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Limite de apólice do COI para os Jogos é de US$ 2 bilhões

Margo Black, presidente da Swiss Re no Brasil.
Margo Black, presidente da Swiss Re no Brasil.

A apólice internacional contratada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) é liderada pela Swiss Re e Munich Re, com participação de outras seguradoras.

Ela cobre o risco de cancelamento ou abandono geral dos jogos, num limite que chega a US$ 2 bilhões, sendo que US$ 900 milhões no chamado seguro a primeiro risco.

Margo Black, presidente da Swiss Re Brasil Ressegros, explicou à Risco Seguro Brasil que se trata de uma apólice “rolante”, que segue de um evento olímpico para outro. No momento ela está cobrindo os Jogos Olímpicos do Rio e o próximo de Inverno, mas não os Paralímpicos deste ano.

Segundo ela, os comitês locais do realizador das Olimpíadas devem adquir suas próprias apólices de maneira separada. Para os jogos do Rio, elas não têm participação das colíderes da apólice do COI, afirmou Black.

As obras públicas para o evento, por exemplo, foram contratadas dentro das exigências da Lei das Licitações.

A apólice do COI para a Rio 2016 está em vigor desde 2011, quando já cobria as ações básicas para levantar o evento. O risco de terrorismo e guerra, diz Black, foram acrescentados há 18 meses.

Garantia de realização

Como se trata de um evento com uma audiência acumulada para todos os dias do evento estimada 5 bilhões de pessoas — portanto, com contratos robustos de transmissão —, a apólice internacional garante a realização dos jogos mesmo que alguma ação impeça, por exemplo, a presença de público nos locais dos eventos.

Atos isolados em alguma das competições não fazem parte da cobertura, diz Black. A não ser que gerem como efeito o cancelamento geral dos Jogos Olímpicos.

Os riscos que podem causar um desastre dessa magnitude são pela ordem: terrorismo (“Estamos em nível de alerta hipersensível”, diz ela), catástrofes naturais (“Difíceis de acontecer no Rio no período dos Jogos”), pandemia (com zika, dengue e chicungunya, num quadro que ela considera de pouca probabilidade de danos maiores) e protestos e manifestações (“Dificilmente haverá alguma que gera o cancelamento geral”).

O coronel Roberval Pereira, gerente-geral de segurança dos Jogos, lembra que no período das competições, o espaço aéreo estará fechado no Rio de Janeiro. Apenas duas aeronaves — da geradora oficial de imagens dos jogos — terão permissão para sobrevoar a região.




Exposição do mercado à Rio 2016 inclui terrorismo, catástrofes e zika

Um eventual cancelamento da Rio 2016 custaria centenas de milhões de dólares para a indústria seguradora e resseguradora, de acordo com experts.

As circunstâncias necessárias para justificar tal medida são extremas, mas reais, motivo por que o mercado possui coberturas específicas para cobrir o possível cancelamento de megaeventos.

Por esse motivo, o seguro que mais brilha nos Jogos Olímpicos é a apólice de cancelamento e abandono, que cobre as perdas financeiras que podem ser causadas por uma eventual necessidade de cancelar o evento, transferir sua sede ou outras mudanças de força maior.

Tais coberturas podem ser acionadas em casos de ataques terroristas em grande escala ou catástrofes naturais como terremotos ou furacões. Mas experts acreditam que mesmo o vírus zika poderia fazer com que clientes acionem a apólice.

Há precedentes para os tipos de eventos que podem motivar o cancelamento dos jogos. Por exemplo, nove atletas israelenses foram massacrados nos Jogos de Munique, em 1972, durante um ataque terrorista. No atual clima geopolítico, um evento deste tipo no Rio de Janeiro poderia muito bem levar ao cancelamento dos jogos.

Vale lembrar que em novembro, partidas de futebol entre seleções europeias foram canceladas pelo alto risco de terrorismo após os mais recentes ataques a Paris.

No campo das catástrofes naturais, a Copa do Mundo de futebol de 1986, atribuída à  Colômbia teve de ser transferida para o México depois que o país andino foi devastado por um terremoto.

Especialistas notam que outros possíveis detonadores das apólices são o não-comparecimento de competidores, como já se viu com os boicotes americanos e russos nos anos 1980, o colapso de infraestrutura e pandemias.

Zika

Este último tema, em particular, ganhou ênfase no Brasil com a epidemia do vírus zika que se acelerou nos últimos meses, levando algumas equipes nacionais, como a norte-americana, a delegar aos próprios atletas a decisão de participar ou não da Rio 2016.

De fato, a reportagem apurou que uma grande resseguradora europeia tem, por exemplo, uma exposição de € 200 milhões a uma apólice de cancelamento e abandono contratada pela NBC, a rede de televisão aberta que transmite os jogos nos Estados Unidos.

A apólice tem o objetivo de ressarcir a rede por perdas financeiras causadas pela queda de audiência resultante da não-participação da equipe americana na Rio 2016, uma consequência lógica do eventual cancelamento dos jogos.

Mas fontes dizem que a NBC também está pressionando suas seguradoras e resseguradoras no sentido de que a cobertura pode ser acionada caso a audiência sofra uma queda porque alguns dos principais astros americanos não compareçam ao evento – por exemplo, por temor ao zika.

Apólice do COI

O Comitê Olímpico Internacional dispõe de uma apólice renovável de cancelamento e abandono dos jogos com limites estimados em várias centenas de milhões de dólares – quem sabe até mais de US$ 1 bilhão.

O comitê confirmou que esta cobertura foi renovada e está correntemente em vigor, ainda que não tenha comentado os limites, e fontes do mercado confirmam que ela é colocada no mercado de Londres.

