Resseguro segue pró-comprador, mas preços caem menos
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- Rodrigo Amaral
- 5 de janeiro de 2017
- Sem categoria
Subscritores parecem menos capazes de acomodar exigências de compradores, mas abundância de capital evita mudança radical de tendência
As quedas dos preços de resseguro se desaceleraram nas renovações de contrato de janeiro, mas o mercado global continua sendo favorável aos compradores, de acordo com duas grandes corretoras de resseguro.
Em relatório divulgado no primeiro dia do ano, a Willis Re observou que as esperanças das resseguradoras de que os preços iriam se estabilizar em 2016 foram mais uma vez frustradas, apesar de que as perdas catastróficas foram 50% superiores às de 2015.
Com isso, as empresas do setor lograram fechar mais um ano de resultados positivos que, aliados a um persistente excesso de capital, têm possibilitado às resseguradoras acomodar as exigências de preços mais baixos por parte de seus clientes.
Mas a Willis Re afirma que as complicadas condições do mercado indicam que, em 2017, as resseguradoras podem demonstrar menor flexibilidade em preços e condições do que em anos anteriores.
De acordo com sua rival JLT Re, os sinais de moderação no ritmo de queda dos preços se tornaram mais amplos nas renovações dos contratos vencidos em 1º de janeiro.
Na média global, a JLT Re estima que os preços dos contratos de resseguros patrimoniais (property) variaram -5,7% nas mais recentes renovações, comparado com -8,2% nas de janeiro de 2016, -11% em 2015 e -12% em 2014.
Os segmentos de resseguro specialty tiveram quedas mais acentuadas. Já as linhas de responsabilidade e seguro saúde apresentaram estabilidade ou quedas moderadas de preço, segundo a JLT Re.
“A tendência de moderação em 1º de janeiro de 2017 está relacionada aos preços historicamente baixos praticados hoje”, disse David Flandro, chefe global de pesquisas da JLT RE. “Os preços de [resseguro] catástrófico patrimonial estão agora 33% mais baixos do que em 2013.”
Variações regionais
Há diferenças notáveis, porém, dependendo da região onde os contratos são firmados. Nos Estados Unidos, as quedas de preços estão sendo inferiores a 10%, enquanto que na Europa e outras partes do mundo elas continuam atingindo um ritmo de dois dígitos.
Segundo a Willis Re, uma região onde as pressões baixistas continuam muito presentes é a América Latina, especialmente nos mercados não-catastróficos como o Brasil e a Argentina.
Nem mesmo o terremoto que devastou parte do Equador em abril do ano passado foi capaz de ter um impacto nos preços dos resseguros na região, afirma a corretora.
A empresa calcula que os contratos patrimoniais sem exposição catastrófica e sem perdas significativas obtiveram reduções entre 5% e 15% nas renovações de janeiro na região. Quando há exposição catastrófica, as reduções ficaram entre 5% e 12,5%.
Na Europa, há mostras de que o mercado brando pode estar chegando aos seus estágios finais, enquanto que nos Estados Unidos a moderação das quedas de preços é evidente, na comparação com 2016.
Contexto diferente
A Willis Re nota que as condições de mercado estão forçando as seguradoras a adaptar seus negócios a fim de garantir a rentabilidade em tempos de preços em queda.
As grandes resseguradoras, por exemplo, estão adotando modelos de negócios cada vez mais focados nas características específicas de seus clientes.
O mercado também está tendo que se adaptar a mudanças que estão ocorrendo no mercado primário, como a emergência das chamadas Insurtechs e outras companhias inovadoras que estão implementando novas maneiras de distribuir e precificar as coberturas de seguro.
Por outro lado, a JLT Re notou que 2016 foi o primeiro ano, desde 2008, em que o volume de capital disponível não aumentou de forma expressiva, comparado com o ano anterior.
Ainda assim, o mercado continua sofrendo com uma abundância de capital. A corretora estima que há US$ 320 bilhões alocados para a indústria de resseguro, enquanto que os prêmios do setor chegam a US$ 255 bilhões.
A empresa observa que, enquanto houver tanto capital disponível, será difícil que a tendência de preços mude de forma significativa. Por esse motivo, é preciso estar atento à evolução das taxas de juros nos mercados desenvolvidos.
Um aumento consistente das taxas de juros na Europa e nos Estados Unidos – onde elas já começaram a subir – poderia mudar as estratégias de alocação de capital dos investidores, que poderiam optar assim por retirar algo de dinheiro do mercado ressegurador.
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