Coface vê recuperação no Brasil, mas desafios continuam
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- Rodrigo Amaral
- 25 de janeiro de 2017
- Sem categoria
Países emergentes devem impulsionar crescimento mais robusto da economia global em 2017; incertezas afetam EUA e Europa
Recuperação no Brasil: em meio a um cenário global conturbado, a seguradora de crédito Coface vê “raios de esperança” para a economia brasileira.
A empresa francesa apontou o Brasil como um dos prováveis pontos positivos para a economia mundial em 2017. Um ano em que as empresas devem enfrentar uma série de desafios ligados às incertezas vigentes na Europa. Bem como nos Estados Unidos e na China.
Em relatório global de riscos divulgado em Paris, a Coface estima que a economia brasileira crescerá 0,4% neste ano. Isso após dois anos consecutivos de forte retração. O mesmo deve acontecer com a Rússia, cujo PIB deve se expandir 0,8% em 2017.
Dessa forma, a reversão de tendência nessas duas economias emergentes deve ser suficiente para compensar a gradual desaceleração econômica da China. O país deve crescer 6,3%, após ter registrado 6,7% em 2016. E 6,9% em 2015.
Por outro lado, a Coface lista os quatro membros do chamado BRIC (que também inclui a Índia) como fonte de preocupação. Isso devido ao alto nível de endividamento das empresas.
A situação é mais preocupante na China. No país, além de o nível de endividamento das empresas ter atingido mais de 160% do PIB e seguir em alta, o governo local segue injetando crédito na economia em uma tentativa de conter a desaceleração econômica.
Desafios
Ainda que a Coface expresse certo otimismo com a recuperação da economia brasileira, a empresa não deixa de ressaltar os sérios desafios que o país ainda enfrenta.
Por exemplo, a seguradora nota que o consumo das famílias, principal motor do crescimento econômico, está cada vez mais fraco. Em grande parte devido à alta do desemprego.
Por sua vez, a fraca demanda, aliada a taxas de juros ainda elevadas, está inibindo os investimentos, que seguem abaixo de 20% do PIB. O real pode voltar a se desvalorizar na medida em que os Estados Unidos aumentarem suas taxas de juros.
Ao mesmo tempo, a incerteza política alimentada pelas investigações e protestos contra a corrupção aumentam a incerteza para as empresas. Em um quadro social já agravado pelas tensões causadas pela alta desigualdade de renda.
A Coface compara a situação do Brasil com a da África do Sul, que enfrenta problemas similares. Porém, a empresa manteve a avaliação de risco de crédito brasileira. Enquanto que a sul-africana foi rebaixada de B (algo elevada) para C (elevada).
Verdade seja dita, o Brasil já se encontrava no patamar C e aí ficou. Já a avaliação de risco da Argentina melhorou. Passou de C para B. Ou seja, superior à do Brasil. Já que a Coface espera que as reformas econômicas promovidas pelo presidente Mauricio Macri comecem a dar frutos no decorrer de 2017.
Situação global
Vários países emergentes enfrentam situações desafiadoras em 2017, segundo a Coface. Ainda assim, eles devem ser o principal motor de um crescimento mais dinâmico da economia global neste ano.
A seguradora prevê que o PIB global vai se expandir em 2,7% comparado com 2,5% em 2016. As economias emergentes respondem pelo grosso do novo vigor. E devem crescer 4,1%. Contra 3,7% no passado.
Pela primeira vez desde a metade de 2015, a Coface também atribuiu um número maior de melhorias na avaliação de risco dos países do que de degradações.
Afinal, onze economias, incluindo Argentina e Espanha, tiveram sua nota elevada. Apenas quatro, entre as quais México e África do Sul, receberam notas piores do que a da última avaliação divulgada pela empresa.
Estagnação avançada
As economias avançadas devem repetir neste ano o crescimento de 1,6%, em média, de 2016. A Coface aponta uma série de incertezas pesando sobre os Estados Unidos e a Europa. Receios que podem impedi-los de crescer de forma mais acelerada.
Nos Estados Unidos, as esperadas políticas protecionistas e expansionistas do novo presidente Donald Trump devem ter um efeito apenas modesto sobre a economia local. E podem mesmo afetar setores como a construção civil e as montadoras de automóveis, afirma a Coface. Da mesma forma, de quebra, países como México, Vietnã e Tailândia podem ser severamente prejudicados por um aumento do protecionismo americano.
No Reino Unido, incertezas sobre a negociação de sua saída da União Europeia podem adiar decisões de investimento das empresas. Bem como afetar setores como o farmacêutico e o automotivo. A Coface espera que o número de falências aumente 8% em 2017 no país.
Já na UE, a principal sombra sobre o que a Coface chama de uma “economia resistente” é a ascensão de movimentos populistas. França, Alemanha, Holanda e possivelmente Itália terão eleições neste ano em que candidatos anti-europeus podem chegar perto do poder. Na França, por exemplo, a ultranacionalista Martine Le Pen, do partido de extrema direita Frente Nacional, já lidera as pesquisas para as eleições presidenciais de abril.
Caso políticos nacionalistas consigam causar novos choques como o Brexit em seus países, o impacto sobre o crescimento do PIB pode chegar a 0,7 ponto percentual na França e 0,5 ponto percentual na Alemanha, estima a Coface.
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