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Preço do seguro corporativo cai há 12 trimestres consecutivos, mostra Marsh

Os preços dos seguros corporativos voltaram a cair no mundo durante o segundo trimestre de 2015, de acordo com a corretora Marsh.

Foi o nono trimestre consecutivo em que se registrou uma queda média nos preços cobrados das empresas que renovaram seus programas de seguro.

Na América Latina, porém, o ritmo da redução de preços foi menos acelerado do que em outras partes do mundo, afirmou a Marsh. Mas o mercado brando tem sido mais prolongado na região, chegando a pelo menos 12 trimestres consecutivos.

As taxas cobradas por apólices de seguros de bens e propriedades caíram entre 2,5% e 5% na América Latina, enquanto que nas de seguros de responsabilidades e linhas financeiras as quedas ficaram restritas a menos de 2,5%.

A tendência é similar à do mercado norte-americano. Mas na Ásia e na Europa as taxas de seguro de bens e propriedade caíram mais de 7,5%, mesmo patamar registrado pelas linhas financeiras no mercado e britânico.

Capital abundante
Os principais motivos por trás do mercado baixista continuam a ser a abundância de capital no setor em todo o mundo e a ausência de grandes perdas catastróficas neste ano.

Alguns setores apresentaram tendência a uma situação menos favorável aos compradores, como as linhas de seguro cibernético, observou a Marsh. Mas são exceções que não invalidam o comportamento de mercado brando.

“A menos que haja uma grande catástrofe em uma região, espera-se que nos próximo 12 meses as condições de mercado continuem sendo favoráveis aos compradores”, afirmou Andrew Chester, CEO da Marsh Bowring, no estudo.

Outras tendências observadas pela Marsh incluem o aumento da procura por seguros transacionais utilizados por participantes em operações de fusão e aquisição, que estão em alta por todo o mundo.

Além disso, as grandes seguradoras estão cada vez mais segmentando seus portfólios de risco, o que lhes permite aplicar preços que, ainda que em queda, tornam algumas linhas de produtos mais lucrativas.

“Estamos vendo seguradoras na América Latina e no Caribe aumentar o seu foco na rentabilidade através de determinadas linhas de produtos, o que está levando ao lançamento de novos produtos em alguns mercados, e a retirada de produtos específicos em outros”, comentou Ricardo Brockmann, CEO da Marsh na América Latina e no Caribe.

Reservas
A continuidade das quedas de preços foi ratificada pela agência de avaliação de riscos Standard & Poor’s em um relatório sobre o setor global de resseguros de bens e responsabilidades.

“A competição por meio de preços entre resseguradoras de bens e responsabilidades tem sido acirrada nos últimos anos, e o serviço de avaliação de ratings da S&P não vê sinais de que esta tendência vai se reverter no futuro próximo”, afirmou a agência no estudo, que trata dos níveis de reserva de capital do setor.

De acordo com a S&P, a situação de algumas resseguradoras poderia se complicar porque neste ano a performance dos investimentos financeiros do setor tem sido, em muitos casos, incapaz de compensar a queda de arrecadação resultante da constante queda dos preços.

Como resultado, algumas empresas decidiram liberar parte de suas reservas de capital para alavancar seus resultados. Mas a S&P acredita que as empresas que adotaram posturas mais conservadoras nesta área tendem a ter uma performance mais sólida no futuro.

Na eventualidade de um grande evento catastrófico, as resseguradoras que foram mais agressivas na realização de reservas estão mais expostas a ver seu perfil de risco financeiro afetado pelas perdas resultantes, afirmou a agência.




Seguro ganha espaço como opção a banco para garantia judicial

Rodrigo Loureiro, da corretora Willis.
Rodrigo Loureiro, da corretora Willis.

O seguro garantia judicial vem ganhando espaço no mercado brasileiro como uma alternativa mais barata do que os depósitos e fianças bancárias exigidos pela Justiça em processos legais.

De acordo com a corretora Willis, o produto representa hoje cerca de 70% das apólices contratadas na família mais ampla do seguro garantia, cujo volume de prêmios cresceu cerca de 30% no primeiro semestre deste ano. A empresa espera que os prêmios de seguro garantia como um todo fechem o ano em R$ 1,5 bilhão, comparado com R$ 1,1 bilhão em 2014.

Como resultado, a competição está aumentando no setor, e as condições obtidas por tomadores do seguro estão cada vez mais favoráveis, segundo a Mello & Possiede, uma corretora especializada no setor.

Especialistas também dizem, no entanto, que o seguro garantia judicial ainda é um produto restrito a empresas de maior porte e que possuem uma comprovada saúde financeira, o que deixa fora do mercado milhares de clientes em potencial, especialmente em tempos de crise econômica.

“Desde o final do ano passado, o desenvolvimento do seguro garantia judicial tem ganhado maior velocidade”, disse Paulo Cezar Possiede, diretor da Mello & Possiede, à Risco Seguro Brasil.

Isso porque cada vez mais o produto está sendo aceito pela Justiça como uma modalidade de garantia de pagamentos de dívidas decorrentes de ações judiciais.

Segundo a Willis, um dos catalizadores foi a aprovação da Lei 13.043, em novembro do ano passado, que incluiu o seguro garantia judicial como uma opção de garantia a execuções fiscais. Antes disso, havia mais resistência por parte dos juízes em aceitar o produto.

“Os juízes começaram a entender o mecanismo de cobertura, de regulação de sinistros e de regulamentação”, afirmou Possiede. “Hoje o seguro garantia judicial está totalmente claro, está completamente adequado à legislação.”

Aplicação
Uma empresa pode necessitar do seguro garantia judicial quando se vê objeto de uma ação de execução fiscal por parte das autoridades.

