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Otan se prepara para combates no espaço cibernético

Espaços cibernéticos como a internet e as redes sociais foram designados pela Otan como parte de seus domínios operacionais, ou seja, lugares onde a aliança militar pode se engajar em conflitos bélicos.

Isso significa que, em uma eventual guerra envolvendo um membro da organização, os combates podem acontecer no mundo virtual tanto quanto nos seus outros domínios operacionais – a saber, o ar, a terra e o mar.

O anúncio de que a organização liderada pelos Estados Unidos está disposta a mobilizar hackers juntamente com tropas em futuros conflitos foi feito nesta semana pelo secretário-geral Jens Stoltenberg durante o encontro dos ministros de defesa da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

“A defesa cibernética é parte da defesa coletiva”, afirmou Stoltenberg. “A maioria das crises e conflitos hoje têm uma dimensão cibernética. Portanto, tratar o espaço cibernético como um domínio operacional nos ajudará a proteger melhor nossas missões e operações.”

O anúncio foi feito quase ao mesmo tempo em que se revelou que os computadores do Partido Democrata, ao qual pertence o presidente americano, Barack Obama, foram violados por hackers russos.

De acordo com dirigentes do partido, os autores do ataque têm ligação com o governo da Rússia. Eles tiveram acesso ao banco de dados que o comitê mantém sobre o candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, além de contas de email e outros documentos.

Autoridades americanas disseram que as redes de outros atores políticos foram atacados, ainda que com menos sucesso, por espiões russos. Entre eles, as campanhas de Trump e da candidata democrata Hillary Clinton.

Mecanismo de defesa coletiva

As relações dos membros da Otan com a Rússia constituíram outro tema importante da reunião do conselho da Otan nesta semana em Bruxelas, na Bélgica.

Durante uma entrevista com a imprensa, Stoltenberg foi questionado especificamente sobre a possibilidade de que a Rússia seja o principal adversário dos 28 membros da Otan no campo dos conflitos cibernéticos.

O secretário-geral disse que a capacidade cibernética da organização não visa nenhum adversário em particular, mas ressaltou que um ataque de hackers pode acionar o artigo 5 do tratado da organização, que estabelece que uma agressão contra um de seus membros equivale a uma agressão contra todos os 28.

“Nós vemos os ataques cibernéticos como algo que pode causar sérios danos e pode ser muito perigoso”, disse Stoltenberg.

Para enfrentar esta ameaça, a Otan está investindo no desenvolvimento da capacidade de defesa cibernética, afirmou o executivo.

Ele ressaltou, porém, que nem sempre um ataque cibernético vai acionar o mecanismo de defesa coletiva da organização.




Estrangeiros se queixam de piora do ambiente de negócios na China

A economia da China está se tornando cada vez menos receptiva às empresas estrangeiras, de acordo com uma associação de empresários europeus que têm negócios no país.

A Câmara Europeia de Comércio na China, CECC, alertou que os níveis de pessimismo entre seus associados é o maior já registrado pelas pesquisas anuais feitas pela organização. Sete de cada dez acreditam que sua presença no país é menos bem-vinda hoje do que há uma década.

Os motivos por trás do pessimismo incluem a não-implementação de medidas prometidas pelo governo chinês para facilitar as operações de empresas estrangeiras, um ambiente de negócios cada vez mais hostil e a persistente adoção de políticas que visam beneficiar produtores locais.

“Políticas anticompetitivas profundamente estabelecidas e a inabilidade de implementar reformas tangíveis em áreas cruciais como o Estado de Direito, a eliminação do protecionismo local, a remoção de barreiras de acesso aos mercados [locais], o excesso de capacidade produtiva e os altos níveis de endividamento doméstico são apenas algumas das razões principais”, afirma o relatório.

Como resultado, 41% dos membros da câmara estão pensando em reavaliar sua presença no país asiático, o que pode dar lugar à redução custos e investimentos. Um total de 11% considera mesmo transferir suas operações chinesas para outros mercados.

Mudança de clima

Os dados são relevantes porque, nas últimas décadas, a China tem sido um destino privilegiado de investimentos de multinacionais atraídas por seu vasto mercado, mão-de-obra acessível e vantagens oferecidas pelo governo à instalação de novas empresas.

Mas vários problemas sempre ocorreram no mercado chinês, incluindo riscos ligados à propriedade intelectual, o aumento da influência de produtores locais com fortes ligações com o governo e, mais recentemente, o encarecimento da mão-de-obra e a desaceleração econômica do país.

As empresas também se queixam de um endurecimento das políticas de segurança do governo chinês, que, segundo analistas, assumiu um controle praticamente absoluto sobre o que pode ou não ser acessado na internet por quem está no país.

Caso as empresas continuem encontrando um ambiente desfavorável na China, elas podem transferir parte de suas atividades para outros países emergentes que oferecem suas próprias vantagens competitivas – como já vem acontecendo com mercado como o Vietnã ou o México.

Segundo a CECC, 31% de seus membros estão pessimistas com respeito à lucratividade de suas unidades na China. Planos de continuar investindo no país asiático hoje são bem menos firmes do que no passado. Três anos atrás, 86% das empresas europeias presentes na China tinham projetos para expandir sua presença no país. Agora o número caiu para 47%.

Ao todo, os investimentos europeus no mercado chinês caíram 9% em 2015, fechando o ano em €9.3 bilhões (R$ 36 bilhões).

Queixas

Os setores que mais se queixam da piora do clima de negócio são os de mídia e mercado editorial, maquinaria, TI e telecomunicações e óleo e petróleo.

“Na medida em que a China tenta fazer uma transição tranquila de seu modelo econômico rumo a um novo modelo baseado em um crescimento qualitativo, o governo tem prometido repetidamente realizar reformas que visam colocar o mercado no coração da economia”, afirma a câmara em seu relatório.

“Mas aqui, também, as empresas europeias têm se decepcionado com a vontade demonstrada. De fato, com frequência parece que Pequim está se movendo na direção oposta, promulgando leis de formulação vaga, ligadas a questões de segurança, e estrangulando o acesso à internet de forma a danificar os negócios dentro e fora do país.”

