Perdas em alta ameaçam capacidade em D&O
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- Rodrigo Amaral
- 25 de maio de 2015
- Sem categoria
Clientes tendem a pedir ampliação de limites de cobertura. Lloyd's vê oportunidade para estrangeiras

O mercado de seguro D&O pode sofrer falta de capacidade no futuro próximo, de acordo com um membro do mercado do Lloyd’s.
Darren Powell, executivo da resseguradora Allied World, disse à Risco Seguro Brasil que recentes perdas registradas no Brasil, por exemplo entre as empresas envolvidas no escândalo da Petrobras, podem elevar os limites pedidos por clientes até níveis que o mercado local não será capaz de absorver.
A situação se complica porque a legislação brasileira de resseguros exige que ao menos 40% dos riscos de uma seguradora ou de um cliente que recorra diretamente ao mercado de resseguros sejam oferecidos primeiramente a resseguradoras locais.
Somente depois que ficar comprovado que não há apetite para tomar esta parcela do risco localmente é que uma parcela maior do que 60% pode ser transferido para os mercados globais, onde a capacidade é mais abundante.
“O que vai acontecer se você só consegue encontrar limites de no máximo US$ 150 milhões, mas necessita transferir US$ 500 milhões ao mercado de resseguros? Se você tem que encontrar um ressegurador local que fique com 40% deste risco, a operação pode não funcionar”, disse Powell.
Oportunidades
O resultado pode ser a criação de oportunidades para resseguradoras internacionais.
“Nós sempre vimos a linha D&O como uma oportunidade no Brasil, mas durante muito tempo não houve grandes perdas no segmento. Como resultado, os preços não estavam nos mesmos níveis dos Estados Unidos ou da Europa”, afirma o executivo.
Na opinião dele, porém, a situação está mudando, e a demanda por coberturas e limites mais elevados tende a se acelerar.
“O volume de pedidos de informação que temos recebido de clientes brasileiros tem aumentado muito na esteira do caso Petrobras. O mercado está muito mais consciente da necessidade de cobertura.”
Distorções
O caso Petrobras também está colocando em evidência algumas distorções que precisam ser corrigidas no mercado de D&O brasileiro, de acordo com especialistas.
Participantes de um debate no 4º Encontro do Resseguro organizado pela Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização, CNSEG, em abril no Rio de Janeiro, criticaram, por exemplo, práticas relaxadas de subscrição que por muito tempo persistiram no mercado.
Segundo os experts, apólices com abrangência de cobertura excessiva criaram situações em que mesmo réus confessos — uma vez que entraram em acordos de delação premiada — têm o pagamento dos custos legais discutidos para serem pagos.
Rosangela Tito, gerente de Riscos Financeiros no IRB Brasil Re, disse que o seguro D&O foi “banalizado” no Brasil e cobrou critérios mais rigorosos de subscrição.
Já Gustavo Galrão, superintendente de Linhas Financeiras da Argo Seguros, observou que a sinistralidade do seguro D&O atingiu níveis recordes no Brasil nos últimos meses e que a tendência parece que não vai se reverter no futuro próximo.
Caso as previsões se confirmem, o mercado viverá uma situação em que a demanda por seguro D&O estará em alta em um momento em que as perdas aumentam e os clientes pedem limites de coberturas mais elevados. Isso tudo ao mesmo tempo que as seguradores precisam adotar uma maior disciplina na hora de aceitar os riscos de seus clientes.
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