Isso pode ocorrer em meio a ações tributárias, trabalhistas ou cíveis, sendo bastante comuns nas duas primeiras. Ações tributárias, por exemplo, já viraram parte do dia-a-dia de muitas empresas como resultado da guerra fiscal entre os Estados e a necessidade dos vários níveis de governo de aumentar seus níveis de arrecadação em tempos de aperto orçamentário.

“É muito difícil encontrar uma empresa que não tenha uma discussão tributária atualmente”, disse Possiede.

A necessidade do produto aparece quando, após uma auditoria, o fisco entra com uma ação de execução fiscal contra a empresa, que tem o direito de contestar o pagamento na Justiça.

Mas, para valer-se deste direito, a empresa precisa apresentar para a Justiça garantias capazes de cobrir a dívida discutida. Essas garantias tradicionalmente são apresentadas por meio de fianças ou depósitos bancários ou mesmo a hipoteca de bens tangíveis, como imóveis.

O problema é que cada uma dessas modalidades possui desvantagens. No caso dos depósitos bancários, por exemplo, o capital depositado fica indisponível para a empresa durante todo o período do processo, que pode durar vários anos.

Já as fianças precisam ser contabilizadas pelos bancos como operações de crédito, com a consequente necessidade de fazer as reservas de capital equivalentes. Por isso, os bancos estão cada vez menos abertos a prover este tipo de garantia, preferindo destinar seu capital a operações mais rentáveis, como empréstimos de consumo, segundo os especialistas.

Custo-benefício
O seguro garantia judicial ganhou força então como uma opção que demanda menos comprometimento de capital por parte de uma empresa, ao mesmo tempo em que os custos são menores.

Rodrigo Loureiro, diretor de Garantia da Willis, estima que o custo de uma fiança bancária varia entre 1,5% a 6% ao ano, enquanto que o seguro custa entre 0,5% a 1,5%. Em ambos os casos, o valor é pago para o banco ou seguradora durante toda a duração do processo.

É importante notar, porém, que o seguro não implica que o tomador não terá que pagar a dívida, caso venha a perder o caso na instância final da Justiça.

“O cliente não pode usar este produto para não realizar o pagamento da dívida no final do processo”, explicou Loureiro. “Se fizer isso, a seguradora vai executá-lo e cancelar a concessão de outras apólices para este cliente.”

A grande vantagem do produto, segundo ele, é possibilitar à empresa uma melhor gestão de capital e menores custos na hora de contestar ações de execução fiscal na Justiça.

“É um seguro que parece mais com um produto financeiro”, afirmou. “A seguradora possibilidade uma troca de taxa, por um custo menor e um serviço melhor.”

Restrito
Não é qualquer empresa, entretanto, que consegue ter acesso ao seguro garantia judicial, apesar do crescimento do mercado, disse Possiede.

“O processo de subscrição é não só técnico, mas também financeiro”, afirmou. “Quem realmente tem acesso a este seguro no mercado é a média empresa para cima.”

Isso porque a seguradora analisa o risco de o cliente não pode pagar a dívida decorrente de uma decisão negativa tomando em conta um prazo relativamente longo. Em média, a capacidade de pagamento do tomador será projetado em um período médio de cinco anos

A avaliação do cliente leva em conta sua possível solvência neste período, além da análise de desempenho da empresa nos últimos três anos, explicou Possiede.

“Uma empresa de pequeno porte, com uma estrutura contábil e financeira não muito forte, com um capital social pequeno, uma conta patrimonial baixa e alguns índices de liquidez não muito satisfatórios certamente vai ter dificuldade de obtenção do seguro”, afirmou.

A situação pode mudar, porém, já que em mercados mais maduros há maior chance de obtenção de este tipo de cobertura por empresas de menor porte, segundo o corretor.




Explosão em porto pode gerar uma das maiores perdas já registradas no seguro chinês

As fortes explosões que atingiram o porto de Tianjin, na China, podem custar cerca de US$ 1,5 bilhão ao setor segurador, de acordo com a agência de ratings Fitch.

Segundo ela, a região de Tianjin, um dos principais centros logísticos da China, apresenta uma alta taxa de penetração de seguros, e as perdas sofridas na semana passada podem estar entre as mais elevadas já sofridas pela indústria seguradora chinesa.

Uma série de explosões ocorreu no principal porto do norte da China no dia 12 de agosto, matando ao menos 114 pessoas e ferindo mais de 700.

Os prejuízos foram sofridos tanto por empresas locais como por multinacionais. Estima-se que 40% dos automóveis importados pela China, por exemplo, passem pelo porto.

Acredita-se que entre 8.000 e 10.000 veículos que estavam armazenados na região foram destruídos pelas explosões.

Segundo o site just-auto.com, A Volkswagen anunciou que perdeu 2.750 automóveis, enquanto que o número chega a pelo menos 1.500 na Renault. A Hyundai estimou que um estoque avaliado em US$ 136 milhões foi destruído, mas que o valor está totalmente assegurado, segundo o site. A chinesa Sinomach também sofreu importantes perdas, de acordo com relatos publicados na mídia internacional.

O jornal francês Les Échos, por sua vez, reportou que a Toyota e a John Deere, que fabrica máquinas agrícolas, anunciaram o fechamento provisório de fábricas que possuem na região de Tianjin.

Mais sinistros
A Fitch anunciou em um comunicado que as perdas cobertas pelo mercado de seguro podem atingir entre US$ 1 bilhão e US$ 1,5 bilhão. A agência espera que o volume de sinistros reportados às seguradoras aumente consideravelmente nas próximas semanas.

A magnitude do evento poderia causar sérios danos à saúde financeira de seguradoras regionais, mais ainda é cedo para determinar se ele irá ameaçar a solvência da indústria como um todo no país, de acordo com a Fitch.

Grupos internacionais como a Allianz e a Zurich já anunciaram haver recebido entradas de sinistros, ainda que não em volumes capazes de lhes causar desconforto financeiro.