Os resultados da pesquisa feita com as empresas europeias dão uma ideia dos problemas enfrentados hoje por investidores estrangeiros na China:

  • 56% disseram que fazer negócios na China se tornou mais difícil, comparado com 51% em 2015;
  • 57%, que as empresas estrangeiras recebem um tratamento desfavorável, em comparação com as locais;
  • 57% acreditam que legislações ambientais são aplicadas com maior rigor junto às empresas estrangeiras do que às locais;
  • 58% esperam um impacto negativo nos negócios derivados dos controles mais rígidos ao acesso à internet pelo governo chinês (em 2015, 41% tinham essa visão);
  • 70% das empresas disseram se sentir menos bem-vindas na China hoje do que 10 anos atrás.

Clique aqui para ler o relatório, em inglês.




Alerta de rede ‘inviolável’ expõe abrangência do cibercrime

A Swift (Sociedade para Telecomunicações Globais Interbancárias, na sigla em inglês), responsável por transferências de dinheiro no mundo todo, entrou em alerta máximo e informou na semana passada que vai realizar um trabalho para melhorar a segurança de um sistema considerado inviolável até ser vítima de roubos milionários em Bangladesh e Equador.

Os roubos, US$ 93 milhões no total, foram precedidos de relatos de ataques sofridos por vários usuários da rede Swift nos últimos meses.  O abalo causado no que pode ser considerado o top do top de segurança tecnológica — que atende 11 mil bancos, o setor que mais investe em blindagem tecnológica — dá bem a medida da envergadura do problema para empresas de todos os setores.

Relatórios divulgados recentemente ajudam a entender como as organizações estão lidando com um tema cuja tendência é a de estar cada vez mais presente no dia a dia das corporações.

Eles mostram que violações vêm crescendo, que os smartphones ajudam a massificar o problema, que os bandidos são criativos e adotam ações cruzadas, que muitas empresas estão sempre um passo atrás dos bandidos, e que a participação do erro humano é muito expressiva.

O alarme da Swift, portanto, vem tocando nos demais setores da economia em todo o mundo, ainda que forma menos estridente, mas em alta frequência regular. O Brasil é um personagem de peso neste cenário.

Sequestro

Levantamento da Symantec divulgado na semana passada apontou que o sequestro de dados cresceu 35% em todo o mundo em 2015. No Brasil, são 72 casos diários, de acordo com a empresa de segurança tecnológica, o que põe o país na 22ª colocação entre os maiores alvos do planeta.

Neste modelo de ataque — o sequestro de dados — o criminoso acessa as informações da vítima, criptografa-as e cobra um resgate para não usá-las ou para devolvê-las à proprietária legítima.

Os Estados Unidos lideram com folga esta estatística, segundo a Symantec: 56% de todos os ataques deste tipo registrados no mundo ocorrem em empresas norte-americanas.

A ampliação do uso de smartphones e outros mecanismos móveis vem contribuindo para expansão do problema. “O cibercrime busca qualquer dispositivo conectado à rede com o qual possa obter algum benefício”, aponta o trabalho. “Os smartphones são um alvo cada vez mais atraente para os criminosos on line.”

Uma atração em grande escala, diga-se. O Relatório de Ameaças à Segurança na Internet lembra que foram vendidos 1,4 bilhão de aparelhos no ano passado. Com processadores cada vez mais potentes, os smartphones guardam um volume cada vez maior de valiosos dados de seus usuários.

A Symantec, entretanto, registrou 528 novas vulnerabilidades nos aparelhos móveis em 2015, um aumento de 214% sobre as 168 identificadas no ano anterior. São problemas como usar os cookies roubados do desktop para infectar e burlar os smartphones, em estratégias cruzadas que a bandidagem digital utiliza para potencializar seus estragos.

Reforço

Estudo da CompTIA (Computer Technology Industry Association), por sua vez, reforçou essa tendência. Ele mostrou que três em cada quatro empresas ouvidas globalmente relataram problemas decorrentes de mecanismos móveis, como perda do celular, phishing ou instalação de malwares nos aparelhos móveis.

Além da mobilidade, o uso cada vez mais intenso da tecnologia de nuvem também ajuda na propagação de novos riscos e ataques, completa a CompTIA.

Diz uma piada que o ser humano não perde uma oportunidade de fazer besteira. Fora das piadas, o erro humano tem contribuído bastante nas estatísticas de violações digitais.

Segundo a CompTIA, que ouviu 1.509 executivos de 12 países, ele está presente na maioria das violações (58%), o que inclui descuidos em geral, como não perceber um ataque a tempo, falta de perícia em lidar com aplicativos ou sites e descumprimento das regras da empresa (o que ocorre inclusive com o pessoal de TI). Nos restantes 42% dos casos, falhas na tecnologia permitiram o dano.

Ação ou reação?

Independentemente da causa, muitas empresas ainda demonstram mais reagir do que agir contra os ataques digitais. Essa situação foi retratada num estudo da Vormetric feito no ano passado.

O Relatório sobre Vulnerabilidades Internas focou o Brasil e o México e  apontou que “o ritmo das ameaças em evolução continua a colocar as equipes de TI numa posição bem conhecida de correr atrás do prejuízo”. O argumento resulta do fato de que 39% das empresas ouvidas relataram estar protegendo dados em virtude de violações anteriores (suas ou de um parceiro).

Reagindo ou se prevenindo, as empresas precisam estar cientes de que o rol de criminosos digitais se expande, alerta a Vormetric  “Pode parecer uma contradição em termos, mas as ameaças internas [às empresas] são feitas por uma faixa cada mais vez maior de criminosos”, conclui o estudo. “As ameaças continuam avançando; diariamente, e mesmo, a cada hora, surgem novos ataques.”

Para a Symantec,  há hoje uma crescente “profissionalização do cibercrime”.

Encorpando

Diante de um quadro de intensas atividades, os profissionais que atuam na área estão confiantes de que seu trabalho vai ganhar preponderância nas empresas.

