pela RSA, Semenovitch diz que seu objetivo inicial é trabalhar a marca Travelers e afirma que no decorrer do trabalho irá apresentar novas coberturas para o mercado de seguros.

“Vamos trazer coisas que não existem aqui”, afirmou Semenovitch à Risco Seguro Brasil.

Ele adianta que seguros para riscos emergentes e pouco cobertos hoje em dia estão nos planos da companhia, como coberturas contra riscos cibernéticos, que são praticamente inexistentes hoje no país.

“São produtos que a Travelers tem no exterior e que queremos trazer no devido momento. Faremos lançamentos periódicos em cada linha de negócios”, disse ele.

Um cronograma de lançamentos está sendo montado e deve começar a ser colocado em prática dentro de seis meses.

Susep não é obstáculo

Semenovitch não vê grandes problemas em aprovar novos produtos na Superintendência de Seguros Privados, Susep.

A reguladora dos seguros brasileiros é alvo constante de críticas por parte de agentes do mercado, que criticam dificuldades de aprovar clausulados diferentes no órgão.

Mas ele avalia que o órgão vem mudando bastante.

“A Susep evoluiu muito ao longo do tempo. O atual superintendente é muito inovador”, diz o executivo, que aprovou recentemente um novo clausulado para seguro de Responsabilidade Civil de eventos.

Controle de riscos

A Travelers pretende dedicar atenção especial à área de controle de riscos. Segundo Semenovitch, é um ponto em que a companhia se destaca nos Estados Unidos.

“Dos 30 mil funcionários, 12 mil trabalham em sinistros e quase mil engenheiros trabalham com controle de riscos”, disse ele.  “É um trabalho muito focado, por região, por tipo de indústria… O mercado brasileiro tem uma visão um pouco diferente da de países mais desenvolvidos.”

A ideia, diz o diretor-presidente, é ajudar mais o segurado nesta área, montando plano de trabalho em gestão de riscos e apresentando claramente formas de melhorar a aceitação e a precificação do risco.

“É uma parceria, como ocorre nos Estados Unidos, para ter menos possibilidade de sinistro e pagar menos pelo seguro.”

Carro-chefe

Segundo Semenovitch, o carro-chefe histórico da Travelers são os seguros de engenharia, até pela sinergia que eles têm com os de garantia (outra área forte da empresa nos Estados Unidos).

Nos últimos meses, devido à crise e queda de atividade no setor, os seguros property ganharam mais espaço na companhia aqui no Brasil. “Hoje temos mais riscos patrimoniais do que de engenharia”, afirmou.

Ele acredita, no entanto, que na medida em que a crise brasileira perca força o ramo voltará a gerar mais negócios para a empresa.

“Temos um apetite grande por engenharia e uma equipe muito especializada nisso, além de um contrato de resseguro que permite fazer bastante coisa”, afirmou.  “Há muita oportunidade também no mercado de property. As duas carteiras vão crescer concomitantemente.”

A companhia deve encerrar este ano com prêmios em torno de R$ 50 milhões. “Ainda é muito pequeno, mas a partir de agora devemos ter, sem dúvida, um crescimento mais acelerado”, disse Semenovitch.

Médio e longo prazos

Entrando no mercado num momento complicado para a economia em geral, o executivo diz que o foco da Travelers é o médio e o longo prazo.

Como outras multinacionais que aportaram no Brasil, a seguradora norte-americana quer seu naco no amplo potencial do mercado de seguros brasileiro, no qual as pequenas e médias empresas representam um manancial de oportunidades.

“Cerca de 75% das pequenas empresas não têm nenhum tipo de seguro”, mencionou Semenovitch como exemplo.

Entretanto, é um setor resistente à contratação de seguros e ao gerenciamento de riscos, e os seguros são muitas vezes considerados apenas como custo ou obrigação.

“Isso não acontece só no Brasil. É uma questão cultural e precisamos vencer essa barreira”, disse o executivo. Daí que uma das armas será prestar serviços com agilidade e clareza, a fim de diminuir as resistências desse público.

Fôlego

O desempenho do setor segurador brasileiro em meio à crise mostra fôlego e dá certo respaldo a quem está se lançando no mercado agora.

No primeiro semestre do ano, o setor teve um desempenho 15% superior ao mesmo período de 2014, segundo dados compilados pela Federação Nacional dos Corretores de Seguros (Fenacor), acumulando uma receita de R$ 122,5 bilhões (cifra que inclui previdência e VGBL).

