Responsabilidades maiores impulsionam salários robustos para gestores de risco
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- Rodrigo Amaral
- 24 de setembro de 2015
- Sem categoria
Remuneração média de chefes de departamento na França, onde setor é bem desenvolvido, é de quase R$ 500 mil por ano, mostra pesquisa
O trabalho do gestor de risco está ganhando complexidade, e os profissionais da área adquirem responsabilidades cada vez maiores dentro das empresas. Junto com elas, do mesmo modo, estão vindo gordos salários.
Essas são algumas conclusões que podem ser tiradas de uma pesquisa feita com gestores de risco na França, um dos mercados onde a profissão está mais avançada em todo o mundo.
A pesquisa, realizada a cada dois anos pela Association du Management des Risques et des Assurances de l’Entreprise (AMRAE), a associação francesa de gerentes de riscos, traça o retrato de uma função que está tendo que evoluir rapidamente a fim de se adaptar aos desafios enfrentados pelas empresas na economia globalizada.
Por exemplo, os gestores de risco estão tendo que aprender a lidar com assuntos espinhosos, como ataques cibernéticos e fraudes financeiras. Mais do que nunca, a profissão está se expandindo para além de seu tradicional campo da pura compra de coberturas de seguros para abranger um leque de riscos estratégicos vitais para a sobrevivência da companhia.
Um exemplo, bastante comentado hoje no Brasil, é o compliance. “Notamos que é uma função que cada vez mais entra no perímetro de responsabilidades do gestor de riscos”, disse Julien Mueller, gerente de Consultoria em Riscos e Seguros da PwC na França.
Para completar, os chefes estão cada vez mais de olho neles. Na França, como em outros países onde a profissão está mais desenvolvida, um número crescente de gestores de risco respondem diretamente aos seus CEOs ou CFOs.
Salários competitivos
O outro lado da moeda é que o mercado reconhece que o gestor de riscos é um profissional altamente qualificado e difícil de encontrar, e os salários refletem esta realidade.
A pesquisa publicada pela AMRAE, e que foi realizada pela consultoria PwC, mostra que o salário médio de um gerente de risco na França atinge a uma média de € 108 mil por ano para os gestores de riscos que são chefes de seus respectivos departamentos.
Isso equivale a uma remuneração de cerca de R$ 490 mil ao ano na média para os cabeças de departamentos de gestão de riscos.
Mesmo os gerentes de riscos com menor ascendência burocrática recebem salários que podem ser considerados bons. Em média, um profissional da área que não é chefe ganha € 84 mil, ou R$ 380 mil, anuais. Elementos variáveis da remuneração não estão incluídas em nenhum dos dois números.
A PwC entrevistou 188 profissionais membros da AMRAE, que aglutina sobretudo gerentes de riscos de grandes empresas francesas ou multinacionais – que são justamente as que tendem a possuir departamentos especializados na área.
Mundo masculino
Outras conclusões da pesquisa que até certo ponto podem ser extrapoladas para outros mercados indicam que o gestor de risco típico é um homem com idade entre 46 a 55 que chegou ao cargo após ter feito carreira em outras áreas de sua empresa.
As mulheres representam 41% do universo pesquisado, e apenas 28% dos profissionais que ocupam cargos de chefia, revelando que uma significativa tendência pró-masculina persiste na profissão.
As formações acadêmicas mais comuns para os gestores de riscos franceses são, na ordem, as escolas de negócios, direito e engenharia ou outras áreas técnicas. Mas um grupo crescente de profissionais mais jovens estão entrando no mercado com formações específicas em gestão de riscos ou seguros.
A pesquisa também encontrou um aumento da proporção de profissionais que tratam tanto da compra de seguros quanto da implementação de programas de gestão de riscos global, ou ERM na sigla em inglês.
Tais profissionais tendem a ocupar funções mais elevadas nas hierarquias das empresas, comparação com os diretores de seguros, e estar mais envolvidos com outras áreas como a gestão de crises e os controles internos. A conclusões confirmam tendência nos países desenvolvidos de crescimento do ERM no seio das empresas.
Entidades como a AMRAE vêm insistindo nos últimos anos que os gestores de riscos se mantenham em permanente processo de aperfeiçoamento a fim de aprender a gestionar temas como os ataques cibernéticos e compliance, que cada vez mais entram no seu escopo.
Uma das prioridades deve ser adquirir um profundo conhecimento dos fenômenos financeiros que acarretam riscos para suas empresas. A pesquisa mostra por exemplo que, na França, um risco emergente para o setor é o das fraudes financeiras.
“A educação financeira é fundamental para o gestor de riscos”, disse François Malan, vice-presidente da AMRAE. “As fraudes hoje são um tema de grande importância para a profissão.”
A pesquisa se chama Barômetro do Gestor de Riscos 2015 e sua versão em francês pode ser acessada aqui. Em outubro estará disponível uma versão em inglês do levantamento.
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