A respostas obtidas pela CompTIA mostram que oito em cada dez executivos da área esperam que a segurança da rede se torne uma prioridade maior do que é hoje em suas empresas dentro de dois anos. No Brasil, o pessoal de TI está ainda mais esperançoso: 90% dos entrevistados acreditam na ampliação da prioridade.

A frequência com as violações estão ocorrendo tende a contribuir nesse sentido. Na pesquisa da associação, a maioria das empresas (64%) teve entre 1 e 10 violações, sendo que 56% do total foram “violações sérias”, de seus dados nos 12 meses que antecederam o levantamento. No Brasil, a incidência foi maior: 87% das empresas relataram pelo menos um caso, sendo que 75% tiveram entre 1 e 10 casos e 12% mais de dez casos no período.

Clique aqui para acessar o relatório da CompTIA, aqui para o da Symantec (ambos em inglês) e aqui para o da Vormetric (em português).




Dívida corporativa em países emergentes dispara e preocupa

O Brasil não é o único país emergente em que o risco de crédito está em alta porque a dívida das empresas disparou nos últimos. Segundo a seguradora espanhola Crédito y Caución, o fenômeno do alto endividamento em dólar aflige grupos empresariais em economias importantes para os investidores como a Índia, Indonésia, Rússia, África do Sul e Turquia.

As dívidas em dólar das empresas de países emergentes passaram de US$ 15 trilhões em 2008 para mais de US$ 24 trilhões no terceiro trimestre de 2015, alcançando mais do que 100% do PIB combinado dos países onde estão sediadas.

O maior volume bruto de endividamento das empresas ocorreu na China e em Hong Kong. Retirando os dois do grupo, a proporção dívida corporativa e PIB cai para 53%. Mas, devido a características dos dois mercados e ao perfil da dívida de suas empresas, a situação lá não é tão preocupante quanto em outras economias.

O mais curioso é que aparentemente poucas lições foram aprendidas depois que a economia global quase veio abaixo no final da década passada em grande parte devido aos altos índices de endividamento em vários países desenvolvidos.

Segundo a CyC, no final de 2015, o conjunto das dívidas acumuladas por famílias, empresas não-financeiras e governos em todo o mundo chegou a 233% do PIB global. Em 2008, ano que marca o início da crise financeira, a proporção era de 212%.

Em sua maior parte, segundo a seguradora, isso se deve ao incremento do volume de empréstimos nos países emergentes.

Onde está o risco

A CyC não acredita que exista um risco sistêmico de calote generalizado das empresas nas economias emergentes, já que a capacidade destes países de absorver choques é hoje maior do que em crises anteriores.

Mas alerta que o risco pode ser muito alto em países e setores determinados.

Veja abaixo a situação onde o risco de crédito é mais severo:

Turquia

Trata-se do país emergente em que as dívidas das empresas mais preocupam a CyC.

Mais de um terço da dívida é financiada no exterior, e outro tanto se constitui de empréstimos bancários feitos na própria Turquia, mas em dólar. Como resultado, a saúde financeira das empresas está muito sujeita a flutuações cambiais.

Além disso, ao contrário, por exemplo, do Brasil, as reservas cambiais turcas não são elevadas, o que reduz a capacidade do país de reagir a um eventual choque externo.

Energia, materiais de construção, aço, transportes aéreos e química são os setores mais vulneráveis.

Indonésia

Depois de Turquia e Brasil, é a economia emergente onde o risco é maior, segundo a CyC. Neste caso, porque 75% das dívidas das empresas são em dólar.

Os níveis de hedging cambial são considerados baixos, e a queda dos preços das matérias primas afetou a lucratividade das empresas do país.

Os casos de calotes de empresas indonésias a pagamentos de títulos da dívida começam a pipocar e podem acelerar nos próximos meses na medida em que as operações de refinanciamento no exterior se acumulam, segundo a CyC.

Os setores mais vulneráveis são a infraestrutura e a metalurgia.

Índia

A maior parte das dívidas das empresas está denominada em dólar, e apenas 45% conta com algum tipo de hedge cambial, estima a CyC.

Mas o governo indiano mantém um alto nível de reservas em moeda estrangeira, o que reduz o risco de um choque sistêmico devido à volatilidade cambial.

Um problema é a alta concentração da dívida corporativa. Um porcento das empresas indianas retém metade da dívida de todas as companhias do país.

Algo similar acontece com dois setores da economia, a infraestrutura e a metalurgia, que não apenas concentram a maior parte dos financiamentos, mas também são os setores mais vulneráveis a problemas com suas dívidas na avaliação da seguradora.

Rússia

Assim como o Brasil, o principal problema na Rússia é o desempenho pífio da economia, aliado à desvalorização do rublo, o que agrava a situação das empresas com dívidas em moeda estrangeira.

Mais de 60% da dívida corporativa russa precisa ser refinanciada no exterior. Desta parcela, porém, cerca de três quartos se referem a dívidas feitas com matrizes ou sucursais de empresas sediadas fora do país. Isso reduz o risco de calote por desvalorização cambial. (Mais uma vez, é uma situação parecida com a do Brasil.)

As empresas russas também enfrentam o agravante de que o país é alvo de sanções internacionais, o que reduz seus ingressos em moeda estrangeira e dificulta as negociações para renegociar dívidas no exterior.

Construção, mercado imobiliário, transportes aéreos e automóveis são os setores que mais tiram o sono dos credores. Carvão, siderurgia e mineração podem se unir à lista caso a queda dos preços das matérias primas continue.

África do Sul

A rápida desvalorização do rand complica a situação de empresas que aumentaram o nível de dívidas corporativas em dólar até chegar a 59% do PIB.

Além disso, o país possui escassas reservas cambiais. Os setores que mais preocupam são a mineração, a eletricidade e o fornecimento de gás e água.

China

Apesar de as dívidas de empresas não financeiras terem chegado a 166% do PIB no país após quadruplicar desde 2008, 95% delas são financiadas localmente, o que reduz o risco de calote quando o humor dos mercados globais azeda.

Além disso, boa parte das empresas mais endividadas pertencem ao Estado, o que facilita seu acesso a fontes de refinanciamento garantidas pelo governo.