Já a economia em geral retrocedeu 1,2% nos 12 meses acumulados no fim do primeiro semestre deste ano, de acordo com o IBGE.

E a expectativa da Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg) para conclusão do ano é de alta de 12%. Enquanto isso, o Boletim Focus do Banco Central estima queda de 2,8% no PIB nacional.

Os médio e longo prazos que estão no horizonte da Travelers fazem parte também da perspectiva de outras seguradoras que reforçaram recentemente sua atuação no Brasil.

É o caso da ACE, que no ano passado comprou a carteira de grandes riscos da Itaú Seguros por R$ 1,5 bilhão. E da AXA , que adquiriu o mesmo segmento (além do seguro DPVAT) da Sul América este ano por R$ 135 milhões.

Sede

A sede da Travelers no Brasil fica em São Paulo, com escritórios regionais em Curitiba, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Ribeirão Preto (SP). Em breve, deverá ter representante também em Brasília.

Nessas cidades, Semenovitch tem feito contato com os corretores locais — está pondo em prática seu objetivo inicial: mostrar a cara da empresa ao Brasil.




Mercado lamenta mortes de executivos da Bradesco Seguros

As mortes dos presidentes da Bradesco Seguros, Marco Antonio Rossi, e da Bradesco Vida e Previdência, Lúcio Flávio Condurú de Oliveira, em um acidente de avião foram recebidos com pesar e consternação pelo mercado de seguros.

Colegas e entidades do setor estão prestando homenagem aos dois profissionais, ambos detentores de importantes cargos representativos na indústria.

Os dois morreram na noite de terça-feira, 10 de novembro, quando o avião Citation VII em que viajavam caiu no sudeste de Goiás. Dois tripulantes da aeronave, que pertencia ao Bradesco, também faleceram. O piloto Ivan Vallin estava havia 33 anos na instituição e já transportara toda a cúpula do banco.

Rossi também era presidente da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, CNSeg, e até o fim de outubro foi presidente da Federação Interamericana das Empresas de Seguros, Fides. Ele tinha 54 anos e estava na Bradesco Seguros desde 1981. Rossi deixa esposa e quatro filhos.

Por sua vez, Oliveira era vice-presidente da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida, FenaPrevi. Sua carreira na Bradesco Seguros se estendeu por três décadas.

Rossi vinha sendo considerado o principal nome para substituir Luiz Carlos Trabuco na presidência do Bradesco, processo que ficou embaralhado com sua morte.

A instituição lamentou as mortes em uma nota oficial.

“Reconhecidos pelo talento, competência e entusiasmo no trabalho, fraternal convivência com suas equipes e plena dedicação às suas famílias, eles cumpriram carreiras brilhantes”, diz a nota.

“Os desaparecimentos prematuros interrompem tragicamente trajetórias profissionais marcadas por vitórias e conquistas, exemplares para todos os que com eles conviveram e que serão referência para as nossas novas gerações. Aos amigos, colegas, colaboradores e, de modo especial, às famílias que sofreram perdas tão duras e repentinas, a Organização Bradesco expressa, comovida, nossas sinceras condolências.”

Liderança

Entidades e empresas do setor de seguros também expressaram seu pesar, ressaltando a liderança desempenhada por Rossi e Condurú na indústria.

“Ambos se destacaram pela luta incansável pelo fortalecimento dos segmentos de seguros de pessoas e de previdência aberta complementar, sempre com a perspectiva republicana de ampliar a proteção às famílias brasileiras e fomentar o crescimento do país”, disse a FenaPrevi em nota.

“A estes queridos companheiros, que serão sempre lembrados pela generosidade, alegria e pela inigualável capacidade transformar para melhor o mundo ao seu redor, registramos aqui nossa mais profunda e sincera homenagem.”

“Para todos que tivemos a honra de conhecê-lo, Marco Antonio foi uma pessoa extraordinária em todos os pontos de vista”, disse Raúl de Andrea, secretário-geral da Fides. “Uma perda irreparável que sem dúvida deixa um grande vazio.”

“Marco Antonio Rossi era um reconhecido líder na atividade seguradora e a sua perda será deveras sentida”, afirmou Gabriel Bernardino, presidente da Eiopa, a entidade supervisora do mercado de seguros da União Europeia.

