Internet das coisas: o impacto no mercado de seguros
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- Rodrigo Amaral, rodrigo@riscoseguro.com.br
- 12 de junho de 2019
- Sem categoria
A internet das coisas pode mudar o mercado de seguros. Um exemplo é o trabalho da Concirrus, uma insurtech britânica que está colaborando com vários subscritores do mercado londrino, além de corretoras como a Marsh e a Willis Towers Watson.
A Concirrus desenvolveu um sistema de coleta de informações sobre navios cargueiros. O sistema está ajudando as empresas a entender melhor os riscos marítimos. Assim, espera-se, deve dar lugar a processos mais eficientes de subscrição.
O sistema criado pela empresa se baseia na coleta de informações obrigatórias que os navios têm que enviar à Organização Marítima Internacional, mais conhecida como IMO na sigla em inglês.
Sensores
As informações são enviadas à IMO a cada 15 minutos. Isso a partir de cada navio que está em trânsito, por meio de sensores conhecidos como transceptores AIS.
Trata-se de uma legislação já consolidada no setor. Sob o mesmo ponto de vista, Andrew Yeoman, CEO da Concirrus, afirmou a Risco Seguro Brasil que, através desses sensores, o setor marítimo já vinha utilizando a internet das coisas muito tempo antes de que o conceito se tornasse moda.
Com acesso aos dados de geolocalização e outras informações sobre cada navio em circulação, a Concirrus elaborou um software que faz sua coleta e análise. O software armazena as informações em um sistema na nuvem.
Os clientes da empresa podem, então, ter acesso a esses dados. Dessa forma, analisá-los a partir de cerca de 3.000 variáveis diferentes, segundo a classificação das informações feita pelo software.
Com isso, segundo Yeoman, os subscritores têm a oportunidade de realizar uma análise mais detalhada dos riscos marítimos que chegam à sua mesa.
Informação muito nova
“Uma informação que as seguradoras jamais tiveram dizia respeito ao comportamento dos ativos”, disse Yeoman.
“Se elas puderem ver como os ativos se comportam, elas podem então segmentar o seu portfólio de riscos de uma maneira mais eficiente. Portanto, podem definir os preços das coberturas de acordo com este comportamento.”
As variáveis que podem ser analisadas incluem dados como a localização dos navios quando há um sinistro. Igualmente os portos que eles visitam. Assim como a operação dos motores, o estado dos carregamentos, a temperatura dos locais onde as mercadorias estão armazenadas, a atividade da tripulação, entre outras.
Cadeia do seguro, natureza do risco
Para Yeoman, os benefícios dessa tecnologia podem ser sentidos em toda a cadeia do processo de seguro. Em contrapartida, ela permite que subscritores, corretores e clientes tenham um diálogo mais aberto a respeito dos riscos transferidos.
“Os corretores podem discutir com seus clientes a respeito das rotas de navegação. Se os navios trafegam por áreas de conflito, se eles estão conformes às leis de sanções comerciais. Assim como seus navios se comparam com os da competição”, disse Yeoman.
“E os seguradores são capazes de observar se um volume elevado de sinistros acontece em lugares determinados”, completa. “Ou depois que os navios param em alguns portos específicos etc. Eles podem conversar com os corretores e entender o que está passando.”
Os resseguradores marítimos, por sua vez, podem entender melhor a natureza dos riscos que adquirem através de sistemas de frota, o que ajuda a entender melhor onde suas exposições estão mais agregadas.
Exemplos
Um exemplo prático. Uma empresa pesqueira diz à seguradora que sua frota atua em águas costeiras, mais seguras. Os sensores, no entanto, revelam que as embarcações passam muto mais tempo em alto mar, onde os riscos são maiores.
Outro. Os sensores mostram que os navios de um cliente navegam a velocidade mais elevada que os de outras companhias similares. Isso pode forçar mais os motores, aumentando os custos de manutenção.
A Concirrus já está trabalhando na área de seguros marítimos com a corretora Marsh, as seguradoras londrinas Chaucer e Antares e resseguradora Trans Re, entre outros.
Operação
A empresa também possui uma solução de monitoramento de riscos na área de seguros de automóvel e acaba de firmar um acordo com a corretora Willis Re para levar a tecnologia de internet das coisas para segmentos de resseguros especiais, as chamadas coberturas specialty.
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