Para a CyC, o alto endividamento das empresas chinesas constitui um risco sobretudo para a aceleração da atividade econômica do país, atingindo assim indiretamente outras partes do mundo.

Os setores mais vulneráveis são a siderurgia, carvão e construção. Construção naval, energia solar e têxteis também preocupam.

Clique aqui para ler o estudo em inglês.




Aumento do nível do mar expõe cidade a US$ 77 bilhões em perdas

Na medida em que se agravam as projeções de aumento do nível dos mares devido ao aquecimento global, cidades costeiras calculam o custo deste risco e a estudam formas de geri-lo de forma eficiente.

No caso de São Francisco, nos Estados Unidos, isso significa tentar evitar perdas que podem chegar a até US$ 77 bilhões no ano 2100.

A estimativa foi feita pela empresa de avaliação de riscos catastróficos RMS por encomenda da prefeitura da cidade californiana, que acaba de apresentar seu plano para mitigar o risco de elevação de 66 polegadas, ou 1,67 metro, no nível do mar até o final do século.

A RMS calculou que propriedades públicas e privadas no valor de US$ 55 bilhões estão expostas a ser danificadas caso a previsão se concretize. Os valores são atuais, sem considerar eventuais taxas de inflação ou de valorização dos imóveis.

Outros US$ 22 bilhões se referem à possibilidade de que uma tempestade gigantesca adicionar mais 2,75 metros ao nível do mar na região de São Francisco.

As previsões de aumento do nível do mar na Califórnia se baseiam em trabalho do Conselho Nacional de Pesquisa dos Estados Unidos, uma respeitada instituição existente desde 2016.

Apesar de a pesquisa ter se restringido à cidade californiana, os especialistas da RMS afirmam que as lições devem ser levadas em consideração por localidades litorâneas de todo o planeta.

“São Francisco não é um caso único”, disse Paul VanderMark, o chefe de Estratégia da RMS, cuja sede fica na região. “Cidades costeiras ao redor do mundo enfrentam desafios semelhantes por causa do aquecimento global.”

Plano

O que sim diferencia São Francisco de outros lugares que arriscam ficar debaixo d’água até o final do século é que a cidade está trabalhando desde já para gerir este risco.

Em março, o prefeito Edwin Lee apresentou um Plano de Ação para o Aumento do Nível do Mar que pretende reforçar as defesas da cidade contra as inundações, com a implementação de medidas tendo lugar a partir de 2018.

A cidade parte do pressuposto de que fatores “inevitáveis” vão inundar 6% do território municipal até o fim do século.

O plano inclui a execução de um amplo trabalho de avaliação dos riscos a que a cidade está exposta, a implementação de estruturas de governança para garantir que os trabalhos serão levados adiante, e o engajamento da população, por meio de educação e informação, na mitigação do risco.

A prefeitura pretende acompanhar de perto os avanços científicos na área de aquecimento global para garantir que as medidas adotadas serão suficientes para o nível de risco.

Até 2018, o objetivo é definir as medidas específicas a serem adotadas e também as fontes de financiamento, que podem ser públicas ou privadas. As medidas devem incluir estruturas de “acomodação” de níveis do mar mais altos (como a elevação de estruturas), proteção (como a construção de barreiras físicas) e recuo (realocação de bens para áreas de menor risco).

Um dos bens que devem ser alvo de medidas mais intensas é o aeroporto de São Francisco, que fica muito próximo do mar.

Outras experiências

Outras cidades já começaram a reforçar suas defesas contra inundações com vistas ao aumento do nível do mar devido ao aquecimento global.

Nova York, por exemplo, lançou em 2013 um plano para fortalecer as barreiras contra a água em regiões onde vivem 809 mil pessoas.

Veneza, na Itália, enfrenta um sério risco de submergir, e o mesmo acontece com praticamente toda a Holanda, que há séculos utiliza barreiras para impedir que o mar adentre seu território. Estima-se que 62% da população holandesa viva em áreas com risco de inundação.

No Brasil, cientistas têm expressado preocupação com o que pode acontecer com cidades como Recife, Belém, Rio de Janeiro e a região de Santos com o aumento dos níveis do mar.

Seis por cento dos brasileiros vivem em áreas de risco, segundo Brian Kahn, da ONG Climate Central. Em artigo publicado na revista Scientific American, ele cita pesquisadores segundo os quais o nível do mar pode aumentar em até seis metros devido ao descongelamento das calotas polares.

Uma ferramenta on line bolada pelo site Geology.com ajuda a ter uma ideia do estrago que seria causado nesse caso. Com o mar seis metros acima de seu nível atual, grandes áreas do Rio de Janeiro, como a Barra da Tijuca e Jacarepaguá, seriam inundadas. O mesmo ocorreria com a região em torno da lagoa Rodrigo de Freitas, Botafogo e trechos de Copacabana e Ipanema.

E a Climate Central elaborou montagens artísticas de como um aumento de 4ºC pode afetar várias cidades do mundo (veja fotos acima), comparado com uma elevação 50% menor.




Brasil cai para 62º lugar em ranking de resiliência das cadeias de suprimento

O Brasil é um país de risco médio, mas que está se deteriorando, para as cadeias de suprimento das grandes empresas globais, de acordo com um ranking elaborado para a seguradora FM Global.

O país aparece na 62ª posição entre 130 países avaliados pela empresa em seu índice de resiliência da cadeia de suprimentos, que está sendo publicado pelo terceiro ano. Em 2015, o Brasil ocupava a 59ª posição.

O índice procura avaliar exposição e capacidade de reação a nove categorias de risco por parte das empresas localizadas em um determinado país. O objetivo, segundo a FM Global, é auxiliar os diretores de multinacionais a tomarem suas decisões de investimento com vistas à diversificação de sua cadeia de suprimento.

