Com preços em alta, mercado deve aprimorar subscrição de riscos
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- Rodrigo Amaral, rodrigo@riscoseguro.com.br
- 12 de junho de 2019
- Sem categoria
O endurecimento das condições e preços do resseguro proporcionam uma oportunidade para aprimorar a gestão de riscos do setor de seguros. Da mesma forma, descobrir quem são os subscritores que de fato vieram ao Brasil para ficar.
Esta é a opinião expressada por Eduardo Toledo, diretor presidente de Resseguros da corretora Som.us, em entrevista à RSB.
Segundo ele, ainda que o mercado brasileiro esteja menos exposto às perdas catastróficas que inverteram a tendência de queda de preços a nível global, há uma situação peculiar. À primeira vista, muitos compradores de seguro e resseguro estão vendo um aumento significativo das tarifas no mercado local.
Para Toledo, ainda que esta nova tendência coloque pressão sobre os orçamentos das empresas, ela também tem um lado positivo para o futuro do setor no Brasil.
Aventureiros
“Estes momentos de mercado duro criam condições para reeducar os clientes. Da mesma forma para trazer-lhes para uma realidade da percepção verdadeira de seus riscos e a precificação real desses riscos”, disse Toledo.
“No mercado duro não existem tantos aventureiros que vêm aqui sem conhecer o negócio. Assim, sem um histórico de perdas, botam a taxa lá embaixo e, depois de dois anos, sofrem sinistros e saem do mercado.”
Com menos players espremendo os preços, as resseguradoras que realmente prezam seus resultados técnicos tendem a encontrar mais oportunidades, observou.
“É um momento positivo para os resseguradores internacionais investirem no Brasil. Com mais capacidade em condições condizentes com o risco e pedindo contrapartidas em termos de gerenciamento de riscos, mitigação, sistemas operacionais etc”, disse Toledo.
Subscrição pode melhorar
Da mesma forma, na visão do executivo, o longo período de preços baixos a nível nacional e global fez com que houvesse um certo relaxamento nos processos de subscrição. Igualmente com algumas empresas tomando mais e piores riscos do que deviam.
“O nível de subscrição caiu muito no mercado brasileiro. Até por excesso de capacidade técnica no mercado internacional. Situação que vinha para cá de certa forma já mastigada”, afirmou. “E aqui no Brasil não se formam subscritores como deveriam se formar. Então o nível de subscrição caiu, as empresas estavam de certa forma olhando o que o vizinho estava fazendo e tentando fazer igual ou um pouco melhor.”
“São raros os casos em que se nota que houve uma subscrição do risco. Assim também que alguém dedicou tempo para fazer uma análise aprofundada, buscou mais informações sobre ele.”
A subscrição relaxada se torna mais arriscada. Porém, em um mercado em que o resseguro viu perdas significativas nos últimos anos.
“No ano passado, mesmo clientes que nunca tiveram sinistros viram um aumento significativo de seu prêmio”, disse Toledo. “O mercado colapsou, teve prejuízos irreparáveis, e os que ficaram, se não precificarem desta forma, não sobrevivem. E, se o cliente buscar uma alternativa, vai bater no mesmo ressegurador.”
Catástrofe humana
Toledo também acredita que o mercado não é ajudado pelas carências que o Brasil. Contudo, vive em áreas como a infraestrutura e segurança pública, que complicam o trabalho de quem vive de tomar riscos.
“Nossas perdas catastróficas são a falta de credibilidade e infraestrutura. A segurança pública não existe, falta investimento”, afirmou. “E os clientes que investem, que estão preocupados com a gestão do risco, acabam sofrendo as consequências.”
“Nossas catástrofes são humanas”, concluiu Toledo.
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