Denúncias internas estão em alta, diz pesquisa internacional
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- Rodrigo Amaral
- 10 de novembro de 2017
- Sem categoria
Mas escritório de advocacia alerta que cultura das empresas continua sendo um obstáculo para más práticas venham à tona
O hábito de denuncias de irregularidades ou más práticas cometidas no ambiente de trabalho está em alta no mundo. Porém, ainda esbarra em obstáculos como a cultura das empresas. É o que diz um escritório de advocacia internacional.
Pesquisa da Freshfields Bruckhaus Deringer com 2.500 administradores de empresas na Europa, Estados Unidos e Ásia mostrou que 47% dos entrevistados se engajaram ou testemunharam denúncias em suas empresas.
O número representa um claro avanço sobre a pesquisa anterior, feita em 2014. Foi quando 34% dos entrevistados responderam positivamente à pergunta.
O aumento foi comprovado em todos os países pesquisados. Com exceção de Hong Kong. Na Alemanha foi especialmente notável. A proporção de administradores envolvidos em casos de denúncias de más práticas passou de 29% para 54% em apenas três anos.
Os casos mais comuns de denúncias se referem a atos criminosos. Obteve 57% das respostas positivas. Enquanto que 53% disse ter sabido de denúncias sobre ameaças à saúde ou integridade física de funcionários.
Ao mesmo tempo, porém, quase um de cada cinco respondentes afirmaram que esperariam receber tratamento menos favorável da empresa. Por exemplo na hora de receber uma promoção ou um bônus, após realizar uma denúncia.
E 55% afirmou que receios ligados ao futuro de sua carreira fazem com que as pessoas hesitem antes de denunciar más práticas nas empresas.
Apoio da chefia
Um importante fator para que os funcionários se sintam motivados a denunciar atos que podem ser nocivos à empresa é estar seguro do apoio da direção. Segundo a FBD, neste quesito também houve algum avanço. Isso globalmente e nos últimos três anos.
Quase um de cada quatro respondentes confirmaram o apoio da chefia. Contra 13% em 2014. Ao mesmo tempo, apenas 4% disseram que a alta direção ativamente impede a ação de denunciantes, contra 11% três anos atrás.
Mas a situação varia de país a país. No Reino Unido, em 2014, 51% dos entrevistados afirmaram que a chefia dava apoio aos denunciantes. Neste ano, a proporção caiu para 38%.
Na Alemanha também houve regressão na percepção de apoio, passando de 37% para 21%.
Por outro lado, a França, que recentemente aprovou leis que visam proteger os denunciantes, viu um forte aumento na percepção de que os chefes querem conhecer eventuais irregularidades. Enquanto em 2014 só 26% responderam que esse era o caso, o número chegou a 53% na pesquisa mais recente.
Incentivos
A FBD argumenta que as denúncias internas são uma ferramenta essencial para garantir que as empresas estão em conformidade com as regras, evitando dores de cabeça regulatórias ou até mesmo criminais no futuro.
Mas há dúvidas quanto às melhores maneiras de incentivar que as pessoas botem a boca no trombone.
Uma possibilidade é oferecer incentivos financeiros para quem denuncia. Nos Estados Unidos, a ideia, já praticada por órgãos como a SEC (a CVM americana) e o IRS (o equivalente à Receita Federal), recebe apoio de 21% dos respondentes.
Mas, globalmente, 40% dos entrevistados acredita que incentivos financeiros podem levar a falsas denúncias. Uma proporção parecida (36%) de fato vê tal medida como contraproducente, temendo que ela poderia minar a confiança mútua entre os membros da organização.
Outro tema espinhoso é o do anonimato dos denunciantes. Enquanto especialistas dizem que a garantia do anonimato é essencial para que as pessoas se animem a denunciar, há obstáculos práticos à sua implementação, especialmente entre as pequenas empresas.
Talvez seja por isso, segundo a FBD, que 60% dos respondentes afirmaram que é importante para as organizações conhecer a identidade dos denunciantes. Ao mesmo tempo, 46% disseram que um dos riscos dos canais de denúncia é que os empregados abusem do sistema e façam acusações através dele.
Mas 55% admitiram que seus colegas podem desistir de fazer denúncias sem uma garantia firme de que suas identidades não serão reveladas.
Clique aqui para ler o relatório em inglês.
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