O setor ressegurador também deve ser afetado pelo evento. A Fitch estima que entre 10% e 15% dos prêmios de seguros de não-vida pertencente aos principais seguradores da região estão cedidos ao mercado de resseguros, incluindo empresas locais e internacionais.

A maior parte dos sinistros devem se originar em linhas de seguro de automóveis, cargas, responsabilidade civil e danos a bens físicos. Indenizações nas áreas de seguro médico e de vida também devem ser substanciais, disse a Fitch.

Transportes
Especialistas apontam que coberturas de seguro de transporte deverão ser acionadas para cobrir os danos sofridos por contêineres, armazéns e demais infraestrutura albergada pelo porto, incluindo trens, guindastes e gruas.

As explosões também estão causando o redirecionamento de cargas que deveriam ser desembarcadas em Tianjin para outros portos da região, causando distúrbios nas cadeias de suprimento de empresas.

Além disso, preocupação tem sido expressada por várias fontes com respeito ao potencial de poluição ambiental causada pelas explosões. Centenas de famílias que habitam áreas vizinhas foram afetadas pelo evento, perdendo sua moradia.

De acordo com o jornal The Wall Street Journal, a empresa que está no centro do episódio driblou normas de segurança.

 




Resultados de seguradoras globais indicam manutenção de ciclo

Apesar das pressões baixistas para os setores de corporativos e grandes riscos e da volatilidade dos mercados financeiros, as grandes seguradoras mundiais divulgaram no primeiro semestre resultados que apontam que o longo mercado brando vivido pela indústria ainda não chegou ao fim.

Empresas têm reportado taxas de crescimento menos aceleradas no volume de prêmios, mas níveis moderados de perdas têm evitado uma maior deterioração dos resultados.

Segundo relatório da resseguradora Swiss Re, os danos pagos pela indústria seguradora devido a desastres naturais ou causados pela ação humana chegaram a US$16,5 bilhões no primeiro semestre. O número é muito inferior à média de US$29 bilhões registrada nos últimos dez anos.

A performance dos investimentos financeiros feitos pelos grandes grupos seguradores têm sido modesta devido à volatilidade dos mercados financeiros. Mas, com perdas a níveis moderados, os dividendos pagos a acionistas mantêm o setor como uma atrativa opção para investidores, que enfrentam baixíssimas taxas de juro nos países desenvolvidos.

Em geral, a menor exuberância do setor não parece ser capaz de reverter o interesse de investidores pela indústria seguradora. A contínua entrada de capital no setor faz analistas preverem que a competição entre subscritores seguirá acirrada, gerando pressões por preços mais favoráveis aos compradores de seguro, além de mais operações de fusão e aquisição.

Uma tendência importante, porém, é que, com rendimentos financeiros mais moderados, as seguradoras estão tendo que melhorar seus resultados técnicos, reduzindo custos operacionais e elevando a qualidade dos riscos presentes em seus portfólios. Isso significa uma maior disposição a selecionar com cuidados seus novos clientes.

O que tende a tornar mais evidente algo que gestores de riscos de grandes empresas globais já vêm observando há algum tempo: o segmento de seguros corporativos está se tornando um mercado dual, com as empresas que possuem sistemas de gestão de riscos eficientes obtendo condições cada vez mais vantajosas do mercado. Aquelas que não fazem o dever de casa, porém, arriscam não obter as coberturas de que necessitam.

Oportunidades de crescimento
A suíça ACE reportou um aumento de 5,5% no volume de prêmios subscritos no segundo trimestre, comparado com o mesmo período de 2014. O total de prêmios líquidos atingiu US$ 4,28 bilhões nos seis primeiros, e o faturamento caiu de US$ 1,6 bilhão para US$ 1,53 bilhão.

Mas a ausência de perdas extraordinárias contabilizadas no ano passado fizeram com que o lucro líquido da empresa aumentasse 7,2% na comparação com o primeiro semestre de 2015, chegado a U$ 1,62 bilhão.

O resultado foi afetado pelas dificuldades no setor de seguros agrícolas, onde os prêmios baixaram 2,4% para US$379 milhões.

Mas o presidente e CEO da empresa, Ethan Greenberg, observou que “os prêmios líquidos das linhas globais de bens e responsabilidades aumentaram 6,5%, ou mais de 13% quando ajustados aos efeitos cambiais, na medida em que aproveitamos oportunidades de crescimento nos Estados Unidos, Ásia e América Latina.” No primeiro semestre, a ACE anunciou a aquisição da concorrente Chubb, em uma operação avalizada em US$ 28,3 bilhões.

Por sua vez, a francesa AXA anunciou um aumento de 1% no faturamento de suas unidades globais de seguros de bens e responsabilidades. A empresa também divulgou que os preços de linhas de seguros comerciais aumentaram em média 1,8% no primeiro semestre.

A AXAm que recentemente comprou a unidade de grandes riscos da Sul América no Brasil, ressaltou que os prêmios de bens e responsabilidades cresceram 4% em mercados de crescimento acelerado, grupo que inclui o Brasil.

Gestão de capital
Na americana AIG, prêmios líquidos nas linhas comerciais caíram 4% em comparação com o mesmo período de 2014, mas os prêmios brutos aumentaram levemente, uma vez descontado o efeito da volatilidade cambial.

Os segmentos que mais cresceram foram linhas financeiras e linhas “specialty”, enquanto que as pressões baixistas foram notáveis especialmente em seguros de bens e responsabilidades nos Estados Unidos.

Um aumento nas perdas catastróficas americanas também afetou o desempenho da empresa, que fechou o segundo trimestre com um lucro de US$1,5 bilhão, comparado com US$1,6 bilhão entre abril e junho de 2014.

A empresa ressaltou em sua apresentação de resultados que sua prioridade atual é maximizar sua capacidade de gestão de capital, incluindo a venda de ativos considerados não-essenciais para a atividade seguradora.

“Continuamos a gerir de forma proativa nossos recursos de capital por meio da compra tanto de ações ordinárias quanto de dívida”, disse Peter D. Hancock, o presidente e CEO da AIG.