Devido ao tamanho do risco, um consórcio de resseguradoras participa deste tipo de cobertura. A Munich Re, por exemplo, afirma ter uma exposição de US$ 200 milhões ao cancelamento da Rio 2016. A exposição da Swiss Re “a uma das principais apólices em vigor para a Rio 2016” chega a “três dígitos de milhões de dólares”, afirmou Sonja Kaufmann, subscritora sênior de Riscos Especiais.

“Há várias coberturas de cancelamento de eventos para vários tomadores,” disse Kaufmann. “Em grandes eventos como as Olimpíadas e as Copas do Mundo, os compradores típicos são as federações esportivas internacionais, os comitês organizadores locais, as redes de televisão, empresas que produzem e vendem merchandising e qualquer outra parte que tenha um interesse financeiro no evento.”

De acordo com o COI, a apólice está sendo renovada desde os Jogos de Atenas, em 1996, e cobre tanto os jogos de verão quanto os de inverno.

Os limites não variaram desde as Olimpíadas de Londres, quatro anos atrás, segundo um porta-voz do comitê.

Comitê local

O comitê local dos jogos também contrata uma série de cobertura de seguros cujos detalhes, porém, são pouco especificados pelos atuais organizadores. A Bradesco Seguros, uma das patrocinadoras dos jogos, afirmou em nota que provê uma série de produtos tanto ao Comitê Olímpico Brasileiro quanto à equipe olímpica do Brasil.

“As coberturas incluem desde assistência médica e odontológica, até seguros para veículos, responsabilidade civil e outros seguros especiais,” afirma a nota.

Nas demonstrações contábeis de 2014 da Rio 2016 aparecem informações sobre quatro tipos de coberturas compradas pelo comitê organizador. Os riscos operacionais, no final de 2014, eram cobertos até R$ 75,8 milhões.

A cobertura para riscos de responsabilidade civil chegavam a R$ 2 milhões, e de D&O, a R$ 20 milhões. Também havia uma cobertura para riscos diversos de equipamentos, com limites de R$ 389 mil.

Com base nestes números, e como, ao contrário do Reino Unido com o Pool Re, o Brasil não possui um regime de seguros catastróficos que poderia ser acionado em um caso excepcional, a tendência é que eventuais perdas econômicas de grande escala teriam de ser assumidas pelos cofres públicos.

A assessoria de imprensa da Rio 2016 não soube confirmar se os valores reportados no final de 2014 foram mantidos nas renovações de 2015 e 2016, ou se a Bradesco Seguros é a única fornecedora das coberturas.

Equipes nacionais

Fora as coberturas do COI e do comitê organizador, as equipes olímpicas nacionais também podem ter seus próprios fornecedores de programas de seguro de saúde, responsabilidade civil e outras coberturas.

A equipe dos Estados Unidos, por exemplo, trabalha com a Liberty Mutual, que anunciou estar cobrindo até mesmo as medalhas ganhadas pelos atletas americanos durante os jogos.

Por sua vez, a seguradora especializada britânica Sportscover fornece programas a uma série de delegações nacionais, incluindo Holanda, Dinamarca, Noruega e Nova Zelândia.




Preço do resseguro global deve seguir em queda, diz S&P

As tarifas de resseguro devem continuar caindo no mercado global, o que coloca em risco a lucratividade das empresas do setor, de acordo com a agência de classificação de risco Standard & Poor’s.

Em relatório sobre o mercado global de resseguros, a agência afirma que os bons resultados de 2015 divulgados pelas principais resseguradoras globais se devem a fatores pontuais como uma sinistralidade excepcionalmente baixa e a liberação de reservas de capital.

A sinistralidade da indústria em 2015 foi a mais baixa desde 2009. O índice combinado do setor caiu para 87,5% em 2015, comparado com 87,8% em 2014 e 111,6% em 2011.

Mas os analistas consideram que as condições de negócios para o setor não são promissoras, e que as empresas terão dificuldades em continuar no azul no futuro, especialmente no caso de um aumento dramático da sinistralidade.

Para a S&P, as resseguradoras mais expostas a uma eventual deterioração do mercado são as que têm grande exposição a perdas catastróficas e aquelas cujo negócio está concentrado demais em alguns nichos do mercado.

Preços em baixa

Em 2016, a tendência é que os preços de resseguro caiam 5% no mercado global, de acordo com a Standard & Poor’s, com uma ampla variação de acordo com a região e o setor onde o risco está localizado.

Levantamento feito pela agência com resseguradoras e corretoras chegou à conclusão de que, nas renovações de janeiro, os preços de resseguro catastrófico de bens caíram entre 5% a 9% globalmente. Nos Estados Unidos as quedas chegaram a 8%, na Europa, a 15%, e a na Ásia, a 20%.

Entre as linhas não catastróficas, as reduções ficaram em torno a 4%, enquanto que as linhas de responsabilidades registraram preços até 2% mais baixo nos Estados Unidos, e entre 5% e 15% menores na Europa.

As linhas de resseguro para aviação e transporte marítimo caíram entre 7% e 12%.

Pressão sobre o faturamento

A queda de preços deve tornar mais difícil para que as empresas apresentem resultados técnicos positivos, caso a sinistralidade volte à sua média histórica.

Além disso, o faturamento das resseguradoras sofre com uma tendência das seguradoras de tirar proveito das baixas taxas de juros nas economias desenvolvidas para aumentar seus níveis de retenção de riscos.

Tampouco ajuda o fato de que os mercados financeiros estejam proporcionando fracos retornos para os investimentos financeiros das resseguradoras, uma tendência que deve continuar por algum tempo, na opinião da S&P.

O mercado favorável aos compradores faz com que as resseguradoras estejam também enfrentando pressão dos cedentes para providenciar termos e condições mais camaradas, de acordo com a S&P.

