Indústria dos seguros teme sua própria dificuldade para mudar
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- Rodrigo Amaral
- 7 de junho de 2017
- Sem categoria
Em pesquisa encomendada pela PwC, participantes criticam falta de rebolado na hora de se adaptar a novas tecnologias e hábitos de consumo
A gestão das mudanças tecnológicas e estruturais do mercado é o maior desafio enfrentado pela indústria dos seguros em todo o mundo. É o que aponta uma pesquisa encomendada pela consultoria PwC.
O relatório Insurance Banana Skins (As Cascas de Banana do Seguro), que é realizado a cada dois anos, também posiciona os riscos cibernéticos. Assim como a adoção de novas tecnologias, entre os três principais temas que necessitam a atenção da indústria neste momento.
O resultado reflete o estado de transformação em que os seguros se encontram atualmente. Em 2015, a gestão de mudanças ocupava apenas a sexta colocação do ranking. Enquanto os riscos cibernéticos ficaram em quarto. E a adoção de novas tecnologias nem aparecia entre as “cascas de banana” do setor
Contudo, as preocupações variam dependendo das regiões e setores onde os respondentes estão baseados.
Por exemplo, entre as empresas latino-americanas, a performance dos portfólios de investimentos ficou no topo da lista. Quem sabe devido a temores quanto ao modesto desempenho recente das economias da região. E, no caso específico do Brasil, o início do ciclo de redução das taxas de juros. Os juros altos salvaram os resultados de muitas seguradoras do país nos últimos anos. Dezoito empresas brasileiras responderam ao questionário.
As seguradoras de vida listaram como maior risco as baixas taxas de juros dos países desenvolvidos. Isso prejudica sua capacidade de obter rendimentos capazes de cobrir seus compromissos de longo prazo. Já as de não-vida escolheram as novas tecnologias. E as resseguradoras, as ameaças cibernéticas.
Duro de mudar
Dessa forma, as mudanças que preocupam as seguradoras, resseguradoras e corretores dizem respeito não só ao impacto das novas tecnologias. Mas também aos novos hábitos dos consumidores.
“São muitos os desafios”, afirma o relatório. “Mercados que se transformam rapidamente. Expectativas mais altas dos consumidores. Bem como novos canais de distribuição, ameaçam o modelo de negócios tradicional do seguro. Isso ao tempo que os atuais incumbentes, freados por antigos sistemas e modos de pensar, têm dificuldade para inovar em um ambiente que não lhes é familiar.”
A falta de rebolado da indústria foi motivo de especial crítica por parte de muitos entrevistados. Eles usaram termos como “lentidão glacial” para descrever a capacidade do setor de reagir a mudanças.
“O principal risco que a indústria enfrenta é a irrelevância”, alertou um respondente.
Exemplos de novas tecnologias que preocupam o setor incluem os automóveis sem motorista. Assim como a internet das coisas. A inteligência artificial e avanços da genética e telemática, entre outros, também são citados.
Tais mudanças devem atingir tanto a organização das empresas do setor, quanto o seu balanço. Já que devem influenciar a frequência e valor dos sinistros sofridos pelos clientes.
Da mesma maneira, no campo comportamental, os participantes dizem que as novas gerações parecem menos dispostas a comprar apólices de seguro, e as empresas do setor não estão conseguindo adaptar seus canais de distribuição aos hábitos destes novos consumidores.
Riscos cibernéticos
Os riscos cibernéticos foram os que receberam o maior número de avaliações máximas de severidade dos participantes e estão no topo da lista em todas as regiões pesquisadas.
A única exceção foi a China, onde os participantes da pesquisa avaliaram o risco cibernético como uma ameaça pouco importante em seu mercado.
Vários respondentes disseram que é só uma questão de tempo até que alguma seguradora seja alvo de um grande ataque de hackers, com um impacto catastrófico no mercado.
Os principais focos de preocupação são o roubo de dados de clientes e o sequestro dos sistemas, além da contaminação dos bancos de dados das empresas do setor e o furto de propriedade intelectual.
E isso sem começar a falar sobre a dificuldade do mercado em fornecer coberturas de risco cibernético a seus clientes e as elevadas perdas que o setor pode sofrer em indenizações em caso de um evento cibernético catastrófico.
O terceiro principal risco também está envolvido com tecnologia. Os respondentes expressaram preocupação quanto à capacidade do setor de modernizar seus sistemas. Entre os seguradores não-vida, a possibilidade de defasagem tecnológica foi a “casca de banana” que ficou em primeiro lugar no ranking.
O estudo foi realizado pelo Centro para o Estudo das Inovações Financeiras, CSFI na sigla em inglês, um think tank sediado em Nova York, a pedido da PwC. Clique aqui para baixar o estudo em inglês.
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