Na espanhola Mapfre, o volume de prêmios de linhas não-vida chegou a €9,634 bilhões no primeiro semestre, após um aumento de 12%. Mas os lucros caíram de €458 milhões nos primeiros seis meses de 2014 para €316 milhões. A depreciação do real foi um dos fatores que afetaram a performance do grupo, já que o Brasil representa quase um quinto dos prêmios globais da empresa.

A unidade de grandes clientes corporativos, MAPFRE Riesgos Globales, postou um crescimento de 5,1% no volume de prêmios e 23% nos lucros antes de impostos.

Já a alemã Allianz divulgou que sua atividade global de seguros de bens e responsabilidades obteve um crescimento de 9,2% no volume de prêmios no primeiro semestre, com a unidade de riscos corporativos se destacando como um dos principais fatores por trás da performance.

O faturamento na Allianz Global Corporate and Specialty, AGCS, aumentou quase 66% na comparação com o mesmo período do ano passado, mas foi ajudado pelos resultados extraordinários da venda de uma linha de seguros pessoais para uma concorrente. Excluindo este fator, o crescimento dos prêmios chegou a 6,1%.




Regulamentação e economia encabeçam ameaças ao seguro global

Os temas regulatórios constituem os principais desafios para a indústria global de seguros, de acordo com uma pesquisa encomendada pela consultoria PwC.

Um cenário macroeconômico cheio de incertezas, as políticas monetárias dos países desenvolvidos e os riscos cibernéticos também fazem parte do ranking elaborado pelo Centro de Estudos de Inovações Financeiras (CSFI) um think tank nova-iorquino que é o responsável pelo estudo.

No Brasil, a regulamentação e a macroeconomia também aparecem nos dois primeiros lugares do ranking. Mas em terceiro lugar vem a preocupação com a qualidade da gestão de riscos praticado pela indústria no país, um tema que, globalmente, preocupa menos o setor.

O CSFI entrevistou 806 entidades baseadas em 54 países para elaborar o estudo, chamado Insurance Banana Skins 2015. Esta é a quinta edição do trabalho, que é publicado a cada dois anos.

Dois terços dos respondentes são do setor segurador primário, e entre eles, a maioria trabalha no setor de não-vida. Resseguradores, corretores e outros profissionais do mercado também foram entrevistados.

Segundo os autores, o tom das respostas neste ano foi mais negativo do que na edição de 2013.

Excessos regulatórios
Assim como nas suas duas edições anteriores, o excesso de novas regulamentações que estão sendo impostas à indústria seguradora em todo o mundo aparece como o tema que mais preocupa o setor.

O tema foi citado especialmente por respondentes baseados na América Latina. De acordo com os autores, esta é a região do planeta onde a indústria mais se preocupa com os riscos originados nas administrações públicas.

A qualidade da gestão de riscos e as práticas de negócios no setor também receberam destaque, subindo à terceira colocação do ranking de ameaças ao setor. Dos 94 respondentes latino-americanos, 43 estão baseados no Brasil.

Na Europa, o impacto nos investimentos das baixíssimas taxas de juros praticadas pelos bancos centrais dos países desenvolvidos aparece como a principal preocupação da indústria. Já nos América do Norte, os riscos cibernéticos, que fazem sua primeira aparição no alto do ranking, ocupam o primeiro lugar.

As opiniões se dividem globalmente porém quando o tema é a tendência para preços e condições no mercado de seguros e resseguros não-vida.

Os autores afirmam que vários respondentes acreditam que está chegando o fim do longo ciclo brando do mercado, e que os preços e condições devem se endurecer em vários segmentos no futuro próximo.

Mas também há um número significativo de participantes no estudo que veem a continuidade do atual ambiente de mercado devido à contínua entrada de novo capital na indústria de seguros e resseguros e aos modestos índices de sinistralidade.

Clique aqui para ler o estudo Insurance Banana Skins 2015 em inglês.

 




Perdas e juros baixos incentivam fusões e aquisições

O mercado de seguros e resseguros tende a continuar favorável aos compradores como resultado do contínuo fluxo de capital no setor, aliado a um cenário de perdas bastante benéfico.

Para a agência de qualificação de risco AM Best, a combinação desses e outros fatores deve seguir dando fôlego à atual onda de fusões e aquisições na indústria.

“As atividades de fusões e aquisições devem continuar nos próximos meses na medida em que (res)seguradoras cada vez mais procuram formas de dispor capital e gerar ganhos de escala”, afirmou a agência em uma nota publicada na sexta-feira, 17 de julho.

Dois fatores em especial estão alimentando este cenário. Um deles é o baixíssimo nível das taxas de juros nos países desenvolvidos.

Ao mesmo tempo em que achatam o rendimento financeiro das seguradoras e resseguradoras, os juros microscópicos tornam mais barata a captação de capital por parte de empresas financeiramente mais saudáveis que querem fazer aquisições.

Além disso, os juros baixos também fazem do mercado segurador um destino privilegiado para investidores que estão desesperados para obter qualquer tipo de retorno.

Apesar de trabalhar com margens cada vez mais reduzidas devido a uma competição acirrada e a pressão por prêmios sempre menores, a indústria vem conseguindo reportar bons resultados nos últimos anos, pagando dividendos atrativos a seus acionistas e atraindo capital.

Nos Estados Unidos, por exemplo, os seguradores P&C (de bens e responsabilidades) reportaram no primeiro trimestre deste ano um lucro acumulado de US$ 18,2 bilhões, em comparação com US$ 13,9 bilhões no mesmo período de 2014, segundo relatório da Verisk Analytic e da PCI, a associação de seguradoras P&C americanas.

Catástrofes mortais, mas pouco custosas
Um segundo fator é o nível modesto de perdas catastróficas observadas no planeta na primeira metade do ano.