As resseguradoras afirmam que têm podido resistir a fazer demasiadas concessões neste sentido, mas a agência prevê que as pressões vão continuar e afirma que elas estão se expandindo pelo mundo. Se antes eram algo típico dos Estados Unidos e Europa, os pedidos de melhores termos e condições também estão se espalhando agora pela América Latina e Ásia.

Mas níveis de capital bastante altos fazem com que o risco de que as resseguradoras enfrentem problemas financeiros mais graves seja baixo neste ano.

Outra conclusão da agência é que a onda de fusões e aquisições no setor parece ter dado uma pausa pelo momento.

Para os analistas, novos negócios tendem a ter como protagonistas resseguradoras asiáticas que querem tirar proveito da expertise de empresas com presença global que eventualmente venham a adquirir.




Ganhos financeiros garantem resultado a resseguradoras

Grande deterioração dos índices técnicos compensada por resultados altamente positivos de investimentos financeiros e retrocessão foram a marca  do setor de resseguros no Brasil em 2015, de acordo com relatório elaborado pela Terra Brasis com base no dados da Susep.

No acumulado do ano, o volume de resseguro cedido pelas seguradoras brasileiras cresceu 12,2% em relação a 2014, para R$ 10,1 bilhões. Sessenta por cento desse valor foram colocados em resseguradoras locais, o que representou uma fatia 20% maior sobre o ano anterior.

Além de ampliar a participação, o lucro das locais cresceu 37%, chegando a R$ 943 milhões. Desse total, 81% (ou R$ 764 milhões) foram obtidos pelo IRB Brasil Re, que teve resultado recorde na sua história. Os R$ 180 milhões restantes foram divididos pelas outras 15 resseguradoras locais que operam no país.

Embora o conjunto das demais resseguradoras represente um naco menor do lucro, houve expressivo aumento, de 117%, em relação a 2014, quando o resultado das locais havia ficado em R$ 83 milhões, aponta o Terra Report.

O IRB Brasil continua dominando amplamente o mercado e com forte influência no resultado geral do setor. Ficou com 50,9% do market share no ano passado, acima dos 49,3% de 2014. Em seguida vêm a Zurich (8,5% do mercado), Allianz (7,2%), Austral (6,4%) e Munich (5,3%).

O resultado após Imposto de Renda foi positivo em 11 resseguradoras e negativo em cinco (AXA, Scor, Terra Brasis, Swiss Re e Markel).

Resultado técnico em baixa

Outro dado vermelho do relatório é o Resultado de Operação de Resseguro. O conjunto das empresas registrou prejuízo de R$ 77 milhões neste item.

O IRB impediu que essa média fosse pior. O resultado técnico da principal resseguradora brasileira foi positivo em R$ 232 milhões, enquanto o conjunto das demais fechou negativo em R$ 309 milhões.

O que puxou os resultados para o azul foi o desempenho financeiro e patrimonial: R$ 1,4 bilhão positivos no geral— 37% superior a 2014.

O IRB foi responsável por R$ 811 milhões desse total, e as demais, R$ 643 milhões.

Sinistralidade

A sinistralidade, que estava na casa de 80% até setembro de 2015, pulou para 98% no final do ano, quando foram contabilizados grandes sinistros, como o desastre da Samarco. São 20 pontos porcentuais acima da sinistralidade em 2014.

Também neste item há diferenças acentuadas. A sinistralidade no IRB ficou em 61%, contra 142% para as demais resseguradoras locais.

Exterior

O relatório aponta que os resseguros captados no exterior tiveram um aumento de 160% no ano, passando para R$ 1,1 bilhão — o que representa 16% do resseguro aceito pelas locais.




Com lucro recorde, IRB desiste de IPO e da África

José Carlos Cardoso, presidente do IRB.
José Carlos Cardoso, presidente do IRB.

Com um total de RS$ 4,3 bilhões de prêmios emitidos em 2015, o IRB Brasil Re registrou em 2015 o maior lucro líquido de sua história: R$ 764 milhões, quase o dobro do obtido em 2014. O volume de prêmios cresceu 35%.

Ao mesmo tempo em que apresentou os dados consolidados do ano passado, a principal da resseguradora do país, “dona” de quase metade do mercado local, informou que não irá fazer sua aguardada abertura de capital em 2016.

O adiamento é por prazo indepterminado. Em entrevista ao Valor Econômico, o presidente José Carlos Cardoso disse que as condições adversas de mercado fazem com que mesmo o prazo de 2017 seja otimista. “Ainda é prematuro avaliar”, afirmou ao jornal.

A oferta inicial de ações  (IPO, na sigla em inglês) do IRB  vem sendo aguardada desde meados de 2015. O governo contava com ação — ao lado do IPO da Caixa Seguridade, também suspenso — para amenizar a grave crise fiscal em que se encontra. A União é sócia majoritária da resseguradora. A expectativa inicial era de que os dois IPOs movimentassem em torno de R$ 13 bilhões, cifra que foi sendo significativamente jogada para baixo com o agravamento da situação econômica ao longo do ano.

Cardoso também apontou uma mudança de rota na estratégia internacional do IRB. A África — menina dos olhos do presidente anterior, Leonardo Paixão — deixa de ser prioridade e dá lugar à América Latina, principalmente México, Colômbia, Peru e Argentina, relata o Valor.

De qualquer forma, o resultado dos negócios externos do IRB deram um salto em 2015. Dos R$ 4,3 bilhões em prêmios totais emitidos, R$ 1 bilhão veio de fora, fazendo com que a participação externa pulasse de 11% do total em 2014 para 24%.

As linhas de property, rural e vida representaram 74% dos prêmios emitidos no exterior — e 62% dos emitidos no Brasil —, de acordo com o balanço

Resultados

O IPO não parece um bom negócio por enquanto, mas os demais resultados relatados pelo IRB mostram um desempenho positivo.