As nove categorias de riscos são divididas em três grupos principais:

1. Riscos econômicos: inclui a evolução do PIB per capita, os riscos políticos a dependência do petróleo;

2. Qualidade do risco: abrange a exposição a catástrofes naturais, à qualidade da gestão destes riscos, e as técnicas de prevenção do risco de incêndios prevalecentes no país;

3. Cadeia de suprimento: neste item são avaliados o controle da corrupção, a infraestrutura do país e a qualidade dos provedores locais.

A perfomance brasileira

O Brasil caiu sete posições na classificação dos riscos para a cadeia de suprimento, baixado do número 86 para o 93. Esse item inclui fatores como o controle da corrupção, a infraestrutura do país e a qualidade dos provedores locais.

Em termos de controle da corrupção, a FM Global dá ao Brasil 27,6 pontos, o que fica abaixo da média global de 31,5, e muito atrás do Chile, que recebe 78,3 pontos. A pontuação brasileira põe o país apenas na 75ª colocação neste quesito.

A infraestrutura brasileira recebe miseráveis 12,5 pontos, contra uma média global de 43 (112ª posição no ranking). A qualidade dos provedores locais recebeu uma avaliação mais positiva, com 43,8 pontos, contra 46,1 de média global.

Apesar do agravamento da crise em 2015, o Brasil caiu apenas um posto no item “riscos econômicos”, ficando em 63º.

É no item da “qualidade do risco” que o país apresenta sua melhor classificação, ficando em 34º posição após cair três posições. A classificação relativamente boa se deve em grande parte ao fato de que a exposição a riscos de catástrofes naturais é o principal elemento deste grupo de riscos.

Ainda assim, no quesito “qualidade de gestão de riscos de incêndio”, que exige ações efetivas de governos e empresas, o Brasil recebe 19,1 pontos de um total de 100, o que o coloca bem abaixo da média global, que é 39,9, ficando apenas na 93ª posição.

Resultados globais

De acordo com o levantamento feito pela Oxford Metrica para a FM Global, a Suíça é o país que apresenta as melhores condições para as cadeias de suprimento de empresas globais, enquanto a Venezuela é aquele onde as empresas podem ter menos confiança.

A má classificação venezuelana se deve ao fato de que a economia do país está exposta a furacões e terremotos ao mesmo tempo em que não há praticamente nenhum tipo de controle contra a corrupção, a infraestrutura é precária, há uma grande dependência de petróleo e os provedores locais têm uma reputação negativa.

O ranking deste ano foi fortemente influenciado pela queda dos preços do petróleo, que afetaram em grande medida a classificação de países cuja economia depende muito do produto. Por exemplo, a Colômbia baixou de 100º posto para o 119º, o Peru, do 73º ao 99º, e o Marrocos, de 76º para 89º. Já a Noruega caiu da primeira para a segunda colocação.

Apesar da deterioração de seu ranking, o Brasil emerge como um dos destinos mais convenientes para empresas que desejam diversificar seu risco de cadeia de suprimento na América Latina.

Apenas Costa Rica (38º), Chile (39º) e Uruguai (46º) recebem melhores classificações na região. A segunda maior potência econômica latino-americana, o México, fica em 65º lugar, em grande parte devido à sua exposição a fenômenos naturais. A Argentina ficou na 69ª colocação.

O Brasil também aparece em posição de vantagem comparado com os outros membros do chamado grupo dos BRIC. Devido às suas diferentes exposições a catástrofes naturais, a China foi dividida em três regiões para fins do ranking, e apenas uma delas ficou à frente do Brasil, no 57º posto, enquanto as outras duas ficaram nas posições 63 e 66. A Índia foi colocada na 107ª posição e a Rússia, na 75ª.

Clique aqui para ler o relatório e aqui para acessar o ranking interativo da FM Global.




Transferência de risco a investidores chega a US$ 70 bilhões

Em tempos de baixas taxas de juros nas economias avançadas, investidores têm buscado alternativas para fazer seu dinheiro trabalhar, e como resultado disparou o interesse por ativos ligados a eventos extraordinários como catástrofes naturais.

Nos últimos anos, tem crescido o volume de dinheiro investido nos chamados cat bonds e em outros veículos mais enigmáticos que são reunidos sob a égide de insurance-linked securities, ou ILS, que podem ser traduzidos como “ativos ligados aos seguros”.

Apesar do nome, esses ativos na verdade funcionam como alternativas aos mercados de seguros e, especialmente, resseguros. E ainda que não estejam disseminados na América Latina, podem vir a se tornar alternativas viáveis para a cobertura de riscos catastróficos, como enchentes e secas ou terremotos, como o que atingiu o Equador no mês de abril.

Utilizados especialmente por seguradoras e resseguradoras, esses veículos também são opção a empresas privadas e entidades governamentais que queiram transferir diretamente ao mercado de capitais riscos que o setor não quer ou não tem capacidade suficiente para assumir. Ou ainda para promover uma diversificação de riscos com fins de aprimorar a administração dos índices de solvência de uma entidade seguradora.

Prometendo rentabilidade de cerca de 5% ao ano em moeda forte, além de correção monetária para reduzir os riscos ligados à variação das taxas de juros, os investimentos em riscos do mercado de seguro cresceram de forma vertiginosa nas últimas décadas. Se 20 anos atrás havia poucos no mundo, e basicamente se restringiam a cat bonds nos Estados Unidos, hoje chegam a US$ 70 bilhões, de acordo com a Willis Tower Re. Cerca de dois terços do total já se referem a instrumentos que não são caracterizados como cat bonds tradicionais.

“O mercado vem crescendo de forma constante nos últimos anos”, disse Bill Dubinsky, chefe de ILS na Willis Capital Markets & Advisory.

De acordo com a agência de avaliação de riscos AM Best, a emissão de ativos ligados a riscos catástroficos no setor de property aumentou 24,4% ao ano entre 1997 e 2014.

Como funciona

Muito se tem falado ultimamente sobre a chegada de grandes fluxos de capital ao mercado de seguros e resseguros, mas nem sempre está claro como este capital todo aparece no setor e como o influencia.

Um dos instrumentos por meio dos quais o dinheiro chega ao setor é justamente o setor dos ativos ligados ao mercado de seguros.

