Instabilidade política causa nova troca no comando do IRB Brasil Re
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- Rodrigo Amaral
- 6 de junho de 2016
- Sem categoria
Ex-secretário executivo da Fazenda Tarcisio Godoy, que teria tido "diferenças de temperamento" com Meirelles, vai para presidência da maior resseguradora do país
O IRB Brasil Re volta a viver dias de instabilidade com a segunda troca de comando em menos de um ano – apesar dos bons resultados obtidos pela empresa nos últimos meses.
A maior resseguradora brasileira confirmou nesta segunda-feira que o ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda Tarcísio Godoy vai substituir José Carlos Cardoso na presidência da empresa.
Cardoso estava no cargo desde agosto de 2015. Ele assumiu o posto em substituição a Leonardo Paixão, que havia ficado cinco anos na presidência do IRB.
Cardoso vai continuar na empresa como vice-presidente de Resseguros, cargo que ocupava antes de assumir a presidência.
Até a manhã desta segunda-feira, o IRB não sabia informar qual seria o destino do atual vice-presidente de Resseguros, Paul Conolly, que vinha desempenhando de fato as funções de porta-voz do IRB Brasil. A princípio ele seguirá na organização.
Outros três vice-presidentes foram confirmados em seus cargos: o Financeiro, Fernando Passos; o Executivo, Mario Di Croce, e a de Riscos e Compliance, Lucia Valle.
Segundo o Valor Econômico, Godoy terá a missão de viabilizar o IPO de 45% das ações do IRB por volta de setembro. As ações pertenceriam tanto ao governo quanto aos acionistas privados da empresa.
Experiência
Antes de assumir o IRB Brasil, Tarcísio Godoy ocupava a Secretaria Executiva do Ministério da Fazenda, cargo em que ficou por apenas 19 dias durante o governo Michel Temer.
De acordo com o jornal Estado de S.Paulo, ele foi afastado pelo ministro da Fazenda Henrique Meirelles por “diferenças de temperamento” entre chefe e subordinado.
Godoy havia ocupado a cargo de secretário executivo do Ministério da Fazenda no ano passado, durante a breve gestão de Joaquim Levy no comando da economia. Os dois haviam se conhecido quando trabalhavam no Grupo Bradesco, de acordo com informações publicadas pela mídia.
Godoy trabalhou no Bradesco entre 2010 e 2014, primeiro como diretor da Bradesco Seguros e Previdência, depois como diretor geral da Bradesco Seguros de Automóveis e Ramos Gerais.
Antes, foi brevemente secretário do Tesouro Nacional no segundo governo Lula e, entre 2007 e 2010, ocupou a Presidência da BrasilPrev Seguros e Previdência.
Ingerência
A nova troca de comando ocorre em um momento em que há incerteza sobre o futuro do IRB Brasil, já que o governo vem aventando a possibilidade de vender a parcela da União na empresa a fim de arrecadar fundos.
Um IPO havia sido programado para o ano passado, mas foi cancelado devido às condições desfavoráveis no mercado de capitais. Nos últimos meses, correu o rumor de que o governo poderia simplesmente vender sua participação na empresa.
A União detém 27,44% do capital do IRB Brasil, além de privilégios como o direito de indicar o presidente – um direito que vem criando instabilidade na gestão da companhia.
Outros 20,43% são detidos pelo Banco do Brasil, que gere a parcela da União sob mandato. O Bradesco é o terceiro maior acionista com a mesma participação do BB, enquanto o Itaú tem 15% do capital.
Há rumores que os acionistas privados da empresa, que estão saindo dos setores de grandes riscos, também veriam com bons olhos a possibilidade de capitalizar sua participação em uma resseguradora que vem tendo um bom desempenho financeiro.
Por sua alta rentabilidade e pelo potencial do mercado brasileiro, o qual lidera com bastante folga, o IRB Brasil poderia aparecer como um investimento interessante para empresas internacionais.
Para atrair investidores, no entanto, será necessário reduzir a capacidade do governo de ingerir na gestão da empresa ao sabor dos arranjos políticos em Brasília.
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