Além do lucro recorde, o balanço mostra que o resultado de subscrição somou R$ 511 milhões, o que representa 85% do mercado de resseguros do Brasil (segundo dados da Susep até novembro) e uma alta de 21% de um ano para o outro. O lucro representa 80% do resultado das resseguradoras locais no país e o desempenho de subscrição fica com uma fatia de 85% dos resseguros.

Ao lado do resultado técnico, o desempenho financeiro da companhia também registrou avanço, somando R$ 880 milhões (R$ 350 milhões nominais), 67% acima do de 2014. A carteira de investimento no ano somou R$ 6,2 bilhões e obteve um retorno nominal de 16%.

O retorno sobre patrimônio líquido (ROE, em inglês), que mede a performance da companhia, foi de 29%, quase o dobro do índice no ano anterior (15%).

Sinistro

O IRB registrou R$ 1,9 bilhão em sinistros retidos, um aumento de 38% sobre 2014, “como reflexo da ocorrência de diversos sinistros ao longo do ano”. O índice de sinistralidade ficou em 63,8%, um aumento de 5,3 pontos porcentuais. Mas, segundo a companhia, isso não afetou os resultados de subscrição. E ela aponta que espera “alcançar a redução do índice de sinistralidade nos próximos anos com base na contínua melhora na gestão de regulação dos sinistros; e nos novos contratos de proteção vigentes a partir do segundo semestre de 2015”.

Resumindo, o IRB destaca em seu relatório que:  “A ampliação de nossa participação em contratos de grandes clientes e a disciplina na subscrição de riscos por parte de nossa equipe técnica foram determinantes para que atingíssemos 34% de participação do mercado total de resseguros no Brasil; e 48% de participação entre as resseguradoras locais, mantendo-nos como líder no país por mais um ano consecutivo, de acordo com dados dos últimos doze meses divulgados pela SUSEP”.

Segundo o IRB, o resultado de 2015, obtido em uma situação macroeconômica de desafios, mostra que a empresa está bem estruturada para continuar a “extrair valor do cenário adverso”.

Acesse aqui o relatório completo.




Mercado abre 2016 com dúvidas sobre preços e resultados

Na medida em que divulgam seus resultados anuais, algumas seguradoras e resseguradoras globais têm deixado saber que há sinais de que o longo mercado brando pode estar finalmente chegando ao fim. Mas é possível também que os preços estejam se estabilizando porque os subscritores já não têm mais capacidade financeira de seguir reduzindo as tarifas.

Empresas como a Hannover Re, a Munich RE e a Scor, três das principais resseguradoras do mundo, anuciaram que as quedas de preço foram mais moderadas nas renovações de janeiro do que em períodos anteriores.

Durante a conferência anual dos gestores de riscos franceses, entre os dias 3 e 5 de fevereiro em Lille, players no mercado de grandes riscos como a Zurich avisaram que vão ter de atualizar suas políticas de subscrição, resultando em uma “revisão” de preços ou no abandono de contratos por meio de uma seleção dos melhores clientes.

No mesmo evento, a corretora AON avisou que não está mais aceitando participar, na França, de licitações realizadas por grandes clientes que visam achatar cada vez mais preços e comissões.

As esperanças de endurecimento do mercado global, porém, enfrentam um sério obstáculo, que é a manutenção das condições do mercado financeiro que inundaram o mercado de seguros de liquidez nos últimos anos.

A recente redução das taxas de juros do Banco do Japão para patamares negativos ilustra a dimensão do problema. Com a economia mundial entrando em um período que parece ser de crise generalizada, é bem pouco provável que as taxas de juros aumentem nos países desenvolvidos.

Mesmo a esperada elevação gradual dos juros pelo Fed americano poderia estar em risco, já que a economia do país parece menos pujante do que se esperava. As turbulências nos mercados de ações desde o começo do ano constituem um fator a mais a afugentar investimentos.

Com ativos de risco pouco atraentes, e instrumentos de renda fixa pagando uma miséria, investidores europeus, americanos e asiáticos devem continuar vendo o mercado de seguros e produtos de transferência de risco alternativos como uma opção menos pior para fazer seu dinheiro trabalhar.

Como resultado, os mercados de seguros podem continuar recebendo grandes quantidades de capital, mantendo níveis abundantes de capacidade para a maioria das linhas de seguro corporativo.

Pressão sobre resultados

O fator que está motivando as grandes seguradoras e resseguradoras globais a conter as baixas de preço parece ser, portanto, o impacto que as sucessivas quedas estão tendo em seus resultados.

De acordo com a Amrae, associação francesa de gestão de riscos, o mercado brando já dura doze anos. Neste período, as baixas ininterruptas vêm colocando pressão sobre o resultado técnico das empresas.

Baixos níveis de sinistralidade catastrófica em 2014 e 2015 ajudaram o setor a minimizar o impacto. Mas há evidências de que, mesmo neste entorno benéfico do ponto de vista das grandes perdas, os resultados financeiros das empesas estão se deteriorando cada vez mais.

A Argo, por exemplo, divulgou que seu lucro líquido caiu 31% no quarto trimestre de 2015, comparado com o mesmo período do ano anterior. Isso apesar de a empresa ter registrado um aumento de 5% no volume de prêmios.

Em todo o ano, o lucro líquido da Argo caiu 11%, apesar de o volume de prêmios ter aumentado 5,6%. A empresa afirmou que os preços apresentaram uma “modesta queda” no período.

Já a Zurich anunciou que espera uma perda operacional de aproximadamente US$ 100 milhões no quarto trimestre de 2015, quando a empresa sofreu um significativo impacto das enchentes no Reino Unido. A Zurich também anunciou a troca de seu CEO. Mario Greco, ex-Generali, vai assumir a empresa em março. Problemas financeiros já haviam levado a companhia a suspender a aquisição da RSA no decorrer de 2015.