Com o uso desses ativos, um cedente (como uma seguradora ou uma entidade governamental) assina um contrato de transferência de riscos com um investidor (em geral fundos de pensão, family offices ou, mais frequentemente, fundos de investimento especializados).

Isso significa que, em troca de uma taxa de retorno pré-acordada, o investidor transferirá, por um prazo limitado de tempo, uma quantidade de dinheiro necessária para cobrir as perdas sofridas em uma eventual catástrofe.

Por exemplo: se o contrato prevê que a cobertura será ativada caso o cedente sofra perdas superiores a US$ 100 milhões e até US$ 150 milhões, e que o acordo vale por um período de 12 meses, US$ 50 milhões serão transferidos a um veículo especialmente constituído para este fim, chamado Special-Purpose Vehicle (SPV), pelo período correspondente.

O SPV, por sua vez, é administrado independentemente da empresa cedente, a fim de isolar o risco que é alvo do investimento dos outros riscos relacionados com a entidade emissora.

“Neste tipo de investimento, você como investidor não quer ter nada a ver com os riscos de mercado do segurado”, explica Rafaelle Dell’Amore, um gestor de fundos especializados da corretora britânica Schroders. “Você só quer estar exposto ao risco em que está investindo.”

O SPV aceita então depositar o dinheiro em um fundo de mercado ou em ativos seguros e líquidos como papéis do Tesouro americano, a fim de mitigar o risco de variação de taxas de juros.

Caso o risco assegurado se materialize, parte ou todo o dinheiro é transferido para a conta do segurado, e o investidor perde o seu capital. Se nada acontece durante a vigência do contrato, o investidor recebe de volta o capital, mais juros e rentabilidade. Ou o contrato pode ser renovado.

Emisão recorde

O exemplo mais conhecido é o dos chamados cat bonds. Eles foram criados nos Estados Unidos para transferir especialmente os excessos de perdas de riscos ligados a furacões e terremotos. Os emissores destes ativos são seguradoras, resseguradoras, empresas e governos.

Os títulos são portanto relacionados a perdas potenciais de centenas de milhões de dólares, às vezes até mais do que isso. O que se segura, em geral, são as perdas em excesso a um determinado nível, a partir do qual o mercado de resseguros não provê coberturas, ou o faz com um preço alto demais.

Por exemplo: um governo local americano pode reter US$ 10 milhões de riscos ligados a furacões, e transferir os próximos US$ 50 milhões ao mercado de seguros e resseguros. Mas o histórico de catástrofes na área indica que há um risco real, ainda que reduzido, de que as perdas sejam mais elevadas do que os US$ 60 milhões assegurados. Então pode emitir um cat bond que cubra perdas em excesso de R$ 60 milhões, até outro limite determinado.

Assim é possível garantir algum tipo de proteção extra mesmo no caso de um evento de proporções desconhecidas, como o furacão Katrina, que destruiu Nova Orleans em 2005. Em 2015, foram emitidos US$ 8,8 bilhões em cat bonds, o maior volume já registrado, de acordo com a AM Best.

Nos últimos anos, o apetite dos investidores por este tipo de instrumento tem sido tanto que se desenvolveu uma nova categoria de ativos, chamado cat bond lite. Eles cobrem perdas a partir de valores inferiores, geralmente de menos de US$ 50 milhões, e são emitidos por entidades privadas incluindo empresas, segundo a agência de avaliação de riscos AM Best.

ILS

Mas o mercado que mais cresce é o dos chamados ILS, que são geralmente oferecidos por empresas de seguros e resseguros. Trata-se de um setor com muita inovação nos últimos anos.

O funcionamento é parecido com o dos cat bonds, mas neste caso os investimentos são menos líquidos, e seus emissores são quase sempre empresas do mercado de seguro e resseguros. SPVs utilizados nessas transações incluem os chamados contratos de resseguros colateralizados, sidecars e Industry Loss Warrangies, ou ILWs.

Enquanto os cat bonds são oferecidos a um grupo amplo de investidores e podem inclusive ser negociados no mercado secundário, os investimentos ILS são alvo de negociações diretas entre investidores e cedentes, e se parecem muito aos contratos de resseguro.

Neste caso, um corretor faz a intermediação entre cedentes e investidores, tentando buscar limites de cobertura e taxas de rentabilidade que satisfaçam ambas as partes. As negociações podem ser demoradas e até durar anos. Os investidores podem colocar seu capital como principal ou colateral do contrato.

Para as seguradoras e resseguradoras, a principal vantagem está em isolar uma grande exposição a um risco catastrófico de seu balanço, reduzindo suas necessidades de fazer reservas de capital para fins regulatórios.

Os riscos transferidos em geral são de perdas catastróficas de bens e propriedades, mas há um crescente número de riscos sendo adicionados ao segmento. Por exemplo, perdas excessivas de seguro de vida em um grupo de idade específico ligado a um desastre, ou danos a veículos originados em uma tempestade de granizo.

Os efeitos de uma pandemia sobre a operação de uma atividade econômica – como a frequência de passageiros em um aeroporto também podem ser objeto de uma transação, ou ainda a transferência de riscos de terrorismo.

Em paper publicado na semana passada, o banco BNY Mellon defendeu que os riscos cibernéticos sejam transferidos aos mercados de capitais por meio de veículos ILS. Há experiências em curso de transferência de riscos climáticos com uso de instrumentos paramétricos que podem oferecer ideias, por exemplo, para empresas de eletricidade que sofreram com a seca nos últimos anos no Brasil.

Atração

Segundo Dell’Amore, para os investidores, tais veículos oferecem um elemento muito atraente de diversificação de risco de portfólio.

Eles têm um nível de correlação bastante baixo tanto com ações quanto com a renda fixa. Como os eventos que podem ativar os contratos são bastante raros, o nível de volatilidade também é baixo.

E a rentabilidade, que ronda entre 4% e 6% ao ano, não está nada mal, considerando que hoje em dia há títulos de dívida soberana até com rentabilidades negativas.