“Além de executivos reconhecidamente brilhantes à frente das suas respectivas empresas, serão lembrados pelo espírito de colaboração e amizade por todos os que tiveram a honra e o prazer de conhecê-los”, afirmou em nota a diretoria do IRB Brasil Re. “O mercado de seguro e resseguro encontra-se em estado de luto.” Rossi era membro do Conselho de Administração da empresa.

O presidente da Sul América, Gabriel Portella, destacou em nota que “ambos sempre desempenharam um trabalho sério e contribuíram para o desenvolvimento do setor, além da atuação marcante voltada à sustentabilidade do mercado segurador”.

Perda irreparável

Representantes dos corretores de seguros também manifestaram publicamente seu pesar pela tragédia.

“Trata-se de perdas irreparáveis pelas figuras humanas e profissionais de Rossi e Lucio Flávio, que tinham o respeito e admiração de toda a indústria de seguros”, disse Alexandre Camillo, presidente do Sindicato dos Corretores de Seguro no Estado de São Paulo, Sincor-SP, em um comunicado. “Eram sobretudo grandes amigos que deixam uma imensa lacuna para todos que os conheceram.”

“As perdas dessas duas grandes lideranças do mercado de seguros são irreparáveis não apenas para este setor, mas, principalmente, para o nosso país, ao qual prestaram relevantes serviços em suas vitoriosas trajetórias profissionais”, afirmou também em comunicado a diretoria da Federação Nacional dos Corretores de Seguros Privados e de Resseguros, Fenacor.

“Foram anos de convívio, amizade e admiração. Agora, neste momento, a dor é incomensurável.” A entidade cancelou um seminário sobre a Lei do Desmonte que seria realizado nesta quinta-feira, 12 de novembro, em Aracaju (SE).

A seguradora Tokio Marine expressou seu pesar afirmando que os dois executivos “eram profissionais reconhecidos pela atuação competente e pela contribuição para o desenvolvimento do mercado de seguros no Brasil ao longo das últimas décadas”.

O presidente do Clube Vida em Grupo do Rio de Janeiro, Marcello Hollanda, expressou em nota suas “condolências pela perda prematura destes profissionais que muito contribuíram para o desenvolvimento do mercado e das relações humanas exemplares que sempre mantiveram com os colegas do setor”.

“Sem dúvida são duas perdas irreparáveis para a indústria brasileira de seguros, pois tratavam-se de executivos de destaque em suas empresas e no mercado como um todo, ocupando importantes cargos em companhias e entidades do setor”, diz da Escola Nacional de Seguros, da qual Rossi foi membro do Conselho de Administração.




Indenização para Samarco deve superar R$ 1 bi, diz jornal

O rompimento das barragens da Samarco em Mariana (MG) pode gerar a maior perda indenizável para o mercado de seguros brasileiro, segundo reportagem publicada nesta terça-feira (10/11) pelo jornal Valor Econômico.

Só a cobertura da apólice de proteção patrimonial deve superar R$ 1 bilhão, valor que será acrescido pelos custos com cobertura de responsabilidade civil e danos causados a terceiros.

Fontes ouvidas pelo jornal dizem que o prêmio do seguro patrimonial e de responsabilidade civil foi de R$ 10 milhões. A apólice foi renovada no primeiro trimestre.

O property é liderado pela ACE, tendo participação também da Mapfre, Swiss Re e Fairfax. A apólice de RC coube à Allianz. A corretora da mineradora é a Willis.

O tamanho do prejuízo patrimonial só poderá ser precisado após peritagem, o que deve demorar pelo menos 90 dias. Quanto mais tempo a Samarco demorar para voltar a produzir, maior o valor a ser indenizado.

Veja matéria completa do Valor.

Produção da Vale

A Vale, que é sócia da BHP na Samarco, informou que o desastre vai reduzir sua produção de minério de ferro, de acordo com a agência de notícias Reuters. As unidades de Fábrica Nova e Timbopeba deixarão de produzir 3 milhões de toneladas este ano e 9 milhões no ano que vem.

A Vale é a maior mineradora de ferro do mundo, devendo produzir este ano 340 milhões de toneladas do material.

Veja matéria da Reuters.

 




QBE refaz planejamento para AL e retoma seguros corporativos no Brasil

Raphael Swierczynski, CEO da QBE no Brasil.
Raphael Swierczynski, CEO da QBE no Brasil.

Apesar da crise e da saída de rivais brasileiros do setor de grandes riscos, a australiana QBE decidiu ir na direção contrária e apostar nos seguros corporativos no Brasil. É o que disse Raphael Swierczynski, CEO da empresa no país, em entrevista à Risco Seguro Brasil.