Por sua vez, a Hannover Re comemorou o fato de que os preços caíram uma média de “um modesto 1,5%” nas renovações de janeiro. A Munich Re e a Scor anunciaram que os preços caíram 1% nas últimas renovações. Como em anos recentes as quedas comumemente superavam mais de 10%, tais números podem ser interpretados como sinais de estabilidade no mercado.

Há poucos indícios, porém, de que os subscritores estejam em condições de impor aumentos efetivos de preços a seus clientes. Por isso, o temor de analistas é que os resultados se deteriorem cada vez mais devido à contínua, ainda que mais moderada, queda de preços.

Maquiagem

Em uma conversa reservada com Risco Seguro Brasil, o CEO de um dos maiores corretores da Alemanha expressou sua preocupação de que muitas seguradoras e resseguradoras vêm maquiando seus resultado por meio de estratagemas como a liberação de reservas de capital que servem para vitaminar os dividendos e manter seus acionistas felizes.

Na opinião dele, no entanto, o acúmulo de vários anos de maus resultados técnicos, agravados pelo baixo rendimento dos investimentos financeiros em renda fixa resultantes das minúsculas taxas de juros vigentes nos Estados Unidos e na Europa, estão tornando cada vez mais difícil manter o que este executivo considera ser uma imagem algo enganadora da saúde do setor.

O caso da Zurich seria um exemplo do que pode estar acontecendo com outras empresas do setor. A pressão por melhor lucratividade também está entre os motivos de uma campanha de investidores ativistas pelo desmembramento da americana AIG.

Gerentes de riscos de grandes multinacionais também têm expressado preocupação com a situação. Alguns veem com desconfiança o fato de que, devido ao aumento do número de subscritores e dos preços cada vez mais baixos, muitas vezes terem de fechar programas de grande valor com sindicatos formados por dezenas de seguradores e resseguradores.

Esses grupos frequentemente incluem empresas recém-chegadas ao mercado, que têm pouco renome entre os compradores e, por isso, geram incerteza a respeito da robustez dos programas de seguros.

A dúvida é o que pode acontecer caso uma grande catástrofe afete o setor e empresas que estão trabalhando no osso necessitem pagar altos volumes de indenização.

Mais consolidação

Outro sintoma da possível fragilidade financeira de algumas seguradoras e resseguradoras é que analistas continuam apostando em mais fusões e aquisições no setor neste ano.

Em parte o processo é movido pela abundância de capital no mercado e a falta de melhores oportunidades de investir o dinheiro do caixa das empresas, de acordo com uma pesquisa feita pela Willis Tower Watson.

Mas a busca de oportunidades geradas por empresas em aperto financeiro, especialmente entre seguradoras e resseguradoras de menor porte, especializadas em nichos de mercado, também está contribuindo para o alto volume de operações.

Em 2015, as operações de fusão e aquisição no mercado de seguros e resseguros somaram US$ 143,5 bilhões, segundo a Willis Towers Waston. Trata-se do maior valor já registrado e equivale ao triplo de 2014.




Nevasca é uma das mais ‘caras’ já registradas nos Estados Unidos

A nevasca que atingiu a Costa Leste dos Estados Unidos nesta semana deve causar prejuízos de vários bilhões de dólares, sendo uma das mais custosas catástrofes naturais do tipo já registradas.

A corretora de resseguros AON Benfield comparou os danos materiais causados pela Jonas, que matou mais de 40 pessoas, com os que foram causados por uma tempestade de neve similar que atingiu o país em 1996, causando perdas de US$ 4,8 bilhões (quase R$ 20 bilhões), das quais US$ 920 milhões estavam asseguradas.

“Dados os danos físicos causados a habitações, negócios e outras estruturas e automóveis, mais os altos custos gerados pela interrupção de negócios, espera-se que isto terminará tendo um custo econômico multi-bilionário”, disse a AON Benfield em uma nota.

A resseguradora estima que Jonas se tornará uma das 15 nevascas mais custosas a atingir a Costa Leste americana.

Já a Moody’s Analytics colocou o provável custo da nevasca em um patamar entre US$2,5 bilhões e US$3 bilhões, de acordo com a revista Forbes.

A nevasca atingiu Nova York, Washington e várias outras cidades em 14 estados americanos. Em alguns lugares, a acumulação de neve chegou a mais de um metro de altura.

De acordo com o site da rede de TV Weather Channel, não havia registro anterior de acúmulo de neve tão grande nos aeroportos JFK e La Guardia, em Nova York, com mais de 77 cm e a quase 72 cm, respectivamente.

Em cidades como Nova York e Washington, a tempestade causou severos distúrbios nos transportes e forçou o fechamento de várias empresas. Até a manhã de quarta-feira, 26 de janeiro, 46 mortes haviam sido associadas à tempestade, segundo o Weather Channel.

Catástrofes naturais

Caso as estimativas de prejuízos sejam confirmadas, a nevasca indica a possibilidade de que 2016 não seja um ano relativamente tranquilo em termos de perdas econômicas causadas por catástrofes, como foi o caso de 2015.

De acordo com a AON Benfield, as perdas econômicas derivadas de catástrofes naturais atingiram US$ 123 bilhões (mais de R$ 500 bilhões) no ano, um número 30% menor do que a média dos últimos 15 anos, que chega a US$ 175 bilhões.

As perdas asseguradas chegaram a US$ 35 bilhões, ou 31% menos do que a média desde o ano 2000.

Por outro lado, o número de eventos catastróficos observados no ano, 300, foi superior à média anual de 269, o que mostra que o menor impacto econômico está menos relacionado à severidade e freqüência dos eventos catastróficos do que com a casualidade de eles se haverem concentrado em regiões de baixo desenvolvimento econômico.

