Internet das coisas pode revolucionar gestão de riscos e seguros
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- 12 de junho de 2019
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A internet das coisas pode revolucionar a gestão de riscos e o mercado de seguros. Aumentando, assim, a visibilidade e transparência dos ativos segurados.
A coleta de informações por meio de sensores, smartphones, smartwatches e outros equipamentos também deve gerar uma quantidade quase infinita de dados. Eles podem facilitar a mitigação de riscos.
Experiências neste sentido estão sendo desenvolvidas em todo o mundo por seguradoras, resseguradoras e insurtechs. Em contrapartida, trazem resultados interessantes em áreas como o transporte marítimo, riscos de responsabilidade civil e acidentes de trabalho.
Empresas como a Munich Re e a Argo adquiriram insurtechs para expandir suas capacidades nesta área.
Outras, como a Ascot e sindicatos do Lloyd’s de Londres, estão desenvolvendo parcerias com empresas tecnológicas especializadas na internet das coisas.
Internet das coisas: bilhões de conexões
Mas o mercado ainda está buscando as formas mais eficientes de introduzir uma tecnologia que está muito na moda. Porém, cuja utilidade ainda precisa ser plenamente apreendida por gestores de riscos e seguradores.
“A internet das coisas tem potencial. Mas o mercado ainda não concebeu uma aplicação definitiva da tecnologia”, disse Werner Rapberger, diretor da área de seguros na consultoria Accenture na Suíça.
O potencial da internet das coisas fica clara nos números envolvidos. Estima-se que, em 2020, 25 bilhões de equipamentos estarão conectados à internet. São computadores, smartphones e tablets e até sensores industriais e eletrodomésticos, entre muitos outros.
A empresa de pesquisa IHS Market acredita que este número chegará a 125 bilhões por volta do ano 2030.
Empresa usa e gera dados
Uma boa parte desses equipamentos são utilizados por empresas em suas linhas de produção, em cadeias de suprimento ou transporte de mercadorias.
Cada vez mais, empresas também se valem de equipamentos conectados para aprender mais sobre o comportamento e o estado de saúde de seus funcionários.
Isso significa que uma quantidade gigantesca de dados estará sendo gerada. Relatório do Lloyd’s de Londres e da University College London, da Grã-Bretanha, observa que a internet das coisas permitirá ao mercado de seguros capturar uma quantidade de informações jamais imaginada.
Sob o mesmo ponto de vista, sabendo utilizá-la, essa riqueza de informações sobre ativos físicos e indivíduos cobertos pelo seguro gerará sistemas de avaliação de riscos mais acurados e flexíveis. Isso permitirá, no futuro, uma precificação mais apurada das apólices de seguros.
Gestão de risco
Porém, mais importante, é a capacidade que estes artefatos oferecem de rastrear ativos segurados. E assim também encontrar padrões de ocorrência de sinistros que podem ser tratados com antecipação, evitando que as perdas ocorram em primeiro lugar.
Por outro lado, o mesmo acontece com os acidentes de trabalho. Já que equipamentos como sensores nos capacetes ou cintos de segurança permitem descobrir outras situações. Por exemplo, em que os trabalhadores do setor de construção tendem a sofrer contusões.
Para Rapberger, é justamente esta capacidade de entender o comportamento de ativos e pessoas que oferece a grande promessa da internet das coisas.
Uma vez que seguradoras e resseguradoras tiverem uma quantidade suficiente de informações em seus bancos de dados, elas poderão trabalhar com os compradores de seguro. Dessa forma, o objetivo é mitigar as exposições de riscos e criar coberturas customizadas a preços mais aceitáveis, opina Rapberger.
Desafios da internet das coisas
Frank Neugebauer, sócio na consultoria tecnológica americana Capco, acredita que a internet das coisas pode ajudar as empresas. Por exemplo, a mitigar as perdas que sofrem com processos por lesões corporais sofridas por funcionários ou clientes em suas premissas.
Não se trata de um risco desprezível. Os Estados Unidos vivem uma onda de indenizações milionárias concedidas por tribunais a vítimas de acidentes. E a moda está se espalhando por outros países.
“O maior potencial da internet das coisas está nas áreas de lesões corporais e responsabilidade civil”, afirmou.
Neste caso, os chamados wearables, artefatos conectados como smartwatches e roupas de trabalho equipadas com sensores, coletam informações biométricas. Assim como os movimentos dos funcionários com o fim de orientar ações de gestão de riscos para evitar novos acidentes.
“Os wearables já são frequentemente utilizados em ambientes industriais para assegurar que as pessoas estão se movendo de uma maneira que é consistente com a forma que deveriam estar se movendo”, observou Neugebauer.
Ele alertou porém que não se deve utilizar esta tecnologia para punir quem não está fazendo as coisas do jeito certo. O objetivo deve ser identificar e corrigir comportamentos; não os punir.
Desafios
A internet das coisas, no entanto, também cria desafios para as empresas que utilizam a tecnologia. Por exemplo, na questão da proteção dos dados de terceiros.
Assim, as empresas devem estar atentas para obter a autorização de seus funcionários para utilizar os dados coletados. Da mesma forma, compartilhá-los com parceiros como corretores e seguradoras.
Caso contrário, correm o risco de escorregar em alguma das muitas leis de proteção de dados que estão sendo aprovadas mundo afora, inclusive no Brasil.
Neugebauer observou que o uso de wearables para monitorar os funcionários pode gerar protestos de sindicatos e grupos de defesa dos direitos dos trabalhadores.
No caso das seguradoras, Rapberger notou que os próprios clientes podem se mostrar relutantes em compartilhar seus dados de forma mais ampla com seus subscritores.
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