Setor vive bom momento, mas desafios são grandes
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- Rodrigo Amaral
- 27 de maio de 2015
- Sem categoria
Preocupação com vazio de gerações faz associação norte-americana investir em programas para profissionais emergentes do risco
A crise global que começou em 2008 deu um novo impulso aos profissionais de gestão de riscos. Mas mesmo nos Estados Unidos, onde o setor está mais desenvolvido, é difícil encontrar gestores capacitados para desempenhar as funções nos níveis mais elevados.
Esse ponto de vista é de Richard J. Roberts, o presidente da The Risk Management Society (RIMS), a associação norte-americana que é a maior do planeta nesta área.
Roberts explica que um profissional dedicado à gestão de riscos pode ter uma carreira próspera e interessante. Mas também deve estar preparado para um constante processo de aprendizado a fim de acompanhar os desafios enfrentados por suas empresas.
“Este é um bom momento para ser um gestor de riscos”, diz Roberts. “Nossas responsabilidades são cada vez maiores, há grandes oportunidades para carreiras recompensadoras. Os gestores de riscos definitivamente deixaram de ser vistos apenas como compradores de seguros. Hoje nós desempenhamos um grande papel ao ajudar nossas organizações a cumprir seus objetivos estratégicos.”
Com isso, é natural que os gestores de risco em geral estejam cada vez mais próximos dos escalões superiores de suas empresas. De acordo com Roberts, devido a longa crise, o tema da gestão de risco agora faz definitivamente parte das agendas dos conselhos de administração. A emergência de riscos que até pouco tempo atrás ninguém tinha ouvido falar também ressalta a importância da função.
“Infelizmente, os danos causados por ataques cibernéticos podem ser tão devastadores que eles têm ajudado a atrair a atenção dos conselhos para a gestão de risco”, disse o presidente da RIMS à Risco Seguro Brasil.
Berço americano
Os Estados Unidos são o berço da gestão de riscos tal como a profissão é hoje. Suas empresas se internacionalizaram já há muitas décadas, e o mercado de seguros empresariais é amplamente utilizado pelas organizações do país para transferir seus riscos mais importantes. A RIMS apoia os profissionais do setor nas empresas americanas desde 1950.
Hoje a associação tem mais 11 mil membros, a maior parte americanos, mas também de outros países como México, Austrália e Japão. Eles representam cerca de 3.500 organizações, entre empresas públicas e privadas e entidades governamentais não-lucrativas.
A RIMS busca desempenhar uma função educacional organizando vários eventos de treinamento e networking nos EUA e em outros países. Seu congresso anual, o último dos quais foi realizado em abril em Nova Orleans, é parada obrigatória para os profissionais mais respeitados do setor.
Segundo Roberts, que também é diretor de Gestão de Risco e Benefícios Laborais na Ensign-Bickford Industries, o objetivo da associação é continuar se expandindo internacionalmente. “A RIMS já possui representações na Austrália, no Japão, no México e no Peru”, diz ele. “Nós adoraríamos ver este crescimento continuar ao redor do mundo.”
América Latina
A associação está planejando uma série de eventos na América Latina, mas as datas e locais ainda não foram divulgados oficialmente. Também está procurando envolver cada vez mais profissionais da área baseados fora dos Estados Unidos a fim incrementar seu caráter global.
“A RIMS tem agora seu primeiro membro internacional a fazer parte do conselho de administração da associação, um gestor de risco da China. Nós temos ganhado muito com a perspectiva que ele aporta. Realmente vemos valor em termos associados e conselheiros vindos de todo o mundo”, afirma Roberts.
Desafio de geração
Embora seja o mercado de gestão de risco mais desenvolvido do mundo, os Estados Unidos ainda enfrentam muitos desafios na área. Gestores de empresas brasileiras poderão ficar surpresos ao saber que a busca de talentos — tão presente no mercado brasileiro — é um dos temas que mais preocupam a RIMS.
“Aqui nos EUA, um dos maiores desafios para a profissão é que está se formando um vazio geracional. Não há uma grande quantidade de jovens profissionais de talento preparados para assumir posições de chefia na gestão de riscos”, explica Roberts.
“Um grande número de gestores de riscos vai se aposentar nos próximos dois anos, e um dos objetivos da RIMS é desenvolver programas para criar o que chamamos de ‘profissionais emergentes do risco.’ Estamos concentrados na oferta educacional para ajuda-los a se preparar para este desafio, assegurando que estão preparados para ser produtivos de forma imediata.”
O perfil do gestor de riscos buscado no mercado americano é o de um profissional com uma formação acadêmica relevante, mas também com muita vontade aprender.
O conhecimento de áreas como contabilidade e finanças é um ponto extra relevante, assim como a familiaridade com temas ligados aos recursos humanos, tecnologia de informação e cadeias de suprimento. Além de um entendimento profundo das operações da sua empresa para poder realizar as transferências de risco ao mercado de seguros de uma forma efetiva, motivo por que gestores de riscos são frequentemente recrutados internamente.
“O gestor de risco precisa desenvolver alguma familiaridade em muitas áreas, ao contrário de se tornar um especialista em um único campo do conhecimento,” completa o presidente da RIMS. “Também necessita ter um bom nível de curiosidade. Nós precisamos questionar muito.”
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