Indonésia e Nepal

Os maiores danos foram causados por incêndios florestais que ocorreram durante todo o ano na Indonésia, causados por exploração agrícola. As perdas chegaram a US$ 16,1 bilhões, de acordo com o Banco Mundial, e 19 pessoas perderam a vida.

Entre os eventos não-climáticos, destacaram-se os terremoto do Nepal, cujos custos de reconstrução devem se elevar a US$ 8 bilhões. A tragédia nepalense causou 9.120 fatalidades e foi o evento mais mortal do ano, seguida de ondas de calor na Índia e no Paquistão, que mataram 2.500 e 1.233 pessoas, respectivamente.

Mas as perdas asseguradas na Indonésia e Nepal chegaram a apenas US$ 250 milhões e US$ 200 milhões, respectivamente, refletindo a baixa penetração da indústria seguradora nos dois países.

As maiores perdas asseguradas causadas por um único evento ocorreram nos Estados Unidos, onde tempestades de inverno custaram US$ 2,1 bilhões a seguradoras oficiais e privadas no mês de fevereiro.

No acumulado de 2015, as enchentes custaram US$ 27 bilhões em todo o mundo, seguidas pelos eventos climáticos severos, com US$ 26 bilhões, os incêndios florestais, com US$ 19 bilhões, ciclones tropicais, com US$ 15 bilhões, e as secas, com US$ 14 bilhões.

Top 10 desastres de 2015

1. Incêndios florestais na Indonésia (Todo o ano)
Perdas econômicas: US$ 16,1 bilhões
Perdas asseguradas: US$ 250 milhões
Mortes: 19

2. Terremotos no Nepal (Abril e maio)
Perdas econômicas: US$ 8 bilhões
Perdas asseguradas: US$ 200 milhões
Mortes: 9.120

3. Enchentes nos EUA (Outubro)
Perdas econômicas: US$ 5 bilhões
Perdas asseguradas: US$ 700 milhões
Mortes: 21

4. Ciclone tropical na China e nas Filipinas (Outubro)
Perdas econômicas: US$ 4,2 bilhões
Perdas asseguradas: US$ 100 milhões
Mortes: 22

5. Enchentes na Índia e Sri Lanka (Novembro e dezembro)
Perdas econômicas: US$ 4 bilhões
Perdas asseguradas: US$ 650 milhões
Mortes: 386

6. Distúrbios climáticos nos EUA (Maio)
Perdas econômicas: US$ 3.8 bilhões
Perdas asseguradas: US$ 1.4 blihão
Mortes: 32

7. Onda de frio nos EUA (Fevereiro)
Perdas econômicas: US$ 3,3 bilhões
Perdas asseguradas: US$ 2,1 bilhões
Mortes: 30

8. Ciclone Tropical na China e Taiwan (Agosto)
Perdas econômicas: US$ 3,2 bilhões
Perdas asseguradas: US$ 100 milhões
Mortes: 34

9. Distúrbios climáticos nos EUA (Dezembro)
Perdas econômicas: US$ 3 bilhões
Perdas asseguradas: US$ 1,4 bilhão
Mortes: 46

10. Enchentes no Reino Unido
Perdas econômicas: US$ 2,5 bilhões
Perdas asseguradas: US$ 1,3 bilhão
Mortes: Não disponível

Fonte: Aon Benfield




Resseguradoras locais dobram participação do exterior

Rodrigo Botti, diretor-geral da Terra Brasis
Rodrigo Botti, diretor-geral da Terra Brasis.

Alegria de um lado e preocupação de outro. O Relatório do Mercado Brasileiro de Resseguros elaborado pela Terra Brasis chegou a conclusões consideradas  “impressionantes” pelos autores do trabalho com relação ao desempenho fora do Brasil das empresas locais e “preocupantes” com o nível de sinistralidade no mercado interno — ainda que o lucro das empresas do setor tenha aumentado 80,3%.

Nos três primeiros trimestres do ano passado, o  segmento de “Riscos no Exterior” se transformou no segundo maior para o conjunto das 16 resseguradoras locais que operam no Brasil, ficando atrás apenas do “Riscos Patrimoniais”.

As resseguradoras locais angariaram entre janeiro e setembro no exterior R$ 911 milhões em Resseguro Bruto de Comissão — ou R$ 797 milhões líquidos. Esse valor representa 18% do resseguro cedido às locais por seguradoras brasileiros. É o dobro dos 9% no mesmo período de 2014.

O ramo patrimonial somou R$ 1,479 bilhão em resseguro líquido.

Polo regional

Rodrigo Botti, diretor geral da Terra Brasis, acredita que o desempenho demonstra que o Brasil está se transformando num polo regional no setor. “O resultado é no mínimo impressionante”, escreve ele no relatório. “Trazer divisas ao país é inquestionavelmente muito positivo, principalmente num momento de grande necessidade de investimentos.”

Botti acredita esse desenvolvimento “tem boas chances” de continuar e afirma que “todas as indicações” nesta área são promissoras. “É algo para se olhar com otimismo neste ano que começa.”

Cinco das 16 resseguradoras locais estão com forte atividade fora do Brasil, traz o relatório. O IRB é a principal delas, acompanhado de AIG, Austral, Scor e da própria Terra Brasis. Outras três aparecem no relatório com números marginais.

“O processo de internacionalização das companhias de resseguros sediadas no Brasil segue em passo acelerado”, destaca o trabalho, que faz a ressalva de que a coleta dos números externos demandou um levantamento especial. “O atual plano de contas do setor não parece estar ainda inteiramente adaptado à nova realidade na qual as resseguradoras locais aceitam riscos no exterior.”

Daí que o levantamento teve adaptação de metodologia, complemento com entrevistas a outras resseguradoras e aplicou algumas premissas internas para chegar aos resultados. “Temos uma visão próxima da realidade do processo de internacionalização das empresas de resseguros brasileiras.”

