Preços em queda devem resistir a furacões e terremoto
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- Rodrigo Amaral
- 14 de setembro de 2017
- Sem categoria
Para especialistas, perdas asseguradas causadas por passagens do Irma e Harvey nos EUA e tremor no México serão insuficientes para mudar tendência
O que justifica os preços em queda?
No último mês, os Estados Unidos e o Caribe foram atingidos por dois fortes furacões. Já o México, por um poderoso terremoto. E fortes inundações também afligiram a Itália e partes da Ásia.
Ainda assim, a expectativa do mercado é que a tendência de baixa de preços no resseguro mundial não seja interrompida.
Para analistas reunidos em Monte Carlo para o encontro anual da indústria de resseguros, nesta semana, o impacto dos furacões Irma e Harvey no setor serão significativos. Assim devem afetar os resultados de vários subscritores, resultando em preços em queda.
Mas as catástrofes de agosto e setembro não devem ser suficientes para corroer a base de capital do mercado global de resseguros. O que, se ocorresse, poderia gerar um aumento dos preços nas próximas renovações.
A mais recente estimativa das perdas causadas pelo furacão Irma, divulgadas pela empresa de modelização catastrófica Karen & Co, colocou as perdas asseguradas em US$ 25 bilhões, US$ 18 bilhões dos quais nos Estados Unidos.
São perdas consideráveis. Porém, muito distantes dos US$ 130 bilhões que faziam parte da estimativa mais pessimista divulgada pelo Lloyd’s de Londres. O Irma perdeu força antes de atingir em cheio a Flórida e mudou de rumo. Dessa forma afastando-se das regiões mais habitadas. O que minimizou o seu impacto econômico.
Outros analistas de riscos divulgaram estimativas de perdas seguradas entre US$ 15 bilhões e US$ 40 bilhões devidos à passagem do Irma. Por sua vez, a agência de ratings AM Best, calculou que o furacão pode ter causado perdas de até US$ 12,5 bilhões ao mercado de títulos catastróficos. Uma importante fonte de capital adicional para o mercado ressegurador.
Harvey
Já o impacto do furacão Harvey, que atingiu o Texas e outros estados americanos uma semana antes do Irma, continua gerando debate no mercado.
A Karen & Co estima que o Harvey causou prejuízos segurados de US$ 15,4 bilhões. As perdas foram minimizadas pelo fato de que a maior parte dos contratos de seguro patrimoniais na região atingida cobrem danos causados pelos ventos. Mas não por inundações, principal perda causada pelo furacão.
A empresa estima que, do total de danos segurados do Harvey, apenas US$ 2,5 bilhões foram resultado da ação dos ventos. Enquanto que as inundações chegaram a US$ 12,5 bilhões. O alto valor se deve, sobretudo, às coberturas de seguros de automóveis que devem ser acionadas por causa das cheias.
Mas o número pode ser maior. Uma vez que forem computados os prejuízos cobertos pelo NFIP. Trata-se de programa de proteção contra inundações mantido pelo governo americano.
Em depoimento à AM Best, David Flandro, responsável pela área analítica da corretora JLT Re, estimou que, uma vez computados os gastos do NFIP, as perdas asseguradas causadas pelo Harvey podem chegar a US$ 45 bilhões. Porém, não está claro que parcela dos riscos cobertos pelo NFIP seria derivada ao mercado de resseguros. Estimativas divulgadas em Monte Carlo colocam as perdas totais do Harvey entre US$ 20 bilhões e US$ 30 bilhões.
Todavia, Flandro estima que o mercado de resseguros tem um excesso de capacidade de US$ 60 bilhões. O que indica que o impacto dos dois furacões devem ser absorvidos sem grandes dificuldades pela indústria.
Mercado alternativo
Além disso, analistas calculam que o mercado alternativo fornece entre US$ 80 bilhões e US$ 100 bilhões de capacidade extra.
Em Monte Carlo, diretores da AM Best disseram que, se o custo dos furacões tivesse alcançado um patamar entre US$ 100 bilhões e US$ 150 bilhões, o mercado poderia ver uma reversão de tendência. Da mesma forma, com os preços passando a aumentar.
Mas, como isso não aconteceu, deve seguir o cenário atual de baixos preços. Assim como termos e condições mais amistosas,. Bem como redução na liberação de reservas e abundância de capital.
A AM Best colocou o mercado de resseguros em uma perspectiva futura negativa.
Empresas com forte exposição ao mercado da Flórida, em especial, tendem a ter seus resultados afetados como resultado da temporada de furacões.
O Harvey causou a morte de ao menos 70 pessoas. Enquanto que o Irma já está diretamente associado a mais de 30 mortes nos Estados Unidos e 38 no Caribe.
México X preços em queda
Já o terremoto mexicano do começo de setembro, que chegou a 8,2 pontos na escala Richter, deve ter pouco impacto no mercado. Já que atingiu principalmente uma região de baixa densidade populacional.
Os estados afetados foram principalmente Oaxaca, Chiapas e Tabasco. São áreas onde o potencial de perdas asseguradas é reduzida.
A Cidade do México, onde os prejuízos poderiam ser bem mais significativos, foi em grande medida poupada pelo tremor.
O estado mexicano deve arcar com a maior parcela das perdas. Assim, parte dos prejuízos devem ser cobertos por títulos catastróficos de US$ 360 milhões que foram emitidos pelo governo mexicano nos últimos anos.
A catástrofe deixou mais de 90 mortos. Especialmente em Oaxaca.
Enchentes no estado de Bihar, além de outra partes da Índia, Nepal e Bangladesh, também causaram grande destruição em agosto, matando mais de 600 pessoas. Porém, seu impacto sobre a indústria de seguros tende a ser limitado.
Na Itália, as enchentes têm atingido principalmente a região da Toscana, causando a morte de ao menos seis pessoas.
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