Mercado de RC e Administradores está preparado para a crise?
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- *por Gustavo Galrão
- 13 de julho de 2015
- Sem categoria
Superintendente da Argo analisa segmento em meio a cenário de hard market
A crise financeira chegou e se instalou em diversos campos. Hoje, o que mais ouvimos é crise econômica, crise política, crise institucional… Até no futebol a situação está crítica. Realmente, a situação do empreendedor brasileiro não está fácil. Essa não é a melhor hora de se arriscar, principalmente em um cenário em que se tem mais a perder do que a ganhar.
Mas será que o mercado de seguro de Responsabilidade Civil e Administradores (D&O) no Brasil está preparado para esse novo cenário?
Alguns fatos contribuem para a aceleração deste ciclo, deixando-o ainda mais complicado. Dentre eles estão principalmente a continuidade do processo inflacionário, a política de aperto monetário ainda maior, com tendência de aumentar a taxa de juros básica do país ao longo do ano, evidenciando o ciclo vicioso em que se encontra a economia brasileira.
Fatores políticos e institucionais, como a perda da governabilidade pela presidente da República, desbalanceamento da política fiscal e a crise de confiança que paira na sociedade brasileira e internacional também não deixam de ser grandes influenciadores deste quadro.
No campo corporativo os impactos sentidos pelos empreendedores brasileiros são exorbitantes. Percebe-se um aumento significativo nos riscos inerentes a atividade empresarial. Muitos empresários são forçados a abandonar projetos, reduzir despesas, atrasar pagamentos, demitir funcionários e, nos casos mais graves, fechar as portas ou entrar com pedido de recuperação judicial.
Diante disso, o segmento de D&O está sendo fortemente impactado. Coincidência ou não, a sinistralidade da carteira do mercado em 2014 chegou a 53% (recorde histórico), sendo que algumas seguradoras apresentaram sinistralidade superiores a 100%. Em 2015, a sinistralidade vem se mantendo em alta, o que nos leva a um sentimento hard market.
Além do impacto decorrente deste novo cenário de risco do país, o aumento do número de investigações conduzidas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público vem contribuindo não apenas com o aumento dos casos de sinistro de D&O, mas também para o amadurecimento dos agentes deste mercado.
É notável, por exemplo, o aprimoramento da análise de risco dentro do processo de subscrição das seguradoras e o consequente endurecimento na seleção dos riscos. Os corretores, por outro lado, são cada vez mais exigidos pelos segurados para explicar o motivo do aumento nos prêmios e modificação nas condições contratuais das apólices de seguro.
Em casos mais complexos, em que a aceitação do risco é restrita pelo mercado, a colocação se torna um grande desafio, cuja solução apenas profissionais mais especializados são capazes de viabilizar.
Aos reguladores de sinistros, além do maior volume de trabalho, fica o desafio da interpretação da apólice, por exemplo, nos casos de delação premiada e acordo de leniência, cuja utilização vem sendo recorrente nos casos recentes. Se no primeiro caso o seguro claramente prevê exclusão de cobertura para confissão de culpa por parte do segurado, nos casos dos acordos de leniência reside uma maior complexidade na determinação de cobertura.
O mercado de D&O no Brasil claramente evoluiu muito na última década e já se mostra capaz de prover aos seus clientes boas soluções para os diversos riscos que os empresários e executivos brasileiros se deparam nos dias de hoje. Contudo, ainda estamos longe de representantes mais maduros, como os Estados Unidos, Inglaterra e outros países europeus. É importante ter isso bem claro para mantermos nossas mentes abertas para o aprendizado, contribuindo para o contínuo desenvolvimento deste importante mercado no Brasil.
*Gustavo Galrão é superintendente de Linhas Financeiras da Argo Seguros Brasil, subsidiária do Argo Group Internacional, e presidente da comissão de linhas financeiras da Fenseg.
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