Trabalho interno

Já os números no mercado interno de resseguros os resultados são preocupantes, ainda que os resultados devam continuar positivos e superiores aos registrados no ano anterior, avalia Botti

De acordo com o diretor, a sinistralidade nas locais está em 80% até setembro, contra 75% do mesmo período do ano anterior. E a expectativa é que cresça no quarto trimestre, quando deverão ser contabilizadas perdas decorrentes do desastre da Samarco em Mariana (MG).

Nos 12 meses finalizados em setembro/15 o volume bruto de resseguros somou R$ 9,87 bilhões, um crescimento de 6,8% em relação ao período anterior. O lucro das resseguradoras locais deu um salto expressivo nos três primeiros trimestres do ano, atingindo R$ 696 milhões, 80,3% acima dos R$ 396 milhões registrados no mesmo período anterior.

O IRB Brasil Re é responsável por 79% do valor (ou R$ 549 milhões) registrado até setembro de 2015.

O volume de resseguros provenientes de cedentes brasileiras aumentou 21,5% no acumulado de 12 meses até setembro — foram R$ 7 bilhões contra R$ 5,8 bilhões no período anterior. Já o volume de cedentes offshore cresceu 82,4%, para 984 milhões. As offshores já representam 14% do volume de resseguro cedido pelas brasileiras.

O mercado local deteve 70,8% do volume de prêmios cedidos por cedentes brasileiras, 8,5 pontos acima do registrado nos 12 meses anteriores.




Baixa no resseguro persiste e se espalha para novas áreas

As renovações de contrato de resseguro em janeiro mostram que os preços continuam caindo no setor — contrariando as esperanças de parte do mercado de que o longo mercado brando poderia estar finalmente chegando ao fim.

Relatórios elaborados pelos corretores internacionais Willis Re e Guy Carpenter afirmam que ainda não foi desta vez que os resseguradores conseguiram mudar a dinâmica do mercado, e os compradores com frequência têm encontrado condições e preços ainda mais vantajosas do que as do ano passado.

Segundo as Willis, a tendência de quedas de preços tem até mesmo se disseminado nas linhas de responsabilidades, onde em outros anos haviam sido menos comuns do que nas de bens e propriedades.

Mas a Guy Carpenter afirma que há sinais de que a oferta de capital no mercado ressegurador esteja se estabilizando pela primeira em vários anos, e isso já está se refletindo em uma suavização do ritmo de redução de preços.

Contratos longos

Com isso, segundo a corretora, muitos compradores têm priorizado a negociação de contratos multianuais a fim de garantir que os baixos preços atuais se mantenham por um longo período de tempo.

Esta demanda está sendo atendida por subscritores que seguem bem capitalizados, já que se beneficiaram das baixas taxas de sinistralidade do ano passado.

Além disso, muitos compradores de resseguro estão se aproveitando das condições favoráveis para pedir um aumento dos limites de seus contratos.

A Guy Carpenter observou que os preços do resseguro estão caindo de forma mais moderada, mas seguem com uma tendência de baixa.

As tarifas de apólices de bens e propriedades nos Estados Unidos, por exemplo, caíram entre 5 e 8% nas renovações de janeiro, contra uma variação negativa de 7 a 14% no mesmo período de 2015.

Resultados favoráveis

No setor dos títulos ligados ao mercado de seguro, conhecidos como ILS, que são bastante usados no mercado americano para transferir riscos catastróficos, a estabilização de preços já se tornou mais clara, afirma a Guy Carpenter.

A corretora observa que os subscritores de produtos alternativos de transferência de riscos, como os ILS, possuem menor capacidade de adaptar as tarifas à demanda do que os resseguradores tradicionais.

De acordo com a Willis Re, o mercado brando também segue firme em linhas specialty como energia e aviação, apesar de grandes perdas terem ocorrido nestes setores.

Fluxo de capital se desacelera

Em linhas de responsabilidades, os maus resultados de alguns segmentos tampouco foram capazes de reverter a tendência de queda de preços, diz a Willis Re no relatório.

Em geral, porém, os baixos níveis de perdas catastróficas devem permitir às resseguradores globais que divulguem resultados satisfatórios para o ano de 2015, apesar de uma esperada queda em seus níveis de rentabilidade.

De acordo com a Munich Re, as perdas catastróficas cobertas pelo mercado em 2015 foram as mais baixas desde 2009, atingindo US$ 27 bilhões.

Por sua vez, a agência de avalização de crédito AM Best identificou uma redução no ritmo de entrada de capital no mercado ressegurador, o que pode colocar um pouco menos de pressão sobre os preços.

Ainda assim, a agência argumenta que o setor continua enfrentando um excesso de capacidade, e o ambiente competitivo seguirá trazendo desafios para o setor, até porque os grandes cedentes estão retendo uma parcela cada vez maior dos seus riscos.




Impacto do novo resseguro para grandes coberturas divide mercado

A liberalização parcial do mercado de resseguros anunciada pelo governo deve impulsionar a introdução de novas coberturas a preços mais acessíveis no setor de grandes riscos, de acordo com a associação de seguradoras estrangeiras que operam no país.

Mas outros especialistas dizem que a Resolução 322, por si só, não vai ser suficiente para dar um novo impulso ao segmento de seguros corporativos. Sob este ponto-de-vista, as seguradoras que operam no Brasil precisam aprender a usar o resseguro de uma maneira mais eficiente a fim de oferecer melhores soluções a seus clientes.

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A Resolução 322 do Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) publicada em 20 de julho no Diário Oficial da União, reverte parcialmente medidas adotadas em 2011 que restringiram o acesso de cedentes brasileiros ao mercado de resseguros internacional.

Com isso, a obrigação de oferecer 40% primeiramente a resseguradoras locais vai ser gradualmente reduzida, baixando para 30% em 2017, 25% em 2018, 20% em 2019, e 15% no ano de 2020.