Catástrofes naturais mataram 16 mil pessoas em todo o mundo no primeiro semestre de 2015, cinco vezes mais do que o registrado no mesmo período do ano passado.

O número, porém, é inferior à média de morte causadas por catástrofes naturais nas últimas três décadas, que chega a 27 mil fatalidades nos seis primeiros meses.

As estatísticas foram compiladas pela resseguradora Munich Re em seu levantamento semestral sobre o mercado global de catástrofes naturais.

O impacto econômico dos desastres, e seu reflexo no mercado de seguros e resseguros, também foi inferior à média do período nos últimos 30 anos.

Enquanto a média semestral de perdas econômicas chega a US$ 64 bilhões, nos primeiros seis meses de 2015 o valor se restringiu a US$ 35 bilhões. As perdas cobertas pelo mercado segurador se limitaram a US$ 12 bilhões, contra a média histórica de US$ 15 bilhões.

Isso porque a maior parte dos desastres ocorreu em áreas de pouco desenvolvimento econômico e escassa penetração do mercado de seguros.

O maior evento catastrófico do primeiro semestre foi o terremoto de 7,8 pontos na escala Richter que devastou o Nepal, e em especial a capital Katmandu, no mês de abril, e que foi seguido por outro tremor, de 7,3 pontos, duas semanas depois.

Mais de 9 mil pessoas morreram na tragédia, mas as perdas asseguradas se limitaram a US$ 140 milhões, de um total de US$ 4,5 bilhões em prejuízos sofridos pelo país.

Em comparação, uma série de tempestades de inverno que atingiram o Nordeste dos Estados Unidos e o Canadá em fevereiro geraram perdas asseguradas de US$ 1,8 bilhão, de um total de US$ 2,4 bilhões em prejuízos.

Empresas mais fortes
De acordo com a AM Best, os juros baixos e as poucas perdas catastróficas estão ajudando as empresas mais fortes a visar concorrentes menores ou menos especializadas para fins de aquisição.

Companhias especializadas em segmentos específicos também estão juntando forças a fim de aumentar sua capacidade e obter sinergias em termos de expertise.

Mas a agência também afirmou que um número crescente de operações envolvendo grupos de grande porte também está ocorrendo no mercado e poderiam mudar significativamente o cenário na indústria de seguros e resseguros.

Do ponto de vista dos compradores de seguros, as fusões terão um efeito ainda a ser determinando, de acordo com a AM Best.

“O comprador de seguros, em teoria, vai ter menos oferta de provedor de seguros, mas ao mesmo tempo pode se beneficiar de maior segurança por meio da compra de coberturas de uma entidade financeiramente mais sólida, com uma habilidade de subscrição altamente refinada e maior oferta de produtos”, diz a agência em sua análise.

Mercado brasileiro
A AM Best também publicou nesta semana uma nota sobre o efeito da crise econômica brasileira sobre o mercado de seguros e resseguros local.

A agência diz no texto que um possível rebaixamento da dívida soberana brasileira e outros problemas econômicos poderia ter um impacto sobre a saúde financeira do setor, já que as empresas possuem uma elevada parcela de seus investimentos em dívida do governo ou de empresas brasileiras.

Por esse motivo, a AM Best realizou uma série de testes de estresse no setor, simulando não só os efeitos de um rebaixamento da nota soberana brasileira, mas também o impacto de outros fatores negativos da economia como um todo.

O resultado foi que os ratings das seguradoras e resseguradoras brasileiras avaliadas pela agência ainda não foram afetados pelas condições econômicas adversas vigentes no país.




Regras precisam se modernizar para
 melhorar coberturas, diz Swiss Re CS

João Nogueira, presidente da Swiss Re no Brasil.
João Nogueira, presidente da Swiss Re no Brasil.

O Brasil teve importantes avanços na regulamentação do mercado de seguros, mas novas mudanças são necessárias para fomentar inovações no setor de seguros para empresas, de acordo com a Swiss Re Corporate Solutions, um dos maiores atores globais do setor.

João Nogueira Batista, o presidente da Swiss Re CS no país, disse à Risco Seguro Brasil que o processo de aprovação de novas coberturas e as regras do setor de resseguros precisam ser mais modernos para agilizar a introdução no Brasil de coberturas existentes no exterior.

“É necessário um avanço na regulamentação do setor para que possamos trazer, de forma mais ágil, as inovações de fora para o mercado local”, disse Batista. “Precisamos pensar em sistema mais moderno que harmonize os clausulados utilizados no Brasil com os utilizados mundo afora; ter maior agilidade nas aprovações pelo órgão regulador, talvez partindo para um mecanismo ‘file&use’, por exemplo; e voltar a ter a possibilidade de trabalhar com produto singular, dentre outras alternativas.”

O sistema de “file&use”, comum nos Estados Unidos, permite a seguradores começar a oferecer novas condições de cobertura de seguros antes mesmo de receber a aprovação do órgão supervisor, que posteriormente pode vetar os novos contratos caso os considere irregulares.

Já o processo de aprovação de seguros singulares vigente no Brasil até 2012 facilitava a implementação de coberturas especiais para organizações que enfrentam riscos específicos a sua atividade econômica e, portanto não encontram ofertas padronizadas no mercado. Desde que a Susep eliminou o seguro singular, gerentes de riscos de grandes empresas brasileiras se queixam da maior dificuldade em obter coberturas para riscos complexos em prazos aceitáveis.

Resseguro
Nogueira também disse que a regulamentação do mercado de resseguro tornam mais difíceis a provisão de coberturas para grandes riscos.

“Algumas regras para o resseguro acabam também limitando o acesso à capacidade total do mercado internacional para apoiar os grandes projetos”, disse o diretor da empresa suíça. “A limitação imposta ao resseguro intragrupo é ainda um tanto arcaica. A exigência de retenção mínima de 50%  dos riscos de P&C também não faz mais sentido. Já tivemos importantes avanços até aqui, mas ainda temos um bom caminho a percorrer.”

