Modelo atual trava seguro agrícola, diz especialista
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- Oscar Röcker Netto
- 26 de maio de 2015
- Sem categoria
Falta de reformas ameaça crescimento; subscritor defende menos dependência de subsídio
O seguro agrícola tem um grande potencial de crescimento no Brasil, mas o desenvolvimento do mercado depende de uma série de aprimoramentos pelos quais o setor precisa se empenhar.
A avaliação foi feita por especialistas reunidos no 4º Encontro de Resseguro do Rio de Janeiro, realizado em abril, e que reuniu cerca de 500 executivos do setor. “Há um grande espaço e um grande caminho a ser percorrido”, resumiu Eduardo Porcel, vice-presidente de agrobusiness underwriting da TransRe Panamá.
“No modelo de gestão de hoje, estamos fadados a não crescer muito”, disse Wady José Mourão Cury, diretor da BB Mapfre, seguradora que domina 70% do seguro agrícola brasileiro. A cadeia do agronegócio é responsável por 23% do Produto Interno Bruto brasileiro.
De acordo com Cury, a alavancagem do setor passa por mudanças em sete eixos. São eles:
– criação de um modelo nacional integrado de informação;
– melhorias na capacitação profissional da mão-de-obra;
– gestão atuarial mais eficiente;
– modelos mais precisos de monitoramento (do clima, safras, riscos etc);
– regulamentação específica para o setor;
– desenvolvimento de produtos mais aderentes ao agricultor;
– criação de um fórum de integração.
Olhar único
Em cada um desses itens, há obstáculos que hoje atravancam os negócios. Sobre as informações do setor, por exemplo, Salomão lembrou que elas existem, mas estão dispersas pelas cooperativas e secretarias estaduais e municipais, entre outros órgãos. “Precisamos de um olhar único”, afirma ele. “A partir daí, cada companhia [seguradora] vai definir como transformar informação em conhecimento [para os negócios].”
Já sobre a dificuldade de encontrar profissionais capacitados para trabalhar no setor, , o diretor da BB Mapfre ressaltou a significativa expertise necessária para lidar com as diferentes culturas agrícolas. “Um regulador (de sinistros) de seguro de soja é muito diferente do de um de hortaliças”, citou como exemplo.
Por sua vez, o vice-presidente TransRe Panamá acrescentou que as incertezas nas políticas governamentais representam uma grande dificuldade em vários países da América Latina. Ele acredita que a ampliação das parcerias público-privadas e a entrada de novos players no mercado ajudariam a estimular o crescimento do seguro agrícola no subcontinente. “Não há uma só solução. O negócio é interpretar as necessidades do mercado”, afirmou.
O subscritor de agronegócios da Austral RE, Bruno Valentin, defendeu que o mercado busque soluções de crescimento que não dependam tanto das subvenções governamentais, que tendem a ser menos generosas em tempos de arrocho orçamentário. “Houve um grande crescimento deste seguro nos últimos anos, mas ele estagnou,” disse ele.
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