PMEs ainda desconhecem a gestão de risco
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- Oscar Röcker Netto
- 25 de maio de 2015
- Sem categoria
Empresários devem entender que função agrega valor ao negócio, diz consultor
Qual o principal obstáculo para a aplicação de processos de gestão de risco em pequenas e médias empresas no Brasil?
Para Jonathas Abdou, gerente da JMalucelli Controle de Riscos, uma consultoria de riscos que faz parte do grupo segurador sediado em Curitiba, o principal entrave é a falta de conhecimento sobre um setor ainda considerado “elitizado” por muitos pequenos e médios empresários.
“Fica difícil para quem nunca teve experiência de sinistros entender a importância da gestão de riscos”, disse ele em recente encontro realizado com cerca de 40 pequenos empresários paranaenses.
Abdou acredita que a saída passa pelo aprimoramento da comunicação entre as seguradoras (que vendem seguros corporativos), gestores e consultores de risco (que auxiliam na calibragem adequada a cada caso) e os clientes.
Além, claro, de um esforço dos empresários para implementar efetivamente as práticas de gestão de risco. “Antes de qualquer metodologia, é preciso ter uma pessoa responsável, que consiga transitar em todas as áreas da empresa e entender todos os riscos”, aconselha o especialista.
Há, portanto, um “trabalho de formiguinha” para os vários agentes do setor.
Provocação
Para empresas sem nenhum histórico na área, Abdou sugere passos iniciais bem simples. Pode ser, por exemplo, um bom levantamento dos riscos potenciais e possíveis soluções— trabalho que pode ser feito pela própria equipe interna da empresa. “Começa aí, com uma provocação,” disse o especialista. A partir daí, a técnica pode ser aperfeiçoada, recorrendo-se quando for o caso a ajuda especializada.
Ações simples têm o mérito de driblar um obstáculo sempre presente no setor, principalmente em tempos de economia complicada: o fantasma de novos custos financeiros.
Daí o eco favorável na plateia presente, que relatou casos do dia-a-dia. O dono de uma marmoraria, por exemplo, disse ter dificuldades para fazer seu pessoal usar os equipamentos de segurança. Já um operador de contêineres no Porto de Paranaguá contou que sofre para controlar o tráfego de pessoas externas numa área de trabalho potencialmente perigosa.
Tratam-se de dois exemplos nos quais o “olho do dono” já colocou a gestão de risco no radar da empresa. “Risco não gerenciado pode gerar perdas e danos”, lembrou Abdou.
Em casos com esses, ao ser aplicado o primeiro passo sugerido pelo gerente, o resultado é um mapa de risco inicial — ainda básico, mas que já ajuda a balizar os caminhos a serem seguidos para diminuir os riscos, sejam eles financeiros, operacionais, estratégicos ou acidentais.
Para o desenvolvimento deste processo a cartilha básica do gerenciamento de risco aponta alguns caminhos clássicos: 1) tolera-se o possível dano; 2) trata-se dele (melhorando equipamentos, por exemplo); 3) transfere-o (por meio de seguro); ou 4) “elimina-o” (por meio, por exemplo, de controles periódicos e estruturados; com a ressalva de que risco zero não existe em nenhuma atividade).
Conhecimento
De acordo com o consultor de risco Adriano Valente Rocha, quanto maior o conhecimento sobre riscos, maior a propensão das empresas de começar a lidar com eles de forma mais profissional.
“Ninguém vira empreendedor para ter uma empresa amadora”, disse Rocha, que organizou o encontro em Curitiba. Ele reforçou um ponto sensível para todos os empresários: “A gestão de riscos, se bem aplicada, melhora o resultado [financeiro] da empresa”.
Está aí uma das principais razões por que a gestão de risco é uma área com forte expansão em grandes empresas. Mais complexas e bem estruturadas, cada vez mais elas aplicam ou reforçam no seu dia-a-dia sistemas de controle contra danos potenciais ao seu desenvolvimento. “Está todo mundo vendo que é por aí”, disse Abdou.
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