Lei Anticorrupção brasileira entra no radar de influência das multinacionais
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- Rodrigo Amaral
- 11 de maio de 2016
- Sem categoria
Pesquisa com empresas globais lista regulamentação brasileira ao lado das de outros países como influência sobre políticas e procedimentos internos

A Lei Anticorrupção do Brasil entrou no radar das empresas multinacionais, que a apontam como um dos fatores que lhes estão impulsando a reforçar seus programas de compliance.
Em pesquisa global feita pela Dow Jones e a Metricstream, uma consultoria de riscos, 13% das empresas participantes apontaram a lei brasileira como uma peça regulatória que tem “grande influência” nas suas políticas e procedimentos internos.
Participaram da pesquisa 330 empresas, das quais apenas 11, ou 3,3%, estão sediadas na América do Sul ou Central, o que indica que a preocupação não se resume às corporações nacionais.
A lei brasileira, que ao menos em seu texto tem um alcance global, entra assim na seleta companhia de leis internacionais de combate à corrupção como o FCPA dos Estados Unidos e o UK Bribery Act do Reino Unido.
A influência das leis anglo-saxãs continua sendo bem maior, já que foram apontadas como fatores determinantes de suas políticas por 56% e 53% das empresas, respectivamente.
Mas a Lei Anticorrupção já aparece como um motivo a mais porque as empresas estão tendo que prestar atenção ao tema da corrupção em todo o planeta.
Brics na berlinda
“Ao redor do mundo, as ações anticorrupção estão atingindo níveis sem precedentes”, disse Joel Lange, o diretor executivo da Down Jones Risk and Compliance. “Estamos vendo investigações de grande porte e multas recordes sendo aplicadas não apenas a empresas, mas também a executivos.”
Ele acrescentou: “Neste clima regulatório mais estrito, o sucesso, a reputação e a própria sobrevivência da uma empresa estão muito relacionadas à eficiência de seus programas anticorrupção.”
Apesar dos desdobramentos dos últimos anos, no entanto, o Brasil não aparece como o lugar mais difícil do mundo para fazer negócios por causa da corrupção.
Os chefes de compliance colocam o país na 14ª colocação neste ranking. Os outros membros do malogrado grupo dos Bric recebem qualificações piores. A China é a segunda, a Rússia, a terceira, e a Índia, a sexta colocada na classificação de mercados onde temas ligados a políticas anticrroupção atrapalham os negócios. O Irã lidera o ranking devido ao efeito das sanções internacionais impostas ao país.
Três de cada quatro empresas entrevistadas disseram que temores por ser alvo de cobertura negativa na mídia, ou sofrer danos à sua reputação, as levaram a rever relações comerciais com outras empresas em 2015. Somente os regimes de sanções tiveram maior influência sobre a avaliação das parceiras de negócio.
Um total de 83% afirmou que elaboram rankings de risco dos países em que operam, contra 73% na versão anterior da pesquisa. Os dados mais utilizados são os da Transparência Internacional, seguidos de inteligência coletada pelas próprias empresas. O Brasil aparece na 76ª colocação no mais recente ranking de percepção de corrupção da TI, com uma pontuação de 36 sobre 100 (quanto mais baixa a pontuação, mais alta é a percepção de corrupção).
Das empresas entrevistadas, 92% afirmaram ter programas anticorrupção já implementados. Os programas estão cada vez mais maduros, visto que 59% disseram que seus sistemas já têm mais de seis anos de existência. Em 2014, apenas 33% cumpriam este requisito.
E 27% afirmaram que monitoram os esforços de compliance de seus parceiros comerciais ao menos uma vez por trimestre. Em 2015, o número era 33%.
Clique aqui para ler o estudo em inglês.
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