Guia chega em boa hora para disseminar gestão de riscos
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- Rodrigo Amaral
- 2 de junho de 2017
- Sem categoria
Publicação do IBGC ressalta importância da função para as empresas; segundo coordenadora, aumenta conscientização sobre o tema

Considerando as práticas empresariais que foram reveladas nos últimos anos por investigações como a Operação Lava Jato e a Operação Carne Fraca, o guia chega em boa hora,. Deveria ser levado a sério pelos proprietários e administradores de empresas.
O guia, chamado Gerenciamento de Riscos Corporativos, destaca a importância da função e a necessidade de abordar o tema de uma forma holística. Dessa forma, integrando todos os desafios enfrentados pela organização. E não os dividindo em segmentos. Por exemplo, colocando ênfase em alguns riscos e ignorando outros.
Assim pode-se evitar erros como os cometidos pela Petrobras. Cuja gestão de riscos operacionais na extração de petróleo detém boa reputação no mercado. Porém, a detecção de riscos de compliance mostrou-se no mínimo insatisfatória.
Para não falar de casos como a Odebrecht e a JBS. Cujas falhas na identificação de riscos de corrupção por parte de seus próprios diretores ajudou a fazer com que a reputação de ambas empresas fosse para o brejo.
O documento pode ser baixado através da página do IBGC na internet (clique aqui). Pode não ser uma má ideia imprimir o guia e deixar uma cópia na mesa de seu chefe.
Aumento do interesse
Uma das observações feitas pelos autores do guia é que a gestão de riscos ganhou muita força nos Estados Unidos. Principalmente no começo dos anos 2000. Foi uando escândalos como os da Enron e da WorldCom colocaram em evidência os estragos que a má gestão corporativa pode trazer para acionistas, consumidores e a economia em geral.
É impossível não fazer o paralelo com a situação atual no Brasil. Além dos casos de corrupção citados acima, eventos como a tragédia de Mariana, em que o vazamento de lama de uma barragem da Samarco causou dezenas de mortos e enorme destruição ambiental, têm ilustrado o quanto as empresas nacionais ainda estão atrasadas no tema da gestão de riscos.
Contudo, a situação pode estar mudando. É o que aponta Mercedes Stinco, coordenadora da Comissão de Riscos Corporativos do IBGC.
“A procura sobre a temática do gerenciamento de riscos se intensificou muito nos últimos dez anos”, afirmou. “Mas ainda há muito espaço para crescimento.”
Este é o segundo guia lançado pela comissão do IBGC sobre o tema. O primeiro foi publicado em 2007, agregando o conhecimento acumulado por legislações como o FCPA americano e as regras de gestão de riscos para entidades financeiras do Banco Central, além das normas então recomendadas pela americana COSO.
Novos riscos
Desde então, muita coisa mudou. Na época, mesmo a norma ISO 31000 sobre a gestão de risco ainda estava em processo de elaboração, lembra Stinco. Novos riscos, como os cibernéticos e os reputacionais, ganharam espaço na agenda das empresas. O Brasil aprovou normas de governança mais rígidas, incluindo a Lei da Empresa Limpa, em 2013.
“Antes havia uma tendência a segmentar os riscos em categorias, como os riscos financeiros, de crédito e operacionais”, disse Stinco. “Mas hoje está claro que o gerenciamento de riscos é muito mais abrangente.”
A necessidade de prestar atenção nos riscos corporativos se tornou ainda mais premente com os escândalos de corrupção e o desastre da Samarco. O efeito das redes sociais sobre a reputação das empresas também entrou na agenda de todo o mundo, e o ataque com o vírus WannaCry ajudou a concentrar o foco dos dirigentes quanto ao risco cibernético, algo que até pouco tempo atrás, observa Stinco, muita gente ainda parecia achar que era algo que “só acontecia lá fora”.
Resistência
“A esperança é que estamos aprendendo”, disse ela. “Dando dois passos para a frente e um para trás, mas aprendendo.”
A percepção do IBGC é que as empresas do Rio de Janeiro e de São Paulo são as que mais avançaram na adoção de conceitos de gestão de risco, mas o restante do país também está começando a se desenvolver.
Novos profissionais que estão entrando no mercado mostram interesse sobre o tema, que também está ganhando espaço na formação de conselheiros, segundo Stinco.
Tudo isso ajuda a minar a resistência dos antigos líderes empresariais, muitas vezes fundadores de suas próprias empresas, que tendem a duvidar que as formas de fazer negócio que sempre utilizaram já não têm a mesma eficiência de antanho.
“A resistência existe, mas era maior no passado”, disse Stinco. “As novas gerações que estão entrando nas empresas familiares já têm uma visão diferente.”
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