Pressão por lucros freia luta contra corrupção nas empresas
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- Rodrigo Amaral
- 11 de abril de 2016
- Sem categoria
Em estudo com 600 empresas internacionais, chefes de compliance se queixam de falta de prioridade para o tema
No mundo todo está na moda falar em compliance e no combate à corrupção. O que continua sendo difícil é fazer a mensagem chegar aos ouvidos dos diretores máximos das empresas.
Esta é uma das conclusões do escritório de advocacia Hogan Lovells em um estudo global que realizou sobre o tema.
O escritório entrevistou mais de 600 Chief Compliance Officers (CCOs), ou responsáveis pela área de compliance de grandes companhias internacionais, para saber qual é a prioridade que se dá nas organizações à luta contra a propina e à corrupção.
À primeira vista, tratam-se de companhias com suficiente bala na agulha para investir no tema. As empresas que estão incluídas no estudo possuem um faturamento anual superior a US$ 350 milhões.
Mas 59% dos entrevistados disseram que ainda prevalece em suas companhias uma cultura em que o lucro tem prioridade sobre a prevenção de atos de corrupção.
Quarenta porcento dos CCOs entrevistados admitiram que o tema não é uma prioridade para o CEO da empresa, e praticamente a mesma proporção afirmou que os principais líderes de suas empresas não dão apoio explícito à implementação de programas para evitar este tipo de irregularidade.
Pressão por resultados
De acordo com o estudo, as boas intenções expressadas pelas empresas em seus códigos de ética muitas vezes acabam ficando só no papel, até porque os funcionários estão sob pressão no dia-a-dia para cumprir metas de resultados.
Em 59% das empresas participantes, os funcionários têm medo de perder seus empregos caso não cumpram suas metas, segundo os CCOs. Praticamente a mesma proporção afirmou que a pressão por aumentar o faturamento e os incentivos de performance são obstáculos à implementação de programas anticorrupção.
Dois terços dos CCOs disseram que suas empresas são melhores na hora de bolar programas de compliance no que em sua implementação. O problema é especialmente grave no que diz respeito à implantação dos programas em unidades baseadas no exterior.
Também é difícil fazer a mensagem chegar aos ouvidos dos CEOs, já que 61% dos participantes do estudo afirmaram não ter um canal direto de comunicação com o executivo máximo da empresa. Além disso, 58% afirmaram que a informação que produzem é filtrada por outros membros da companhia antes de chegar ao CEO.
Boicote ao compliance
Mais da metade dos CCOs consultados afirmaram ser de certa forma boicotados por outros setores da empresa, já que, segundo 57% deles, há atividades que são escondidas ou mantidas fora do alcance do departamento de compliance.
Dois terços disseram que está aumentando a pressão regulatória para que suas empresas tenham mais cuidado na hora de lidar com propinas e corrupção. Mas isso não impede que os CEOs fechem negócios ainda que haja suspeita de jogo sujo, segundo 43% deles.
Mais da metade afirmou que, em suas empresas, mecanismos de compliance e de combate à corrupção são vistos como obstáculos para que as pessoas realizem seus trabalhos, que são fontes de dor-de-cabeça que não servem para nada e que atrapalham as tarefas diárias dos funcionários.
O estudo também observou uma carência por parte das grandes empresas de treinar seus funcionários contra a corrupção e o pagamento de propinas, especialmente em suas unidades no exterior.
As empresas participantes do estudo estão sediadas nos Estados Unidos (151), Alemanha (102), Reino Unido (101), França (100), China (57), Cingapura (52) e Japão (47).
Clique aqui para ler o estudo em inglês.
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