Qualidade da informação é desafio para o seguro agrícola
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- Oscar Röcker Netto
- 2 de janeiro de 2017
- Sem categoria
Nos EUA, produtor tem de apresentar histórico de dez anos da propriedade; no Brasil é difícil obter três, afirma head da Swiss Re CS
Qualidade e acesso às informações do campo são um dos principais desafios ao desenvolvimento do seguro agrícola no país, de acordo com José Cullen, head de agro da Swiss Re Corporate Solutions.
Segundo ele, nos Estados Unidos — um país onde entre 80 e 90% das plantações fazem seguro agrícola — os produtores precisam informar à seguradora o histórico completo da propriedade dos últimos dez anos a fim de contratar o seguro.
Essa base de dados é utilizada para calibrar a apólice de acordo com as características particulares de cada produtor, dimensionando de forma mais adequada os riscos a serem cobertos.
E no Brasil? “Dificilmente a gente consegue o histórico de três anos. E normalmente a qualidade desses dados não é muito boa”, diz Cullen, que ressalta: “Informação é fundamental para o seguro.”
A fragilidade neste aspecto fica ainda mais evidente levando-se em conta a variedade de culturas produzidas no Brasil, as grandes diferenças regionais e a extensão das lavouras no país.
Segundo Cullen, na região Sul, especialmente no Paraná, a cultura em torno do seguro rural está mais bem formada entre os produtores. Mas em outras, como o Centro-Oeste (outra importante região produtora), ela ainda precisa se desenvolver.
Trabalho de campo
O trabalho de campo na coleta e análise dos dados representa grande parte do custo do seguro agrícola. De acordo com Cullen, os processos administrativos chegam a 25% dos gastos necessários para o seguro, quando o ideal é que não superem os 10%.
O uso de tecnologia é uma forma de diminuir este peso, e também de dar mais agilidade ao processo como um todo.
Nessa linha, o seguro precisa se aproximar mais do nível de tecnologia com o qual os agricultores trabalham em outras áreas da produção.
A Swiss Re CS começou a utilizar um aplicativo exclusivo para a subscrição de riscos na área. Segundo Cullen, a tecnologia economiza “dias” de trabalho no processo e no monitoramento da propriedade, além de eliminar as ambiguidades e dados incorretos.
Os croquis de áreas seguradas, por exemplo, deixam de ser feitos à mão para serem construídos com imagens de satélite. E a aplicação traz um banco de dados de cada cliente, o que segundo a seguradora, traz mais agilidade às inspeções futuras — nas quais não será preciso resgatar histórico em arquivos físicos.
Outra novidade com a qual os suíços começaram a trabalhar no Brasil este ano é o chamado seguro paramétrico, que tem na cobertura agrícola um de seus focos principais. Trata-se de uma cobertura para eventos climáticos que afetem a produção e cujo gatilho acontece a partir de parâmetros preestabelecidos. Por exemplo: o seguro é acionado automaticamente se ocorrer, por exemplo, mais de 15 dias sem chuva (ou excesso de chuvas ou geadas).
Os parâmetros são todos definidos caso a caso. De acordo com o head, três apólices com grandes produtores estão para ser fechadas.
Enquanto o seguro tradicional aplica-se mais a propriedade entre 50 e 100 hectares, o paramétrico volta-se a propriedades maiores, de 3.000 ou até 50 mil hectares, explica Cullen. Segundo ele, o custo do seguro paramétrico para o grande produtor é bem menor do que o do seguro tradicional, o que leva a crer que com o produto possa a vir a ganhar espaço no mercado.
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