Já o limite de transferência de 20% de prêmios de resseguro entre empresas do mesmo grupo segue no sentido inverso, subindo para 30% em 2017, 45% em 2018, 60% em 2019 e 75% em 2020.

Mais investimentos

Na opinião de João Francisco Borges da Costa, presidente da Associação Brasileira das Companhias de Seguro Internacionais (ABCSI) as mudanças são bem-vindas, ainda que seus efeitos sobre a oferta de coberturas de grandes riscos no Brasil não deva ser imediato.

“As medidas de 2011 foram um retrocesso”, disse Borges da Costa à Risco Seguro Brasil. “Elas criaram barreiras e obstáculos que decepcionaram as empresas que apostaram em um mercado mais aberto e competitivo, mas que então deixaram seus investimentos parados. A nova resolução é muito bem-vinda. É verdade que ela não vai trazer efeitos no curto prazo, mas já funciona como uma sinalização na direção certa.”

Na opinião dele, um dos efeitos de longo prazo deve ser a chegada de novos participantes no mercado de grandes riscos, que, apesar das restrições, já estava atraindo investimentos de grupos globais como a ACE/Chubb, AXA e a HDI, da qual Borges da Costa é presidente no Brasil.

Com isso deve aumentar a competição no mercado, resultando em condições mais vantajosas para os compradores, disse ele. Outra vantagem é que, com menos restrições, as seguradoras terão mais condições de oferecer a grandes clientes coberturas para riscos complexos que hoje são difíceis de contratar no mercado nacional.

“As companhias vão trazer mais capital para o Brasil”, afirmou Borges da Costa. “E há alguns produtos que as seguradoras só podem disponibilizar em um mercado quando têm condições de exercer a amplitude de suas retenções globais [de resseguro]. Com a redução gradativa da limitação de transferências intragrupo, as empresas vão poder fazer isso melhor.”

Ele continuou: “Dessa maneira, o setor de grandes riscos vai contar com coberturas que, no exterior, são oferecidas de forma mais automática. Quando é preciso repartir o risco com muitos outros atores, as companhias ficam um pouco mais reticentes de oferecer determinados produtos.”

Borges da Costa também vê a possibilidade de clientes brasileiros desfrutarem de melhores preços no segmento de grandes riscos.

Para respeitar as limitações de transferência intragrupos, as seguradoras precisam contratar resseguradoras locais para intermediar a transferência dos riscos a suas matrizes globais. Uma taxa de 5% a 10% é cobrada por este serviço, disse Borges da Costa. “A nova medida elimina esta intermediação.”

Melhor uso do resseguro

Mas a avaliação de Rodrigo Belloube, vice-presidente da Federação Nacional das Empresas de Resseguros, (Fenaber) é diferente. Ele não vê uma correlação necessária entre as novas medidas anunciadas pelo governo e uma oferta mais desenvolvida de seguros corporativos no Brasil.

Para acelerar o desenvolvimento do mercado, em sua opinião, é preciso que as seguradoras façam um melhor uso do resseguro a fim de otimizar sua capacidade de oferecer os produtos que seus clientes precisam.

“O que impulsiona o desenvolvimento de novos produtos e soluções não é a mudança da regulação na magnitude em questão, mas sim a competição do mercado e a ambição das empresas em conseguir materializar uma vantagem competitiva”, disse Belloube, que também é presidente da Munich Re no Brasil. A companhia alemã dispõe de status de resseguradora local no país.

Para isso, segundo ele, é preciso ver o resseguro como uma ferramenta que vai muito além da mera transferência de risco, e esta mentalidade ainda está faltando no Brasil.

“Por exemplo, ainda há pouca utilização do resseguro como veículo de otimização de capital, ou como fonte de financiamento ao liberar a necessidade de capital de risco nas seguradoras, muitas vezes a custo mais competitivo que o mercado financeiro”, afirmou Belloube. “Quando as seguradoras acordarem para isso, compreenderem a lógica em profundidade adequada e adotarem o resseguro em sua estratégia de alavancagem e financiamento, o mercado pode ganhar uma nova dimensão.”

Por esse motivo, para o executivo da Munich Re, os efeitos da Resolução 322 não serão especialmente dramáticos sobre o setor.

“Não deve haver mudança perceptível sob a ótica da facilidade de contratação”, afirmou. “A reserva de mercado tem há tempos competição em nível suficiente para que seus operadores busquem se diferenciar, incluindo a equalização entre o que é oferecido lá fora e no Brasil.”

Desvantagem competitiva

Rodrigo Protásio, CEO da JLT RE Brasil Corretora de Resseguros, também considera que as mudanças não vão melhorar a oferta de produtos de seguro no Brasil. Ele tampouco acredita que vai haver uma redução de preços com a implementação das novas regras. Segundo ele, as taxas no Brasil já são muito competitivas, com preços menores que a média no exterior.

Protásio também acredita que no longo prazo as medidas vão enfraquecer o mercado local. Segundo ele, a carga tributária para o setor no Brasil é maior que a encontrada pelas empresas no exterior, o que tira competitividade das empresas nacionais.

Para o executivo, com as novas regras, as seguradoras locais, que investiram para aproveitar a proteção, passarão a enfrentar uma concorrência maior das estrangeiras, “que vão poder acessar seus capitais no exterior e fazer alavancagem com seus programas internacionais de resseguros”.

Protásio também entende que os resseguradores genuinamente nacionais poderão intensificar o processo de internacionalização. E cita o caso do IRB, que segundo ele, caminha para se tornar um “bom player internacional”.

O executivo avalia que a maior resseguradora do país, que deve ter seu processo de oferta inicial de ações (IPO) feito ainda este ano, pode ampliar suas receitas no exterior, chegando a um patamar de 50% do total. Hoje a porcentagem é de cerca de 10%.