Apesar dos obstáculos ao desenvolvimento do setor, a Swiss Re CS acredita que o mercado de grandes riscos tem potencial de crescimento no país. A empresa é a unidade especializada em soluções de seguros corporativos da Swiss Re, uma das maiores resseguradoras do mundo, que também está presente no Brasil com status de resseguradora local.

“No médio e longo prazo as perspectivas são de crescimento à medida que as empresas aumentarem a sofisticação na gestão de riscos e, consequentemente, a demanda por seguros”, disse Nogueira. “Além disso, existe ainda uma defasagem nos investimentos de infraestrutura no país.”

Expertise
A exemplo de outras seguradoras globais, a Swiss Re CS aposta no potencial do mercado de grandes riscos no Brasil, diferentemente de várias rivais nacionais, que estão se concentrando em áreas de seguros de massa. Para Nogueira, a saída de empresas como Itaú Unibanco e Sul América do setor não significa que os seguros corporativos estão em baixa no país.

“O que houve recentemente no mercado brasileiro foi o desinvestimento de carteiras de grandes riscos por conglomerados financeiros”, afirmou ele. “Manter uma carteira de seguros de grandes riscos não é necessariamente a melhor utilização de capital para o banco.”

“Já no caso de empresas como a Swiss Re, cujo balanço está dedicado exclusivamente ao negócio de seguros e resseguros, a visão é diferente. Há ainda ganhos com escala no desenvolvimento e alocação de produtos, com uma maior sinergia com a operação em outros países etc.”

Por isso a Swiss Re não descarta fazer novas aquisições no país, caso a oportunidade correta se apresente.

“Nós já fizemos a aquisição da antiga UBF em 2011, seguradora especializada em garantias e seguros rurais, e desde então nossa prioridade tendo sido trabalhar com uma estratégia de crescimento orgânico, fortalecendo a carteira já existente, abrindo novas linhas de negócios e trazendo produtos inovadores para o país”, disse o executivo.

“Mas nada impede que no meio do caminho façamos outra aquisição, desde que faça sentido para a nossa operação do ponto de vista de complementariedade de produto, canal de distribuição etc.”




Risco marítimo excepcional inclui até mina perdida na II Guerra Mundial

Bombardeios em alto mar, minas submarinas, ataques de piratas e quem sabe até corsários cibernéticos. A lista de riscos cobertos pelo Garex, uma agência de subscrição sediada em Paris, é digna de filme estrelado por um Johnny Depp ensandecido.

Mas o nicho dos riscos de guerra marítimos também enfrenta desafios comuns aos muito mais pacatos setores do seguro e resseguro globais, sobretudo o longo mercado baixista e um aumento da concorrência por parte de atores não-convencionais.

Do ponto de vista dos compradores de seguro, as atividades do Garex ajudam armadores, exportadores e importadores a terem a segurança de que suas cargas podem contar com coberturas contra riscos pouco comuns, mesmo circulando em mares de alta periculosidade.

O mercado de riscos de guerra marítimos protege navios contra danos causados por bombardeios de forças militares estrangeiras, mas também contra ataques de piratas e até mesmo, como um caso recente, encontros acidentais com uma mina explosiva deixada no fundo do mar durante a Segunda Guerra Mundial.

O Garex, sigla em francês para Grupo de Seguros de Riscos Excepcionais, é uma empresa formada por sete seguradores e resseguradores que mutualizam capacidade para prover coberturas de tais riscos, que são comumente excluídos de apólices de seguro marítimo tradicionais.

A empresa celebrou em junho 35 anos de existência com uma cerimônia especial em Paris, coberta pela Risco Seguro Brasil.

Muita capacidade
“Os riscos de guerra marítimos demandam níveis de capacidade bastante substanciais, complementados por sólidos acordos de cosseguro”, disse Patrick de la Morinerie, que presidiu o Garex por duas décadas até meados do ano passado, em uma entrevista durante o evento.

A mutualização dos riscos se justifica porque os eventos cobertos pelas apólices da empresa são pouco comuns, mas tendem a demandar altas indenizações. Há notícias, por exemplo, de perdas de até 20 milhões de libras cobertas por apólices de risco de guerra.

“A ideia da criação do grupo foi de fundir a capacidade de empresas que queriam participar deste mercado. Na época, em 1980, cerca de 20 seguradores aceitaram o desafio de desenvolver este portfólio”, explicou De la Morinerie.

Com o tempo, as empresas fundadores do Garex passaram por várias fusões e aquisições até chegar à sua atual composição. O grupo é tradicionalmente liderado pela francesa Axa Corporate Solutions. Seus outros membros são as seguradoras Allianz Global Corporate & Specialty (Alemanha), Generali (Itália), Helvetia (Suiça), Mapfre Global Risks (Espanha) e Mitsui Sumitomo (Japão), além da resseguradora oficial francesa CCR. A capacidade estimada neste mercado de nicho é de 250 milhões de euros.

Piratas
Não foi só a composição do Garex que mudou nestes 35 anos. A natureza das ameaças também evoluiu consideravelmente no período. A princípio os principais sinistros do Garex envolviam o bombardeio de navios por forças militares. Este risco se tornou menos relevante nos últimos anos, mas que segue ocorrendo em regiões como o litoral da Líbia, onde petroleiros foram atacados nos últimos meses por forças que disputam o controle do país.

Com o tempo, os ataques de piratas tomaram a dianteira na lista de ameaças cobertas pelo grupo, e a própria pirataria mudou bastante nas últimas décadas.

Nos anos 80, ataques de grupos armados contra navios costumavam ter um viés político, como no caso do sequestro do transatlântico Achille Lauro pela Frente de Libertação da Palestina, em 1985. Mas nos anos 1990 e 2000, os piratas que mais alertam os armadores globais são grupos puramente movidos pelo lucro que atuam em áreas como o chifre da África e o Golfo da Guiné, no oeste africano. Tais grupos sequestram navios e pedem resgates a seus donos, ou roubam a mercadoria transportada pelas embarcações.

