Seguro para riscos de petróleo espera reverter tendência de queda
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- Rodrigo Amaral
- 13 de fevereiro de 2017
- Sem categoria
Para Aon, novas licitações e recuperação de preços Brent indicam melhoras; prêmios caíram de R$ 720 mi para R$ 390 mi desde 2013
Em queda há quatro anos, o mercado de riscos de petróleo vê perspectivas de melhora. Isso com a recuperação dos preços no mercado internacional. Bem como o esperado lançamento de novas rodadas de licitação de campos de exploração no Brasil.
Da mesma forma, o otimismo também se explica pelas medidas já implementadas em estudo pelo governo para tornar o setor mais atraente para os investidores internacionais. Como o fim da obrigatoriedade de participação da Petrobras em todos os projetos do pré-sal, aprovado em outubro. Além da possível mudança dos critérios de conteúdo local nos projetos de exploração.
“O ambiente de negócios está melhorando na área de petróleo e gás. E as perspectivas para o setor segurador também são positivas”, disse Paulo Niemeyer Neto, diretor de óleo e gás da Aon Brasil, em entrevista a RSB.
A reversão de tendência seria muito bem-vinda. Uma vez que o volume de prêmios do segmento de riscos de petróleo caiu quase que pela metade em meia década.
Em 2013, os prêmios chegaram a R$ 720 milhões. Porém, no ano passado fecharam em R$ 390 milhões. Isso de acordo com dados da Susep compilados pela Aon.
Retração
A retração se explica pela crise econômica. Assim como a falta de novas rodadas de licitação e o envolvimento da Petrobras e outras empresas no escândalo da Lava Jato, entre outros fatores. “Como principal player do mercado, a Petrobras movimenta toda a cadeia de fornecedores”, disse Niemeyer. “Quando ela é impactada, toda a cadeia de petróleo e gás é afetada.”
Em contrapartida, a conjuntura doméstica foi agravada pela queda acentuada dos preços do petróleo no mercado internacional. A cotação do barril de petróleo cru Brent, referência do mercado, passou de uma média de US$ 112 em 2012 para US$ 46 no ano passado. Também segundo dados da Aon.
Porém, nos últimos meses, os preços têm se recuperado, passando de US$ 55. E o governo americano estima que o valor médio deve chegar a US$ 57,20 no ano que vem.
Mercado brando
De acordo com Niemeyer, a expectativa de que a Agência Nacional de Petróleo volte a promover rodadas de licitação de campos de exploração é bastante positiva para o setor.
“Afinal, sem novas rodadas de licitação, não há atividades exploratórias. E a cadeia produtiva da indústria não se move”, afirmou. “É fundamental que as rodadas tenham uma regularidade para gerar segurança jurídica para as empresas que vêm de fora.”
Assim, o governo estuda realizar três rodadas de licitação em 2017. Uma ainda no primeiro semestre e duas no segundo, de acordo com notícias publicadas pela imprensa. Espera-se que uma delas inclua campos do pré-sal.
Porém, como o setor de petróleo e gás exige enormes investimentos, que levam tempo para se concretizar, as melhoras não devem ser sentidas imediatamente pelo mercado de seguros.
“Neste ano o mercado segurador deve reagir. Porém, é em 2018 que devemos ver uma melhora um pouco mais nítida no mercado”, disse Niemeyer.
Segundo o executivo, hoje em dia, o segmento de riscos de petróleo está bastante brando no mercado internacional. Motivo por que os compradores estão desfrutando de preços mais acessíveis.
“Contudo, não existem sinais de que o mercado pode endurecer em 2017”, afirmou. Segundo Niemeyer, houve um forte aumento de capacidade global no setor. Assim passando de US$ 5 bilhões para US$ 7 bilhões em um período de dois ou três anos.
No Brasil, Niemeyer disse que as seguradoras oferecem capacidades de US$30 milhões a US$100 milhões, e em alguns casos abaixo destes patamares.
Riscos de maior porte
Para os riscos de maior porte, portanto, a participação do resseguro internacional é fundamental.
“Para riscos de menor porte, conseguimos colocar até 100% do risco no mercado local”, afirmou. “Para riscos de médio e grande porte, é necessário envolver o resseguro. Cerca de 80% dos riscos de petróleo e gás emitidos no Brasil são hoje ressegurados.”
Niemeyer disse que há mais empresas trabalhando hoje com seguros de petróleo no Brasil, com cinco ou seis companhias bastante ativas no segmento.
Segundo os últimos dados da Susep, a Mapfre lidera o segmento com R$ 142 milhões em prêmios de seguros no final de 2016, ou cerca de 36% do mercado. Em seguida vêm a Austral (R$ 103 milhões), Sompo (R$ 79 milhões) e Fairfax (R$ 52 milhões).
Em 2013, a Itaú Seguros (hoje parte da Chubb) concentrava, sozinha, quase dois terços do mercado.
A Aon calcula deter 56% do mercado de riscos de petróleo entre as corretoras ativas no Brasil. A empresa está ampliando sua estrutura no país para lidar com este segmento, segundo o executivo.
Outros setores
Além dos riscos de petróleo, outros segmentos podem se beneficiar de uma retomada das rodadas de licitação, afirmou Niemeyer.
Ele observou, por exemplo, que a ANP exige garantias financeiras para as concessões, e que neste quesito as apólices de seguro garantia podem se apresentar como uma alternativa mais viável do que as fianças bancárias que muitas empresas ainda privilegiam.
Outro segmento que pode receber um empurrão é o de seguros D&O, ainda que neste caso alguns desafios se apresentam devido ao impacto da Operação Lava Jato, que atingiu em cheio empresas do setor.
A Aon está realizando reuniões do mercado com clientes do setor, mostrando para os subscritores que nem todas as empresas de petróleo e gás estão envolvidas na Lava Jato e buscando soluções também no resseguro internacional.
Mas segue sendo um mercado difícil, com os preços dos prêmios em alta, e uma proliferação de exclusões, inclusive várias focando especificamente em possíveis sinistros relacionados ao trabalho dos promotores de Curitiba.
“É um mercado hoje que exige um certo critério, há ceticismo por parte das seguradoras, mas temos tido sucesso em renovações dos nossos clientes”, disse Niemeyer. “Acreditamos que em 2017 a tendência é de melhora para o seguro D&O.”
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