Desde o fim do ano passado a QBE voltou a negociar coberturas empresariais, uma área que havia abandonado, por razões estratégicas, em 2006. Swierczynski afirmou que a experiência tem sido produtiva e agora a empresa vai expandir a sua gama de produtos.

A QBE voltou aos seguros corporativos com uma cobertura para equipamentos pesados de mineração, uma especialidade do grupo, já que suas origens estão na Austrália, um dos principais mercados mineradores do planeta.

Mas até o final do ano deve estar operando também nos ramos de transportes, seguro de crédito e property para grandes riscos. No ano que vem, será a vez de lançar coberturas para os setores de engenharia e energia, além de produtos D&O e E&O.

“Estamos na contramão do mercado”, afirmou Swierczynski.

Crise

Segundo o executivo, a decisão de voltar aos seguros corporativos foi tomada já quando o Brasil estava enfrentando dificuldades econômicas. “A crise afeta mais o lado do varejo”, observou. “No seguro corporativo, não queremos ser um dos três primeiros do mercado. Mesmo que o setor sofra uma retração importante, se a gente conseguir pegar um pedaço deste mercado, já vamos obter o volume de prêmios de que precisamos.”

A mudança se deve a um replanejamento estratégico do grupo na América Latina, incluindo o Brasil. Swierczynski disse que a QBE vai atuar nos segmentos corporativos de maneira bastante seletiva, aceitando apenas os clientes que fizerem o seu dever de casa, a fim de poder cobrar um preço coerente com as coberturas oferecidas.

“Queremos ganhar mercado prestando melhores serviços e tendo uma precificação mais estruturada”, afirmou. “O mercado não precisa necessariamente crescer para que atinjamos nossos objetivos.”

Ele acredita que a estratégia deve ser beneficiada com a abertura gradual do mercado de resseguros, aplicada recentemente pelo governo por meio da  Resolução 322. Especialmente graças ao relaxamento da proibição de transferências de prêmios entre empresas do mesmo grupo, que hoje não passa de 20%, mas chegará a 75% em 2020.

“A regra dos 20% é um limitador importante,” disse Swierczynski. “Na medida em que queremos entrar nos segmentos corporativos, em que vamos usar bastante resseguro, quanto mais pudermos ceder para o nosso grupo, melhor. Nós vamos fazer uma precificação bem feita, nosso risco será bom, portanto vamos querer reter grande parte dele.”

Hoje a QBE está presente no Brasil como resseguradora admitida, via Lloyds.

Clausulados

A ideia da QBE é trazer para o Brasil experiências bem-sucedidas em outros países, a exemplo da cobertura de equipamentos de mineração desenvolvido na Austrália. “O que a gente vê de interessante em outros países, a gente importa”, disse Swierczynski.

Ele acredita que uma vantagem oferecida pelo grupo é a criação de centros de excelência em subscrição sediados no escritório regional de Miami, que inclui o Brasil em sua área de competência. Estes centros têm a função de apoiar as unidades nacionais na precificação das coberturas, e também na importação e exportação de produtos, afirmou. Mas ele disse que as unidades têm autonomia local para fazer a grande maioria das decisões de subscrição.

A introdução de novos produtos no mercado brasileiro, porém, enfrenta desafios como o processo de aprovação de novos produtos na Superintendência de Seguros Privados (Susep). Mas Swierczynski vê sinais de que as coisas estão de alguma maneira melhorando nesta área em particular.

“Eu diria que já foi pior”, disse ele. “Um ano atrás era muito duro conseguir a aprovação dos clausulados. Mas nos últimos pedidos que fizemos, a resposta foi relativamente rápida.”

Ainda assim, é possível melhorar o sistema, por exemplo adotando uma postura mais aberta a inovações. “Quando um clausulado foge muito do que é tradicional, normalmente é recusado”, afirmou Swierczynski. “Acho que este tipo de tema poderia ser estudado mais a fundo.”

Ele também promete trabalhar para conseguir aprovar coberturas tailor-made, feitas sob medida para cobrir riscos específicos enfrentados por grandes clientes.

“A gente adora estas coisas”, afirmou. “Nossa estratégia é muito baseada em fazer as coisas de uma maneira diferente do que o mercado faz.”

