O risco de crédito, o risco político e o rebaixamento do Brasil
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- por KIYOSHI WATARI*
- 2 de abril de 2018
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Decisão de agências de classificação de risco já estava precificada; seguradoras de crédito, porém, haviam melhorado avaliação do país
O rebaixamento da nota de crédito soberano do Brasil de “BB” para “BB-“, pela agência internacional de risco Fitch anunciado em fevereiro deste ano, não foi uma surpresa.
Após recuo da reforma da Previdência, a agência já havia sinalizado o rebaixamento. Era o prenúncio do caminho que se seguiria após a agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) também ter rebaixado o Brasil para três níveis abaixo do grau de investimento com perspectiva estável. Isso em janeiro deste ano.
De uma perspectiva geral, como era esperado, já havia uma precificação dos mercados. Tanto que logo após o rebaixamento, no decorrer da sexta-feira, houve uma pequena volatilidade nos mercados de capitais, mas logo foi ajustada.
Contudo, o que ouvimos de gestores de fundos de investimentos e analistas é que mercado já estava precificado. Logo, qualquer rebaixamento, do ponto de vista do mercado, não traria surpresa.
O curioso é que no segmento a risco de crédito e risco político, algumas seguradoras globais de risco de crédito haviam feito um upside do rating Brasil em dezembro de 2017.
A seguradora Coface fez o upgrade do rating do Brasil de C para B (o país já chegou a ser classificado com A4, nota máximo no rating da seguradora).
A seguradora Euler seguiu a tendência e também fez um upgrade de C para B3. Enfim, é importante ressaltar que esses ratings são escalas internas das respectivas seguradoras.
Melhorias no seguro de crédito
Se olharmos para o cenário da série histórica dos três últimos anos (2016, 2015 e 2014), foram longos períodos de crises sem precedentes. Da mesma forma, com muitas perdas das seguradoras.
Já em 2017 houve um período de estabilidade. Com recomposição de margens e sinistralidade controlada. Inclusive com melhora na precificação do seguro de risco de crédito.
Do ponto de visto de risco de crédito e risco político, os mercados têm visto o Brasil hoje em uma situação melhor.
Não ter uma perspectiva de reforma da Previdência, faz crescer as preocupações com o impacto fiscal.
Mas, na prática, vemos nas empresas um cenário positivo. Da mesma forma com a expansão dos negócios e aumento nas vendas. Assim até uma maior procura por consultorias visando expansão das operações em novos mercados.
Inclusive, com muitas empresas voltando a olhar a América Latina.
* Diretor-geral da Eleven Capital.
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