Para especialista, avaliação de risco de desastre natural precisa evoluir
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- Oscar Röcker Netto, em São Paulo
- 16 de setembro de 2015
- Sem categoria
Para professor da UFRJ, modelos matemáticos usados pelo setor de seguros são insuficientes e freiam alocação de capital para o setor
Os modelos matemáticos usados para analisar e quantificar riscos de desastres hoje no Brasil não são mais suficientes frente aos desafios do país e dificultam a alocação de capital para o mercado de seguros.
A avaliação é de Moacyr Duarte, pesquisador da Coppe, o centro de pesquisas em engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que participou de um debate sobre riscos emergentes durante o 7º Conseguro, realizado em São Paulo entre os dia 15 e 17 de setembro.
Para Duarte, que trabalha com gerenciamento de riscos para a prefeitura do Rio de Janeiro, os modelos de representação matemática baseados no modelo binário (“de respostas sim ou não”) não são mais suficientes.
“O chek list não funciona mais”, disse ele. ” Não adianta mais termos a foto [do problema], precisamos de um filme.”
Duarte se referia ao enorme volume de dados envolvidos em cada situação, em termos de avaliação de riscos de desastre.
Nada de capital
Com os modelos com que se trabalham hoje, afirmou ele, o resultado das avaliações de riscos é precário e pouco eficiente.
“A resposta vai ser extremamente conservadora e vai se afastar do objetivo porque não se vai enxergar [o problema]”, observou. “O modelo de cálculo é ruim.”
Para o especialista, sem que os modelos matemáticos sejam aprimorados, não vai haver um aporte de capitais que poderiam alavancar a capacidade de seguros no setor.
“Não conseguiremos aporte de grandes capitais sem que ocorra uma sofisticação dos cálculos”, afirmou. “Ninguém coloca dinheiro sem um cálculo muito preciso e bem explicado por trás.”
Como exemplo, ele citou a situação de algumas favelas no Rio de Janeiro, onde modelos tradicionais de avaliação de riscos apontam que toda a região de uma comunidade está exposta ao risco de desastres.
Um levantamento mais específico, no entanto, mostrou uma outra realidade. “Só cerca de 10% das moradias estão efetivamente sob risco”, afirmou ele. “A maioria é passível de seguro, mas está fora do mercado. Se continuarmos com o velho parâmetro, vamos negligenciar isso tudo.”
Resseguro
Outro participante do painel, Rodrigo Botti, CFO e COO da resseguradora local Terra Brasis, considera que uma maior participação do mercado de capitais é fundamental para desenvolvimento dos seguros contra catástrofes no Brasil.
Trata-se de um recurso já bastante utilizado nos Estados Unidos e Japão, mas ainda não trabalhado no Brasil, disse ele.
Botti vê a possibilidade de que aportes de capitais sustentem uma maior proteção para os incidentes mais comuns no país, como as secas e as inundações.
Os exemplos internacionais mostram, por exemplo, a implementação de sistemas de proteção ligados ao preço do combustível.
“Poderíamos ter coisas similares contra apagão, desmoronamentos e seca”, disse ele.
A Terra Brasis faz alguns estudos de mapeamento de desastres naturais no Brasil e disponibiliza os resultados para o mercado.
Botti lembrou que os desastres que costumam atingir o país são muito diferentes dos que ocorrem com maior frequência no resto do mundo, como os terremotos e furacões.
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