Mas ele não chegou a prometer que conseguirá fornecer qualquer cobertura pedida por um cliente. “Pode haver situações em que o preço da cobertura não faz sentido”, observou. “Mas a gente certamente vai estudar. Também pode haver casos em que o cliente quer uma cobertura que aqui no Brasil não é encarada como seguro pela Susep. Aí a gente não pode cotar.”

“Existem mecanismos para obter estas coberturas, como pedir uma autorização especial para comprar o seguro fora do Brasil”, acrescentou. “Mas é impossível dar 100% de garantia que o cliente vai ter o seguro.”

Aos poucos

A QBE está presente no Brasil há 15 anos, ainda que na última década tenha se concentrado nos seguros individuais de mercado massivo. Swierczynski disse que a empresa está desenvolvendo sua estrutura de riscos corporativos com cautela, até para não repetir erros já vistos no mercado.

“Estamos fazendo tudo com bastante cautela para não criar uma empresa superinchada e depois ter que desinchar, como fizeram alguns dos nossos concorrentes nos últimos anos”, afirmou. Ele não prevê a abertura de sucursais para o setor de riscos corporativos antes de 2017.

Mas o executivo notou que nadar contra a maré tem suas vantagens, por exemplo na hora de contratar profissionais qualificados para os novos setores de negócios.

Durante anos, as seguradoras estrangeiras tiveram dificuldades para encontrar pessoal com a qualificação necessária para um setor de alta exigência técnica como o seguro corporativo.

Com a desaceleração da economia e várias empresas desanimando com as perspectivas do setor, a situação hoje é um pouco diferente, segundo Swierczynski.

“Algumas empresas saíram dos grandes riscos, outras diminuíram capacidade. Diversas companhias estão enxugando suas operações, e aí começa a ter um leque de opções interessante de profissionais disponíveis no mercado”, disse ele. “Não vou dizer que foi superfácil, mas conseguimos encontrar as pessoas que necessitávamos.”




Comitê da Amcham-RJ quer estreitar relação com comprador de seguros

Acacio Queiroz, presidente do comitê de seguros da Amcham-RJ.
Acacio Queiroz, presidente do Comitê de Seguros da Amcham-RJ.

O Comitê de Seguros, Resseguros e Previdência da Amcham do Rio de Janeiro pretende ajudar a melhorar a relação entre compradores de seguros e seguradores. Para isso, incluiu no grupo representantes dos gestores de riscos e seguros corporativos.

No cargo de presidente do comitê na Câmara de Comércio Americana desde meados deste ano, Acacio Queiroz diz que introduziu no órgão representantes relevantes de todos os setores do mercado.

A ideia é que seguradores, resseguradores, corretores, diretores de entidades setoriais e compradores de seguros tenham uma ação “extremamente operacional e produtiva” no âmbito do comitê.

“Os participantes do comitê são os agentes que definem o mercado de seguros do Brasil”, diz ele. “E os compradores são fundamentais.” Marcia Santos Ribeiro, especialista em seguros da Light e coordenadora do comitê do setor elétrico da Associação Brasileira de Gerência de Risco (ABGR), e Valeria Conrado Leite, gerente de seguros da AES Brasil,  representam o setor.

Segundo ele, as reuniões do comitê, que são bimestrais, estão incluindo ainda participações pontuais de grandes empresas consumidoras de seguros.

Queiroz, que também é presidente do Conselho de Administração da Chubb do Brasil, acredita que é importante estreitar cada vez mais a relação com os clientes de grandes riscos, num processo que, reforça ele, precisa ser de mão dupla.

“Não adianta ficar discutindo se não ouvirmos o outro lado e soubermos o que eles precisam e as lacunas que existem”, afirmou em entrevista à Risco Seguro Brasil. “[Do ponto de vista das seguradoras] Também é importante falar sobre o que pode melhorar do lado dos compradores.”

De acordo com o presidente do comitê, o objetivo é sempre melhorar os produtos ofertados, analisando os dois lados envolvidos. “Às vezes tem coisa que não é possível fazer”, diz ele, sobre eventuais solicitações de coberturas não atendidas pelas seguradoras. “Nenhuma seguradora vai comprar prejuízo.”

Uma ponderação frequente entre gestores de risco diz respeito à inadequação de muitos produtos de prateleira às especificidades de seu negócio. Ocorre, portanto, afirmam, um descasamento entre as coberturas oferecidas e as necessidades específicas das empresas, o que gera dificuldades extras aos responsáveis pelos riscos.

