É preciso mudar em 2017, um ano em que otimismo soa a desvario
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- Os editores
- 22 de dezembro de 2016
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Vira o ano, mas seguem os desafios; governo, economia e contexto externo são fontes de instabilidade, mas empresas podem fazer sua parte implementando gestão de riscos e compliance para valer
Demorou, mas parece que 2016 finalmente está chegando ao fim. Imbuída de espírito natalino, Risco Seguro Brasil deseja um feliz 2018 a todos seus leitores!
2018? O salto bienal não se deve à conhecida falta de familiaridade dos jornalistas com as nuances da matemática. Estamos aplicando aqui um ensinamento de Carlos Heitor Cony, um dos próceres da profissão. Anos atrás, Cony observou em uma crônica que é importante, sim, ser otimista. Mas o otimismo necessita ter fundamento, sob o risco de se mostrar puro desvario.
E desvario parece ser a definição aplicada a qualquer migalha de otimismo com relação ao ano que começa. Os motivos para receber 2017 com vários pés atrás são inúmeros. A economia se arrasta. As tais reformas estruturais acontecem na base do conta-gotas. As empresas estão endividadas até o pescoço, e está difícil levantar crédito fresco. O desemprego está em alta, e as famílias cada vez menos conseguem pagar suas contas. A Justiça não para de revelar os podres da política e do empresariado, e logo-logo vamos conhecer o conteúdo integral da “delação do fim do mundo”, que ameaça o que sobra dos pilares da democracia brasileira. Todo mundo está consciente dos problemas, menos a rapaziada de Brasília, que parece que tem alergia a fazer alguma coisa direito. Para completar, começa-se a ouvir o retinir dos sabres nas páginas de opinião da imprensa conservadora.
O Brasil, portanto, como já aconteceu tantas vezes, periclita. Mas a gente sempre tem o conforto de que lá fora, pelo menos, a turma costuma manter a cabeça no lugar. Desta vez vamos ter que nos virar sem este consolo. Desde o exterior, o ano novo nos traz embates como Donald Trump x China, Reino Unido x União Europeia, Rodrigo Duterte x direitos humanos. Para não falar no risco de guerras comerciais, um terrorismo cada vez mais imprevisível e a tragédia sem fim da Síria. A Argentina não sai do lamaçal, os mexicanos olham para o Brasil com inveja (!!) por não contar nem mesmo com uma Lava Jato, e evitemos falar do venezuelano Nicolás Maduro. O que mais nos prepara este temível 2017? Marine Le Pen? Beppe Grillo? Uma invasão de gafanhotos mutantes alienígenas armados de mandados de condução coercitiva?
Xô, 2016. E 2017, veja lá o que nos vai aprontar.
O que parece claro é que não vai faltar no Ano Novo trabalho para os profissionais que lidam com os vários tipos de riscos enfrentados pelas empresas. Ajudar a este valente colegiado é a missão de Risco Seguro Brasil, e por isso listamos abaixo nossos votos para o ano que se aproxima:
– Que a gestão de riscos e o compliance entrem de vez na agenda dos conselhos das empresas brasileiras;
– Que os sistemas de gestão de riscos e os programas de compliance sejam para valer, e não um punhado de boas intenções puramente alardeadas para fins de marketing;
– Que o setor público comece a levar a sério a necessidade de gerir o risco e fomentar a cultura do seguro no Brasil;
– Que a regulamentação do setor de seguros seja razoável e moderna e atenda às necessidades reais dos compradores das apólices;
– Que a Susep seja isolada de influências políticas e desenvolva cada vez mais o caráter técnico e dialético de que o mercado necessita;
– Que os quadros da Susep admitam a possibilidade de que há conhecimento válido sobre o seguro espalhado no mercado, tanto no Brasil quanto no exterior;
– Que as seguradoras introduzam no mercado brasileiro uma quantidade cada vez maior de soluções inovadoras que já comercializam em outros países;
– Que a gestão de riscos cibernéticos se consolide tanto no setor privado quanto no público;
– Que ao IRB Brasil e ao restante do setor ressegurador lhes seja permitido desempenhar sua função de estabilizadores do mercado de forma rentável e sem ingerências políticas ou regulatórias;
– Que o mercado se estabilize em condições favoráveis tanto para compradores quanto para os subscritores de riscos, e que as coberturas continuem disponíveis para as empresas;
– Que riscos regulatórios, políticos, jurídicos e de infraestrutura, além de outros entraves à atuação das empresas, sejam mitigados (ou ao menos não piorados) pela ação do governo;
– Que as empresas sejam menos dependentes do governo, e que o governo as deixe em paz;
– Que os outros países parem de aloprar, já que temos plena capacidade de dar tiros nos nossos próprios pés;
– Que a economia comece a sair do buraco;
– E que a turma de Brasília pare de jogar contra. Não precisa ajudar. Não atrapalhando já está bom.
O período de virada de ano tradicionalmente simboliza um recomeço, então não está totalmente fora de lugar esperar que, em 2017, alguns desses desejos se transformem em realidade. De qualquer maneira, ficam aqui os nossos votos de um feliz Natal e um Ano Novo melhor que o malfadado 2016.
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