Ciberataques
Agora o mercado se prepara para a possibilidade de ter de cobrir ataques de piratas realizados pela internet contra navios em alto mar ou quando estão ancorados.

“Nós podemos imaginar grupos de hackers criptografando informação que é essencial para que um navio navegue”, disse o presidente do Garex, Mathieu Daubin. “Eles podem então pedir um elevado resgate para prover uma chave que desbloquearia o sistema. É um tipo de pirataria que estamos vendo com cada vez mais frequência em setores industriais e que ainda não chegou à indústria marítima. Mas é uma questão de tempo.”

Por esse motivo, já há discussões no setor para decidir se tais ataques entrariam no escopo dos riscos cobertos por empresas como o Garex. “Como o mercado vai reagir a este tipo de risco?”, indaga Daubin. “As empresas armadoras vão reter este risco, ou vão transferi-lo ao mercado de seguros? Hoje, os riscos cibernéticos são excluídos de todas as apólices de seguro marítimo. Mas podemos ver o mercado evoluindo de forma que acabe indenizando as perdas ligadas a formas modernas de pirataria.”

Qualquer risco
Hoje, segundo Daubin, o Garex cobre qualquer tipo de risco de guerra marítimo, não importa a região do mundo onde ele se localize.

O que muda, porém, são os preços e condições dos contratos. As áreas de risco estão em constante movimento, o que pode acarretar sobrepreço dependendo da rota seguida pela embarcação. Por exemplo, o Mar Negro até recentemente não era considerada uma região de riscos de guerras marítimos. Mas, com os conflitos na Ucrânia, navegar por aquela região se tornou uma atividade muito mais arriscada, acarretando portanto um prêmio mais elevado.

“Conflitos podem se mover de uma região para outra”, explicou De la Morinerie. “Às vezes, os seguradores precisam acolher riscos em uma determinada região que eles não esperavam. É por isso que, quando os níveis de ameaça aumentam em uma região em particular, os seguradores oferecem a continuidade de suas coberturas de riscos de guerra por sete ou 14 dias. Essas coberturas possibilitam que os navios trafeguem pelas novas regiões de perigo enquanto contam com uma cobertura de risco de guerra.”

Posteriormente, os novos contratos refletirão o nível de risco mais acentuado por meio de prêmios mais elevados.

Em geral, porém, como em outras partes do mercado, os seguradores de risco de guerra marítimos estão encontrando dificuldades para obter preços mais altos de seus clientes. Não ajuda o fato de que o mercado amplo de seguros marítimos é um dos que sofrem maior pressão pelo excesso de capacidade vigente no setor.

“Por muito tempo o mercado tem estado brando”, disse Daubin. “Há um excesso de capacidade em seguros marítimos, os preços estão baixando e os seguradores obtêm poucos lucros. O mesmo fenômeno acontece com os riscos de guerra marítimos. Com o problema adicional de que alguns pacotes de seguros marítimos oferecidos pelo mercado escandinavo estão incluindo prêmios para cobrir riscos de guerra a fim de compensar as baixas tarifas.”




Tokio Marine aposta em grandes riscos com investimento e novos produtos

Felipe Smith, diretor executivo da Tokio Marine no Brasil.
Felipe Smith, diretor executivo da Tokio Marine no Brasil.

A seguradora japonesa Tokio Marine está apostando no mercado de seguros corporativos brasileiro apesar do fraco desempenho da economia, de acordo com um dos principais executivos do grupo no país.

Felipe Smith, diretor executivo da Tokio Marine no Brasil, afirmou à Risco Seguro Brasil que a empresa está aberta a avaliar aquisições no mercado nacional e vai expandir sua gama de produtos no país. Ainda neste ano, uma nova oferta de seguros D&O deverá estar à disposição dos clientes brasileiros.

A empresa pretende desenvolver uma estratégia “agressiva” de crescimento no Brasil e, segundo Smith, está investindo na ampliação do negócio. “No ano passado, contratamos profissionais de peso para atuar em grandes riscos”, disse ele. “Também melhoramos nossos contratos de resseguros para aumentar a capacidade nesta área.”

Aquisições
A Tokio Marine também pode avaliar oportunidades de aquisição, de acordo com o executivo. No ano passado, a empresa participou da disputa pela área de grandes riscos da Itaú Unibanco Seguros, que acabou sendo comprada pela suíça Ace.

Desde então, o foco do grupo tem sido o crescimento orgânico, mas não foi fechada a porta para uma eventual aquisição.

“Na concorrência da Itaú, nós mostramos ao mercado que temos apetite pelo setor de grandes riscos”, afirmou Smith. “Se uma nova oportunidade aparecer, nós vamos olhar para ela.” Em termos globais, a Tokio Marine tem feito uma série de aquisições, a última em maio, quando comprou a americana HCC, especializada em seguros para empresas.

O executivo disse que os investimentos no Brasil estão dando resultados, apesar da fraca economia e o atraso nos investimentos em infraestrutura.

“Na área de infraestrutura, temos crescido bastante em seguro garantia, na qual fizemos bons negócios neste ano”, disse ele. “Em seguro de engenharia, temos alguns projetos em carteira que estão aguardando a aprovação final do regulador.”

Smith acredita que as oportunidades em seguros ligados a projetos de infraestrutura vão se intensificar no futuro, com a retomada dos investimentos na área. Enquanto isso, outras áreas seguem crescendo, como o mercado de responsabilidades.

“Temos crescido muito na área de responsabilidade civil em geral, e estamos nos preparando para lançar um produto no segmento de D&O”, afirmou Smith. “Há uma demanda enorme de nossos clientes por produtos de D&O. Por isso, estamos reforçando nosso time e com certeza no segundo semestre entraremos também nesta área.”

