Aumento do uso de drones cria novos desafios para gestão de riscos
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- Rodrigo Amaral
- 28 de agosto de 2015
- Sem categoria
Relatórios da FAA e do LLoyd’s apontam para possibilidade crescente de acidentes graves. Apesar de a falta de regulação complicar o seguro, mercado começa a apresentar produtos específicos.
A proliferação do uso de veículos aéreos controlados remotamente, os drones, está criando novos desafios para o mercado segurador e também para os gestores de riscos de empresas, que cada vez mais utilizam esses aparelhos em seu dia-a-dia.
Companhias como Amazon e Facebook já empregam drones em suas atividades. No Japão, os aparelhos são utilizados para irrigação. Até veículos de comunicação como a BBC valem-se da tecnologia na produção de reportagens em áreas de difícil acesso.
Os riscos representados pela crescente utilização dos aparelhos foram ressaltados em um relatório divulgado recentemente pela Federal Aviation Administration (FAA), a autoridade de aviação civil do governo dos Estados Unidos.
De acordo com o órgão, pilotos de avião no país reportaram 650 casos em que tiveram contato visual com drones enquanto estavam pilotando suas aeronaves entre janeiro e 9 de agosto deste ano.
Em 2014, o número de visualizações em todo o ano foi de 360.
A FAA alertou que a presença de drones nas proximidades de aviões é ilegal e constitui risco de acidente aéreo. Muitos dos casos que chegaram ao conhecimento da organização envolvem aviões comerciais de passageiros cujos pilotos ficaram assustados pela súbita aparição dos veículos não-tripulados.
O órgão também afirmou que aviões que participavam de operações de combate a incêndio no Oeste americano tiveram por vezes que suspender suas atividades devido à presença de veículos não pilotados no espaço aéreo da região.
Na cabeça
Os riscos criados pelos drones, no entanto, tendem a se tornar cada vez mais parte do cotidiano das empresas na medida em que o uso, comercial ou não, de tais aparelhos se intensifica, afirmam especialistas.
Um relatório sobre o tema publicado esta semana pelo Lloyd’s de Londres conta, por exemplo, o caso de um atleta australiano que, em abril de 2014, sofreu ferimentos após ter sido atingido por um drone que caiu na cabeça dele.
Alguns meses mais tarde, em Nova York, o cliente de um restaurante foi ferido por um drone que estava fazendo fotos do estabelecimento.
“Na medida em que a tecnologia continua a se desenvolver e a ser utilizada comercialmente, grandes sinistros são uma ameaça constante. Por exemplo, danos e despesas legais substanciais poderiam ser criadas se um drone colidir com um avião de passageiros comercial, causando a sua queda”, alerta o Lloyd’s no relatório.
De acordo com a empresa, as barbeiragens cometidas por controladores de drones mal preparados constituem apenas uma das novas ameaças criadas pelos aparelhos.
Outros riscos incluem a vulnerabilidade dos drones a ataques cibernéticos e a sua utilização para finalidades que invadem o direito à privacidade de terceiros, o que pode redundar em litígios e indenizações de responsabilidade civil.
Além disso, a elaboração de coberturas de seguros é complicada pela falta de um regime regulatório comum nos diversos países em que a utilização dos veículos não-pilotados está crescendo com rapidez, de acordo com o Lloyd’s.
No momento, já existem alguns produtos de seguro no mercado global especificamente desenhados para cobrir as atividades de drones utilizados comercialmente.
Na União Européia, segundo o Lloyd’s, é obrigatória a contratação de seguros de danos a terceiros para drones que pesam mais de 20 quilos. As coberturas padrão disponíveis incluem também proteção contra danos ao veículo e a seus sistemas durante sua utilização comercial.
Mas as exposições criadas pelos drones não se limitam a esses riscos. De acordo com o Lloyd’s, as empresas também podem negociar apólices que incluem coberturas de D&O, PI (responsabilidade civil profissional), responsabilidade do empregador, terrorismo, guerra, riscos cibernéticos e outras, que são negociadas caso a caso com as empresas que compram o seguro.
Novidades
Um estudo recente da corretora Marsh aponta que, apesar de relativa escassez de dados e estatísticas sobre o setor, o mercado tem lançado produtos de seguros dirigidos tanto a empresas que fabricam os drones quanto seus usuários.
Muitas vezes, os contratos são adaptados das coberturas já existentes para veículos aéreos tripulados, com mudanças para adequar os contratos às características de cada aparelho. Por exemplo, o termo “avião” é substituído por “UAS”, sigla em inglês para “sistema aéreo não pilotado”, e “piloto”, por “controlador”.
No momento, o tipo de cobertura que cresce com maior rapidez envolve veículos utilizados em operações do tipo VLOS, visual line of sight, ou seja, em que o controlador mantém contato visual com o aparelho, podendo assim evitar colisões, sem o auxílio de outros aparatos.
As apólices abrangem drones utilizados especialmente para a entrega de cargas, com coberturas de danos de até US$ 1 milhão.
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