Utilização de Uber e Airbnb gera novos riscos para empresas
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- Rodrigo Amaral
- 7 de novembro de 2016
- Sem categoria
Consultoria alerta que organizações precisam identificar e mitigar novas situações criadas quando empregados viajam a negócios
As empresas tendem a utilizar cada vez mais serviços de economia compartilhada, como o Uber e o Airbnb, criando uma série de novos riscos que elas vão ter que aprender a administrar, alerta uma consultoria especializada em viagens de negócios.
Segundo um relatório da International SOS, é só uma questão de tempo para que o transporte e a hospedagem compartilhados tenham um grande peso nas viagens de negócios, assim como está acontecendo no dia-a-dia das pessoas.
As vantagens econômicas de usar tais serviços são muitas vezes evidentes, mas o relatório alerta que não são todos os países que oferecem as garantias legais ou de segurança para que as empresas estejam tranquilas com a sua utilização.
Ainda que o relatório não cite o Brasil, o país aparece como um caso lógico de lugar onde as empresas devem tomar cuidado com estes novos recursos.
Durante a Rio2016, consultorias alertaram seus clientes internacionais sobre o fato de que os motoristas do Uber muitas vezes eram abordados e até agredido por taxistas que protestavam contra a legalização do serviço de transporte compartilhado.
“As empresas devem compreender que o uso da economia compartilhada para viagens de negócios cria novos riscos e desafios que precisam ser geridos e mitigados”, afirmou Tim Daniel, vice-presidente executivo da International SOS.
Em aumento
A International SOS fez uma pesquisa com empresas de vários países e descobriu que 27% delas já usam o Uber ou outros serviços similares em suas viagens internacionais, e quase metade espera que a utilização aumente no futuro.
Já 22% esperam que seus funcionários façam mais uso do Airbnb e outros sistemas de compartilhamento de hospedagem. Tanto o Uber quanto o Airbnb já possuem departamentos dedicados a atender os clientes corporativos.
Por outro lado, três quartos das empresas não possuem políticas de utilização de serviços compartilhados.
No estudo, a empresa de advocacia Herbert Smith Freehills aponta três fatores legais que as empresas devem considerar a respeito do uso destes serviços em viagens internacionais.
Em primeiro lugar, é preciso estar seguro de sua legalidade no país onde o funcionário está viajando. Em segundo, a empresa deve se assegurar de que o nível de segurança oferecido é comparável aos dos meios de transporte e hospedagem tradicionais.
Finalmente, para evitar problemas legais, a empresa deve estabelecer uma política com critérios claros a respeito das situações e condições em que os empregados podem fazer uso da economia compartilhada. Esses critérios devem ser definidos por meio de uma análise cuidadosa do risco envolvido.
Hospedagem
O relatório observa que muitas empresas já identificaram as vantagens de serviços como o Airbnb em termos de contenção de custos, por exemplo, ao poder hospedar vários funcionários em um mesmo apartamento.
Mas vários aspectos necessitam ser levados em conta antes de dar esse passo. Por exemplo, as empresas devem verificar se os imóveis alugados possuem procedimentos de evacuação em caso de emergência – uma prática comum nos hotéis, mas rara nos apartamentos de particulares.
Os imóveis privados também raramente oferecem fontes alternativas de energia elétrica ou telecomunicações, o que pode causar transtorno para os profissionais hospedados, caso haja um corte na provisão destes serviços.
Os hotéis mais gabaritados muitas vezes colocam à disposição de clientes corporativos serviços de tradução, de aluguel de veículos, motoristas e até assistência médica, além de recepção 24 horas, e isso não é o caso dos imóveis alugados por particulares, lembra o relatório.
Por outro lado, os autores observam que as empresas de economia compartilhada já estão começando a providenciar serviços adicionais que podem contemplar algumas destas necessidades em termos de hospedagem.
No entanto, em países de elevado risco para os viajantes, conforme a classificação de empresas como a própria International SOS, os autores afirmam que as propriedades particulares são quase certamente inapropriadas, do ponto-de-vista da segurança dos funcionários.
Transportes
Quanto aos provedores de meios de transporte compartilhados, como o Uber, o americano Lyft e o chinês Didi Chuxing, a International SOS observa que as empresas mais consolidadas tendem a fazer um trabalho cuidadoso de seleção dos membros de suas redes, o que reduz o risco de entrar em um carro de um malfeitor ao usar estes aplicativos.
Mas a consultoria diz que há outros riscos envolvidos, como a possibilidade de que o automóvel em que o funcionário esteja seja atacado por opositores deste serviço, como aconteceu nos últimos meses no Brasil, no Quênia e no Canadá, entre outros países.
A consultoria também alerta que, na América Latina, os serviços de transporte privado de mais alta categoria muitas vezes utilizam automóveis de luxo padronizados, o que torna seus passageiros potenciais alvos para possíveis assaltantes.
De qualquer maneira, a International SOS recomenda que as empresas busquem provedores estabelecidos no mercado, e que os funcionários sejam orientados a somente usar automóveis que podem ser rastreados por meio dos aplicativos que os conectam.
Além disso, devem se recusar terminantemente a aceitar que o motorista recolha outros passageiros, sentar-se no banco traseiro e, caso sintam-se seguros, pedir ao motorista que pare em um lugar movimentado.
A consultoria observa ainda que, tanto no caso dos automóveis compartilhados quanto nas acomodações, as condições variam de país a país, e uma política única para todas as viagens internacionais pode se mostrar inadequada para garantir a segurança dos funcionários.
Um importante lembrete feito pela consultoria é que as empresas precisam checar se suas apólices de seguro de viagem contemplam eventuais sinistros sofridos durante o uso de serviços de economia compartilhada.
Clique aqui para ler o relatório em inglês.
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