Hoje em dia, as operações de mercado de capital ligadas a catástrofes estão concentradas nos Estados Unidos, Europa, Japão, Austrália e Nova Zelândia. Mas Dell’Amore disse que os investidores receberiam com braços abertos a possibilidade de avaliar este tipo de investimento em países emergentes, e especialmente na América Latina.

O interesse dos investidores poderia fazer com que tais veículos se tornassem alternativas viáveis para países como o Equador, que, sem coberturas de seguro catastróficos, teve que aumentar impostos para tentar cobrir os danos causados pelo terremoto de abril. Ou mesmo para empresas expostas a riscos climáticos ou extraordinários como ataques cibernéticos ou o terrorismo, inclusive no Brasil.

Algumas experiências estão sendo realizadas na região neste sentido, mas há obstáculos para o desenvolvimento deste incipiente mercado.




Ameaça explícita do terror eleva nível de risco do Brasil

A projeção internacional oferecida pela Rio 2016 está colocando no radar do governo e das empresas brasileiras uma preocupação que antigamente só existia no exterior: o risco de terrorismo.

A prova mais eloquente ocorreu com a confirmação por parte da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) de que um porta-voz do Estado Islâmico fez ameaças ao país após os atentados de novembro em Paris, na França.

“Brasil, vocês são o nosso próximo alvo” foi a mensagem publicada na ocasião em uma conta de Twitter vinculada a Maxime Hauchard, um francês que se juntou ao Estado Islâmico em 2013, segundo a Abin.

O Brasil também aparece em um novo mapa de riscos de terrorismo elaborado pela corretora internacional AON como um país onde o risco de terrorismo e de sabotagem está em alta neste ano.

A corretora qualificou o Brasil como um país de risco “médio” antes mesmo de se conhecer a ameaça feita pelo porta-voz do EI. Trata-se da mesma qualificação da França e da Bélgica, que foram alvos de ataques nos últimos meses.

O principal motivo por trás do aumento do risco é a ameaça de ataques terroristas anarquistas em grandes cidades, especialmente visando interesses comerciais, segundo a AON.

EI

De acordo com a corretora, a evolução do risco de terrorismo se agravou nos últimos 18 meses. Na classificação da corretora, em 2016, pela primeira vez em três anos, há um número maior de países onde o risco de terrorismo e violência política se agravou do que daqueles em que se tornou menos intenso.

O Brasil é um dos países que foram adicionados ao grupo de países que sofrem com risco de ataques terroristas em 2016, juntamente com El Salvador, Eritréia, Catar, Suécia e Costa do Marfim.

O estudo da AON, feito com conjunto com a consultoria The Risk Advisory Group, indica que a ameaça ao Brasil é coerente com a evolução das atividades do EI no último ano. E também revela outros desdobramentos que as empresas e autoridades brasileiras devem levar em conta.

O relatório nota que o EI tem estado em constante pressão militar tanto no Iraque quanto na Síria, seus dois principais palcos de atuação, e por isso tem buscado suas atividades para além do Oriente Médio.

Em 2015 e no começo de 2016, essa nova estratégia já significou ataques contra a Tunísia, Turquia, França, Líbano, Rússia e Bélgica.

A AON também nota que a intensificação das atividades do Estado Islâmico tem significado mais ataques contra alvos ocidentais, tanto na Europa quanto contra turistas europeus em outros países. Vale lembrar que não só turistas, mas também atletas, jornalistas e autoridades ocidentais estarão presentes aos milhares na Rio 2016.

O relatório ressalta também que o EI e seus simpatizantes têm priorizados ataques a civis tanto em lugares públicos como hotéis e aeroportos, quanto em eventos esportivos e shopping centers onde há grande aglomeração de pessoas.

Outra tendência é a realização de ataques não necessariamente realizados pelo EI, mas por grupos ou indivíduos que simpatizam com a organização. Segundo a Abin, a ação dos chamados “lobos solitários” é justamente uma das maiores preocupações da agência com relação a possíveis ataques terroristas na Rio 2016.

Novas táticas

O relatório mostra ainda que pela primeira vez os ataques armados suplantaram os que são feitos com bombas no território europeu, o que indica uma mudança nas táticas utilizadas pelos radicais.

Ainda assim, os países ocidentais correspondem a apenas 1% dos ataques terroristas registrados em todo o mundo no ano passado.

Os países mais afetados pelas ações terroristas em 2015 ficam na África, Oriente Médio e Sul da Ásia, de acordo com a avaliação da AON.

Já os setores de negócios mais visados foram os de logística e infraestrutura de transportes, com 131 ataques, seguidos pelo varejo (115), indústrias extrativas (87), infraestrutura crítica (83), financeiro (29) e turismo (25).

Clique aqui para ler o estudo em inglês.




No Brasil e no mundo, mineradoras compram pouco seguro

Empresas de mineração continuam comprando baixos níveis de cobertura e usando pouco a capacidade de seguro no setor, apesar de estarem expostas a perdas de enorme valor, como mostrado pelo caso Samarco no Brasil.

Esta é uma das conclusões de um relatório sobre as coberturas de seguro no setor elaborado pela corretora Marsh.

A empresa afirma que o setor continua dispondo de elevados níveis de capacidade, e que os preços das coberturas estão caindo de maneira global. As quedas de tarifa chegaram a uma média 14% no ano passado.

No Brasil, porém, devido à crise econômica e a uma alta na sinistralidade, cujo ápice foi a tragédia de Mariana, os compradores têm enfrentado um endurecimento das condições e tarifas mais altas, especialmente no que diz respeitos às barragens de contenção de resíduos.

“O setor está passando por um ajuste na subscrição dos riscos de mineração, onde já tínhamos um mercado com poucas alternativas quanto a seguradoras e resseguradores”, disse Wellington Zanardi, o líder da prática de Mineração da Marsh Brasil.

“Os processos estão sendo analisados caso a caso e estamos tendo sucesso nas negociações, apesar de haver uma alteração com relação a disponibilização de sublimites como quebra de máquinas e barragens, bem como o ajuste para cima de algumas franquias.”

Maior cautela

Uma das tendências observadas no mercado brasileiro é que as seguradoras estão mais rigorosas com respeito aos riscos que estão tomando.

