Má governança nacional é risco global nº 1 para empresas no Brasil
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- Rodrigo Amaral
- 15 de janeiro de 2016
- Sem categoria
Para Fórum Econômico Mundial, falhas das instituições aparecem como principal problema. Crise hídrica é apontada como (mau) exemplo
Quais sãos os riscos que mais preocupam os líderes empresariais de todo o mundo? A resposta desta ampla pergunta depende em grande medida do lugar onde tais líderes se encontram.
Na Europa assuntos como a crise migratória e o desemprego ocupam o topo das preocupações empresariais. Nos Estados Unidos e Japão, são os riscos cibernéticos que tiram o sono dos executivos de empresas.
Já no Brasil, e em boa parte da América Latina, a principal pedra no sapato empresarial é a velha incapacidade das instituições de governo de fazer as coisas direito.
Essa é a conclusão que se tira do relatório anual de riscos lançado esta semana pelo Fórum Econômico Mundial, a entidade que organiza o Fórum de Davos, evento que reúne líderes empresariais e governamentais no final deste mês na Suíça.
O documento mostra que, em termos globais, temas que estão nas manchetes dos jornais, como a migração involuntária, o possível colapso de países como a Síria, as guerras e o desemprego alimentam as preocupações das empresas no curto prazo.
Com uma perspectiva mais longa, o ranking inclui o aquecimento global, as catástrofes climáticas, crises alimentícia a instabilidade social.
Mas é a possibilidade de crises de acesso à água o risco que, na visão dos líderes empresariais, pode causar os próximos problemas na próxima. E o Brasil é apontado como exemplo de país onde a má gestão dos recursos hídricos causa todo tipo de problema.
Regras turvas
“A governança se encontra no coração da gestão da água”, afirma o documento, baseado em entrevistas com 13 mil líderes empresariais de 140 países. “O Brasil exemplifica os desafios de administrar a água mesmo nos limites de um único país.”
O fórum global observa que, apesar de o Brasil contar com cerca de 12% das reservas mundiais de água doce, boa parte desta riqueza hídrica não chega aos centros urbanos espalhados pelo país.
“São Paulo, que contribui com um terço do PIB brasileiro, tem uma disponibilidade de água por habitante inferior até mesmo à do Nordeste, que é historicamente exposto a secas.”
O documento continua: “Com a energia hidrelétrica constituindo 64% do da produção de eletricidade, há conflitos causados por regras que não são claras a respeito da governança da água nos níveis federal, estadual e local.”
Com exemplos como este, não é de espantar que o tema da incapacidade das instituições de governo seja a principal preocupação das empresas que operam no Brasil, a exemplo de outros países como o Paraguai, Bolívia, Moçambique e Mauritânia.
Problema latino
E não só no Brasil. Os problemas causados pelas instituições de governo ocupam o topo do ranking das preocupações das empresas latino-americanas, segundo o Fórum Econômico Mundial.
Isso é verdade especialmente na América do Sul, “onde a corrupção e a desconfiança sobre o funcionamento das instituições estão agravando cada vez mais as dificuldades de se levar um negócio”, diz o texto.
O fórum, no entanto, também alerta que a má governança de um país não é só culpa dos políticos. “Governança é um fenômeno multifacetado em que as empresas, a sociedade civil e o público geral também têm um papel a desempenhar.”
Para as empresas, diz o texto, a má governança de um país resulta em custos e riscos adicionais que, no longo prazo, podem tornar suas atividades insustentáveis.
Nada menos do que 91% dos entrevistados na região citaram a má governança nacional como um dos principais riscos enfretados pelas empresas. Um choque de preços energéticos (82%), o desemprego ou subemprego (64%), profunda instabilidade social (59%) e as crises fiscais (45%) completam a lista dos cinco maiores riscos.
Outro tema mencionado pelo relatório é a falência de infraestruturas críticas, um problema agravado pelas frouxas perspectivas econômicas dos países latino-americanos.
“Um aumento do investimento em infraestrutura estimularia a economia assim como reforçaria sua resistência aos riscos globais”, pontifica o fórum global.
A nível global, a má governança nacional é citada como o principal risco para os negócios em 14 países, ficando atrás do desemprego, que lidera o ranking em 41 países, e um possível choque energético, dor-de-cabeça número 1 em outros 29.
Clique aqui e veja o relatório completo.
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