Rupturas tornam 2016 ano de alto risco global, prevê consultoria
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- Rodrigo Amaral
- 15 de dezembro de 2015
- Sem categoria
Tecnologia e política, como a emergência da Uber e a Operação Lava Jato, criam desafios para as empresas, diz Control Risks
O ano de 2016 deve ser conturbado para as empresas na medida em que novas formas de fazer negócios, riscos políticos e outros tipos de distúrbios afetam as suas atividades, alertou a consultoria britânica Control Risks.
O CEO da consultoria, Richard Fenning, chega ao ponto de afirmar que o nível de riscos para as empresas no ano que vem será o mais alto dos últimos dez anos.
Em seu mapa de riscos para 2016, a Control Risks afirma que tanto as empresas quanto as instituções políticas vão ser reformuladas por atores que não aceitam as formas estabelecidas de fazer as coisas.
Um exemplo, prevê a Control Risks, será a conclusão da Operação Lava Jato no Brasil.
“A elite [brasileira] viu um grande número de campanhas anticorrupção serem lançadas com grande fanfarra, apenas para perder a força antes que interferissem em seu estilo de vida mimado”, afirma Fenning na introdução ao estudo. “Mas a atual está próxima demais para seu gosto.”
Uber, Airnbn e xisto
O tema do relatório da Control Risks neste ano é o da ruptura política, econômica e social que, na opinião da consultoria, terá sequência em 2016.
Na parte econômica, tal ruptura é causada por inovações tecnológicas que são utilizadas para surpreender companhias desprevenidas que acreditam que seus negócios já estão mais do que consolidados.
Foi o que aconteceu com as empresas de táxi, afetadas pela emergência da Uber, e do setor hoteleiro, sacudido pelo sucesso da Airbnb.
As empresas também devem se preparar para a consolidação da mudança de ritmo da economia chinesa, uma vez que a Control Risks prevê que o PIB do país vai se estabilizar com taxas de crescimento de cerca de 6% ano.
Mas nem só de internet vivem os praticantes do que a Control Risks chama de novo “capitalismo de guerrilha”.
Afinal, o todo-poderoso setor petrolífero está sofrendo com o desenvolvimento das tecnologias de extração por meio de fractura hidráulica, que achatou os preços do setor nos últimos anos.
Em entrevista à BBC de Londres, Fenning disse que os negócios enfretam atualmente o nível de risco mais alto da última década, e que a nível global a intensidade dos riscos chega a oito em uma escala de 10.
Isso graças, entre outros fatores, ao contínuo desenvolvimento da ameaça cibercriminal. A Control Risks prevê que um maior número de países, além de hackers criminosos, promoverão ataques cibernéticos no próximo ano.
Os ataques se tornarão mais severos, com potencial de dano cada vez maior, por exemplo, sobre os chamados sistemas de controle industrial, ou ICS na sigla em inglês.
Trump e China
A turbulência em 2016, no entanto, também vai afetar o ambiente mais amplo em que as empresas trabalharão.
Na área política, a Control Risks observa que o novo ativismo alimentado pelas redes sociais está sacudindo a política americana com a elevação do bilionário Donald Trump, com suas idéias no mínimo exóticas, ao posto de favorito para conseguir a candidatura republicana para a próxima eleição presidencial nos Estados Unidos.
As redes sociais também estão causando turbulência na China, onde um crash na bolsa de valores e sinais de agitação social atestaram a força das novas tecnologias mesmo em um regime controlado como o que é mantido pelo Partido Comunista.
Na política exterior, o presidente russo, Vladimir Putin, adotou a postura de ignorar as regras dos poderes estabelecidos para impor sua própria agenda em temas como a guerra da Síria ou a anexação da Criméia.
Agitadores que chegaram ao poder recentemente em seus países, como o premiê indiano Narenda Modri, agora estão descobrindo que fatores similares que lhe ajudaram a romper o consenso anterior tornam mais desafiador o seu próprio governo.
As frequentes ações do Estado Islâmico ilustram o potencial de danos que podem ser causados e meio da atual turbulência, afirma a Control Risks. E as políticas monetárias heterodoxas adotadas pelos Bancos Centrais dos países desenvolvidos nos últimos anos elevaram o risco de uma nova crise financeira global.
No que poderia ser uma boa notícia para a economia brasileira, porém, a Control Risks acredita que o superciclo das commodities não chegou ao fim, mas está dando marcha à ré por um período de tempo devido ao anêmico desempenho da economia global.
A consultoria acredita que os preços das commodities, com a exceção do petróleo, deve começar a se recuperar em breve.
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