Rims orienta gestores de riscos dos EUA sobre vírus
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- Rodrigo Amaral
- 11 de fevereiro de 2016
- Sem categoria
Associação alerta sobre riscos de viajar a países como o Brasil; especialista critica falta de dados sobre a epidemia disponíveis no país
Com a expansão da epidemia do vírus zika e seus póssíveis efeitos sobre os fetos, empresas internacionais estão procurando se informar sobre os verdadeiros riscos representados pela enfermidade.
A preocupação se refletiu em um seminário virtual organizado há alguns dias pela Rims, a associação de gestão de riscos dos Estados Unidos.
Especialistas da iJet International, uma consultoria de riscos, informaram os membros da associação sobre o que se sabe até o momento a respeito do problema e as medidas que se devem tomar para evitar a contaminação de funcionários em países como o Brasil.
Katherine Harmon, diretora de inteligência sobre temas de saúde da iJet, explicou aos gestores de risco que o vírus tem um efeito muito reduzido sobre adultos saudáveis, mas alertou que, ainda que não comprovada, sua correlação com a microcefalia de recém-nascidos merece muita atenção.
“Há uma grande diferença entre correlação e causa”, disse ela. “Há vários motivos que podem causar a macrocefalia. Existem vários tipos de vírus, fatores ambientais, uso de drogas pelas mães que podem causá-la. Mas grande coincidência de casos de zika e de macrocefalia torna impossível dizer que o zika não é uma causa.”
Por esse motivo, mulheres grávidas ou que têm planos de engravidas devem tomar tomas as medidas possíveis para evitar serem picadas por mosquitos em países de risco, afirmou Harmon.
Ela orientou as empresas para se informar a fundo a respeito dos principais focos de risco e criticou o Brasil pela pobreza de informações neste sentido.
“Há muito poucos dados vindo daquele país”, disse ela aos gestores de risco americanos. “Mas suspeita-se que há mais de um milhão de casos [no Brasil].”
Viagens seguras
Harmon qualificou como extremas as recomendações feitas por países como Brasil, El Salvador e Jamaica para que as mulheres evitassem de engravidar por causa do vírus.
Ela recomendou porém que mulheres grávidas ou que planejem engravidar tomem evitem ou tomem todas as precauções recomendadas pelos médicos, caso tenham que viajar para países como o Brasil.
Entre elas está a utilização de repelentes de mosquito em áreas expostas e a aplicação de permethrin, um inseticida sintético, nas roupas, além de dormir protegidas com lençol ou coberta mesmo que faça calor.
Ela também recomendou aos viajantes que usem roupas leves mas de manga comprida em climas quentes e que insiram a ponta das calças dentro da meia ou da bota para impedir que os mosquitos piquem as pernas.
Os viajantes foram aconselhados a desconfiar de poças de água, rachaduras nas calçadas, buracos de rua ou qualquer outro lugar onde água pode estar acumulada, ainda que seja muito pouca. “É necessária muito pouca água para as larvas saírem dos ovos.” Os ovos podem permanecer vivos por cinco anos antes de a larva nascer, explicou ela.
Cuidados nas sedes
Já as empresas que têm sedes em lugares de risco de zika devem identificar e eliminar lugares onde pode se acumular água parada, evitar o acúmulo de lixo e checar os telhados para ver se a água da chuva está escoando totalmente.
“Mesmo papel amassado pode acumular água quando chove”, afirmou Harmon. O uso de armadilhas para mosquitos e peixes que gostam de comer os insetos nos estanques são alternativas ecológicas recomendadas pela iJet.
Em piscinas e estanques, deve-se garantir que a água está em permanente circulação e que as aplicações de cloro estão sendo feitas da maneira correta, disse a especialista.
Diferenciação
Harmon observou que os mosquitos que carregam o vírus, como o Aedes aegypti e o Aedes albopictus, gostam de viver em centros urbanos e são “mordedores agressivos” que trabalham durante o dia.
Ela também observou que o vírus não é tanto uma novidade em países como o Brasil. Seu diagnóstico sim é que constitui um fato novo, já que o zika pode ser facilmente confundido com outros agentes de doenças como a dengue e a chikungunya.
“O zika foi provavelmente confundido muitas vezes com outros vírus”, disse ela. “Agora que o zika foi relacionado com condições de nascença como a microcefalia e possíveis problemas neurológicos, tornou-se mais importante do que nunca identificar os sintomas de cada uma destas enfermidades.”
Ela observou que a dengue e a chikungunya causam febre mais alta que o zika, e mais duradoura no caso da primeira. Pessoas contaminadas com o zika sofrem mais com coceira tópica, mas menos dor muscular do que os enfermos de dengue, enquanto que as que têm o chikungunya tendem a ter mais dores e inchaço nas articulações.
O zika causa maior incidência de conjuntivite e condições neurológicas como a síndrome de Guilliam-Barre, que se caracteriza por fraqueza muscular originada por danos ao sistema nervoso periférico. Mas a dengue provoca mais dores de cabeça, explicou Harmon.
Ela também notou que a indicência de dengue e chikungunya é bem mais ampla ao redor do mundo do que a do vírus zika.
Mas Harmon também afirmou que, em caso de contaminação de pessoas que não são grávidas, não é o caso de se desperar, apesar dos sintomas desagradáveis da enfermidade. “Em homens por volta de 30 anos, o vírus vai viver seu ciclo e pronto,” exemplificou ela.
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