'Ubers dos drones' visam agilizar gestão de sinistros
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- Rodrigo Amaral
- 24 de novembro de 2017
- Sem categoria
WeGoLook e Fluttrbox querem aumentar eficiência do processo com redes de inspetores que substituem ajustadores profissionais
Que tal se um dos sinistros sofridos por sua empresa pudesse ser gerido e pago em uma questão de horas, ao invés de ter de esperar vários dias para ter alguma notícia do processo?
Esse cenário, que sonha a conto de fadas no mercado atual, pode se tornar realidade se um punhado de InsurTechs internacionais focadas na gestão de sinistros consigam consolidar seus projetos inovadores e convencer o mercado segurador. O mercado, conservador como só ele, deveria adotá-las de maneira generalizada.
A RSB conversou nos últimos meses com algumas das companhias que estão introduzindo novidades como o “drone sharing” e a inteligência artificial nos processos de gestão de sinistros no setor de seguros para empresas.
Algumas desenvolvem soluções vistosas. Como a criação de uma rede drones para a inspeção de sinistros que pode ser acionada automaticamente pelo clic de um mouse.
Outras lidam com áreas mais arcanas. Como o desenvolvimento de sistemas para a integração dos vários elementos do processo de gestão de sinistro. Assim, de modo a prover acesso permanente e imediato de informações aos clientes.
Muitas foram criadas por pessoas de fora do mercado. Por esse motivo, trazem, além de novas tecnologias, uma visão diferente sobre como agilizar o processo. Além de um foco claro nos compradores das apólices.
Nesta semana e na próxima publicaremos exemplos de InsurTechs inovadoras. Elas estão desenvolvendo maneiras de revolucionar a gestão de sinistros no mercado de seguros. Neste artigo, contamos o caso da WeGoLook e da Fluttrbox, que buscam agilizar as inspeções dos incidentes de menor complexidade.
As Ubers dos drones
A WeGoLook, sediada em Oklhahoma (EUA), e a Fluttrbox, de Montreal (Canadá), criaram redes de inspetores de sinistros com o compromisso de que eles podem chegar ao local do incidente em uma questão de horas. Ou até de minutos.
Para isso, ambas empresas recrutam pessoas armadas de seu telefone celular. Elas devem estar dispostas a chegar a um local próximo o mais rápido possível. Seu custo é uma fração de um ajustador profissional, afirmam as empresas.
O sistema funciona de maneira parecida ao do Uber. As empresas lançam um pedido para os membros que estiverem mais perto do local. O que se animar a chegar mais rapidamente leva o trabalho.
Uma vez lá, fazem fotos e vídeos do sinistro. Recolhem outros tipos de informação que a seguradora tiver pedido, e os transmitem diretamente, através de aplicações protegidas, à empresa ou à seguradora que contratou o serviço.
A ideia é que a maioria dos sinistros se caracteriza por sua simplicidade. Por isso nem sempre é necessário enviar um ajustador qualificado para levantar as informações necessárias para que a seguradora tome uma decisão a respeito.
Pessoas comuns
Os participantes das redes são pessoas comuns. Armadas de equipamentos básicos como um telefone celular ou um drone. Elas passam por algum treinamento e checagem de antecedentes antes de poder pleitear os serviços.
Segundo Robin Smith, CEO da WeGoLook, há um grande número de membros com mais de 50 anos na rede da empresa. Incluindo professores, ex-militares e outros profissionais do tipo. A média de idade é de pouco mais de 42 anos. Além disso, muitos são aposentados. Enquanto outros realizam as inspeções após terminar seus empregos do dia-a-dia.
A especialidade da Fluttrbox são os drones. Eles são utilizados para inspecionar telhados e outras áreas de difícil acesso. Além de lugares atingidos por eventos catastróficos ou que apresentam riscos à segurança de inspetores de carne e osso.
A WeGoLook também possui operadores de drones em sua rede. Oferece aos seguradores a possibilidade de já concluir o trabalho de ajuste do sinistro graças a uma parceira com a Crawford & Company. Trata-se de uma das maiores empresas do setor, que adquiriu o controle da startup no começo do ano.
Compra no eBay
Smith teve a ideia de montar a empresa em 2009. Foi quando estava ajudando um amigo a comprar um projetor de alta qualidade no eBay.
Porém, antes de se comprometer a gastar um bom dinheiro com a compra, a dupla tentou encontrar um inspetor que pudesse assegurar que o equipamento estava em bom estado. Enfim, isso não foi possível.
“Pensei então que seria interessante se houvesse uma rede de inspetores que pudesse ser acionada neste tipo de situação”, disse Smith à RSB.
Ela botou mãos à obra e criou a empresa. E logo identificou no mercado segurador um potencial grande de negócios.
“Esta é uma nova maneira de abordar as inspeções de sinistros”, disse ela. “Algumas pessoas que trabalham nas seguradoras não querem substituir os ajustadores de sinistros. Justamente porque eles são a única maneira com que sabem trabalhar. Mas, em minha opinião, o que fazemos é liberar os ajustadores para que se concentrem em tarefas mais complexas.”
Hoje a WeGoLook tem mais de 140 funcionários em sua sede em Oklahoma. Além de uma rede de 35.000 membros espalhados pelos Estados Unidos para realizar as inspeções. Ainda que apenas cerca de 6.500 sejam utilizados regulamente. Da mesma forma, um grupo de 1.800 considerados de melhor desempenham são qualificados como o time “Pro” da empresa. Estes recebem preferência nos serviços.
A empresa também recrutou mais de 4.500 cartórios nos Estados Unidos. Isso para agilizar os processos de acordo sobre os pagamentos.
Parcerias
Por sua vez, a Fluttrbox, que já atua vários estados americanos, está desenvolvendo parcerias com empresas que fornecem softwares de gestão de sinistros. A meta é assegurar que seus membros sejam acionados o mais rapidamente possível quando seus serviços são necessários.
Segundo Aristo Mohit-Cocker, fundador e CEO da empresa, uma parceria já está em vigor. A ideia é que, uma vez que a seguradora que utiliza o software der a entrada em um sinistro que exija a utilização de um inspetor da Fluttrbox, a notificação ocorrerá automaticamente. Da mesma forma, sem necessidade de intervenção humana.
Para Mohit-Cocker, a integração de vários sistemas inovadores é o caminho que o mercado necessita trilhar para que a gestão de sinistros se torne cada vez mais eficiente. Assim também cause menos dores de cabeça para os clientes.
“O próximo passo é construir um sistema que automatize o próprio pagamento do sinistro”, disse ele à RSB.
Em um mundo ideal, a análise dos sinistros pode ser feita através de inteligência artificial. Assim como o pagamento, com contratos inteligentes que usam a tecnologia blockchain. Potencialmente, todo o processo não teria porque durar mais do que um par de horas. Por exemplo, com a notícia da decisão chegando ao comprador da apólice através de Alexa ou de Siri.
Na próxima semana, conheceremos os casos de empresas que estão trabalhando nos passos seguintes deste processo.
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