Caso Petrobras impõe compliance a cadeia produtiva, diz especialista
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- Oscar Röcker Netto
- 22 de junho de 2015
- Sem categoria
Fornecedores da empresa no Brasil e no exterior terão que se adaptar a novo programa de conformidade, que deve sair depois do "turbilhão"
A cada novo capítulo, os desdobramentos da Operação Lava Jato se tornam mais e mais imprevisíveis seja no campo político ou no empresarial.
Uma coisa, no entanto, não deverá passar batida pelo maior escândalo de corrupção já revelado no país: o jeito de fazer negócios. “Não tenho dúvida que a Petrobras vai sair deste turbilhão com um programa de compliance muito, muito, muito bom”, afirmou Giovanni Paolo Falcetta, coordenador da Comissão Anticorrupção e de Compliance do Instituto Brasileiro de Direito Empresarial.
Se de fato isso acontecer, as consequências serão sentidas muito além dos escritórios, plataformas e refinarias operados pela maior empresa do Brasil. “A cadeia de fornecedores vai ter de se adaptar,” disse Falcetta durante um seminário sobre Lei Anticorrupção promovido em São Paulo pela FenSeg. A Petrobras trabalha com cerca de 20 mil fornecedores do Brasil e do exterior.
Passos concretos neste sentido já estão sendo desenhados. Até sexta-feira, dia 26 de junho, a companhia deve apresentar a seu conselho de administração as primeiras sugestões para reestruturar a governança corporativa. A ideia, por enquanto, é dar mais responsabilidade para os gerentes e tirar algum poder de diretorias (leia mais).
“Os acontecimentos recentes já mudaram a forma de fazer negócios no Brasil. Não há dúvida. O apetite de risco das empresas mudou”, avaliou Falcetta. “O quanto mudou e o quanto vai permanecer, vamos descobrir no futuro.”
O evento foi realizado um dia antes de os presidentes das construtoras Odebrecht e da Andrade Gutierrez terem sido presos no âmbito das investigações da Lava Jato — um fato novo que agravou ainda mais a crise decorrente das investigações.
De acordo com o processo da Lava Jato, desvios faziam parte do dia-a-dia de vários negócios da Petrobras. Um novo sistema de governança e compliance, mais efetivo e transparente, faz parte de um pacote de mudanças que o mercado entende como necessárias para a empresa reagir à crise atual, que tem forte impacto na economia como um todo. (Clique aqui para saber mais).
“Tem de olhar o programa de compliance como uma vantagem competitiva das empresas”, disse Falcetta, sobre o impacto no mercado em geral. “Se [o programa] rodar bem, com riscos diminuídos e decisões tomadas com base em informações, a empresa sai muito na frente.”
Para ele, a vantagem competitiva está diretamente ligada ao retorno comercial que o sistema traz para a empresa.
Um exemplo buscado fora do Brasil é ilustrativo dessa argumentação. Falcetta disse que uma grande rede varejista investigada pelo governo norte-americano gasta US$ 600 mil por dia em ações internas para melhorar suas práticas e se adaptar à lei. “Eles estão discutindo como fazer para melhorar a imagem da empresa, e não como vender mais produtos”, disse o especialista.
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