Oferta de seguro cibernético evolui no mercado global
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- Rodrigo Amaral, em Lille (França)
- 16 de fevereiro de 2016
- Sem categoria
Lançamentos na França e outros países indicam avanços na área, mas especialistas dizem que limites seguem baixos para as empresas
Os riscos cibernéticos estão cada vez mais presentes no dia a dia das empresas, e o mercado de seguros começa a oferecer mais soluções para ajudar os gestores de riscos a enfrentar esta ameaça – ao menos fora do Brasil.
Durante muito tempo, as empresas se queixaram de que as apólices de seguro cibernético disponíveis no mercado internacional eram muito caras e não contemplavam todas as suas necessidades, especialmente em termos de capacidade e da cobertura de perdas intangíveis, como a interrupção de negócios sem a ocorrência de dano físico.
Nos últimos meses, porém, compradores de seguro na Europa e nos Estados Unidos têm relatado uma evolução nos produtos oferecidos em seus respectivos mercados. As coberturas são mais amplas e mais claras, e os preços vêm caindo significativamente.
Como observou Brigitte Bouquot, a presidente da Amrae, a associação francesa de gestão de risco, os seguradores e resseguradores vêm mostrando apetite pelo risco, e a abundância de capital disponível no mercado faz com que o lançamento de novos produtos em uma área em pleno crescimento seja cada vez mais atrativa.
O que falta, agora, disse ela, é chegar a uma maior compreensão do risco, não só por parte dos subscritores, mas dos próprios compradores de seguros, a fim que seja possível estimar com segurança as exposições de cada cliente.
A profusão de novos produtos de seguro cibernético nos países desenvolvidos faz pensar que soluções mais acessíveis e completas também cheguem, eventualmente, ao mercado brasileiro.
Lançamentos
Na França, por exemplo, várias empresas aproveitaram a reunião anual da Amrae, no começo de fevereiro em Lille, para apresentar seus novos lançamentos na área.
Foi o caso da Swiss Re Corporate Solutions, que está levando para a França uma cobertura para médias e grandes empresas elaborada em conjunto com a gigante de informática IBM. Ela inclui interrupção de negócios — o que deve atrair a atenção de muitos clientes corporativos, considera a empresa.
Já a australiana QBE está introduzindo na França uma cobertura de riscos cibernéticos, apoiada por serviços de avaliação de riscos e assistência técnica, direcionada para pequenas e médias empresas, um setor ainda pouco visado pelo mercado de seguros para este tipo de produto.
De acordo com Rénaud de Préssigny, presidente da unidade francesa da QBE, trata-se da primeira experiência da empresa em oferecer soluções de risco cibernético para este nicho do mercado. Vale lembrar que a QBE está apostando na expansão de suas atividades na área de risco corporativo no Brasil.
Apesar dos avanços, no entanto, compradores seguem um tanto receosos na hora de comprar coberturas de risco cibernético, de acordo com corretores presentes à conferência de Lille.
Um dos principais problemas, segundo Robert Leblanc, o presidente da AON na França, é que os limites continuam reduzidos, especialmente no que concerne às exposições das grandes empresas multinacionais.
A nova solução da Swiss Re CS, por exemplo, oferece capacidade de até €25 milhões para cada cliente, ainda que haja alguma margem de negociação. Bruno Mostermans, diretor da empresa na França, afirmou que clientes que desejem maiores níveis de cobertura podem arranjar limites com mais de um subscritor.
Lacunas
Enquanto isso, o mercado busca maneiras de fechar lacunas ainda existentes no segmento.
A corretora Marsh, por exemplo, lançou uma ferramenta financeira, chamada Cyber Echo, que visa oferecer estabilidade no mercado de excedentes de cobertura no mercado de riscos cibernéticos. O produto, subscrito no mercado do Lloyd’s em Londres, oferece até US$ 50 milhões de cobertura excedente para companhias globais.
De acordo com a Marsh, ao contrário das coberturas primárias, para as quais há abundância de capital, a oferta de coberturas excedentes de risco cibernético é bem menos estável no mercado internacional.
Já a Chubb acrescentou à sua própria oferta de seguros cibernéticos um serviço técnico e de resposta a emergências providenciado pela empresa de gestão de sinistros Crawford & Company.
A Zurich, por sua vez, criou uma cobertura adicional a suas apólices de risco cibernético por meio da qual gestores de riscos podem ter acesso a serviços especializados em áreas como TI, direito e relações públicas durante uma emergência causada por um evento cibernético.
Empresas de modelagem de sinistros também estão procurando adicionar seu grão de sal ao setor. A Air Worldwide acaba de criar uma série de standards para a modelização de dados sobre eventos cibernéticos. Iniciativa similar foi apresentada no mês passado pela Risk Management Solutions (RMS).
O objetivo é ajudar as seguradoras a melhor coletar e analisar os milhares de eventos relacionados a ataques cibernéticos que vêm acontecendo todos os anos. Com mais informações confiáveis a mão, argumenta-se, será possível oferecer coberturas mais acessíveis e adequadas às necessidades dos clientes.
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