“Temos identificado que os mercados estão mais cautelosos e exigentes com relação a subscrição, não somente por conta do ocorrido com a Samarco, mas também por alguns sinistros anteriores e a revisão local de política de aceitação de riscos de algumas seguradoras que mantinham forte presença no setor”, disse Zanardi.

Segundo ele, os subscritores não chegam a rejeitar os riscos de forma antecipada, mas tendem a realizar análises mais cuidadosas, especialmente daqueles que são vistos como de maior potencial de perdas.

“Não identificamos a restrição generalizada, porém temos encontrado dificuldades de renovação dos limites para cobertura de barragens e a revisão de franquias relativas às coberturas com exposição de severidade”, afirmou.

Um segmento em particular em que o setor segurador está pensando duas vezes antes de atender as empresas de mineração é o da responsabilidade ambiental, segundo Zanardi.

“Existe a disponibilidade deste produto para o setor, mas o Brasil ainda caminha devagar na ampliação do mesmo onde poucas seguradoras oferecem o produto, e fica ainda mais limitado quando falamos em mineração”, afirmou. “Os limites atuais praticados pelas seguradoras locais em seus contratos também são muito limitados quando comparamos a eventos catastróficos.”

Pouco seguro

Uma das conclusões a que se pôde chegar na tragédia de Mariana era que a Samarco havia contratado coberturas de seguro que nem de longe cobriam os riscos relacionados com a barragem do Fundão, em Minas Gerais, cujo rompimento em novembro matou 19 pessoas, além de causar extensa destruição de propriedades e danos ecológicos.

De acordo com a Marsh, porém, a subcontratação não é uma característica restrita à Samarco, ou mesmo às mineradoras brasileiras.

A corretora fez um levantamento junto a clientes de todo o mundo que trabalham no setor de mineração e chegou a resultados considerados “desencorajadores” pela companhia.

Segundo a corretora, 89% dos clientes compram limites de indenização de até US$ 200 milhões para danos de responsabilidade em suas operações, apesar de haver capacidade no mercado para chegar facilmente a US$ 1 bilhão.

A tragédia de Mariana mostrou o quanto esses números são insuficientes, uma vez que as indenizações a serem pagas pela Samarco e suas acionista (Vale e BHP Billiton) devem atingir vários bilhões de dólares.

Mercado brando

A Marsh afirma que o caso Samarco foi significativo no mercado, mas não o suficiente para alterar as tendências globais do seguro para mineradoras.

O setor conta com abundância de capacidade, e as seguradoras estão fazendo um esforço para manter seus clientes em uma conjuntura de queda de preços das commodities e lucros declinantes.

Isso vale especialmente para riscos patrimoniais, em que os preços caíram em média 14% no ano passado, enquanto que a capacidade oferecida aos clientes aumentou 11%.

Já os riscos de responsabilidade apresentaram uma oferta de capacidade estável, com os preços apresentando reduções modestas em âmbito global.

Em algumas regiões de alto risco, como os Estados Unidos, as tarifas de seguros de responsabilidades contratadas pelas mineradoras até apresentaram algum aumento.




Você consegue colocar um elefante na geladeira?

Há alguns dias, o jornal Valor Econômico noticiou que um número crescente de empresas está incluindo testes de honestidade em processos de seleção e promoção de funcionários.

A medida parece fazer sentido em tempos em que o risco de ser pego em casos de corrupção cresce nas empresas. Mas também levanta uma dúvida: em que medida uma pessoal desonesta responderia com honestidade uma pergunta como “Você já roubou dinheiro da empresa”?

A elaboração de perguntas que podem proporcionar ao empregador uma visão real da personalidade de um futuro funcionário é certamente um grande desafio para as empresas. E cada vez mais os departamentos de recursos humanos colocam a criatividade para funcionar na hora de elaborar os questionários de admissão.

Que o diga a consultoria internacional de recrutamento Glassdoor, que divulgou nesta semana uma seleção das perguntas mais interessantes – para usar um adjetivo bastante ameno – utilizado por empresas de seis países em suas entrevistas de recrutamento.

As empresas parecem querer saber o que o funcionário faria para colocar um paquiderme dentro de um refrigerador, ou como lidar com uma ave antártica que já estivesse dentro dele. Ou quais são seus sentimentos no caso de vir a se transformar em um recipiente para compras de supermercado ou um alimento.

Risco Seguro Brasil oferece abaixo as melhores perguntas encontradas pela Glassdor em 2015. Uma contribuição para que os departamentos de recursos humanos tenham uma ideia sobre o risco de fazer perguntas que os funcionários não entendem:

“O que você faria se encontrasse um pinguim dentro da geladeira?”
Trader Joe’s, nos Estados Unidos

“Como se coloca um elefante em uma geladeira?”
Gemalto, no Reino Unido

“Quando um cachorro-quente se expande, em que direção ele explode, e por quê?”
Space Exploration Technologies, nos Estados Unidos

“Como você explicaria o trabalho de um contador para uma criança de 4 a 6 anos?”
Capgemini, na França

“Você preferiria lutar contra um pato do tamanho de um cavalo, ou 100 cavalos do tamanho de um pato?”
Whole Foods Market, nos Estados Unidos

“Qual é o seu personagem preferido de Game of Thrones?”
Bench Accounting, no Canadá

“Uma corda, colocada sobre o solo, consegue dar a volta à Terra ao longo do Equador. Acrescenta-se um metro a esta corda. Desta maneira, obtém-se um círculo um pouco maior. Um camundongo pode passar debaixo da corda?”
AXA, na França

“Se você fosse uma fruta, qual seria, e por quê?”
Topdeck Travel, no Reino Unido

“Você alguma vez se sente como uma bolsa de plástico?”
Canada’s Wonderland, no Canadá

“Quantas bolas de ping-pong podem ser colocadas dentro de um ônibus escolar?”
Google, na França

“Quantas janelas há em Nova York?”
Hyundai Capital America, na França

“Quantas horas demoraria para lavar todas as janelas de Londres?”
IBM, no Reino Unido