Clausulados
A introdução de novos produtos é vista como um desafio no mercado brasileiro devido à estrita regulamentação do setor. Mas Smith disse que é possível adaptar clausulados existentes no exterior ao mercado doméstico, ainda que algumas diferenças existam no formato final dos contratos.

“Quando o cliente compara um clausulado internacional com um clausulado brasileiro, às vezes é necessário buscar a cláusula onde um item específico foi inserido no contrato”, disse. “Isso pode causar um pouco de preocupação, mas, via de regra, o clausulado será igual no que diz respeito à cobertura.”

“A disposição do clausulado pode ser um pouco diferente, já que no Brasil é preciso adequar o contrato às normas da Susep, mas também às do Código do Consumidor e do Código Civil,” continuou Smith. “O sentido do clausulado, porém, não é prejudicado. O que pode acontecer é que a cláusula 1 de uma apólice internacional vira no Brasil, por exemplo, a cláusula 15ª, o que pode tornar um pouco difícil a comparação entre os dois clausulados.”

Confiança multinacional
A confiança da Tokio Marine no mercado de seguros corporativos contrasta com a estratégia de grandes grupos brasileiros que estão deixando este segmento para se concentrar nos produtos de seguros massivos que podem ser comercializados por meio de redes bancárias.

Smith acredita que o mercado de grandes riscos possui características específicas que beneficiam a atuação de grandes grupos multinacionais, em detrimento de empresas que têm uma presença unicamente local.

Um exemplo é a elevada utilização dos mercados de resseguros globais. Outro é a necessidade de contar com a expertise exigida para a elaboração de coberturas especiais para grandes clientes.

“O mercado de grandes riscos se caracteriza pela volatilidade. Há anos bons e anos ruins, e as empresas internacionais estão mais acostumadas a pensar no longo prazo”, disse ele. “A Tokio Marine tem uma estratégia clara de crescer fora do Japão e tem ratificado cada vez mais seu apetite por grandes riscos. Não só no Japão, na Europa e nos Estados Unidos, mas também no Brasil.”




Atrás de receitas novas em ano de crise, governo põe olho no seguro

Leonardo Paixão, presidente do IRB Brasil Re.
Leonardo Paixão, presidente do IRB Brasil Re.

Em ano de ajuste fiscal, dificuldades para cumprir metas nas contas do Tesouro Nacional e retrocesso no crescimento econômico, o governo federal põe o olho em duas empresas de seguro como forma de obter receitas extraordinárias.

Segundo o secretário do Tesouro, Marcelo Saintive, há estudos para sobre abertura do capital da resseguradora IRB Brasil Re (que tem no Banco do Brasil um dos principais acionistas) e da Caixa Seguros (que faz parte da Caixa Econômica Federal).

Ambas medidas podem atrair signficativo interesse de investidores tanto do Brasil quanto do exterior, já que o mercado de seguros e resseguros do Brasil possui grande potencial de crescimento. A bem-sucedida abertura de capital da BB Seguridade pode ajudar a atrair interessados.

Em entrevista concedida em março à mídia britânica, o presidente e CEO do IRB, Leonardo Paixão, disse que a abertura de capital poderia ocorrer até o final de 2015.

Paixão afirmou que cerca de R$ 500 milhões poderiam ser buscados no mercado, seja por meio de uma oferta pública de ações (IPO) ou com a entrada de um parceiro estratégico no capital da empresa.

Potenciais parceiros poderiam incluir desde grupos do setor segurador ou ressegurador internacional até investidores como hedge funds ou fundos de private equity.

De acordo com o jornal Valor Econômico, IRB e Caixa juntos podem movimentar R$ 13 bilhões.

Paixão também disse que o dinheiro levantado ajudaria o IRB Brasil a continuar desenvolvendo sua estratégia de expansão internacional. A empresa já possui um escritório na Argentina e tem participado de operações de resseguro em países da Ásia e a Europa. O IRB Brasil tem ainda uma participação de 8% do capital do ressegurador pan-africano Africa Re.

Amadurecimento

Luigi Giancristofaro, CEO de Resseguros da Willis.
Luigi Giancristofaro, CEO de Resseguros da Willis.

Para o CEO de Resseguros da corretora Willis, Luigi Giancristofaro, a abertura da capital do IRB seria um passo natural de uma empresa que vem passando por transformações importantes desde o fim do monopólio do resseguro, há sete anos.

“Não será um divisor de águas”, afirma Giancristofaro. “Vejo como mais um diferencial importante, do amadurecimento da empresa, que já mudou bastante desde 2008.”

A abertura de capital ajudaria a consolidar o IRB Brasil no país, onde lidera com 49% das receitas obtidas por todas as resseguradoras locais, e também daria fôlego extra para avançar no processo de internacionalização.

Giancristofaro não acredita que haverá mudanças na forma de atuação da empresa por conta da abertura de capital. “O IRB consolidou uma política de governança e uma filosofia de susbscrição de riscos que prevalece sobre todo o resto”, afirma.

Além do BB, a resseguradora tem como controladores Bradesco Seguros, Itaú Seguros e o fundo de participação da Caixa.

Mina BB
O mercado tem um exemplo positivo de abertura de capital de empresa controlada pelo governo.

Em 2013, a BB Seguridade, do Banco do Brasil, fez sua oferta inicial de ações arrecadando R$ 11,4 bilhões, que foram para o caixa do seu controlador.

Na época de pessimismo generalizado no mercado tratou-se da maior oferta pública em todo o mundo naquele ano. A nova seguradora praticamente dobrou o valor de mercado do banco  (de R$ 63 bilhões para R$ 120 bilhões no fim daquele ano).

No primeiro trimestre de 2015, a seguradora obteve um crescimento de 46%, para R$ 949 milhões, no lucro líquido, em relação ao mesmo período de 2014. A percpectiva é fechar o ano com aumento entre 12% e 21%.