Queiroz destaca que muitas vezes o trabalho da gestão de risco feito entre segurado e seguradora demora meses para ficar bem azeitado — processo em que, por exemplo, riscos são mapeados e mitigados e franquias são mais bem dimensionadas. “Depois de uma planta ser bem arrumada, a apólice fica boa para ambas as partes”, afirma, criticando eventuais casos em que após ser feito os ajustes de gestão de risco a empresa troca de seguradora.

Prioridades

Além do trabalho com de integração dos setores do mercado, uma pauta prioritária para o Comitê de Seguros da Amcham, segundo Acacio Queiroz, é apoiar a criação do Polo Internacional de Resseguro do Rio de Janeiro.

O projeto vem sendo acalentado há anos pelo setor, cujos defensores veem nele a possibilidade de fazer do Rio um referencial da área, fomentando novos negócios, gerando mais integração e representatividade internacional para o país.

A capital fluminense é sede da principal resseguradora brasileira, o IRB Brasil Re, responsável por quase metade deste mercado no país. Também têm sede ali a Superintendência de Seguros Privados (Susep) e cerca de 20 outras resseguradoras.

Representantes

Entre os participantes do Comitê de Seguros estão presidentes e CEOs de empresas, como Carlos Ferreira (Austral), Carlos Protásio (JLT), Rafael  da Motta (Grupo Case e Amcham-RJ), Marcelo de Almeida (AON), Helio Novaes (MDS), Francisco de Souza (Comprev), e diretores de instituições representativas do setor, como Paulo Pereira (Fenaber), Solange Mendes (CNSeg) e Neival Freitas (FenSeg).




BNDES volta a aceitar ‘completion bonds’ como garantia, diz JLT

Enzo Ferracini, diretor da JLT. (Foto: Carlos Mitzumoto/ABGR)
Enzo Ferracini, diretor da JLT. (Foto: ABGR)

O BNDES voltou a aceitar completion bonds como garantia de concessão de créditos a empresas, em uma desenvolvimento importante para companhias que estão investindo em obras, segundo uma das maiores corretoras do Brasil.

Completion bonds são garantias cedidas pelo contratante do empréstimo ao BNDES com o fim de assegurar que uma obra ou projeto será completado.

É um instrumento que faz parte da carteira de seguros garantia, como a garantia judicial ou os performance bonds. De acordo com Enzo Ferracini, diretor de Infraestrutura da JLT Brasil, havia três ou quatro anos que o BNDES havia parado de aceitar tais coberturas como garantias de finalização de projetos.

“O produto existe para vários setores, mas o BNDES ainda está negociando a aceitação do completion bond caso a caso”, disse Ferracini à Risco Seguro Brasil durante o XI Seminário de Gerência de Riscos e Seguros, realizado em São Paulo entre 26 e 28 de outubro. “Se uma empresa alimentícia está construindo uma nova planta e pede um empréstimo, por exemplo, ela pode oferecer o completion bond como garantia.”

Por enquanto, porém, o mesmo tipo de garantia ainda não está sendo aceito pelo banco de fomento para projetos puramente de infraestrutura, de acordo com o especialista da JLT.

Riscos de engenharia

Ferracini participou de um painel no seminário sobre riscos de engenharia, no qual especialistas discutiram as perspectivas para este segmento do mercado de seguros. (Clique aqui para acessar a apresentação dele no painel.)

Um dos temas discutidos foi o plano da Susep de obrigar as seguradoras a sempre oferecer nas apólices as duas coberturas hoje existentes no mercado, a saber, obras civis e instalações e montagens.

Para Ferracini, a unificação das apólices não deve necessariamente representar um aumento nos preços das coberturas adquiridas pelas empresas do setor.

“Os preços tiveram uma leve queda, e seguem sofrendo esta redução por conta de novos entrantes”, afirmou. “Mas a unificação das apólices não deve representar mais custo, dependendo da operação da construção.”

Segundo ele, obras de maior porte podem ver um aumento no preço de suas apólices de seguro individuais, mas não em relação ao custo atual da cobertura global da obra.

“Em uma operação de construção simples, em que não há muitas instalações e montagens, o preço vai ser o mesmo com esta cobertura adicional. Obviamente, se se trata de uma planta com instalações que às vezes representam 70% do valor da obra, isso pode representar um custo adicional”, disse Ferracini. “Mas a empresa já teria que incorrer este custo na contratação de duas apólices.”