Chegada de estrangeiras fomenta gestão de risco no agronegócio
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- Rodrigo Amaral
- 7 de abril de 2017
- Sem categoria
Gigantes internacionais têm políticas mais maduras para gerir riscos; conscientização aumenta entre as nacionais, diz Martins, da Marsh

O agronegócio é uma das locomotivas da economia brasileira. Porém, também é um setor em que a gestão de riscos e o uso de seguros corporativos ainda precisam se desenvolver.
Contudo, a chegada de um número cada vez maior grandes empresas internacionais, está ajudando a aumentar a conscientização do setor sobre a gestão de riscos. Isso s egundo Eduardo Martins, líder da área de Agronegócios da Marsh.
“No geral, as empresas estão se mostrando mais preocupadas com os riscos”, disse Martins a Risco Seguro Brasil. “O agronegócio é uma atividade de risco, com muitas exposições e bastante volátil.”
Ele notou que a segurança alimentar é uma preocupação em alta no mundo. E isso tem trazido vários grandes players internacionais ao Brasil. Especialmente de países como a China e o Japão.
Muitas entram no Brasil comprando terra para produzir e exportar alimentos para seus países de origem. Como o governo pretende liberalizar a venda de terras para entidades estrangeiras, este fluxo de produtos estrangeiros pode se tornar ainda mais firme no futuro.
Um dos lados positivos deste processo é que muitas destas empresas chegam ao Brasil com políticas de gestão de riscos mais maduras que suas rivais nacionais. Assim, podem dar um impulso ao desenvolvimento da atividade no setor.
“Essas empresas em geral têm a figura do gerente de riscos administrando seus riscos e programas de seguros”, observou Martins.
Seguros
O executivo disse que o mercado de seguros está buscando prover o agronegócio brasileiro. Dessa forma, com os instrumentos necessários para complementar políticas de gestão de riscos mais eficientes.
“Antes, o mercado era muito voltado ao produtor rural, que compra um produto de seguros de prateleira. E não atendia a necessidade do lado corporativo”, disse. “Agora estão sendo lançados produtos como o seguro paramétrico, que atende bem mais as necessidades corporativas.”
A Mapfre, com sua parceira com o Banco do Brasil, segue sendo de longe a principal player do setor. Isso devido à sua forte presença no seguro rural. Mas outras empresas, como Swiss Re CS e Allianz, também são ativas no agronegócio. Já a Tokio Marine acabou de entrar neste mercado. Assim reforçando a oferta para as empresas do setor, disse Martins.
Conforme Martins, “O setor está chamando a atenção das seguradoras por seu potencial de crescimento”. “No Brasil, apenas 14% do agronegócio tem algum seguro para cobrir riscos inerentes ao negócio. Nos Estados Unidos, 90% da lavoura está protegida contra algum tipo de risco.”
A Marsh criou uma área especializada em agronegócios no começo de 2016. Dessa forma, aglutinando o atendimento às empresas que atuam no setor.
A ideia é oferecer atendimento especializado a toda a cadeia de valor. Isso significa desde companhias que fornecem insumos como os fertilizantes, sementes e defensivos agrícolas, até as agroindústrias e as empresas de trading.
“Enxergamos uma necessidade de soluções corporativas em um setor onde as soluções de seguros sempre foram muito voltadas ao produtor rural”, afirmou.
Nova unidade
O principal risco enfrentado pelo setor é o de eventos climáticos. Além de pragas e doenças que ameaçam a colheita. São problemas que tiveram um forte efeito no setor no ano passado.
Contudo, fatores macroeconômicos como a taxa de inflação, variação cambial e a política fiscal. Bem como a instabilidade econômica também exercem um efeito importante nos vários estágios da cadeia de produção.
É neste conjunto de riscos que entra o mercado internacional, cuja influência sobre o agronegócio foi ilustrada com força com a reação de diversos mercados, que bloquearam as importações de carne brasileira após a eclosão da Operação Carne Fraca.
O terceiro pilar das ameaças enfrentadas pelo setor é constituído pelos riscos operacionais. Neste âmbito, Martins ressalta a logística como um fator que costumeiramente traz dores de cabeça para as empresas de agronegócio.
“Estima-se que as perdas de transporte sofridas pelo agronegócio cheguem a US$ 4 bilhões por ano”, afirmou o executivo. “Isso acaba encarecendo toda a cadeia de valor.” Segundo Martins, os riscos logísticos equivalem a 15% do faturamento das empresas de agronegócio brasileiras. Nos Estados Unidos, o número é menor que 9%.
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